Entrevista Caroline Butzke - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Caroline Butzke.
Divulgação.

A entrevistada da semana é a psicóloga Caroline Butzke, nascida em Rio do Sul aos 14/05/1986 - mas com menos de um ano foi morar em Joinville, onde permaneceu até março de 2012 - quando veio para Brusque, por ter sido chamada no concurso; filha de Adolar Butzke e Lucia Butzke; tem dois filhos: Luísa Butzke Campos (5 anos) e Leonardo Butzke Campos (1 ano)

Quais são as lembranças que você tem da sua infância?

Minha família é bastante unida, fazíamos viagens todos os anos nas férias então conheço bastante lugares e desenvolvi essa paixão por viajar. Quando criança era um pouco mais tímida, de poucos amigos, mas lembro de vários deles e das brincadeiras que gostava.

Você tem amigos da infância ainda?

Tenho algumas, porém devido a mudanças de cidade acabo tendo pouco contato com elas.

O que sente falta da infância?

Sinto falta dos momentos que eu passava mais próxima aos meus pais e familiares, do tempo que tinha livre para brincar e não se preocupar com as responsabilidades que tenho hoje.

Sonho de criança? Em que você sonhava ser quando era pequena?

Queria ser médica pediatra. Sonhava em casar, ter filhos, estudar, trabalhar.

Como foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir?

Divertida. Gostava de ir para praia e sair com os amigos. Durante a adolescência passei por alguns conflitos "normais" com meus pais, fiz muitas amizades, somente estudava e me dedicava para o vestibular.

Quais eventos mundiais tiveram o maior impacto em sua vida durante a sua infância e juventude?

Os eventos que mais marcaram foram a Copa de 94 e a Morte do Ayrton Senna.

Como surgiu Brusque em sua trajetória?

Passei no Concurso Público realizado pela Prefeitura Municipal de Brusque em 2009. Já conhecia a cidade e me entusiasmei com a possibilidade de vir morar para cá já no dia em que realizei a prova do concurso.

Pessoas que influenciaram ? Meus pais, Clarice Lispector, Angelina Jolie, Bob Marley, Carl Jung, Salvador Minuchin, entre outros psicólogos.

Como era a escola quando você era criança?

Comecei ir a escola com 3 anos, na mesma rua em que morava. Era uma escola pequena, fazíamos várias apresentações de dança e teatro, eu era uma criança quietinha e organizada. Aos 6 anos iniciei a 1ª serie e troquei de escola, onde estudei até a 8ª serie no Colégio dos Santos Anjos, escola de freiras, bastante religiosa e com valores familiares, onde fiz amizades que mantenho até hoje.

Quais eram suas melhores e piores matérias?

A matéria que eu mais gostava era matemática e a que menos gostava era geografia, no Ensino médio passei a detestar física, as demais eu gostava.

De que atividades escolares e esportes você participava?

Participava de grupo religioso, pois estudava em escola da Divina Providencia até a 8a série, fiz dança dos 7 aos 14 anos e gostava bastante de esportes também (basquete, vôlei e handebol).

Formação escolar ?

Educação Infantil foi na Escola Machado de Assis, o Ensino Fundamental no Colégio dos Santos Anjos e o Ensino Médio no Curso e Colégio Energia; todos em Joinville. A Faculdade de Psicologia fiz na Univali em Itajaí de 2004 à 2008. Além disso, realizei cursos na área de Pericia Psicológica nas Varas da Família, Ludoterapia, Psicopatologia da Infância e Adolescência. Procurando sempre estar atualizada, em busca de novas capacitações, participação em seminários, congressos e eventos relacionados a área.

Primeira professora?

Considero a primeira professora mesmo a da primeira série – Karen - ela não era muito afetiva, mas tinha facilidade em ensinar.

Grandes professores?

São muitos, lembro bem da minha professora do 2a série – Andréa - e depois alguns professores "especiais" como a professora de inglês – Heloísa - até a 8a série, o professor de biologia do ensino médio – Romero.

Como surgiu a Psicologia em sua trajetória?

Surgiu durante o preparo para o vestibular, quando tive oportunidade de conhecer melhor os cursos e profissões do mercado de trabalho. Sempre tive o desejo de trabalhar com pessoas, no cuidado das pessoas e podendo lhe oferecer "algo". Pensava em fazer medicina, mas diante da dificuldade que enfrentei com aulas de anatomia, vídeos que envolviam sangue, cirurgia...acabei desistindo e fui estudar psicologia.

Qual sua área de atuação na Prefeitura de Brusque?

Eu atuo mais especificamente no Serviço de Proteção Social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), junto ao CREAS.

É uma equipe? Como é formada ?

Sim. A equipe do Serviço é composta por 01 pedagogo, 01 psicologa e 01 assistente social.

O que é o O Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS ?

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS constitui-se numa unidade pública estatal, de prestação de serviços especializados e continuados a indivíduos e famílias com seus direitos violados, promovendo a integração de esforços, recursos e meios para enfrentar a dispersão dos serviços e potencializar a ação para os seus usuários, envolvendo um conjunto de profissionais e processos de trabalhos que devem ofertar apoio e acompanhamento individualizado especializado.

Quais são os serviços oferecidos pelo CREAS de Brusque?

Serviços oferecidos no CREAS de Brusque: 1. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos (PAEFI); 2. Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC); 3 - Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias; 4. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua.

O que objetiva o Serviço de Medidas Socioeducativas?

O Serviço de Medidas Socioeducativas tem por objetivo, contribuir com as relações sociais estabelecidas no contexto familiar e comunitário, através da ressignificação das suas condições e modo de vida, potencializando e estimulando o exercício da cidadania aos sujeitos em execução de medidas socioeducativas e grupo familiar. Visando contribuir para: -Vínculos familiares e comunitários fortalecidos; -Redução da reincidência da prática do ato infracional; -Redução do ciclo da violência e da prática do ato infracional.

Ressignificação?

Sim, ressignificação é o método utilizado em neurolinguística para fazer com que pessoas possam atribuir novo significado a acontecimentos através da mudança de sua visão de mundo.

A falta de estrutura física adequada e de funcionários qualificados para lidar com jovens infratores são comuns em praticamente todos os municípios brasileiros. Como está a situação em Brusque?

Desde 2005, a gestão das medidas socioeducativas em meio aberto está sendo municipalizada em cidades brasileiras de médio e grande porte. A partir da constatação da ineficácia das medidas em meio fechado - ou seja, das medidas que restringem liberdades e que representam maior custo administrativo para o Estado - o SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) priorizou a aplicação de medidas em meio aberto, com a recomendação de que privação somente deve ocorrer em caráter excepcional e durante curto período de tempo, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente. Buscava-se com isso superar uma forte cultura de internação que ainda hoje existe em nosso país. Assim, adolescentes que cometem atos infracionais agora têm mais chances de serem atendidos por programas municipais de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade. Em Brusque, o serviço de Medidas Socioeducativas em meio aberto é responsabilidade do CREAS (unidade do município) desde 2009. Atualmente não contamos com a estrutura física necessária, pois precisamos de salas reservadas, material para oficinas, entre outros; mas sabemos que a nova instalação do CREAS está em construção onde teremos esta estrutura. Quanto a capacitação da equipe, os profissionais envolvidos têm participado de seminários e capacitações para desenvolver o trabalho com os usuários, o que têm qualificado a equipe para tal trabalho.

Como você vê a programação da televisão na formação de nossa juventude?

A sociedade brasileira, a mais de uma década, vem discutindo o papel da televisão e da mídia em geral e a qualidade da programação que é oferecida ao público, em particular aos jovens. É importante que os jovens e seus pais desenvolvam uma visão crítica em relação ao que estão assistindo, avaliando e refletindo juntos o que estão assistindo o que na maioria das vezes não acontece pois muitos pais nem sabem o que os filhos assistem, pois estão fora de casa. Existem alguns estudos que afirmam que muito tempo na televisão aumenta a probabilidade de desenvolver comportamentos violentos, alguns programas podem ter influência nos casos de gravidez na adolescência, entre outros. A televisão hoje é capaz de apresentar programas que se aproximam cada vez mais da "realidade", utilizando recursos de cenários e ambientes externos que propiciam, principalmente aos adolescentes, o sentimento de vivenciar o que é sugerido e é aí que muitas vezes acaba sendo inadequado o conteúdo transmitido.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e da sua história de vida? Como surgiu Brusque em sua trajetória?

Morei com meus pais em Joinville desde aproximadamente um ano de vida até os 17 anos. Com 17 anos iniciei a faculdade de Psicologia na Univali em Itajaí e passei a residir em Piçarras. No mesmo ano, voltei a morar em Joinville com meus pais e ir e voltar para a faculdade todos os dias em Itajaí. Em 2006, com 20 anos, me casei, com quem fiquei casada por 6 anos. Em 2007 nasceu minha primeira filha e em 2011 o segundo. Formei-me em dezembro de 2008, na Univali - Itajaí. Trabalhei 1 ano no CAPS infantil em Joinville com crianças e adolescentes com transtorno mental grave e depois trabalhei 2 anos e meio em empresas de Recursos Humanos, com Recrutamento e Seleção/Treinamento e Desenvolvimento/Avaliação Psicológica. Como tinha interesse em trabalhar mais diretamente com crianças e adolescentes e com o trabalho psicossocial, fiz alguns concursos, inclusive o de Brusque em 2009. Em março de 2012 fui chamada pelo concurso para exercer a função de Psicologa e decidi assumir o cargo.

Qual foi o maior desafio até agora?

Posso citar 2, um foi dar continuidade a faculdade em Itajaí grávida e depois com a minha filha pequena e outro mudar para Brusque com meus dois filhos.

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez ?

Em alguns momentos me arrependi, mas são as coisas que a gente se arrepende que muitas vezes valem a pena.

Você tem algum ressentimento?

Procuro não guardar ressentimentos.

Você tem algum medo?

Medo que aconteça algo com meus filhos.

Algo que você apostou e não deu certo?

Procuro pensar por quanto tempo deu certo, ou que se não deu certo é porque não chegou ao final.

O que faria se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Ainda considero inicio da carreira, estou formada ha quase 4 anos, gostaria de fazer mais cursos/especializações mas não faltou coragem e sim condições pra isso....

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Procuro ouvir as pessoas sem julgá-las, entender as situações sem prevalecer uma opinião, respeitar a diversidade.....

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?

As maiores alegrias foram com certeza o nascimento dos meus filhos. Decepções não tive muitas, procuro não criar muitas expectativas.

Finalizando, você foi bem recebida em Brusque?

Fui bem recebida sim, meus filhos se adaptaram facilmente na escola e eu conquistei meu espaço dentro do trabalho.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 16.10.12.