Mudanças entre as edições de "Resenha do livro A Colonização Alemã no Vale do Itajaí-mirim por Afonso Imhof"

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar
Linha 11: Linha 11:
 
A exploração do lote colonial se caracterizou pela policultura e pelo uso de técnicas agrícolas peculiares ao sistema de coivara, sendo que o milho, a mandioca, a cana-de-açúcar e o tabaco forneciam o excedente de produção para ser trocado ou vendido nas Kaufladen (vendas), ficando os outros exclusivamente para a subsistência, a saber: o feijão-preto, o taiá, a batata-doce, o amendoim, o aipim e as colheitas de horta, onde cultivavam os legumes e, próximas à casa, árvores frutíferas que se destinavam ao consumo doméstico. Houve pouca, quase insignificante criação de animais.
 
A exploração do lote colonial se caracterizou pela policultura e pelo uso de técnicas agrícolas peculiares ao sistema de coivara, sendo que o milho, a mandioca, a cana-de-açúcar e o tabaco forneciam o excedente de produção para ser trocado ou vendido nas Kaufladen (vendas), ficando os outros exclusivamente para a subsistência, a saber: o feijão-preto, o taiá, a batata-doce, o amendoim, o aipim e as colheitas de horta, onde cultivavam os legumes e, próximas à casa, árvores frutíferas que se destinavam ao consumo doméstico. Houve pouca, quase insignificante criação de animais.
  
Por outro lado, os engenhos de açúcar e cachaça, a produção do fubá e farinha de mandioca nas atafonas, a manufatura de charutos, a produção de vinhos, banha, derivados do leite e de um doce de frutas pastoso chamado Mus, constituíram as principais atividades - rotuladas pela SEYFERTH como “indústria doméstica" (p. 67 - e tiveram excelente incremento. A Autora explora estatisticamente, baseada em relatórios da época, a produção e descreve o fabrico de alguns produtos, analisando até a divisão do trabalho na Colônia.
+
Por outro lado, os engenhos de açúcar e cachaça, a produção do fubá e farinha de mandioca nas atafonas, a manufatura de charutos, a produção de vinhos, banha, derivados do leite e de um doce de frutas pastoso chamado Mus, constituíram as principais atividades - rotuladas pela [[Giralda Seyferth|SEYFERTH]] como “indústria doméstica" (p. 67 - e tiveram excelente incremento. A Autora explora estatisticamente, baseada em relatórios da época, a produção e descreve o fabrico de alguns produtos, analisando até a divisão do trabalho na Colônia.
  
 
A Vila (de Brusque) é o segundo elemento importante que caracterizou a comunidade camponesa do Itajaí-Mirim no século XIX
 
A Vila (de Brusque) é o segundo elemento importante que caracterizou a comunidade camponesa do Itajaí-Mirim no século XIX
 
(p. 54 a 83). O colono não ficava isolado na sua propriedade: ele mantinha suas atividades sociais e econômicas com seus semelhantes através das relações sociais estabelecidas na vila; ali ficavam as capelas, as
 
(p. 54 a 83). O colono não ficava isolado na sua propriedade: ele mantinha suas atividades sociais e econômicas com seus semelhantes através das relações sociais estabelecidas na vila; ali ficavam as capelas, as
escolas, a sede da Schützenverein (Sociedade de Caça e Tiro), a administração, o ancoradouro, o cemitério, acreditando SEYFERTH que ta1vez por isso não era chamada de Dorf (a1deia), mas sim de Stadplatz
+
escolas, a sede da Schützenverein (Sociedade de Caça e Tiro), a administração, o ancoradouro, o cemitério, acreditando [[Giralda Seyferth|SEYFERTH]] que ta1vez por isso não era chamada de Dorf (a1deia), mas sim de Stadplatz
 
(de Stadt, cidade e Platz, lugar). A vila era ao mesmo tempo aldeia e cidade.
 
(de Stadt, cidade e Platz, lugar). A vila era ao mesmo tempo aldeia e cidade.
  
 
O capítulo IV é dedicado ao estudo do comércio colonial onde se destacam os vendeiros, isto é, os proprietários de casas comerciais, as Kaufladen (vendas). Os vendeiros, um pequeno número de pessoas, monopolizavam o transporte e o comércio.
 
O capítulo IV é dedicado ao estudo do comércio colonial onde se destacam os vendeiros, isto é, os proprietários de casas comerciais, as Kaufladen (vendas). Os vendeiros, um pequeno número de pessoas, monopolizavam o transporte e o comércio.
  
Os colonos vendiam ou trocavam suas mercadorias por produtos trazidos das cidades que eram necessários à sua subsistência. Havia um monopólio subordinando o colono ao vendeiro, e, como SEYFERTH afirma (p. 102) - "o imigrante começava suas atividades como colono e pequeno proprietário devendo ao vendeiro". Os colonos não tinham outra alternativa quanto à colocação dos seus produtos no mercado e à aquisição daquilo que necessitavam. As atividades dos vendeiros não se limitavam unicamente ao comércio e conseqüente monopólio dos transportes e preços. Havia um outro fator, segundo SEYFERTH (p. 109), não menos importante, que deixava os colonos dependentes deles: eram os comerciantes que financiavam e exploravam boa parte da pequena indústria ligada à lavoura (engenhos e atafonas e, já no princípio do século XX, também as fecularias) e as serrarias. Toda a poupança do colono, excetuando aquela que era destinada a melhorar a propriedade, acabava nas mãos dos vendeiros para ser guardada por ele, funcionando a venda como um banco dos colonos; entretanto, diferia desse tipo de instituição em um aspecto importante: não era o colono que recebia juros pelas importâncias depositadas na venda; o colono pagava pelo depósito nas Kaufladen.
+
Os colonos vendiam ou trocavam suas mercadorias por produtos trazidos das cidades que eram necessários à sua subsistência. Havia um monopólio subordinando o colono ao vendeiro, e, como [[Giralda Seyferth|SEYFERTH]] afirma (p. 102) - "o imigrante começava suas atividades como colono e pequeno proprietário devendo ao vendeiro". Os colonos não tinham outra alternativa quanto à colocação dos seus produtos no mercado e à aquisição daquilo que necessitavam. As atividades dos vendeiros não se limitavam unicamente ao comércio e conseqüente monopólio dos transportes e preços. Havia um outro fator, segundo [[Giralda Seyferth|SEYFERTH]] (p. 109), não menos importante, que deixava os colonos dependentes deles: eram os comerciantes que financiavam e exploravam boa parte da pequena indústria ligada à lavoura (engenhos e atafonas e, já no princípio do século XX, também as fecularias) e as serrarias. Toda a poupança do colono, excetuando aquela que era destinada a melhorar a propriedade, acabava nas mãos dos vendeiros para ser guardada por ele, funcionando a venda como um banco dos colonos; entretanto, diferia desse tipo de instituição em um aspecto importante: não era o colono que recebia juros pelas importâncias depositadas na venda; o colono pagava pelo depósito nas Kaufladen.
  
 
No último capítulo, a Autora traz uma importante contribuição à
 
No último capítulo, a Autora traz uma importante contribuição à
 
elucidação do aparecimento da industrialização de Brusque, contestando Emílio Willems, que acreditava na origem artesanal das indústrias.
 
elucidação do aparecimento da industrialização de Brusque, contestando Emílio Willems, que acreditava na origem artesanal das indústrias.
A realidade, levantada pela Autora, é outra. No inicio da colonização o artesanato era apenas uma atividade suplementar dos colonos, forçados a depender de uma economia estritamente familiar. Pela exposição de fatos; a Autora exclui a hipótese do artesanato ter gerado ou até contribuído para a industrialização. A implantação da indústria têxtil em Brusque a partir de 1892, teve como fator relevante a tentativa do sr. Carlos Renaux de produzir e revender tecidos em sua venda, fabricados por ele mesmo. Como vendeiro desde 1883, tinha condições de garantir um mercado seguro. Ainda dois aspectos que marcaram a implantação da indústria têxtil dizem respeito ao capital investigo à mão-de-obra empregada. Os vendeiros eram únicos que tinham condições de acumular vasto capital. A presença de tecelões poloneses de Lodz na colônia, que foram convidados pelo Sr. Renaux a trabalhar na instalação da indústria, foi coincidência fortuita. Três foram as causas determinantes, segundo os estudos da SEYFERTH (p. 127) da industrialização de Brusque com base na tecelagem: 1. a existência de capital local garantido pelo comércio, 2. a potencialidade de um mercado consumidor na região; 3. a existência de mão-de-obra aproveitável entre os agricultores, reforçada pela presença de alguns artífices especializados na fabricação de tecidos, que funcionaram como orientadores dos demais. É importante ainda atentarmos para as duas fases ocorridas no processo de desenvolvimento econômico de Brusque, após o início da industrialização: a primeira, que abrange o período de 1892 a 1930, caracteriza-se pela predominância de atividade agrícola sobre a industrial. O número de operários ainda não é muito grande em relação aos agricultores. A segunda fase da economia brusquense é marcada pela predominância das atividades industriais sobre as agrícolas a partir dá Segunda Guerra Mundial. A proletarização é maior, sentida através dos expressivos aumentos: de 1561 operários que havia em 1937, passaram a ser 3680 em 1950.
+
A realidade, levantada pela Autora, é outra. No inicio da colonização o artesanato era apenas uma atividade suplementar dos colonos, forçados a depender de uma economia estritamente familiar. Pela exposição de fatos; a Autora exclui a hipótese do artesanato ter gerado ou até contribuído para a industrialização. A implantação da indústria têxtil em Brusque a partir de 1892, teve como fator relevante a tentativa do sr. Carlos Renaux de produzir e revender tecidos em sua venda, fabricados por ele mesmo. Como vendeiro desde 1883, tinha condições de garantir um mercado seguro. Ainda dois aspectos que marcaram a implantação da indústria têxtil dizem respeito ao capital investigo à mão-de-obra empregada. Os vendeiros eram únicos que tinham condições de acumular vasto capital. A presença de tecelões poloneses de Lodz na colônia, que foram convidados pelo Sr. Renaux a trabalhar na instalação da indústria, foi coincidência fortuita. Três foram as causas determinantes, segundo os estudos da [[Giralda Seyferth|SEYFERTH]] (p. 127) da industrialização de Brusque com base na tecelagem: 1. a existência de capital local garantido pelo comércio, 2. a potencialidade de um mercado consumidor na região; 3. a existência de mão-de-obra aproveitável entre os agricultores, reforçada pela presença de alguns artífices especializados na fabricação de tecidos, que funcionaram como orientadores dos demais. É importante ainda atentarmos para as duas fases ocorridas no processo de desenvolvimento econômico de Brusque, após o início da industrialização: a primeira, que abrange o período de 1892 a 1930, caracteriza-se pela predominância de atividade agrícola sobre a industrial. O número de operários ainda não é muito grande em relação aos agricultores. A segunda fase da economia brusquense é marcada pela predominância das atividades industriais sobre as agrícolas a partir dá Segunda Guerra Mundial. A proletarização é maior, sentida através dos expressivos aumentos: de 1561 operários que havia em 1937, passaram a ser 3680 em 1950.
  
O excelente trabalho da antropóloga e historiadora Giralda Seyferth constitui-se num enriquecimento valioso para a bibliografia das Ciências Sociais especialmente no tangente às imigrações alemã no Brasil.
+
O excelente trabalho da antropóloga e historiadora [[Giralda Seyferth]] constitui-se num enriquecimento valioso para a bibliografia das Ciências Sociais especialmente no tangente às imigrações alemã no Brasil.
  
(*) Giralda - Seyferth Editora Movimento e Sociedade Amigos de Brusque, Porto Alegre, 1974.
+
(*) [[Giralda Seyferth]] Editora Movimento e Sociedade Amigos de Brusque, Porto Alegre, 1974.
  
  

Edição das 09h21min de 27 de novembro de 2023

RESENHA DO LIVRO

A colonização alemã no Vale do Italai-Mirim

UM ESTUDO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (*)

AFONSO IMHOF

No capítulo II, reservado ao povoamento do Vale do Itajaí-Mirim, a Autora historia a imigração alemã no Brasil com os seus insucessos iniciais até 1860, ano em que foi fundada a Colônia de Itajaí-Brusque, a qual abrangia principalmente toda a extensão territorial ao longo do Vale do Rio Itajaí-Mirim (tributário do Itajaí-Açu, rio principal da bacia hidrográfica do Vale do Itajaí fragmentada hoje nos Municípios de Brusque, Guabiruba, Botuverá e Vidal Ramos, concentrando a Autora suas pesquisas nos dois primeiros, pois ali houve a concentração de levas de imigrantes alemães, enquanto Botuverá, Vidal Ramos e ainda Nova Trento, no Vale do Tijucas (também integrante da Colônia-Itajaí-Brusque), receberam italianos. Analisa o povoamento do Vale do Itajaí-Mirim em relação ao sistema Waldhufen (colonizacão da região montanhosa do leste da Alemanha no final da Idade Média: o tipo de povoamento chamado Waldhufen p. 42). A distribuição das propriedades em lotes alongados, segundo a Autora (p. 48), é que faz o sistema de povoamento assemelhar-se muito à Waldhufendorf, característica da colonização medieval da Floresta Negra, Odenwald, leste de Mittelgebirg e em partes das florestas das terras baixas do norte da Alemanha. Rica a explanação em torno desse sistema, explicando detalhes terminológicos da estrutura agrária camponesa medieval, como, por exemplo, Marachlufendorf, Flur; Gewane; Haufendorf; Strassendorf; Flurzwang. A Autora explica (p. 54), que a tradicão histórica do campesinato alemão, o tipo de povoamento que prevaleceu no Vale do Itaiaí~Mirim, o isolamento e a adequação de novas técnicas agrícolas ligadas ao cultivo em um novo habitat, o cultivo de plantas nativas em substituição às europeias e um novo tipo de comércio, foram fatores relevantes na formação dessa comunidade camponesa. Nela, dois elementos importantes se destacam de um lado, a pequena propriedade agrícola (colônia) e o grupo doméstico constituindo a unidade econômica; de outro, a vila, constituindo o "mundo do camponês".

A exploração do lote colonial se caracterizou pela policultura e pelo uso de técnicas agrícolas peculiares ao sistema de coivara, sendo que o milho, a mandioca, a cana-de-açúcar e o tabaco forneciam o excedente de produção para ser trocado ou vendido nas Kaufladen (vendas), ficando os outros exclusivamente para a subsistência, a saber: o feijão-preto, o taiá, a batata-doce, o amendoim, o aipim e as colheitas de horta, onde cultivavam os legumes e, próximas à casa, árvores frutíferas que se destinavam ao consumo doméstico. Houve pouca, quase insignificante criação de animais.

Por outro lado, os engenhos de açúcar e cachaça, a produção do fubá e farinha de mandioca nas atafonas, a manufatura de charutos, a produção de vinhos, banha, derivados do leite e de um doce de frutas pastoso chamado Mus, constituíram as principais atividades - rotuladas pela SEYFERTH como “indústria doméstica" (p. 67 - e tiveram excelente incremento. A Autora explora estatisticamente, baseada em relatórios da época, a produção e descreve o fabrico de alguns produtos, analisando até a divisão do trabalho na Colônia.

A Vila (de Brusque) é o segundo elemento importante que caracterizou a comunidade camponesa do Itajaí-Mirim no século XIX (p. 54 a 83). O colono não ficava isolado na sua propriedade: ele mantinha suas atividades sociais e econômicas com seus semelhantes através das relações sociais estabelecidas na vila; ali ficavam as capelas, as escolas, a sede da Schützenverein (Sociedade de Caça e Tiro), a administração, o ancoradouro, o cemitério, acreditando SEYFERTH que ta1vez por isso não era chamada de Dorf (a1deia), mas sim de Stadplatz (de Stadt, cidade e Platz, lugar). A vila era ao mesmo tempo aldeia e cidade.

O capítulo IV é dedicado ao estudo do comércio colonial onde se destacam os vendeiros, isto é, os proprietários de casas comerciais, as Kaufladen (vendas). Os vendeiros, um pequeno número de pessoas, monopolizavam o transporte e o comércio.

Os colonos vendiam ou trocavam suas mercadorias por produtos trazidos das cidades que eram necessários à sua subsistência. Havia um monopólio subordinando o colono ao vendeiro, e, como SEYFERTH afirma (p. 102) - "o imigrante começava suas atividades como colono e pequeno proprietário devendo ao vendeiro". Os colonos não tinham outra alternativa quanto à colocação dos seus produtos no mercado e à aquisição daquilo que necessitavam. As atividades dos vendeiros não se limitavam unicamente ao comércio e conseqüente monopólio dos transportes e preços. Havia um outro fator, segundo SEYFERTH (p. 109), não menos importante, que deixava os colonos dependentes deles: eram os comerciantes que financiavam e exploravam boa parte da pequena indústria ligada à lavoura (engenhos e atafonas e, já no princípio do século XX, também as fecularias) e as serrarias. Toda a poupança do colono, excetuando aquela que era destinada a melhorar a propriedade, acabava nas mãos dos vendeiros para ser guardada por ele, funcionando a venda como um banco dos colonos; entretanto, diferia desse tipo de instituição em um aspecto importante: não era o colono que recebia juros pelas importâncias depositadas na venda; o colono pagava pelo depósito nas Kaufladen.

No último capítulo, a Autora traz uma importante contribuição à elucidação do aparecimento da industrialização de Brusque, contestando Emílio Willems, que acreditava na origem artesanal das indústrias. A realidade, levantada pela Autora, é outra. No inicio da colonização o artesanato era apenas uma atividade suplementar dos colonos, forçados a depender de uma economia estritamente familiar. Pela exposição de fatos; a Autora exclui a hipótese do artesanato ter gerado ou até contribuído para a industrialização. A implantação da indústria têxtil em Brusque a partir de 1892, teve como fator relevante a tentativa do sr. Carlos Renaux de produzir e revender tecidos em sua venda, fabricados por ele mesmo. Como vendeiro desde 1883, tinha condições de garantir um mercado seguro. Ainda dois aspectos que marcaram a implantação da indústria têxtil dizem respeito ao capital investigo à mão-de-obra empregada. Os vendeiros eram únicos que tinham condições de acumular vasto capital. A presença de tecelões poloneses de Lodz na colônia, que foram convidados pelo Sr. Renaux a trabalhar na instalação da indústria, foi coincidência fortuita. Três foram as causas determinantes, segundo os estudos da SEYFERTH (p. 127) da industrialização de Brusque com base na tecelagem: 1. a existência de capital local garantido pelo comércio, 2. a potencialidade de um mercado consumidor na região; 3. a existência de mão-de-obra aproveitável entre os agricultores, reforçada pela presença de alguns artífices especializados na fabricação de tecidos, que funcionaram como orientadores dos demais. É importante ainda atentarmos para as duas fases ocorridas no processo de desenvolvimento econômico de Brusque, após o início da industrialização: a primeira, que abrange o período de 1892 a 1930, caracteriza-se pela predominância de atividade agrícola sobre a industrial. O número de operários ainda não é muito grande em relação aos agricultores. A segunda fase da economia brusquense é marcada pela predominância das atividades industriais sobre as agrícolas a partir dá Segunda Guerra Mundial. A proletarização é maior, sentida através dos expressivos aumentos: de 1561 operários que havia em 1937, passaram a ser 3680 em 1950.

O excelente trabalho da antropóloga e historiadora Giralda Seyferth constitui-se num enriquecimento valioso para a bibliografia das Ciências Sociais especialmente no tangente às imigrações alemã no Brasil.

(*) Giralda Seyferth Editora Movimento e Sociedade Amigos de Brusque, Porto Alegre, 1974.


Casa de Brusque