Entrevista Noé Conceição Pereira - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Nosso entrevistado Noé Conceição Pereira em atividade numa impressão.

O entrevistado da semana é Noé Conceição Pereira, filho de Pedro José Pereira e de Jorgelina Pereira, nascido aos 08 de dezembro de 1944; casado há 40 anos com Teresinha Pereira, com a qual tem os filhos: Cristiano –Rádio Diplomata, e Daniel –Representante Comercial e uma netinha: Lara Milena – 11 anos. É palmeirense.

Por que Noé Conceição?

Noé – minha mãe tirou da Bíblia e Conceição é porque nasci aos 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição.

Pessoas que influenciaram?

Meu pai foi o maior herói que conheci. Analfabeto, honesto e conseguiu criar e educar 7 filhos, ganhando apenas um salário mínimo.

Como conheceu a Teresinha?

Morávamos na mesma localidade e nos conhecemos desde criança. O resto o destino se encarregou de cuidar.

Alguns dos colegas de trabalho de Noé: ao lado esquerdo de Noé: Arno Brandes e Áureo Siegel, e do lado direito Almir, popular Tampinha.

Trajetória profissional?

Iniciei a carreira profissional aos 14 anos na Tipografia Graf, que funcionava aos fundos da atual Livraria Graf. Na época para imprimir 4 páginas de jornal demorava uma semana, pois as palavras tinham que ser compostas por letra, até formar a página. A partir de 1962, transferi-me para o Jornal “O MUNICÍPIO”, que também utilizava o mesmo sistema. Em 1968 fui trabalhar na Gráfica Mercúrio de propriedade de Wilson Santos. Na década de 70 voltei a trabalhar no Jornal “O Município”, que nesta época já havia adquirido uma máquina chamada Linotipo, que formava linhas em chumbo. Em 1981, mudei para Curitiba e trabalhei também em uma gráfica até final de 1986, quando retornei ao “Município” até obter o benefício previdenciário por tempo de serviço.

Como foi sua aprendizagem?

Para aprendermos a manusear as letras trabalhei 3 meses na Tipografia Graf sem nenhuma remuneração, só recebendo o primeiro pagamento a partir do quarto mês. Naquela época era comum às empresas adotarem esse sistema.

Quem era indicado para ensinar você na Tipografia Graf?

O Sr Alvim Graf e seu filho Adalberto Graf.

Além dos serviços de gráfica, a Tipografia Graf produzia outras matérias?

Sim, era impresso o jornal “O Rebate”, de propriedade do saudoso Alvim Graf.

Qual era a quantidade de trabalhadores nessas empresa em que trabalhou?

As gráficas da época tinham poucos funcionários, em torno de 5 a 10 no máximo.

As tarefas eram divididas, ou todos tinham que fazer de tudo?

Os funcionários geralmente faziam de tudo, ou seja, a composição, a paginação e a impressão, inclusive a entrega do jornal, nas empresas, nas lojas e nas casas dos assinantes. Eu fazia a revisão.

O alfabeto era com k, w e y?

O alfabeto na época continha todas as letras, inclusive letras que se usa em alemão e espanhol , como por exemplo: i com trema, n com til (ñ).

Qual a quantidade que tinha em duplicata para cada letra do alfabeto?

A quantidade de letras em duplicata variava muito de cada fonte, ou seja, tinha letras de corpo 6, 8, 10,12 e as maiores que usávamos para compor os títulos, as manchetes. As caixas que continham mais letras era a caixa da letra E. Montávamos 4 páginas, imprimia, depois demolia, ou seja, distribuía as letras cada uma no seu devido lugar, para poder montar as outras 4 páginas. Na época esse trabalho demorava uma semana de segunda a sexta feira para imprimir 8 páginas, pois o jornal era semanário.

Qual o resultado prático da passagem do sistema letra por letra para o sistema de linhas em chumbo?

A Linotipo substitui o processo da composição manual, sendo assim economiza-se tempo e consequentemente o jornal passou a circular com maior número de páginas.

E os cuidados com a língua Portuguesa?

Aprendi muito da língua portuguesa com o então Diretor do Jornal, Jaime Mendes, com Wilson Santos e principalmente com o Padre Ney Brasílio Pereira, que escrevia um artigo semanalmente.

Nessa fase houve algum fato marcante?

Sim, vale ressaltar que nunca encontrei um erro sequer nos originais enviados pelo Padre Ney Brasílio Pereira

Noé como professor de dança.

Após obter o benefício previdenciário?

Trabalhei 7 anos na Heliográfica, depois tornei-me professor de dança de salão, época que ensinei muita gente a dançar. Em 2009 fui trabalhar na Prefeitura de Brusque, sendo que atualmente trabalho no depósito da Secretaria de Obras.

Saudades?

Do tempo em que joguei futebol amador no América F.C –Steffen, ressaltando-se que sou sócio patrimonial, e na época que atuei pelo 14 de junho de Bateas.

Em que posição atuou?

Comecei como lateral esquerdo, depois quarto zagueiro e finalmente na ponta esquerda, pois só chutava com o pé esquerdo, mas eu me destacava por ser muito forte no cabeceio.

Um fato memorável de suas atuações?

Na disputa de um campeonato amador na década de 60, quando os clubes de Guabiruba participavam do Campeonato da Liga Brusquense, fiz um gol de cabeça no polêmico Mão de Onça, goleiro do Guabirubense. Num escanteio ele saiu de soco na bola, contudo acertou mais a minha cabeça do que a bola. Na jogada mencionada desmaiei, quando acordei vi o saudoso Werner Régis - treinador, colocando gelo em mim e o Mão de Onça meio assustado me pedindo desculpas.

Ao entrevistar Naldo, seu sobrinho, ele apresentou uma foto em que você era treinador. Fale a respeito.

Fui treinador no América F.C. em duas oportunidades, sempre com os aspirantes, registre-se que naquela época os clubes amadores mantinham dois times: os titulares e os aspirantes. Quando tinha um jogo pelo campeonato, os aspirantes jogavam uma preliminar.

Referências

  • Jornal Em Foco. Entrevista publicada em 6 de dezembro de 2011.