Mudanças entre as edições de "Integralismo"

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar
Linha 3: Linha 3:
 
Texto de Honório Bertolini1
 
Texto de Honório Bertolini1
  
“Naquele tempo do integralismo, foi a primeira vez que vimos atravessar aquele avião de quatro asas aqui de Santa Catarina. primeiro avião que passou por lá, que nós vimos. Até naquela época (do integralismo)ninguém tinha visto nada. Ficaram todos com medo. Aquele ronco, isso foi num domingo. Ele passou, parecia com quatro asas dobradas, em cima e embaixo”.
+
{{cquote|''“Naquele tempo do integralismo, foi a primeira vez que vimos atravessar aquele avião de quatro asas aqui de Santa Catarina. primeiro avião que passou por lá, que nós vimos. Até naquela época (do integralismo)ninguém tinha visto nada. Ficaram todos com medo. Aquele ronco, isso foi num domingo. Ele passou, parecia com quatro asas dobradas, em cima e embaixo”.''}}
  
 
Escrever a história do Integralismo em Brusque através de depoimentos de pessoas que o vivenciaram direta ou indiretamente é diferente da versão oficial que se encontra impressa nos livros. O desafio é escrever a partir da memória que algumas pessoas se propuseram a compartilhar comigo. Memórias de um tempo que passou e deixou marcas ainda não cicatrizadas. Assim, através de alguns depoimentos, podemos perceber como o movimento se alastrou pelos bairros de Brusque, inclusive os localizados no interior.
 
Escrever a história do Integralismo em Brusque através de depoimentos de pessoas que o vivenciaram direta ou indiretamente é diferente da versão oficial que se encontra impressa nos livros. O desafio é escrever a partir da memória que algumas pessoas se propuseram a compartilhar comigo. Memórias de um tempo que passou e deixou marcas ainda não cicatrizadas. Assim, através de alguns depoimentos, podemos perceber como o movimento se alastrou pelos bairros de Brusque, inclusive os localizados no interior.

Edição das 10h49min de 14 de maio de 2012

'O INTEGRALISMO NA “MEMÓRIA NÃO OFICIAL” DE BRUSQUE'

Texto de Honório Bertolini1

“Naquele tempo do integralismo, foi a primeira vez que vimos atravessar aquele avião de quatro asas aqui de Santa Catarina. primeiro avião que passou por lá, que nós vimos. Até naquela época (do integralismo)ninguém tinha visto nada. Ficaram todos com medo. Aquele ronco, isso foi num domingo. Ele passou, parecia com quatro asas dobradas, em cima e embaixo”.

Escrever a história do Integralismo em Brusque através de depoimentos de pessoas que o vivenciaram direta ou indiretamente é diferente da versão oficial que se encontra impressa nos livros. O desafio é escrever a partir da memória que algumas pessoas se propuseram a compartilhar comigo. Memórias de um tempo que passou e deixou marcas ainda não cicatrizadas. Assim, através de alguns depoimentos, podemos perceber como o movimento se alastrou pelos bairros de Brusque, inclusive os localizados no interior. Ressaltamos também o caráter religioso do movimento, motivo da adesão de muitas famílias às fileiras do mesmo, pois em Brusque e, principalmente, no bairro de Limeira, que é de colonização italiana, a religiosidade era, como ainda é, uma característica bastante marcante.

Em 1932, deu-se a instalação do integralismo no Brasil por Plínio Salgado, na época jornalista e professor. O brusquense Victor Bertolini contou que seu pai, Joaquim Bertolini, tornou-se líder integralista e logo o movimento foi se alastrando pelo centro urbano. “E ali a poucos tempos começaram com aquele...Oswaldo Schaeffer, aqui de Brusque e o Ivo Mossimann, que era dentista. Eles vieram lá em casa e naquele tempo era lá no mato. Começaram a falar da grande ação integralista brasileira ao alcance de todos, que era a ação integralista brasileira. Ali deram alguns folhetos para o pai e começaram a falar que ingressasse, porque esse homem ia revolucionar o Brasil, não mais como era, mas um Brasil novo, para o povo viver melhor, que era um grande chefe nacional de religião. Não só de política, mas também era religioso”.

O próprio lema integralista “Deus, Pátria e Família” revela a proximidade do movimento com o aspecto religioso, como ressaltou Victor Bertolini: “Deus, Pátria e Família é a palavra que toda família tem...tinha aquelas fotografias, Deus, pátria e família gravado num quadro colorido.” O fato do movimento integralista estar sempre presente e acontecendo, possibilitando a participação de qualquer indivíduo, desde que se submetesse ao regimento interno, foi um fator que fez acontecer a forte adesão ao movimento. Os depoimentos evidenciam também como se processava a resistência dos integralistas. Por todos os lugares, muitos deles foram presos. Alguns condenados, outros não. Muitos jornais se fartaram e encheram suas páginas com estas notícias. Por Brusque, sabe-se de algumas pessoas que foram presas e enviadas a Florianópolis, entre elas, relembra o entrevistado Victor, estava o ‘Zé Oliveira’, o Euvaldo Schaefer e Adolfo Walendowsky, este último fora prefeito integralista eleito no pleito de março de 1936. Guilherme Comandolli, em sua entrevista, também lembra da existência de um subnúcleo integralista no bairro que hoje recebe o nome de Dom Joaquim. Ele revelou as atitudes das pessoas frente à repressão. Acerca de seu cunhado, Guilerme contou: “Quando veio a ordem, ele pegou os documentos, tudo que ele tinha e jogou de rio abaixo, por que ele tinha medo que iam prende-lo. Tinha proibido, dizia que era comunista e iam prender todo mundo. Então jogaram as camisas fora e o cunhado botou os documentos todos no rio”. Albina Torresani Montibeller, nascida na localidade de Nova Itália em 1921, cujos avós, Albina e José, foram imigrantes italianos, nos revela que foi integralista por opção porque gostava e sentia orgulho:

“Ah, então ao domingo a gente ia à Igreja, no terço, depois a hora que a gente vinha, a gente marchava. Fazia marcha e quando encontrava alguém levantava a mão e falava Anauê...Fazíamos como na escola, meia volta volver. Essas coisas assim...era ginástica”. 

Plínio Salgado, o Chefe Nacional, visitou algumas vezes a cidade integralista de Brusque. Grande número de pessoas de diferentes localidades deixavam seus afazeres, a rotina diária de suas vidas, o trabalho, a lavoura, e se deslocavam até o centro da cidade, muitas vezes a pé, a cavalo, de carroça ou de qualquer meio que dispunham para locomoção, para assistirem a palestra. Era uma participação voluntária, onde as pessoas faziam aquilo por gosto, orgulho, porque achavam aquilo bonito, e acima de tudo, eram felizes em participar do movimento. Ao buscarmos respostas para estes simples questionamentos, verificamos que nenhum movimento social poderá abarcar todas as expectativas da sociedade. Muitas pessoas simpatizaram com o movimento, porém, em muitas outras esta simpatia não foi despertada quando não surgiu um sentimento de reprovação do mesmo e uma necessidade intensa de combatê-los. Esta necessidade de combatê-lo em muito se deve por motivos políticos ou simplesmente por não concordar com a sua ideologia. Apesar disto, o integralismo foi, de fato, um movimento político social, um partido onde muitos depositavam suas esperanças de um Brasil melhor frente a toda situação sócio-político-econômico vigente no país na década de 30.

                                                                                                                                          HINO OFICIAL INTEGRALISTA:

Nome: Avante! Autor: Plínio Salgado

“Avante! Avante! Pelo Brasil toca a marchar Avante! Avante! Nosso Brasil vai despertar Avante! Avante!

Eis que desponta outro arrebol Marcha que é primavera Que a pátria espera, É o nosso Sol!

Eia, avante, Brasileiro, mocidade varonil Sob as bênçãos do Cruzeiro Anauê pelo Brasil!

Olha a pátria que desperta, Mocidade varonil, Marcha, marcha e brada alerta, anauê pelo Brasil”.