Entrevista Maria Lydia dos Santos Carturani 2 - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar
Maria Lydia dos Santos Carturani 2.jpg

MARIA LYDIA DOS SANTOS CARTURANI: Natural de Itajaí, nascida aos 08 de maio de 1930; viúva do saudoso Guilherme Carturani; quatros filhos: Maria Terezinha (in memoriam), Marilene, Márcio e Marcos.

Aos 70 anos de idade, a senhora pisou no chão da Universidade, como foi retornar aos bancos escolares?

Um grande sonho que guardava dentro de mim. Quando nova não tive essa oportunidade, mas descobri que a Universidade do Vale do Itajai – Univali, criou o programa institucional da “Melhor Idade”, possibilitando opções para que as pessoas adquirissem novos conhecimentos e habilidades. Encontrando outras pessoas e possibilitando atingir melhor qualidade de vida, conquistando um espaço na Universidade e na comunidade, não pensei duas vezes: é agora que vou realizar meu sonho! Tinha o desejo de cursar uma faculdade, vi abrir-se um novo caminho que permitiu realizar aquele sonho de menina-moça.

Isso prova que cada coisa tem seu tempo e o saber não tem idade... matriculou-se e virou acadêmica?

Sim, com um novo olhar, ou seja, com o olhar da experiência, do bom viver, refletido no espelho do tempo. Agora aposentada, mais tranqüila, tendo cumprido minha tarefa de maternidade, os filhos todos encaminhados, por que não fazer esses cursos voltados para a educação continuada, obtendo novos conhecimentos acadêmicos?

No alto das 70 primaveras, o passado contribui em proporcionar uma imagem mais lúcida das potencialidades?

Não existem idade para aprender, realizar, sonhar. O binômio: amor e sabedoria são substâncias divinas que nos mantém a vitalidade e revitaliza quando o desânimo aponta para nós. Cruzar os braços é viver menos. É proibido acomodar-se diante da idade. Temos que aproveitar o agora, porque curtir saudades é olhar para trás. O passado ensina, tem seus recados valiosos, mas não podemos acampar no ontem. Eu sempre costumo dizer: o estudo leva a ter perseverança, ânimo, motivação, entusiasmo e coragem. O estudo – ressalte-se, independentemente de idade – revela o valor de cada um. E, mais, leva a redescobrir as potencialidades com as quais fomos dotados. Por que não aproveitar? De Lambuja, acresce amizades, atualiza e oportuniza novos conhecimentos.

Então, dona Maria Lydia, o segredo é amar a vida, trabalhar e aprender continuadamente?

A vida. Dr Luiz, é uma maravilha, há um tempo certo para cada coisa. A maior riqueza é a família. Viver bem, sem pressa, sem medo e sem culpa, leva a encontrar a chave dos caminhos encantados... o encantamento da vida.

E sendo mulher?

Nós mulheres... o mundo está em nossas mãos. Ser mulher é como ser a lua, brilha mesmo na escuridão. Mulheres façam o seu tempo... continuando a ser carinhosa e desprendida. Temos colo de ninar, de acariciar e de amar. É simplesmente vida que gera vida. Somos isso! Viver compensa a passagem do tempo; é a mais fascinante das experiências. Viver independente da idade cronológica. Ser disposta, vigorosa, viva. Cantar, dançar, entusiasmo. É isso que quero frisar bem nesta entrevista. Idoso feliz é amar alguém, idoso feliz é quando: sonha, tem planos, ainda aprende, se renova a cada dia. Velho é outra coisa. Velho é aquele que não tem esperança, não se cuida, só tem ontem. Temos que percorrer os próprios caminhos, ocupar os espaços que a vida nos oferece. Isso sim.

O Estatuto do Idoso contribui e fortalece os integrantes da ‘ melhor idade’ ?

Em primeiro de outubro de 2003, foi criado o Estatuto do Idoso, é uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, em Brasília, e sancionada pelo Presidente da República, com o aplauso da nação brasileira. Agora, a pessoa que completar 60 anos, pode se beneficiar dos seus direitos, segundo o Estatuto. Então é importante que todo o idoso conheça seus direitos, para tornarem-se mais fortalecidos. Evidentemente, que o fortalecimento, dependerá de organização e participação, propondo compromissos e ações, para que a lei aconteça. O Estatuto traz muitas informações, obrigações e, claro, direitos. Tudo isso contribui sensivelmente para a valorização, reconhecimento e elevação da auto-estima.

Finalizando

Idos de 2001, a Fundação Educacional de Brusque –Febe, agora Centro Universitário de Brusque, abriu suas portas com cursos de extensão do ensino superior, para esse público da ‘ melhor idade’. Estamos lá até agora. A formação do cidadão, nessa fase bonita da vida, quem vive, gera energia e é bom mostrar interesse em aprender mais. O saber não ocupa lugar, não é hora de desistir ou duvidar. Nunca é tarde demais para ser feliz! Nunca é tarde demais para recomeçar!

Referências

  • Matéria publicada em A VOZ DE BRUSQUE, aos 06 de dezembro de 2008.