Entrevista Aníbal Boettger - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Aníbal Boettger.

Apresentação:

Aníbal Boettger, nasci em Brusque, aos o8 de março de 1958, filho de Roland Boettger e de Araci Dorvalina Boettger. Casei-me com Deixi Valle Boettger, temos dois filhos: Arthur e Gustavo. Formado no Ensino Médio e torço para Palmeiras e pelo saudoso Paisandu.

Como foi sua infância?

Minha infância foi pobre, mas feliz por tudo que passamos, meus p ais conseguiram criar 10 filhos sem que passássemos necessidades.

Sonho de criança?

Toda criança tem sonho, aquelas motos e carros nas figurinhas, deixavam os olhos arregalados, quando colegas me mostravam. Mas o sonho era crescer junto com os irmãos e ajudar os pais a saírem daquela dificuldade e isto acabou acontecendo. Todos irmãos ajudaram neste sentido, trabalhando para a casa.

Como foi sua juventude?

A juventude foi boa, tinha emprego, entregava o salário ao pai, e quando aos dezessete anos ganhei a minha bicicleta aro 26,ai foi só alegria, percorria os bairros, vizinho município de Guabiruba, em especial no bairro de Guabiruba Sul. Lembranças daqueles bons tempos. Muitas amizades naquela localidade.

Como foi que surgiu o sindicalismo em sua trajetória profissional?

Comecei a trabalhar na Cia. Industrial Schlosser S/A em 25.03.1975, em seguida já participava de reuniões e assembleia no Sindicato. No entanto, em 1986 fui convidado a concorrer nas eleições do sindicato, e fazer parte de uma diretoria , no cargo de Secretário Geral. Saímos vencedores e em 01.01.1987 assumi o cargo de Secretário Geral da entidade classista.

Você se espelha em algum líder sindical?

Não me espelho em nenhum líder sindical, tenho aprendido muito com o movimento sindical, mas também temos os desafios diários dentro da própria categoria, e isto tem me ajudado muito como dirigente sindical, O nosso dia a dia é uma escola de desafios.

O início da trajetória sindical em Brusque? Momentos de transição? A história do Sindicato dos Têxteis em Brusque mostra uma trajetória de árduas lutas em defesa da classe que representa, o Sindicato perde seu foco político e retoma sua atitudes para os objetivos da sua categoria?

O início oficial foi em 01.01.87, mas antes já participava de alguns movimentos internos dentro da empresa Schlosser. A transição de empresa para sindicato foi com desaprovação da esposa, mas em pouco tempo superado esta situação. O sintrafite desde 06.05.1933 tem focado em árduas lutas em prol da classe trabalhadora têxtil, inclusive este é o norte da entidade. E o foco sempre foi os objetivos da categoria . Muitas vezes não alcançado seu objetivo, mas não perdendo jamais o foco.

Quais as bandeiras do Sindicato na atualidade?

Temos como bandeira 40 horas semanais, sem redução de salário, fim do fator previdenciário, manutenção do intervalo intra jornada, respeitando a Portaria 1095 de 19.05.2010 e a manutenção com ampliação dos postos de trabalho, sendo respeitado os direitos dos trabalhadores, como pagamento de salário em dia e o recolhimento do FGTS.

Como está a situação dos têxteis em Brusque?

Os trabalhadores têxteis de Brusque, estão vivendo um momento difícil, algumas empresas vem atrasando os salários destes colaboradores, não recolhem o FGTS, enfim existe um desrespeito com a classe. Tenho dito que somente com uma ação conjunta por parte dos trabalhadores e sindicato vamos reverter este quadro. Caso contrário, a situação tende a piorar.

A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem a redução do salário?'

A redução da jornada semanal é um anseio da classe trabalhadora, da mesma forma que ocorreu em 1988. Houve a redução da jornada, gerou-se mais empregos e nenhuma empresa fechou suas portas pela redução.

Os métodos utilizados por países asiáticos, como por exemplo a China, para a produção são baseadas em trabalho escravo e forte incentivo governamental . Qual a influência no setor têxtil? As tradicionais e saudosas festas relativas ao 1° de maio, tem chance de retornar?

  • Em correção

Governo e Movimento Sindical já não falam a mesma língua?

Movimento sindical e governo tiveram divergências e vão ter, a linguagem do movimento sindical não agrada o setor econômico, não agradando, há pressão sobre o governo, é natural.Da mesma forma o movimento sindical faz o seu papel político, Há pressão. Divergência natural. Importante analisar a conjuntura nacional, quando e qual governo a classe trabalhadora teve avanços sociais. Importante reflexão.

Na reforma trabalhista uma das propostas do governo é o fim da unicidade sindical ( um sindicato em cada lugar). Você concorda?

Governo com proposta de extinção da unicidade sindical tem repúdio do movimento sindical.É esfacelar o movimento sindical brasileiro. É retrocesso. Não podemos admitir de forma alguma essa aberração, sou totalmente contra.

O governo municipal tem investido em capacitação dos servidores. Você acha que esse é o caminho?

A capacitação do servidor público é de extrema necessidade, para refletir no atendimento a toda comunidade, entendo como medida positiva.

Grandes nomes no sindicalismo brusquense?

Nomes de destaque no sindicalismo brusquense:Elpídio Cruz, Ovído Paza, Ivo Sanni, José Isaias Vechi, Marli Leandro, entre outros.

Por que não vê-se mais verdadeiros líderes sindicais?

Existe sim, lideranças sindicais. Temos vários em nosso município, o que mudou de forma acentuada é a relação: capital x trabalho. Hoje somos tratados e respeitados de forma diferente ao que ocorreu no passado. Quando muitos empresários tinham o sindicado como inimigo, e às vezes com razão. Defendo acima de tudo, o dialogo entre as partes, e não posturas radicais como ocorria, de ambos os lados. Devemos defender e representar a classe trabalhadora, mas também saber respeitar o outro lado da mesa. Não se conquista nada à classe trabalhadora , através de discursos vazios.

Um resumo da vida profissional?

Minha vida profissional: comecei a trabalhar com 10 anos de idade, por necessidade, fui reconhecido como trabalhador formal em 01.01.1971nos Irmãos Fischer S/A. até 21.03.1975, onde exerci a função de auxiliar de funilaria e plainador ferramenteiro. Surgindo uma oportunidade na Cia. Industrial Schlosser S/A, fiz um teste realizado na empresa. E em 25.03.1975 comecei na Schlosser, como plainador mecânico e torneiro mecânico, onde ainda mantenho meu vínculo empregatício em aberto, licenciado para exercer mandato sindical. Gosto da função de Presidente, gosto de representar os trabalhadores têxteis, sinto- me feliz em atender trabalhadores, pessoas com dificuldades em buscar seus direitos, sinto prazer em poder orientar os trabalhadores, sem distinção. Todos que me procuram, indiferente de ser têxtil ou não. Gosto do que faço.

O que é uma sexta-feira perfeita?

Uma sexta-feira perfeita é aquela que após cumprir com minha obrigação frente ao Sintrafite, deslocar-me até o vizinho município de Guabiruba, no Bairro Lorena, cancha de bocha do sr Valdemiro Rieg, encontrar amigos, jogar umas partidas de bochas e moderadamente tomar umas cervejas com aqueles grandes amigos da região. Não tem coisa melhor, para renovar as minhas energias.

Como vê o governo Paulo R. Eccel/ Farinha?

Bem o governo de Paulo e Farinha, nestes 18 meses de administração tem demonstrado um governo aberto ao dialogo e transparência. Sabemos da situação em que pegaram o nosso município. Sabemos que não satisfaz 100% da população, o que acontece seja qual for o governo, mas entendo que com a oportunidade que a comunidade está tendo em participar das ações neste governo, estão no caminho certo.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 27 de julho de 2010.