Entrevista Luiz Saulo Adami - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar

Complementando a matéria quanto ao Centenário do Vovô do Futebol Catarinense entrevistamos o escritor e editor Saulo Adami. Nascido em Brusque em 21 de fevereiro de 1965, é filho de Tereza Conte e Luís Avani Adami, e é casado com a psicóloga Jeanine Wandratsch Adami.

Saulo Adami cria e desenvolve projetos sob encomenda com o selo editorial DOM. Há 30 anos no mercado, é autor de 56 livros nas áreas de literatura, biografia e história. O mais recente é o perfil biográfico do médico João Antônio Schaefer, Doutor Nica (DOM, 2012), que está movimentando as livrarias da cidade. Assim como o médico Nica, Adami é um apaixonado pela profissão que escolheu, quando era ainda menino, no Arraial dos Cunhas, interior de Itajaí, onde seus pais tinham uma casa de comércio. Neste momento, Adami é – como diriam os cronistas esportivos – “o dono da bola” quando o assunto é Clube Atlético Carlos Renaux, sobre o qual está preparando o livro comemorativo ao centenário de fundação do Sport Club Brusquense. Nesta entrevista, ele fala sobre o andamento da produção desta obra que vai abordar temas relacionados ao passado, ao presente e ao futuro da agremiação pioneira de nossa cidade.

O escritor Saulo Adami

Saulo Adami vai lançar o livro do centenário do Sport Club Brusquense em 2013
Foto: Jeanine Walndratsch Adami.

Como surgiu a proposta para a produção do livro sobre o centenário do Clube Atlético Carlos Renaux?

Fui convidado pelo presidente do clube, Juca Loos. Fiquei honrado com o convite, e um dia fui chamado para participar de uma reunião da diretoria, onde ouvi o que precisava para esboçar um perfil para o livro. Para mim, como escritor, é muito importante saber exatamente o que o contratante pretende passar com a obra que vou eu produzir, um diálogo que precisa ser mantido o tempo todo. Desta reunião surgiu a formatação do livro Com a bola toda! 100 anos do Clube Atlético Carlos Renaux, com lançamento em 2013.

De que forma está sendo produzido este livro?

Nosso ponto de partida, como em qualquer livro de história, é a busca por uma fonte fidedigna, produzida no passado. A fonte, neste caso específico, é o livro do padre Eloy Dorvalino Koch e do ex-prefeito Antônio Heil, Clube Atlético Carlos Renaux, lançado no início da década de 1960. A obra é um inventário precioso das atividades do clube, um privilégio que nem todos os pesquisadores têm à disposição, hoje em dia.

A releitura de uma obra como esta basta para contar uma história centenária?

É claro, meu trabalho não consiste em “transcrever o livro antigo” e dar continuidade a ele. Meu projeto vai muito além. As memórias de ex-jogadores e ex-dirigentes estão sendo as outras fontes mais consultadas. Fiz uma listagem tanto de entrevistados quanto de locais de preservação da memória esportiva, social e cultural. Estou verificando livros, jornais, revistas, acervos particulares de colecionadores e outros autores. Tudo está sendo considerado, tudo é importante para a reconstituição de uma história escrita em várias épocas.

Tem sido fácil coletar as informações para a obra?

Apesar da distância entre a fundação do Sport Club Brusquense, em 1913, e os dias de hoje, e o fato de que ainda tenho muito tempo pela frente até o fechamento da redação, o livro está em produção desde o ano passado, quando meu projeto foi aprovado pela diretoria e dei início às pesquisas e às entrevistas. No que se refere a entrevistas, estou tendo a colaboração da jornalista Giselle Zambiazzi, cujo trabalho está presente em outros livros que produzi (Rio do Oeste: a história oficial e as outras histórias, 2004; Vielen Dank, Herr Doktor! Dos primeiros médicos aos 40 anos da Associação Brusquense de Medicina, 2010; Arthur Schlösser e a criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina, 2010; e Doutor Nica, 2012).

Como você tem sido recebido pelos entrevistados?

Com o entusiasmo de quem tem muitas histórias para contar! Quem não gosta de ser ouvido, quando o assunto é o time do coração? Quem não gosta de ter a sua memória valorizada, quando o assunto é a história da sua terra natal? O entrevistado deste livro é alguém comprometido (no bom sentido!) com a história do clube, com as suas conquistas, com as suas decepções, também. Sempre tem alguém disposto a colaborar, seja testemunha ou personagem da história que estou contando, e isso é uma motivação a mais para continuar meu trabalho.

Durante sua atuação como jornalista profissional, cobriu os clássicos de Renaux e Paysandu?

Na década de 1980, quando comecei minha carreira como repórter, pouco antes da enchente de 1984, trabalhei na sucursal do jornal O Estado, depois na Tribuna de Brusque. Tive oportunidade de cobrir poucos jogos do Clube Atlético Carlos Renaux. Eu conversava muito com jogadores e dirigentes que migraram para outros clubes, onde os entrevistava; outros profissionais de Renaux e Paysandu re-encontrei nos tempos em que cobria os jogos do Brusque Futebol Clube. Uma das experiências inesquecíveis eu vivi fora do campo, quando fui escalado para escrever sobre as cheias e fui verificar os estragos no Estádio Augusto Bauer: o gramado coberto de lama, as marcas da água suja nas paredes, a destruição... Infelizmente, era obrigado a fazer a cobertura das catástrofes, também. Mas, não gosto de falar sobre isso.

Que outras experiências você está tendo com a produção deste livro?

Pesquisar a história do Sport Club Brusquense é fazer uma viagem de volta ao passado da cidade. É sentir de novo o que os torcedores dos primeiros tempos sentiam: tudo era novo, tudo era paixão. Eram jogadores abnegados, dirigentes determinados, comprometidos com a cidade e com a sua gente. Não se trata apenas mais um time de futebol, se trata de O TIME DE FUTEBOL da cidade! Ver e sentir a emoção dos entrevistados é muito interessante – eles vão ditar o ritmo da narrativa e revelar aos leitores a alma do livro.

Além de escrever, o que mais cabe ao Adami, neste projeto?

O livro está sendo produzido com patrocínio direto de empresas de Brusque. Minha segunda função é coordenar a arrecadação de recursos necessários para a viabilização do projeto, mantendo meus colaboradores aquecidos, como se diz na linguagem do futebol. A enchente que assolou a região, em setembro do ano passado, atingiu estas empresas, o que prejudicou meu trabalho, mas nem por isso ele foi interrompido. Agora, tudo voltou à normalidade, estamos novamente visitando estes colaboradores. Vamos cumprir todos os prazos previamente estabelecidos com a diretoria do clube.

O Clube Esportivo Paysandu também está preparando um livro histórico. Isso o preocupa?

Curiosamente, antes de ser chamado pelo Clube Atlético Carlos Renaux, meu nome foi cogitado para escrever um livro sobre os 90 anos do Clube Esportivo Paysandu. Há quatro ou cinco anos atrás, participei de uma reunião, fui levado pelo Valdir Appel, para quem editei Na boca do gol (2006) e O Goleiro Acorrentado (2010), obras de referência para a história do futebol brasileiro. Conversamos sobre esta possibilidade, mas o projeto do Paysandu foi engavetado. Meus amigos Valdir Appel e Ricardo Engel – para quem editei Pedalando pelo tempo: História da bicicleta em Brusque (2011) – estão trabalhando no livro do Paysandu. Tenho certeza de que farão um excelente trabalho, pois seus textos têm qualidade – caso contrário, eu não teria editado suas obras. Não vejo a edição destes livros como sendo mais um clássico Renaux-Paysandu a ser disputado no Estádio Augusto Bauer. Meu objetivo é valorizar a memória do clube que me convidou; o objetivo deles é o mesmo, em relação ao Paysandu.

Qual a previsão para a entrega do seu livro?

Atendendo ao pedido da diretoria, o livro será entregue em 2013, ano do centenário de fundação do Clube Atlético Carlos Renaux. As datas de lançamento e das sessões de autógrafos vão ser definidas de comum acordo com os diretores do clube, em breve. Por enquanto, estou concentrado no levantamento de dados e na produção do livro que, tenho certeza, será motivo de comemoração – para todas as torcidas!

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 29 de novembro de 2011.