Mudanças entre as edições de "Ayres Gevaerd - Efeitos da revolução de 1893 em Brusque"

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar
(Criou página com '*EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO Efeltos da Revoluçao de 1893 em Brusque CONTRATO DA “PASSAGEMÇ NORTEn DO RIO ITAJAI MIRIM Ayres Gevaerd Ois trágicos días da revoluçã…')
 
 
(3 revisões intermediárias pelo mesmo usuário não estão sendo mostradas)
Linha 1: Linha 1:
*EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO
+
'''Efeitos da Revoluçao de 1893 em Brusque'''
  
 +
'''CONTRATO DA “PASSAGEM NORTE" DO RIO ITAJAI MIRIM'''
 +
*'''[Ayres Gevaerd]'''
  
Efeltos da Revoluçao
+
Os trágicos dias da [https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Federalista revolução de 1893] em nosso Estado, não atingiram, felizmente, a antiga vila de São Luiz de Gonzaga<ref>Atual Brusque.</ref>. Um e outro fato foi registrado, como por exemplo, a visita de [https://pt.wikipedia.org/wiki/Gumercindo_Saraiva Gumercindo Saraiva], recebido pelas autoridades, a passagem de grupos de soldados das duas facções em luta que acampavam por poucos dias, o susto de nossas autoridades e personalidades, em face de boatos, na maior parte sem fundamento.
  
de 1893 em Brusque
+
Há tempos relatei o que ocorreu com meu avô, [[Carlos Luiz Gevaerd]], no dia do aniversário natalício de minha avó, Maria Luiza. A família, reunida justamente na hora do almoço para a comemoração, recebe, surpresa, por um mensageiro, a notícia da imediata prisão de [[Carlos Luiz Gevaerd]]. A familia, às pressas, reúne roupas e viveres, e a pé mesmo, dirige-se à [[Fazenda Hoffmann]], em casa de [[Nicolau Werner]], por uns dias.
  
CONTRATO DA “PASSAGEMÇ NORTEn DO RIO ITAJAI MIRIM
+
-.-
  
Ayres Gevaerd
+
Meu amigo Padre Anselmo, certa ocasião, pediu-me para contar o fato que se segue e é por sua conta que fica a frase em alemão, intraduzível creio!...
Ois trágicos días da revolução de 1893 em nosso rEstado, não
 
atingiram, felizmente, a antíga vila de São Luíz de Gonzaga. Um e
 
outro fato foi registrado, como por exemp10, a vísíta de Gumercindo
 
Saraiva, recebido pelas autoridades, a passagem de grupos de solda-
 
dos das duas facções em luta que alcampavam por poucos dias, o- susto
 
___ 42 _
 
  
 +
<blockquote>[[Adriano Schaefer]], exercia, em 1893, o cargo de chefe de polícia na então Vila. Certa madrugada foi despertado por um amigo, cujo nome não foi possivel anotar, o qual, com outras pessoas, necessitava autorização para ir a Itajai, naquela mesma hora, por razões importantes e inadiáveis. Soube-se mais tarde que os motivos tinham sido políticos, em face dos dias incertos e dos constantes boatos, às vezes alarmantes, que então circulavam. A autoridade prontamente aquiesceu, mas havia o problema da “passagem', situada no mesmo lugar onde hoje se encontra a ponte, aos cuidados de [[August Pieper]], homem de reconhecida probidade mas de natureza truculenta. [[Adriano Schaefer]], prevendo dificuldades em vista da hora e do temperamento do encarregado da balsa, acompanhou as pessoas que o procuravam, até o local.
  
de nossas autoridades e personalidades, em face de boatos, na maior
+
[[August Pieper]] residia no lado oposto e a balsa, naturalmente, se encontrava na mesma margem do rio, imediações da residência.
paIte sem fundamento. \
 
  
Há tempos relatei o que ocorreu com meu avô, Carlos Luiz
+
O nosso delegado necessitou chamar em voz alta, várias vezes, até que o responsável apareceu, em uma das janelas, resmungando, inquirindo a identidade da pessoa que o acordara. Dando as explicações que achou cabiveis no momento, [[Adriano Schaefer]] pediu a [[August Pieper]] que efetuasse a passagem de seus amigos pela balsa. [[August Pieper|Pieper]] retrucou que absolutamente não atendia em vista do adiantardo da hora: que esperassem até o amanhecer.
Gevaerd, no dia do aníversário natalício de mínha av›ó, Maria Luíza. A w
 
família, reunida justamente na hora do almoço para a comemoração, 1
 
recebe, surpresa, por um mensageíro, a notícia da ímediata prisão de :
 
Carlos Luiz Gevaerd. A família, às pressas, reune roupas e víveres, e :
 
a pé mesmo, dirigese à Fazenda Hoffmann, em casa de Nicolau W-er-
 
ner, por uns dias. \
 
  
__. . _._ \
+
O delegado vendo que sua argumentação amigável de nada adiantava, apelou para suas condições de autoridade e gritou, solene: “[[August Pieper]], em nome da Lei, exijo que dê passagem a esses cidadãos”! E a resposta veio em seguida, no mesmo tom, porém, em alemão: “Im Nahmen des Gesetzes, kannst mir am Asch leckcen"<ref>Em tradução literal seria algo como "Em nome da lei, você pode lamber minha bunda" algo que em português seria o equivalente a "Em nome da lei, vá tomar no **".</ref>!, e fechou, violentamente, a janela.</blockquote>
  
Meu amígo Padre Anselmo, certa ocasião, pediu-me para conr
+
Nota: O artigo acima foi publicado na revista "Blumenau em Cadernos“ e no jornal "O Município", em 1971/2. Transcrevo-o para corrigir o nome do encarregado da “passagem norte”, havia mencionado Franz, em lugar de August.
tar o fato que se seguey e é por sua conta que fíca a frase em alemão, I
 
intraduzíveL creio!... i
 
  
Adriano Schaef'er, exercia, em 1893, o cargo de chefe de polícia
+
Do "Livro de contratos com a Superintendência Municipal de Brusque" transcrevo o contrato firmado entre [[August Pieper]] e a Superintendência, respeitando a ortografia original.
na então Vila. Certa madrugada foi despertado por um amígo, cujo
 
nome não foi possível anotar, 0 qual, com outras pessoas, necessitava
 
autorização para ir a Itajaí, naquela mesma hora, por razões impor-
 
tantes e inadiáveis. Soube-se mais tarde que os motivos tinham sida ]
 
políticos, em face dos dias incertos e dos constantes boatos, às vezes
 
alarmantes, que então circulavam. A autorídade prontamente aquiesr l
 
ceu, mas havia o problema da “passagem', situada no mesmo lugar
 
onde hoje se encontra a ponte, aos cuidados de August Pieper, th j
 
mbm de reconhecida prrobidada mas de natureza truculenta. Adria4
 
no Schaefer, prevendo djficuldades em vista da hora e do tempera~ ,
 
mento do encarregado da balsa, acompanhou as pessoas que o pro~ Ê
 
curavam, até o loca1. [
 
  
August Píeper residia no lado oposto e a balsa, naturalmentel,
+
<blockquote>'''TERMO DE CONTRACTO QUE FAZ AUGUSTO PIEPER, COM A MUNICIPALIDADE'''
se encontrava na mesma margem do rio, ímediações da residência.
 
  
O nosso delegado necessitou chamar em voz alta, várías vezes, \
+
Aos dois dias do mez de junho de mil novecentos e trez nesta Villa de Brusque, Estado de Santa Catarina, na secretaria da Superintendencia Municipal pelas dez horas da manhã, presente o cidadão [[Guilherme Kormann]], 3°. substituto do Superintendente municipal em exercicio, commigo secretario de seu cargo abaixo nomeado, foi pelo cidadão superintendente ordenado ao Porteiro [[Antonio Schwartz]], que posesse em pregões a arrematação da passagem do Norte desta Villa, pelo tempo de um ano sob a base de 200$000 (duzentos mil réis), o que fazendo este, e voltando deu sua Fé de ter sido oferecido a mesma quantia pelo cidadão [[Augusto Pieper]], a quem o mesmo cidadão Superintendente fez entrega da supra mencionada passagem, pelo tempo de um anno, a contar do 1°. dia do mez de julho proximo a 30 de junho do anno proximo de 1904, sob as seguintes condições:
até que o responsável apareceu, em uma das janelas, resmungando, 1
 
inquirindo a identidade da pessoa que o acordara. Dando as explíca- ,§
 
ções que achou cabiveis no momento, Adriano Schaefer pediu a Au~ *
 
gust Píeper que efetuasse a passagem de seus aLmigosa pela balsa. \
 
Pieper retrucou que absolutamente não atendiav em vista do adiantar \
 
do da horaz que esperassem até 0 amanhecer.
 
  
O delegado vendo que sua argumentação amigável de nada
+
'''Primeira'''
adiantava, apelou para suas condições de autoriudade ve grítou, solenez r
 
“August Pieper, em nome da Lei, exijo que dê passagem a esses cida_
 
dãos”! E a resposta veio em seguida, no mesmo tom, porém, em ale-I
 
maoz
 
  
“Im Nahmen des Gesetzes, kannst mír am Asch 1ec1cen"!, e fe~1
+
O contratante dará passagem grátis aos empregados públicos, Superintendente, Conselheiros Municipais, Guardas policiais e municipais quando em serviço, ou dias de sessão do Conse1ho, aos meninos que frequentarem as escolas de ambos os sexos.
chou, violentamente, a janela.
 
  
Notaz O artigo acíma foi publicado na revista "Blumenau em
+
'''Segunda'''
Cadernos“ e no jornal "O Município", em 1971/2. Transcrevo-o para
 
_ 43 _.._
 
  
 +
O preço das passagens será o estabelecido na tabela constante no contrato de 1893.
  
corrigir o nome do encarregado da “passagem norte”, havia mencio-
+
'''Terceira'''
nado Franz, em lugar de August.
 
  
Do "Lívro de contratos com a Superintendencia Municípal de
+
O contratante só poderá cobrar dos carros e carroças que venhão de Itajahy, depois das 9 horas da noite, nova passagem e os mais depois dessa hora pagarão o duplo do que está estabelecido na tabella, passando das 9 horas, até as 4 horas da manhã.
Brusque" transcrevo o contrato firmado entre August Pieper e a Su-
 
perintendência, respeítando a ortografia origínal.
 
  
T'ERMO DE CONTRACTO QUE FAZ AUGUSTO PIEPER,
+
'''Quarta'''
  
OOM A MUNICIPALIDADE
+
O contratante é responsável por qualquer damno que ocorrer na passagem, em carros, carroças, animais ou cargos, provado que a passagem de causas por falta de cuidados, será obrigado a indenizar os prejuízos.
  
Aos dois dias do mez de junho de mil novecentos e trez nesta
+
'''Quinta'''
Villa de Brusque, Estado de Santa Catarina, na secretaria da Superim ,
 
tendencia MunicípaL pelas wdez horas da manhã, presente o cidadão
 
Guilherme Kormann, 3°. substituto do Superintendevnte municipal em .
 
exercicio, commigo secretario de seu cargo abaixo nomeado, foi pelo
 
cidadão superintendente ordenado ao Porteiro Antonio Schwartz,
 
que posesse em pregões a arrematação da passagem do Norte desta
 
Vi11a, pelo tempo de um ano sob a base de 200$1000 (›duzentos mil
 
réis), o que fazendo este, e voltando. deu sua Fé de ter sido oferecido
 
a mesma quantía pelo cidadão Augusto Pieper, a quem o mesmo cida-
 
dão Superintendente fez entrega da supra mencionada passagem, pelo
 
tempo de um anno, a contar do 1°. día do mez de julho proximo a 30
 
de junho do anno proximo de 1904, sob as seguizntes condiçõesz
 
  
Primeira
+
O contratante fica obrigado à multa de 50$000 por cada falta que cometter e ao duplo na reincidencia por si ou por seu fiador.
  
O contratante dará passagem gratis aos empregados públicos,
+
'''Sexta'''
Superintendente, Conselheiros Munícipais, Guardas políciais e muniA
 
cipais quando em serviço, ou dias de sessão do C'onse1ho, aos meninos
 
que frequentarem as escolas de amhos os sexos.
 
  
Segunda
+
O contratante obriga-se a pagar a Municipalidade a quantia de 200$000 (Duzentos mil réis), em quatro prestações iguais e trimestrais a contar do dia 1°. do mez de Junho do anno proximo de 1904.
  
O preço das passagens será 0 estabelecido na tabela constante
+
E para constar mandou o cidadão superintendente lavrar este termo depois de pagos os respectivos impostos conforme o conhecimento junto, o qual vai assignado pelo Superintendente, contratante, fiador porteiro, comigo [[Henrique Luiz de Cordova]], secretario que o escrevi e assigno, sendo fiador o cidadão [[Rudolpho Krieger]], negociante estabelecido nesta Villa. O Secretario que o escrevi e assigno [[Henrique Luiz de Cordova]], [[Guilherme Kormann]], [[Augusto Pieper]], [[Rudolpho Krieger]], [[Antonio Schwartz]].</blockquote>
no contrato de 1893.
 
 
 
Terceira
 
 
 
O contratante só poderá cobrar dos carros e carroças que ve~
 
nhão de Ita.jahy, depois das 9 horas da noíte, n0va passagem e os mais
 
depois dessa hora pagarão o duplo cío que está estabelecido na tabella,
 
passando das 9 horas, até as 4 horas da manhã.
 
 
 
Quarta
 
 
 
O contratante é responsável por qualquer damno que ocorrer
 
na passagem, em carros, car'roças, animais Ou cargos, provado que a
 
passagem de causas por falta de cuidados, será obrigado a índenizar
 
 
 
os pre3u1zos.
 
Quinta
 
O contratante fíca obrigado à multa de 50$000 por cada falta
 
que cometter e ao duplo na reincidencia por sà ou por seu fíad0r.
 
Sexta
 
OI contratante obriga-se a pagar a Municipalídade a quantia
 
_ 44 __
 
 
 
 
 
 
 
de 200$0001 (Duzentos mil réis), em quatro prestações iguais e tri~ '
 
mestrais a contar do dia 1°. do mez wde Junho do anno proximo de
 
1904. §
 
E para constar mandou o cidadão superintendente lavrar este "
 
termo depois de pagos os respectivos impostos conforme o conheci-
 
mento junto, o qual vai assígnado pelo Superíntendente, contratante,
 
vfiadon porteiro, comigo Henrique Luiz de Cordova, secretario que o w
 
-escrevi e assigno, sendo fiador o cidadão Rudolpho Krieger, nego-
 
ciante estabelecido nesta Villa. O Secretario que o escrevi e assigno
 
Henríque Luiz de Cordova, Guilherme Kormann, Augusto Pieper, Ru_
 
dolpho Kríeger, Antonio Schwartz.
 
  
 
*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 42 a 45. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
 
*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 42 a 45. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
Linha 149: Linha 58:
 
[[Ficheiro:Casa_de_Brusque.jpg|450 px|Casa de Brusque|Casa de Brusque]]
 
[[Ficheiro:Casa_de_Brusque.jpg|450 px|Casa de Brusque|Casa de Brusque]]
 
[[Categoria:Notícias de Vicente Só|6]]
 
[[Categoria:Notícias de Vicente Só|6]]
 +
[[Categoria:Ayres Gevaerd]]

Edição atual tal como às 15h10min de 15 de janeiro de 2024

Efeitos da Revoluçao de 1893 em Brusque

CONTRATO DA “PASSAGEM NORTE" DO RIO ITAJAI MIRIM

  • [Ayres Gevaerd]

Os trágicos dias da revolução de 1893 em nosso Estado, não atingiram, felizmente, a antiga vila de São Luiz de Gonzaga[1]. Um e outro fato foi registrado, como por exemplo, a visita de Gumercindo Saraiva, recebido pelas autoridades, a passagem de grupos de soldados das duas facções em luta que acampavam por poucos dias, o susto de nossas autoridades e personalidades, em face de boatos, na maior parte sem fundamento.

Há tempos relatei o que ocorreu com meu avô, Carlos Luiz Gevaerd, no dia do aniversário natalício de minha avó, Maria Luiza. A família, reunida justamente na hora do almoço para a comemoração, recebe, surpresa, por um mensageiro, a notícia da imediata prisão de Carlos Luiz Gevaerd. A familia, às pressas, reúne roupas e viveres, e a pé mesmo, dirige-se à Fazenda Hoffmann, em casa de Nicolau Werner, por uns dias.

-.-

Meu amigo Padre Anselmo, certa ocasião, pediu-me para contar o fato que se segue e é por sua conta que fica a frase em alemão, intraduzível creio!...

Adriano Schaefer, exercia, em 1893, o cargo de chefe de polícia na então Vila. Certa madrugada foi despertado por um amigo, cujo nome não foi possivel anotar, o qual, com outras pessoas, necessitava autorização para ir a Itajai, naquela mesma hora, por razões importantes e inadiáveis. Soube-se mais tarde que os motivos tinham sido políticos, em face dos dias incertos e dos constantes boatos, às vezes alarmantes, que então circulavam. A autoridade prontamente aquiesceu, mas havia o problema da “passagem', situada no mesmo lugar onde hoje se encontra a ponte, aos cuidados de August Pieper, homem de reconhecida probidade mas de natureza truculenta. Adriano Schaefer, prevendo dificuldades em vista da hora e do temperamento do encarregado da balsa, acompanhou as pessoas que o procuravam, até o local.

August Pieper residia no lado oposto e a balsa, naturalmente, se encontrava na mesma margem do rio, imediações da residência.

O nosso delegado necessitou chamar em voz alta, várias vezes, até que o responsável apareceu, em uma das janelas, resmungando, inquirindo a identidade da pessoa que o acordara. Dando as explicações que achou cabiveis no momento, Adriano Schaefer pediu a August Pieper que efetuasse a passagem de seus amigos pela balsa. Pieper retrucou que absolutamente não atendia em vista do adiantardo da hora: que esperassem até o amanhecer.

O delegado vendo que sua argumentação amigável de nada adiantava, apelou para suas condições de autoridade e gritou, solene: “August Pieper, em nome da Lei, exijo que dê passagem a esses cidadãos”! E a resposta veio em seguida, no mesmo tom, porém, em alemão: “Im Nahmen des Gesetzes, kannst mir am Asch leckcen"[2]!, e fechou, violentamente, a janela.

Nota: O artigo acima foi publicado na revista "Blumenau em Cadernos“ e no jornal "O Município", em 1971/2. Transcrevo-o para corrigir o nome do encarregado da “passagem norte”, havia mencionado Franz, em lugar de August.

Do "Livro de contratos com a Superintendência Municipal de Brusque" transcrevo o contrato firmado entre August Pieper e a Superintendência, respeitando a ortografia original.

TERMO DE CONTRACTO QUE FAZ AUGUSTO PIEPER, COM A MUNICIPALIDADE

Aos dois dias do mez de junho de mil novecentos e trez nesta Villa de Brusque, Estado de Santa Catarina, na secretaria da Superintendencia Municipal pelas dez horas da manhã, presente o cidadão Guilherme Kormann, 3°. substituto do Superintendente municipal em exercicio, commigo secretario de seu cargo abaixo nomeado, foi pelo cidadão superintendente ordenado ao Porteiro Antonio Schwartz, que posesse em pregões a arrematação da passagem do Norte desta Villa, pelo tempo de um ano sob a base de 200$000 (duzentos mil réis), o que fazendo este, e voltando deu sua Fé de ter sido oferecido a mesma quantia pelo cidadão Augusto Pieper, a quem o mesmo cidadão Superintendente fez entrega da supra mencionada passagem, pelo tempo de um anno, a contar do 1°. dia do mez de julho proximo a 30 de junho do anno proximo de 1904, sob as seguintes condições:

Primeira

O contratante dará passagem grátis aos empregados públicos, Superintendente, Conselheiros Municipais, Guardas policiais e municipais quando em serviço, ou dias de sessão do Conse1ho, aos meninos que frequentarem as escolas de ambos os sexos.

Segunda

O preço das passagens será o estabelecido na tabela constante no contrato de 1893.

Terceira

O contratante só poderá cobrar dos carros e carroças que venhão de Itajahy, depois das 9 horas da noite, nova passagem e os mais depois dessa hora pagarão o duplo do que está estabelecido na tabella, passando das 9 horas, até as 4 horas da manhã.

Quarta

O contratante é responsável por qualquer damno que ocorrer na passagem, em carros, carroças, animais ou cargos, provado que a passagem de causas por falta de cuidados, será obrigado a indenizar os prejuízos.

Quinta

O contratante fica obrigado à multa de 50$000 por cada falta que cometter e ao duplo na reincidencia por si ou por seu fiador.

Sexta

O contratante obriga-se a pagar a Municipalidade a quantia de 200$000 (Duzentos mil réis), em quatro prestações iguais e trimestrais a contar do dia 1°. do mez de Junho do anno proximo de 1904.

E para constar mandou o cidadão superintendente lavrar este termo depois de pagos os respectivos impostos conforme o conhecimento junto, o qual vai assignado pelo Superintendente, contratante, fiador porteiro, comigo Henrique Luiz de Cordova, secretario que o escrevi e assigno, sendo fiador o cidadão Rudolpho Krieger, negociante estabelecido nesta Villa. O Secretario que o escrevi e assigno Henrique Luiz de Cordova, Guilherme Kormann, Augusto Pieper, Rudolpho Krieger, Antonio Schwartz.

Casa de Brusque

  1. Atual Brusque.
  2. Em tradução literal seria algo como "Em nome da lei, você pode lamber minha bunda" algo que em português seria o equivalente a "Em nome da lei, vá tomar no **".