Entrevista Marilisi Fischer - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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MARILISI FISCHER: Filha de Anselmo Fischer e Idalina Perazza Fischer; nascida aos 02.09.64.São em sete irmãos: Marilena, Viviane, Marilane, Adilson, Marcos Vinícius e Diogo Alexandre e Marilisi. Dois filhos: Rodrigo e Rafael. Formação: Pedagogia com habilitação de Pré a primeira/quarta série (Febe/Furb); Pós-graduada em Gestão – Furb; Mestrado em Educação – em curso –Univali.

Como foi sua infância e juventude?

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Minha infância foi marcada por muitas brincadeiras: subir em árvores, tomar banho de rio, andar de bicicleta, brincar de casinha sempre em companhia de meus irmãos e primos e os vizinhos da rua São Pedro. Era uma época em que as crianças tinham liberdade para brincar em contato com a natureza, não existiam tantos brinquedos quanto hoje, e nós usávamos nossa criatividade, fazendo bonecos de argila tirada do rio, fazendo cabanas no mato. Nos finais de tarde assistia o Sítio do Pica Pau Amarelo. Meu primeiro livro foi Alice no País das Maravilhas, comprado por meu pai em um livraria em Itajaí. Naquele tempo ter televisão em caso e acesso a livros era bastante raro, mas meus pais, apesar de não terem terminado o Primário e serem pessoas simples, faziam questão de oferecer aos filhos, o melhor que podiam e entendiam que a maior herança a ser deixada era a educação e o maior sonho era ter um filho formado na Universidade. Apesar dos bons momentos de minha infância, uma tragédia modificou completamente minha vida e a vida de minha mãe e irmãos, meu pai faleceu em um acidente, aos 42 anos, deixando seis filhos, todos menores. Tinha na época 12 anos e a dor da perda, a ausência dele marcou a mim e meus irmãos e apesar de terem passados 29 anos, sua lembrança em nós continua de forma forte. Seu exemplo de vida me acompanha e me motivou a realizar seu sonho, me formar na faculdade. Para estudar eu contava com a colaboração de meu tio e padrinho Ingo Fischer, devo a ele, a meus pais e meus filhos o que represento hoje.

O casamento ainda é válido?

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No momento em que vivemos, as pessoas estão se tornando imediatistas, a tendência é do descartável, os jovens se conhecem e ficam sem muito tempo para permitir que a atração inicial se transforme num sentimento mais forte e possibilite uma relação mais duradoura, com isso, o namoro, noivado e casamento vem perdendo espaço, no entanto, acredito que toda relação que é permeada de respeito e amor é válida, pois desta forma as pessoas se conhecem, trocam, vivem e permitem o estabelecimento de vínculos mais duradouros e saudáveis.

A mulher não esta confundindo liberdade responsável com libertinagem?

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Acredito que a grande maioria das mulheres que estão construindo o seu espaço, reafirmando sua importância na sociedade não façam esta confusão. O que temos são algumas pessoas: homens e mulheres que usam de sua condição feminina ou masculina para proveito próprio, sem levar em conta valores éticos e morais, mas felizmente este é um pequeno grupo.

Em geral, a mulher trabalha para ser independente ou por necessidade?

Para além das questões financeiras, da necessidade de junto com seu esposo ou até porque a mulher cada vez mais tem sido a provedora do lar, também, exista uma condição que é a e se desenvolver profissionalmente, campo que foi por muito tempo de domínio masculino. A mulher em muitos casos trabalha para garantir seu sustento e de seus filhos, mais também para se realizar profissionalmente, deixar sua marca. Num mundo em que o poder está ainda concentrado nas mãos dos homens às contribuições femininas são além de bem vindas, necessárias para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Homens e mulheres juntos devem garantir um mundo melhor para todos.

Quantos diretores/as estão subordinados na sua pasta?

Diretores(as) de Departamento são duas: Professor Ms. Celerino Rauber – Diretor de Ensino Fundamental e Médio e Professora Sandra Aguiar – Diretora do Departamento de Educação infantil. Diretores (as) de Escolas são 42, aproximadamente 800 funcionários entre professores , orientadores, secretários, agentes de bibliotecas, serventes e merendeiras entre outros. É sem sombra de dúvida a maior Secretaria da Administração Municipal.

Sente-se orgulhosa em secretariar o governo de Ciro Marcial Roza?

Sim, em função da importância desta pasta diante do contexto da sociedade, a educação cada vez mais se firma como uma das áreas de maior significância, pois as sociedades que tiveram um grande desenvolvimento, o fizeram através de investimento sólido na educação, além disso, trabalho na educação desde 1969, entrei como professora no primeiro mandato do Prefeito, e o fato de ser nomeada por ele para ser Secretária de Educação significa para mim um reconhecimento de meu trabalho. Faço parte de um grupo muito pequeno de mulheres que ocupam cargos de relevância e acredito ter muito a contribuir e agradeço ao P refeito por ter sido escolhida, no meio de tantos.

O que vem fazendo para dinamizar sua pasta?

Eu e minha equipe trabalhamos muito, estamos integrados e por sermos a maioria originados da própria rede além do cargo incorporamos o compromisso de desenvolver um trabalho realmente significativo. Trabalhamos com dados concretos como índice de aprovação e reprovação, necessidades reais das escolas, e nossa maior preocupação é com a qualidade do processo ensino-aprendizagem. Temos priorizado a formação docente e principalmente, na área da inclusão, que é atualmente o maior desafio de todos os professores. Já tivemos o privilégio de sermos contemplados com alguns projetos junto ao Ministério de Educação e continuamos firmes na idéia de ampliar as parcerias, buscar recursos em outras instâncias para desta forma contribuirmos com nosso município na difícil tarefa de oferecer educação de qualidade. Neste ano já encaminhamos quatro projetos ao FNDE, e estamos buscando parcerias com as empresas através a responsabilidade social.

Quais as dificuldades que encontra para efetivar a educação desejada nas Escolas Municipais?

As dificuldades em sua maioria são iguais aos dos demais municípios, em função da queda da arrecadação e em contra partida o excesso de obrigações dos Municípios. Com relação à formação inicial, principalmente de quinta a oitava séries, do ensino fundamental e no ensino médio temos grande dificuldade em encontrar pessoas com habilitação nas áreas. As questões voltadas para a inclusão e o ensino fundamental de nove anos originam uma necessidade de reestruturação e adaptação das escolas na parte física e também na proposta pedagógica da rede e consequentemente nos projetos político-pedagógico das escolas. Enfim, a educação é movimento que traz no seu bojo novos desafios constantemente. Ser Secretária de Educação é estar atenta a todas estas questões e buscar, na medida do possível, solucioná-las.

As verbas destinadas a pasta são suficientes para atingir as metas traçadas?

Em 2000 atendíamos aproximadamente quatro mil alunos, neste ano o número ultrapassou nove mil, a secretaria ampliou sua área de abrangência, hoje atendemos de zero a 92 anos, entre educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação profissionalizante, através da escola de panificação, e educação de jovens e adultos, além de projetos como: Italiano, spin, inclusão, educação ambiental e o programa Alfa e Beto, pro conta de toda esta demanda e da queda da receita, como já citei, as verbas para a educação, na maioria das vezes, não são suficientes. Além disso, os municípios ficam com uma pequena parcela do bolo fiscal, a maior parte fica com o Estado e a União, enquanto esta situação não for revista, os municípios passarão por dificuldades para garantir ou ampliar suas ações.

Seus antecessores semearam adequadamente a educação?

Acredito que tenham se esforçado.

Grandes nomes na educação em Brusque?

Ao meu ver os grandes nomes na educação de Brusque são os nomes daqueles professores que exercem sua função com responsabilidade e profissionalismo, que conseguem ser marcantes positivamente para seus alunos, e que através de sua postura e ação tragam contribuições para toda a sociedade brusquense. Este professor torna-se imprescindível na escola e na comunidade em que atuam, tem noção de seus direitos, mas também de seus deveres e é comprometido com o processo ensino-aprendizagem. Tenho boas lembranças dos meus primeiros professores no então chamado Grupo Escolar Francisco Araújo Brusque, e dos professores do Colégio São Luiz, onde fui estudar a partir da sexta série. Guardo boas lembranças também dos professores do Curso de Pedagogia, da Pós-graduação e agora dos professores do Mestrado em Educação. Sem dúvida bons professores nos acompanham sempre e talvez, por isso, minha grande paixão seja a educação. Deixo aqui minha homenagem a todos estes professores.

Grandes nomes em Brusque: Religião/Saúde/Política – antigos e atuais?

Ciro Marcial Roza, Dagomar A. Carneiro, José Celso Bonatelli, Padre Silvino Hoepekner, Padre Léo, Dom Murilo Krieger entre outros nomes que marcaram história em Brusque.

A administração municipal está no caminho certo?

A administração municipal, como já citei, se empenha em dar conta das crescentes demandas que surgem nos municípios. Acredito que das três esferas: Município, Estado e União, o Município é com certeza o mais complexo para ser administrado. Só uma reforma tributária que descentralizasse recursos, em função das obrigações poderia tornar menos penoso para estes, o exercício, com qualidade, das suas obrigações legais. Faz-se necessário uma revisão do pacto federativo, marcado pela colaboração, e por um processo de efetiva descentralização, não só de recursos, mas das decisões, respeitadas as instâncias autônomas.

O Brasil tem acerto?

Sou uma pessoa otimista, aprendi na vida que a única certeza sem solução é a morte, o resto necessita de uma boa dose de vontade, de luta, de persistência. É preciso acreditar sempre, se existe um problema, um desafio, também haverá solução e precisamos acreditar por nossos filhos, por nossos alunos , por todos nós povo brasileiro e darmos a nossa contribuição. Ampliarmos nossa capacidade de crítica e buscarmos soluções conjuntas, afinal de contas, somos todos responsáveis pelo nosso País e pelo planeta em que vivemos.

Referências

  • Matéria publicada em A VOZ DE BRUSQUE na semana de 06 a 12 de agosto de 2006.