Entrevista Hercílio Gianesini - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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HERCÍLIO GIANESINI: Filho de Maximino e Maria Cestari Gianesini; natural de Botuverá, antes Brusque, nascido aos 5.12.30. Cônjugge: Anathalina Alves Zucco Gianesini; quatro filhos: Valmor, Valmir, Vilmar e Maria Madalena; sete netos: Andresa Cristina, Catulsia Siueme, Janefe Aline, Francione, Patrícia, Douglas Rafael e Daniel e cinco bisnetos: Júlia, Mateus, Lucas, Nathan e Emauele. Presidente da Comunidade religiosa de Poço Fundo.

Como foi sua infância e juventude?

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Trabalhava, carregando bagaço de cana e, ia à Escola, que ficava há uns dois quilômetros de distância. Ressaltando-se, que sempre descalço. Cursei três anos de escola, que naquela época valiam por quatro anos. Chegávamos na Escola, com as mãos pretas, o Professor, Domingos Moresco, mandava lavar e tocava a reguada. Com, aproximadamente, seis anos fui para o Oliveira. Tínhamos um terreno em Botuverá, que ficou pequeno para três famílias: meu pai, e dois de seus irmãos: Tomaz e Alexandre. O pai foi para o Oliveira, com oito filhos, sendo quatro homens e quatro mulheres, trabalhar nas terras de Aníbal Soares: tivemos um Engenho de cana de açúcar, tafona (milho), Trabalhávamos com arroz, plantávamos cana e milho. Na juventude, eu ia em todas as festas de Igreja. Aos 14 anos, vim para Brusque, trabalhar na Renaux e meu pai ficou no Oliveira.

Como conheceu a Anathalina?

Uma pessoa boa a minha Anathalina. A resposto foi completada por Anathalina: Conheci o Hercílio por parte da saudosa Ida Maria Boni, sua mãe, que trabalhava na rocadeira –no Streibert, ela era encarregada. O Hercílio namorava a prima da Ida Maria, a Verônica Boni, filha de Carlo Boni. Numa, segunda feira, após a festa de Azambuja, a Ida Maria, chegou e sugeriu eu o namorasse o Hercílio; no domingo seguinte, o Hercílio foi a festa de Santo Antônio, aqui no Poço Fundo e aconteceu o flerte. Namoramos por uns três anos e casamos. Isto há 57 anos. O que manda é o respeito recíproco.

O casamento ainda é válido?

Hoje trocam de companheiro/a como trocam de camisa e blusa. Outro dia, passou na TV, uma mulher conversando com outra no seguinte sentido; “ não consigo ficar olhando a mesma cara, aturando a mesma conversa e deitando com o mesmo homem”, essa conversa foi para milhares de lares brasileiros. A durabilidade de uma relação está diretamente vinculada em não guardar rancor, com relação ao homem conversar com outras mulheres; meu pai sempre repetia; “ conversar pode, mas com a mão no bolso”, o que ele queria transmitir? Que com as mãos no bolso, o homem não fica tocando na mulher.

Daria para traçar um perfil de seus pais?

Um retrato que tenho de meu pai é que ele ia do Oliveira para Tijucas à pé negociar açúcar – e sempre descalço. Usava camisa comprida e sem gola. Foi Capelão no Oliveira, bem me lembro quando dizia:”vamos trabalhar filhos”; ele era uma pessoa de conselho não de brutalidade.

E a mãe?

Não bobeava que tocava a mão no pescoço – por atrás, e com ela ... hora de oração... era hora de oração.

Seu pai, o Maximino, era muito apegado à Igreja?

Tudo que sou... minha geração deve-se a educação recebida de nossos pais. Aos domingos constituía missão sagrada ir à Igreja de Botuverá ... e orar. Meu pai, ajudou a construir as escadas da Igreja de Botuverá; eles fizeram a escada trabalhando em equipe, um passando o material para o outro, até chegar no local. No Oliveira, local para onde meus pais foram morar posteriormente faziam tijolos para ampliar a Igreja velha. A massa do tijolo era puxada por um boi e o ‘assador’ para fazer o tijolo era de barro.

Como surgiu a participação na comunidade religiosa de Poço Fundo

Poço Fundo e a Igreja que tem como Padroeira a Nossa Senhora da Saúde, vivi grandes momentos de minha existência, acredito que foi uma herança de meu pai. Ia aos terços, quando a comunidade era presidida pelo Elviro Freiner. Em certa oportunidade, convidou-me para participar. Pensei... meu pai sempre participou, por que não participo também? E, após decidir pela participação, peguei valendo, juntamente com umas catorze a quinze pessoas. Inicialmente, transportamos o rancho velho da frente para os fundos do terreno.

Ocupou a Presidência da comunidade Nossa Senhora da Saúde?

Sim, presidi, tendo Pedro Zen, como tesoureiro. Ocupei a Presidência por um período de oito anos. A pedra fundamental foi lançada pelo Padre Zucco.

O pessoal pegou junto?

Tive colaborações como falei acim, todavia, ressalto que em três não medimos esforços: Marco Teixeira, eu e o João Modesti, pegamos para valer.

Houve colaborações?

Tivemos colaborações sim; 25 mil tijolos da família Zen; a areia e máquina para fazer o chão veio do Alexandre Merico. O Anselmo Paza, fez, praticamente, toda a construção; Fernando Bastos, Angela Amim e Silvio Leoni com, cinquentinha cada um; Francisco Rosin, cinquentinha e mais um banco. Cada família colaborou com um banco - a colaboração de bancos terminou na diretoria que me sucedeu.

Por que saiu da Presidência?

Em certa época, já pensando em deixar outras pessoas também batalharem pela comunidade, entreguei a chave ao Padre Valdemar.

A administração Ciro Marcial Roza?

Olha não podemos reclamar do Prefeito Ciro, aqui no Poço Fundo; só temos esperança que canalize um pequeno trecho para levar a água pluvial do barranco ali na frente até o ribeirão; até já prometeram

O Brasil tem acerto?

Tem. Se tem! É só votarmos certo. E esses políticos terem um pouco de vergonha na cara.

Referências

  • Entrevista publicada na semana de 02 a 09 de maio de 2008, em A VOZ DE BRUSQUE.