Entrevista Eudez Pavesi - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Nossa entrevista Eudez Pavesi.

A entrevistada da semana é a Superintendente da FUNDEMA – Fundação Municipal do Meio Ambiente - Eudez Pavesi, nascida em Botuverá aos 29 dias de agosto de 1964. Cônjuge: Francisco Robert Ribeiro Santiago.

Em que sonhava ser quando criança?

Bailarina

Conserva amigos da infância?

Sim, da Infância e juventude.

Pessoas que influenciaram?

Meus pais e amigos da juventude.

Formação escolar?

Estudei na Escola B. Dom João Becker, do primário até ginásio, depois 2º grau curso de técnico em contabilidade Colégio Cônsul Carlos Renaux, Colégio Honório Miranda, Unifebe, Univali, curso de educação popular na USP – São Paulo.

Primeiro/a professor/a?

Sra. Áurea Dadam

Grandes professores?

Sueli Pantaleão, professora de português, Leila Severo (curso de ciência política)

Como era a escola quando você era criança? Quais eram suas melhores e piores matérias? De que atividades escolares e esportes você participava?

O Dom João Becker era a melhor escola estadual que tínhamos na época, segundo os comentários das pessoas que estavam no meu meio de convívio, e ótimos professores. Sempre me achei uma aluna dedicada, sempre tive boas notas em matemática, biologia, português..... a pior acho que era educação artística, não tenho dom para desenho. Até meus 14 anos jogava vôlei no Sesi. Um ponto polêmico na elaboração do Código Florestal foi quanto a decomposição vegetal de APPs (áreas de proteção permanentes) na beira dos rios.

Nossos políticos abandonaram o bom senso?

Penso que alguns políticos, mas não todos, são financiados por grandes produtores rurais e pela grande indústria agropecuária. A pressão é grande, infelizmente penso que muitas pessoas e não só políticos, não conseguem enxergar o que acontece sempre nas épocas de enchente. Mas temos uma questão geográfica que para o Brasil é de grande relevância, o tamanho de nosso território e as diversas complexidades regionais ambientais. Para isto deveríamos ter no código Florestal uma forma de enfrentarmos esta situação com possibilidades legais de observarmos as questões regionais e climáticas. Mas na proposta final o recuo permaneceu de 30 metros, o que alterou foi a questão da recuperação em APP que mudou para 15 metros, porém isto ainda está para análise da Presidenta Dilma , que poderá vetar ou não.

Eudez Pavesi.

Quais as atuações que exigiram mais esforços concentrados como Presidente da Fundema?

Na Fundema as situações diárias, são todas de grandes desafios, porque trabalhamos também com fiscalização, e na verdade ninguém gosta de ser fiscalizado, mas digo que o principal é fazer as pessoas entenderem que questões ambientais não são modismos ou uma bela propaganda com muito verde, e sim todos nós entendermos que não jogar lixo no chão, por exemplo, é preservar o meio ambiente. Algo que exige apenas de nós cidadãos uma atitude simples, mas que ainda achamos que é problema de outros e não meu. Que o terreno do outro deve ser preservado, mas quando se trata de mexer no meu terreno......aí a legislação ambiental não presta. Todos nós adoramos: sol, praia, chácaras, lugares onde o meio ambiente é fundamental, mas não teremos belas paisagens se não observarmos as leis ambientais, seja, pessoa física ou jurídica. E outro grande desafio, é entendermos que futuro queremos para o desenvolvimento das pessoas, como podemos ser melhores pessoas em nossa cidade, se o meio ambiente estiver degradado? Está relação é fundamental - homem e meio ambiente, isto é óbvio, porém muitas pessoas ainda não têm essa compreensão.

Na Beira Rio foi autorizado o corte das árvores que prejudicavam a calçada de um hotel. No lugar seriam plantadas árvores nativas. Ocorre que só plantaram um pezinho de sombreiro. Não deveríamos cobrar o plantio de tantos árvore es quanto as que foram cortadas? Na frente deste Hotel o proprietário plantou sim, duas espécies nativas, aquela que sobreviveu não é sombreiro, é o que chamamos popularmente de “ pau formiga” espécie nativa, com uma bela floração, e ainda doou 50 mudas, e auxiliou no transplante das árvores na praça Sesquicentenário. O atual proprietário, hoje é outra pessoa, e o anterior cumpriu o combinado.

O brusquense respeita o meio ambiente?

Eu digo, que no imaginário das pessoas, todos nós se achamos grandes ambientalistas, porém no dia a dia, sempre é melhor apontar o dedo para os outros. Portanto, depois que o atual Prefeito Paulo Eccel, cumpriu o que comprometeu-se em 2008, que era dotar a Fundema para cuidar do meio ambiente de nossa cidade, muitos comportamentos mudaram para melhor. Sempre digo que a questão ambiental é uma mudança de atitude, seja, da pessoa, da empresa ou dos órgãos governamentais. Vejo que nossa cidade está mais consciente, mas com certeza temos muito o que fazer, porque nosso histórico ambiental já foi muito triste e de muita degradação no passado.

Como você avalia sua passagem pela FUNDEMA?

Como uma grande oportunidade de aprendizado, e aproveito o momento para agradecer nosso prefeito Paulo Eccel, por esta responsabilidade a mim conferida, e de poder colaborar como agente político. Muitos desafios técnicos e humanos, que me fizeram muito mais consciente de nossa tarefa como pessoas na sociedade.

Quais os pontos positivos da Administração Paulo Roberto Eccel/Evandro de Faria?

O mais importante, além de gerir com muita responsabilidade o dinheiro público, foi a participação da comunidade, da sociedade civil organizada em sua administração. Nada em uma administração pública é mais importante do que planejar as ações com a participação popular. Com certeza, este modelo de administração que o Paulo e Farinha implantaram é a forma que mais possibilita acertos do que erros. Por isso tivemos nestes quase 4 anos de administração municipal, obras que de fato melhoram a vida das pessoas.

Está filiada a algum partido político?

Ao PT desde 1986

Fale de trajetória profissional e pessoal?

Desde os anos 90 participo do movimento comunitário, atuando na associação de moradores do bairro Jardim Maluche e Souza Cruz, onde hoje sou membro da atual diretoria, no qual para mim é o espaço, onde mais se exerce a cidadania. Fui Coordenadora da UBAM – União Brusquense das Associações de Moradores. Participei de movimentos na Igreja Católica, grupo de jovens , catequista, sou filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 1986, no qual participei da eleição municipal de 1988, como candidata a vice-prefeita com Valmir Ludvig. Nas eleições de 2000 e 2008 candidatei-me ao cargo de vereadora. Fui assessora parlamentar Por 4 anos no mandato do atual prefeito Municipal, Paulo Eccel, quando deputado estadual em 2003 a 2006. Atualmente sou Superintendente da FUNDEMA – Fundação Municipal do Meio Ambiente desde 01 de janeiro de 2009, órgão que fiscaliza o meio ambiente, licencia terraplanagens, corte de vegetação e desenvolvimento de projetos de educação ambiental.

Quais medos você tem ou teve? maior medo é o de envelhecer ou o de entristecer?

Poucos medos, mas nada que tire meu sono. O que me assusta são os acidentes de trânsito, isso, me deixa preocupada, porque são muitas vítimas inocentes, sendo ceifadas, por conta da imprudência humana. Com certeza de entristecer, embora não seja do meu perfil abater-me facilmente. Graças a educação familiar e cristã, me considero uma pessoa de bem com a vida e muito grata a Deus por tudo que tenho.

Qual foi o maior desafio até agora?

Penso que assumir uma postura política partidária é um grande desafio perante uma sociedade que mais se omite do que participa da vida política. Todos sabem tudo e tem respostas pra tudo, porém assumir compromissos e realizar, são para poucos. Minha atuação também é para que tenhamos sempre mais líderes comunitários e comprometidos.

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez ?

Penso que não, mas fiz tudo que de fato me deu prazer, ou vontade de realizar. Mas, posso já ter falado algo que, tenha ofendido alguém, temos erros...

Você tem algum ressentimento?

Não. Sempre que acontece algo que me deixa triste, em função de alguém ter-me ofendido, procuro resolver a emoção deste momento e tocar a vida que é bela e muito emocionante.

Como vê a programação da televisão na formação de nossa infância e juventude?

No geral a pior avaliação possível, mas o que passa na TV é fruto de valores que a sociedade produz. Se os pais estivessem mais presentes na vida dos filhos a TV seria apenas algo a mais. O preocupante é que os programas de TV são mais importantes de que o convívio familiar. Temos coisas boas na TV, porém os maus exemplos de programas ainda são a maioria.


Finalizando, a mulher travou árduas lutas para conseguir a independência, atualmente deparamos com a predominância da vulgaridade. Você considera a vulgaridade como uma forma de modernismo?

Penso que não é modernismo. Infelizmente é mais uma questão de gênero. A nossa sociedade foi e é construída por pensamentos machistas e vulgares. Na maioria dos espaços da sociedade quem manda são os homens. E somos frutos de uma educação machista. Claro que são as mulheres que sempre cuidam de todos, mas sempre eram os homens que mandavam nas famílias. Porque a expressão chefe de família? Claro que as mulheres podem dizer sim ou não, já avançamos muito com certeza, mas ainda precisamos ter pensamentos livres de vícios que denigrem a imagem seja do homem ou da mulher. Tudo que não respeita a origem das pessoas, ou que menospreza o jeito de ser do outro, é uma forma de desconstrução da cidadania e da formação como seres humanos.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 13 de novembro de 2012.