Entrevista Antônio Abelardo Bado - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Antônio Abelardo Bado.

O entrevistado da semana é o advogado e Delegado de Polícia Civil aposentado Antônio Abelardo Bado, filho de Nicolau Bado e Eulina Ternes de Córdova Bado, nascido em Nova Trento aos 13/06/1939; casado com Zita Gianesini Bado com a qual têm dois filhos Toni Nícolas e Rômulo Benito :

Quais são as lembranças que você tem da sua infância?

Me diverti muito... Andar no mato, nadar no rio, brincar em nossa chácara no centro, onde todos amigos se encontravam, andar de bicicleta descendo o morro da cruz com galhos de árvores amarrados na bicicleta para não queimar o torpedo, pescar e participar das peladas de futebol, desenhar mulheres dos “gibis” escondido no sótão da casa, enfim tudo que uma criança adorava fazer . . . . !

Sonho de criança?

Jogar futebol (consegui); Ser médico(não consegui), ser feliz como criança e adolescente, apesar de ser tremendamente tímido.

Como foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir?

Jogar futebol e deixar o longo tempo passar, para poder jogar e definir meu futuro.

Quais eventos mundiais tiveram o maior impacto em sua vida durante a sua infância e juventude?

Durante a infância, quando morava em Florianópolis - Rua Padre Roma - durante a Segunda Guerra, era, o sibilar dos alarmes, sirenes e o ronco dos carros do exército, alertando possível ataque aéreo. Eu me jogava embaixo da cama, e morria de medo. Na juventude, o que mais me abalou, foram as enchentes de 1971 e 1984 e a derrota para o Hercílio Luz, em Florianópolis, no “Campo da Federação”, em 1958 !

Pessoas que influenciaram?

Sem dúvidas meu pai, político, músico e compositor; minha mãe pela dedicação e rigor com que nos encaminhava na vida.

Como era a escola quando você era criança? Quais eram suas melhores e piores matérias? De que atividades escolares e esportes você participava?

Fiz o primário no Colégio Lacerda Coutinho (NT), hoje Prof. Francisco Mazzola, dirigido pelas Irmãzinhas da Imaculada Conceição. As melhores atividades eram diversos esportes, geografia e desenho. As piores, matemática e religião. O Colégio tinha campo de futebol, pista para corridas, salto à distância, altura e ginástica em geral .

Formação escolar desde o início dos bancos escolares?

Comecei no jardim de infância (3 anos), me formei em 1951 no primário. Ginásio dois anos(1954/5), no Colégio Santo Antônio de Blumenau e dois anos (1956/7) no São Luiz (antigo Santo Antônio) de Brusque. Fiz dois anos de Contabilidade no Colégio São Luiz (alguns diziam Colégio do Pe. João e dois anos no “Normal” do Colégio Cônsul Carlos Renaux, completando o curso secundário em 1965! No curso superior (Direito) fiquei dois anos na FURB (Blumenau) e três anos na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Vale do Itajaí, hoje Univali, me formando em 1973.

Primeira professora?

Não tenho certeza, acho que era a Madre Superiora, Maria Júlia, irmãzinha da Imaculada Conceição, que depois abandonou o monastério e, passou a chamar-se Júlia Maria

Grandes professores?

A Irmã acima, a Irmã Aurora Dorigatti, a professora de artes e esportes, Cremilda Tridapalli Mendonça em Nova Trento. Em Blumenau Padre Fulgêncio, Prof.Mosimann, Prof. Muller, Prof.Germano , Frei “Totoca” Frei Ernesto e outros que não recordo. Em Brusque Padre João, Érico Contesini, Padre Anselmo (brabo) , Zita Borba, todos no Colégio S.Antônio (hoje SãoLuiz). No Cônsul também tive bons professores: Dr.Arno Ristow, sua esposa, Dona Edmê de Novaes Vidotto, Dr.Aurinho Silveira de Souza, Dorvalino de Novaes, Virtulino Schütz e esposa e outros que não vem na minha memória no momento.

Quais as diferenças básicas entre a Polícia Civil e a Militar?

A Polícia Civil, pela Constituição, é designada como Polícia Judiciária, enquanto a Polícia Militar, é uma Força Auxiliar do Exército, não podendo infringir ou invadir procedimentos determinados pela texto magno. Tanto é claro, que na PM, não existem Marechais, que é a patente mais alta do Exército Brasileiro; não existem Generais, que é graduação militar, imediatamente, superior à de Coronel e este, que existe na PM, é militar superior de graduação imediatamente abaixo à de General de brigada, que é comandante de regimento. O Capitão é um oficial graduado entre Tenente e major, o qual comanda uma companhia, chefe militar, enfim chefe de seu setor ou departamento.

Na prática depara-se com distinção de funções?

O Governo do Estado, não consegue distinguir a diferença de funções entre as duas instituições (PC-PM), cujas regras, estão explicitamente claras na nossa Constituição, ou se ilude pelo ritual de influência que sobreleva a tradicional e colonialista subordinação militar. O próprio Vice-Presidente da APRASC - Associação de Praças de Santa Catarina em entrevista à uma emissora local, afirmou que a Polícia Militar exerce uma função ilegal, desvio funcional, ou seja a “P. 2” , que outros chamam de “Grupo Secreto”,ou Grupo de Inteligência, é confirmado por vários oficiais da PM,em todo o Estado. Ora, a função de investigar crimes, é da competência da Polícia Civil, regrada pela Carta Primaveril (CF/88), que estabelece os procedimentos das duas.

A PM desvia-se de suas funções e insinua-se aos exercícios da Polícia Civil?

É claro. A falta de Policiais Civis. A falta é tão gritante e escandalosa, que já aconteceu, Delegados, cuidarem de presos em cadeias públicas, no interior do Estado.

Quem visa mais poder: a Polícia Civil ou a PM?

Na briga pelo poder, comentado na mesma emissora local, pelo Vice-Presidente da APRASC entre Delegados da Polícia Civil e Oficiais da Polícia Militar de Santa Catarina, podemos afirmar com precisão, que tal pretensão pelo poder, não parte dos Delegados da Polícia Civil, mas sim dos Oficiais da PM

Na prática observa-se algum favorecimento para a PM?

São explícitos os motivos que favorecem a PM, pois cometem desvio de funções, em lugar das ruas. Eles tomaram posições estratégicas de intimidade, de aproximação, de submissão, conquistando educada e socialmente as excelências de todas as instituições do Estado. Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, e demais. Nessas instituições encontram-se 1.200 policiais militares e oficiais cuidando, recepcionando, informando, decidindo e organizando eventos e reuniões e até atendendo o telefone íntimo, o celular do Governador. Na realidade, desviam-se da função, para exercerem o ritual da submissão, alcançando passo a passo, o poder de persuasão. É uma estratégia lenta, silenciosa, conquistada com opressos objetivos nas dependências do Governo e de todas as entidades públicas estaduais.

Nossos governantes tem preservado um quadro condizente de efetivos da Polícia Civil?

Há 22 anos,(1988/ 9), o Estado tinha mais policiais civis do que hoje 2011. Para se ter uma ideia, de como os governos abandonaram a Segurança Pública, basta mencionar o número de Policiais Civis e Militares. Os militares sempre tiveram muito mais homens, do que a Policia Civil, fato que não se condena, pois na época mencionada, salvo engano, o contingente da PM., ativo, era de 17 mil, o que compreendemos, tendo em vista que a PM, está nas ruas para fiscalizar, evitar e constatar crimes.

Qual a proporção ideal de soldados para habitantes?

A ONU, em rigorosa pesquisa, avaliou ser ideal um soldado para 250 pessoas. No Brasil, temos um policial para 950 pessoas.

Em Santa Catarina?

Estamos pior. Nosso contingente diminuiu, os números assustam. Exemplo: em 2009 foram registrados 670.288 boletins de ocorrência, sendo apurados apenas 118.851, mas, 40.653, jazem nos inquéritos policiais. Nestes anos, foi constatado que houve grande redução de policiais militares, 11 mil apenas, exercem suas atividades em todo o Estado Catarinense. Mas permanecem 1.200 P.M., no desvio de função, exercendo relevantes obrigações,postados na Assembleia, nas bibliotecas, no Centro Administrativo do Estado, nas residências do Governador do Vice e demais órgãos e setores burocráticos numa verdadeira catarse administrativa, e abandono da segurança do Cidadão nas ruas e em seu próprio abrigo.

Como funcionava antigamente o relacionamento entre os Chefes do Executivo e Polícia Civil ?

Antes da Constituição de 1988, no interior do Estado e até em grandes cidades, o Delegado era Sargento,Cabo ou soldado da Polícia Militar de SC. Ressoou , nos primeiros meses, do Governo Pedro Ivo de Figueiredo Campos, um enorme problema administrativo e principalmente político, pois os Prefeitos que assumiam, se não tinham boa relação social com os Delegados, pediam ao Secretário ou Superintendente (hoje Chefe da P.C.) que demitissem o Delegado e colocassem o Sargento tal, o Cabo tal, que já tinha exercido a função de Delegado naquela Cidade! Aliás, por parte de alguns Deputados, Prefeitos e políticos, era uma verdadeira imposição ao Governador, ao Secretário da Segurança Pública e ao Partido da situação!

E a unificação da Polícia Civil com a PM?

Na Primeira Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Segurança Pública, realizada de 10 a 12 de janeiro de 1990, em Belo Horizonte, o tema “unificação”, foi um dos debates mais acalorados, pois era assunto muito reticente e confrangido entre todos os Estados do Brasil, oportunidade em que o Secretário da Segurança Pública do Espírito Santo, propôs uma moção de anexação das Polícias Civis e Militares no Brasil , sendo tal projeto aprovado por 11 X 10 dos presentes. Entreguei relatório ao Governador Pedro Ivo Campos, concordando com a unificação e ele se postou a favor, entretanto,veio falecer, em Março de 1990 e, seu sucessor o Vice-Governador Maldaner, não deu andamento ao projeto, assim como os demais governadores subsequentes. Mas vejam o que significa o poder de persuasão da PM sobre os Governos Estaduais. Nenhum Estado brasileiro, teve o discernimento, a coragem de unificar as duas Polícias. A proposição consistia aparelhar as duas instituições, como nos EUA. A Polícia Militar continuaria fardada e a civil na mesma situação jurídica que já exerce.

Quais governadores merecem destaque quanto a Segurança Pública?

Em termos de Segurança Pública em Santa Catarina, com exceção de Nereu Ramos (1945..) e o esforço de Pedro Ivo, até seu falecimento 1990, foi por todos os governos, marginalizada, ignorada. E pasmem, a Secretaria de Segurança Pública Catarinense, é o 2º maior órgão arrecadador do Estado. Pedro Ivo (ex-coronel do Exército) fez renascer a figura de Nereu Ramos. Foi organizada a Academia da Polícia Civil, com instrutores, professores, munição adequada com aparelhos para recargas, novo espaço e prédio próprio para a Academia da Polícia Civil, permitindo ao aluno o necessário para o seu aperfeiçoamento. Pela primeira vez, foi adquirido coletes à prova de balas,foi exigido dos Delegados o uso de traje adequado com gravata, para que suas posturas e imagens socialmente contribuíssem com suas importantes funções e posições, aos olhos da comunidade e da mídia onde atuava. Pedro Ivo reequipou o contingente das viaturas em 85% com novos veículos, criamos as Delegacias da Mulher em todo Estado, inclusive Brusque. Aumentamos Distritos Policiais em cidades mais carentes, como Joinville, Blumenau, Itajaí, Brusque, São José, Criciúma, Tubarão, Chapecó ! Brus- que legalmente, possui três Distritos Policiais! O Primeiro(ex-comarca), o segundo, chegou a funcionar no Bairro Santa Terezinha, e o terceiro, é a Delegacia da Mulher,que está fixado, no prédio intitulado de “Delegacia da Comarca”, mais a Delegacia Regional. Entretanto, por vergonhosa falta de policiais, desde 1990, os três Distritos Policiais, foram anexados na antiga “Delegacia da Comarca”. Na mesma época, houve a reforma e estruturação do IML, hoje IGP.

É gritante a diferença entre o tratamento dado pelo Governo Nereu Ramos e os seus sucessores?

Há um vácuo histórico enorme, entre o Governo de Nereu Ramos, com os últimos governos de S.C.. Sua visão sobre segurança pública era subliminar, incomparável aos governos que o antecederam, e abissalmente incomparável a todos os Governadores que o sucederam! Nereu, construiu em todas as Comarcas do Estado, Delegacias com cadeias públicas anexadas ao imóvel, num período que raramente haviam presos. Hoje para se administrar uma Delegacia de Polícia, é necessário integrar estudantes universitários, funcionários de prefeituras municipais e entidades públicas e particulares como estagiários. A Polícia Judiciária, não teria condições mínimas de funcionamento regular, se dependesse apenas do seu contingente. Em 1989, a polícia civil mantinha no Estado, 3.100 policiais. Na capital, além da Secretaria, Superintendência da P.C., Corregedoria, DEIC, IML, Academia e demais serviços burocráticos, mais 11 distritos policiais, um quadro de 1.100 servidores. Joinville com a maior população do Estado mantinha dois Distritos Policiais, uma Delegacia Regional,e apenas 195 serventuários policiais!

Em relação aos demais estados da federação?

Nos nossos encontros realizados em vários Estados, observávamos, a distância, que Santa Catarina está dos outros Estados! O ponto deprimente do enquadramento estrutural, e numérico que Santa Catarina dispunha no setor de segurança Publica. Uma vergonha. Apesar de sermos considerados os melhores policiais Civis, mais éticos e eficientes do Brasil, não chegamos aos pés de outros Estados, em número de policiais,equipamentos, Academias, IML, Delegacias! Enfim em todos os Estados que visitamos, encontramos um Centro Administrativo do Governo, com prédios para as devidas Secretarias, que intitulavam de Palácio! Ali se concentravam, Chefia de Polícia, Academia, Corregedoria, IML, ouvidoria e até centro prisional, próprio para policiais que praticassem infrações ou delitos. Hoje, as comunidades catarinenses, estão assistindo a episódios patéticos que pulverizam os famosos filmes americanos do passado, que terminavam sempre favoráveis aos heróis do “oeste da Norte-América” !

Em termos de imóveis da corporação?

É correto informar, que o único imóvel que pertence à Polícia Civil na Capital é o do Instituto Geral de Perícia (IGP) , (antigo IML) Instituto Médico Legal. Os demais departamentos, Secretaria, Chefe de Polícia, Academia da P.C., distritos policiais, são todos prédios alugados. Assim é, nas demais cidades do Estado. Exclusiva a situação, com as Delegacias fundadas no Governo de Nereu Ramos (1945/47). Os mendazes comunicados e propagandas do Governo do Estado, sobre Segurança Pública, não passam de propaganda enganosa, ilusória, surrealismo.

O quadro da Polícia civil ontem e hoje?

Em 1989, a polícia civil mantinha no Estado, 3.100 policiais. Na capital, além da Secretaria, Superintendência da P.C., Corregedoria, DEIC, IML, Academia e demais serviços burocráticos, mais 11 distritos policiais, um quadro de 1.100 servidores. Joinville com a maior população do Estado mantinha dois Distritos Policiais, uma Delegacia Regional,e apenas 195 serventuários policiais. Era e é uma situação calamitosa, vergonhosa até. Mas hoje estamos pior. Nosso contingente diminuiu, os números assustam. Exemplo: em 2009 foram registrados 670.288 boletins de ocorrência, sendo apurados apenas 118.851, mas, 40.653, jazem nos inquéritos policiais! Nestes anos, foi constatado que houve grande redução de policiais militares, 11 mil apenas, exercem suas atividades em todo o Estado Catarinense! Mas permanecem 1.200 P.M., no desvio de função, exercendo relevantes obrigações,postados na Assembleia, nas bibliotecas, no Centro Administrativo do Estado, nas residências do Governador do Vice e demais órgãos e setores burocráticos numa verdadeira catarse administrativa, e abandono da segurança do Cidadão nas ruas e em seu próprio abrigo.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e da sua história de vida?

Fui funcionário do Cartório de Cyro Gevaerd, 1956 a 1958; após a morte de meu pai em 1958, após um convite de um primo, fui em 1959 para trabalhar na empresa fundada pelo meu tio Henrique José de Córdova, popular “Neném”, irmão da minha Mãe, que chegou a ser Prefeito de Erechim-RS. A firma foi criada em Florianópolis e o meu pai Nicolau , foi seu primeiro tesoureiro. Meu primo Valmiré, gremista fanático, soube que eu tinha sido Vice-Campeão do Estado, pelo C.A.C.Renaux e me encaminhou a treinar nos Clubes de Porto Alegre. Estive no Cruzeiro E.C., Internacional , São José e no Grêmio três meses. Como o futebol na época não era bom futuro, resolvi voltar para Brusque em 1960. Fui convidado a trabalhar no Escritório da IRESA, período este que também me dedicava ao futebol como profissional, no C.A.Carlos Renaux, Anteriormente, 1956 a 1958 atuei no Juvenil do CACR e no mesmo ano de 58, estreei em Blumenau contra o Palmeiras, no time principal. Encerrei em 1968, pelo C.E.Paysandu, participando apenas em dois jogos. Depois em 1972 entrei na Política me elegendo Vice-Prefeito com César Moritz, na gestão 1973/77. Em 1976 fui candidato a Prefeito e, entre os seis concorrentes, fui o mais votado, mas o regime era por legenda, e meu partido o PMDB com três candidatos, fez menos votos que os três da ARENA.

Em dezembro de 1973, me formei em Direito e motivado por onze colegas que já haviam feito o Concurso para Delegado de Polícia, após esses anos de política, decepcionado, resolvi fazer o Concurso, em 1978, sendo aprovado, cursando quatro meses na Academia da Polícia Civil em Florianópolis. Assumi o cargo em Blumenau em 1980, retornei em 1984 para Brusque e após a vitória do PMDB, 1987, elegendo a Governador do Estado Pedro Ivo de Figueiredo Campos após longas pesquisas feitas pelas instituições policiais civis em todo o Estado entre oito pretendentes ao cargo de Superintendente da Polícia Civil, meu nome repercutiu enormemente entre a classe dos Delegados, sendo então, convidado pelo Governador a assumir tão relevante cargo (hoje Delegado Geral da P. Civil). Fiquei três anos no cargo e ao final do ano de 1989 por volta das 22 horas, recebi telefonema do Governador para comparecer no Palácio Residencial , oportunidade em que Pedro Ivo me convidou para ser Secretário da Segurança Pública do Estado de Santa Catarina. Em 29 de dezembro de 1989, no próprio Palacio da Agronômica, fui empossado no cargo, juntamente com Avelino Basso para Secretário dos Negócios do Oeste. Após a morte de Pedro Ivo em fevereiro de 1990. Logo, “por divergências políticas com pessoas de dentro e de fora do Governo, um grupo de Secretários pedem exoneracão” ao Vice-Governador Casildo Maldaner. Em 21 de março de 1990, 11 dos 18 secretários, se dirigem ao Palácio para comunicar ao Governador suas exonerações: Saulo Vieira, Paulo Afonso Vieira, Emanoel Campos, João Henrique Blasi, João Roberto Dutra, Zuleika Lenzi, Cláudio Bley do Nascimento, Hélio Romito, Jamir Abreu, Werner Zotz e Antônio Abelardo Bado.

Algo quase você apostou e não deu certo?

Foi exatamente esta eleição para Prefeito. Visitei quase todas as casas em todos os bairros, mas não deu tempo para visitar o centro. O que me conforta é que fui o mais votado me dando a impressão de que o povo me elegeu a Prefeito.

O que faria se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Olhe, treinei três meses no Grêmio Portoalegrense, e fui convidado a ficar, entretanto ofereceram apenas um salário mínimo e na época o futebol não era profissão para o futuro, resolvi voltar. Em 1961/2, joguei aqui contra o Flamengo de Gérson, Dida e outras cobras, e antes do jogo , no nosso treino de quinta-feira, eu e Godoberto do Paysandu, fomos convidados a treinar no Flamengo, mas como eu era fanático pelo Vasco, deixei de ir ao Rio de Janeiro.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Aplico em toda a minha vida, respeito às pessoas de qualquer classe, sinceridade, urbanidade , não deixando entretanto de criticar construtivamente tudo que considero malfeito,mal educado, desvirtuado.

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?

Decepção 1- Não ser campeão da FCF em 1959; 2-Não me eleger em 1976; 3- Assistir a corrupção desenfreada em todos os setores da administração pública brasileira; 4- As ideologias dos partidos políticos jogadas no ralo; 5 – A irresponsabilidades das nossas leis e o comportamento da nossa justiça; 6- As mortes dos meus pais. Além destas tive muitas decepções: Não consegui ser um bom músico, um bom pintor, um bom professor, um “bom” político e um bom jogador de futebol . . . . .!

As alegrias também são muitas: Meus filhos, minha esposa, meus amigos, as profissões que exerci com dedicação e honestidade

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 15 de maio de 2012.