Entrevista Rolando Steffen - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Rolando Steffen.

ROLANDO STEFFEN: Filho de Cristiano e Júlia Luz Steffen, natural de Brusque, nascido aos 02.11.25. São em 7 irmãos: Rolando, Osmar ( in memoriam),Olívia (in memoriam), Ilse, Guilherme (in memoriam), Ivo e Paulina. Três filhos: Mário Sérgio (in memoriam), Carlos Roberto e Rubens; quatros netos: Eloíse e Rodrigo (filhos de Rubens e Márcia) e Gabriela e Iana (filhas de Carlos Roberto e Marília).

Como foi sua infância?

Com sete anos, iniciei no engenho que meu pai tinha em sociedade com Frederio e Rodolfo Steffen, fazendo farinha, açúcar, aguardente e mel. A produção de aguardente – 40 engradados de garrafas por dia na safra – era vendida para o Archer, de João Archer. Também vendíamos parte de nossa produção para a casa Toni, o açúcar era vendida à varejo, e também fabricávamos para o pessoal que levava a cana; quando folgava no engenho tratava os gados e ia para a roça. O primeiro par de sapatos ganhei aos 14 anos, para a Primeira Comunhão –Luterano. Fui à escola em Bateas, onde freqüentei 6 anos, sendo: 3 anos nas primeiras séries A,B e C, um ano, na segunda série e um ano, na terceira série.

Rolando nos tempos Áureos.

Quem era sua professora, inspetor e Diretor?

A professora foi a viúva Alvina Truppel Kormann, o inspetor, Max Heinig e, o Diretor, José Mosimann

E a juventude?

Na juventude continuei trabalhando no engenho e, às vezes, caçava e pescava com o tio e padrinho Frederico Steffen. Aos domingos, à tarde freqüentava domingueiras: no Ipiranga da Rua São Pedro, no Catarinense, da Santa Rita, e no Minamas, de Bateas, ressalte-se,que após tratar o gado e devendo estar em casa às 18 horas, para continuar ajudando meus pais. Quando atingi a idade militar, fui servir o exército, 3 meses em Itajaì e, com o término da segunda Guerra Mundial, fui mais 9 meses servir em Joinville.

Primeira namorada?

Foi Marina.

Quando retornou do exército, continuou no engenho?

Quando retornei do exército fui trabalhar com o primo Evaldo Steffen, na Oficina de bicicletas que ficava localizada na Avenida Cônsul Carlos Renaux, ali onde ficava a Caixa Econômica Federal. Fiquei trabalhando com Evaldo Steffen durante uns 4 anos.

Havia muitos concorrentes no conserto de bicicletas?

Além da Oficina de Evaldo Steffen, havia só o Oficina de Elardo Graupner, esta última foi a primeira Oficina de bicicletas em Brusque.

Depois da saída da Oficina do Evaldo Steffen?

Adquiri a Oficina de Bicicletas do Elardo Graupner. Comprei o Ponto e as ferramentas usads por 20 000,00 – acho que era vinte mil réis, sendo 10 mil de entrada e duas prestações de 5 mil, para pagar conforme entrava o dinheiro na Oficina. O 10 mil de entrada peguei emprestado. Mas, logo em seguida, com o movimento da Oficina consegui quitar a dívida.

Ficou muito tempo com a Oficina adquirida do Elardo Graupkener?

Uns 30 anos, aí por problemas de saúde, obtive o benefício previdenciário.

Como era a clientela?

Além das pessoas que tinham bicicletas, trabalhei muitos anos para a Força luz – que tinha o pai do Osvaldo Gleich como cobrador, registre-se ia cobrar à pé, o Osvaldo, como Gerente e mais tarde o Eduardo Becker como cobrador, que já ia efetuar as cobranças montado numa bicicleta - a Força Luz tinha uma frota de umas 30 bicicletas, todas identificadas com placas, inclusive Augusto Pruner, também do José e do Vilmar Pruner. Os consertos eram quitados pela Força Luz, mensalmente. Quando falhava uma segurança no poste, eles transportavam a escada nas costas, montados na bicicleta, por quilômetros e quilômetros.

Das pessoas que tinham bicicletas, qual a mais renomada?

Ah, foi o Promotor Público Jorge Rietzmann.

Alguma cláusula especial no contrato?

Tinha uma muito especial, que dizia que enquanto vivesse, nem os herdeiros de Elardo Graupner, poderiam exigir que eu saísse de lá.

Mas o Sr saiu de lá?

Sim, sai porque estava caindo

Quais as marcas de bicicletas que predominavam na época?

Prosdócimo, Calói, Husquarna, Centrun, Monark, Mile e Duirkope.

Quais as peças que eram mais trocadas numa bicicleta?

Há inúmeras, como: correntes, pneus, torpedo, raios e pinturas.

O Steffen tinham muita terra?

Sim, tínhamos 55º metros de frente por 2 300 metros de fundos, ia daqui do Mercado Limoeiro – Jurandir da rua Blumenau ), até o Jorge Harle, beirando o Itajaí-Mirim e de fundos até no ferro velho do Barriga Verde (nos Fischer).

E a lagoa do engenho Steffen?

A lagoa tinha uns 600 metros de extensão, por uns 100 metros de frente – muitos peixes e vinham freqüentadores de família tradicionais da cidade, tais como: Alexandre Gevaerd – Tabelionato Gevaerd, o dentista Ernesto Aichinger – pai do Bilo, Evaldo Schaefer –Delegado, Alfredo Kohler e outros que vinham pescar e saborear a famosa cachacinha.

Foram vendendo tudo?

É a maioria foi vendido, e olha por 20 centavos o metro, registre-se que uma caixa de fósforo custava 40 centavos.

E o engenho como acabou?

A Maria Steffen caiu, machucando-se, ai o Rodolfo Steffen, teve que dar mais atenção a ela... acabou desanimando.

Quais foram os primeiros moradores da rua Blumenau/Steffen?

Inicialmente, eram o Germano Morsch – pai do Érico, José Reis – pai do Eugênio e Domingos Zorrers... a morada do José Reis, mais tarde foi adquirida pelo teu saudoso pai, Evaldo Gianesini. Veja, daqui até Bateas, só havia os Steffen, a fábrica de Vinagre Heinig, José Kurtz, o Grubel, Paulo Westapal e a Escola Isolada de Bateas.

Como surgiu a Rua América?

O Alexandre Gevaerd e o Arnoldo Schaefer adquiriram a Cerâmica Ries, de Eugênio Reis e, com isso conseguiram abrir a Rua Guilherme Steffen e a Rua América.

E o seu avô, o Dorval Luz?

O Dorval Luz foi o primeiro Coletor Federal, em Brusque. Ele era primo do governador Hercílio Luz. A minha avó Amélia, esposa do Dorval, era prima do Nereu Ramos.

Um grande amigo?

Tive grandes amigos, mas grande amigo-irmão foi o Demétrio Malossi.

De seu convívio guarda alguns ditos?

Sim, de Arthur Risch – que foi Prefeito; “ O empregado tem que trazer o café de casa”; de Olívia esposa do Evaldo Schaefer:” Ao molhar as plantas tem que conversar com elas” e, do Demétrio Malossi: “ Quem não conhece a Fani não é brasileiro”.

Com o ninguém é de ferro, e as mulheres?

Tive três mulheres. Vivi uns 12 anos com a Antônia Formonte, uns 5, com Maria Aurora Gevaerd e uns 35, com Regina Torresani.

Alguma regra para convivência?

Para uma convivência válida, há necessidade de entendimento como se os dois fossem um e respeito mútuo.

O Brasil tem acerto? E o governo do estado tem olhado para Brusque?

Ainda tenho esperança que melhore. Até acredito que só depende de nossos governantes. O Governador Luiz Henrique Silveira tem se revelado um bom governador e sempre lembra de Brusque.

Referências

  • Jornal A Voz de Brusque. Entrevista publicada em 23 de agosto de 2008.