Entrevista Armando Dalagnoli - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar

O entrevistado da semana é o empresário Armando Dalagnoli, filho de agricultores, nascido na localidade de Tomaz Coelho, idos de 1951, casado com Maria Bernadete Dalagnoli (nascida em 1954) aos 09.05.72; duas filhas: Débora Antônia e Denise

Em que escola estudou?

Estudei na Escola Isaura Gouveia Gevaerd, em Tomaz Coelho

Sonho de criança?

Meu sonho de criança era estudar. Eu era fascinado pelos estudos, contudo as condições financeiras não permitiram. Também gostava muito de saber como se dava os procedimentos dos materiais, como por exemplo: o aço, o alumínio, cobre, chumbo, vidro, papel etc.,

Como foi sua vida escolar?

Muitas vezes ia à escola sem fazer os deveres porque chegava da roca tarde em casa . Quando era programado fazer um piquenique pela escola, eu não participava, já que tinha que trabalhar.

Como foi sua infância e juventude?

Nunca soube o era infância ou juventude. Comecei a trabalhar na roça aos oito anos de idade, permanecendo até os treze anos. Aos catorze anos, idos de 65, iniciei a trabalhar como empregado numa oficina de bicicleta, vespas e lambretas. Registre-se, sem registro... sem carteira assinada... décimo terceiro, férias e nem horas extras, simplesmente um pequeno salário. Trabalhava das sete as doze e das treze as 20, 21 ou 22 horas. Procurava um emprego mais formal e só encontrava nas portas fixado “Não há vagas”.

Como eram as condições de vida?

Não tínhamos energia elétrica e nem pontes. Tínhamos que passar por dentro dos ribeirões

Como enfrentou as dificuldades?

Em 1969 adquiri a oficina onde eu trabalhava e em 1974, recebi proposta para trabalhar na Buettner, tendo aceito. Fui trabalhar na empresa Buettner e, em 1975 fui para os Irmãos Zen. Comecei a me aperfeiçoar, participando de vários cursos no Senai. Naquela época os cursos não eram cobrados; participava muito também de palestras, com isso fui aprendendo muito com o senhor Hylário Zen. Chegou um momento que o Sr. Hylário mandou o Dr Jonas me internar, em face de eu estar esgotado de tanto trabalhar.

O trabalho era demasiado?

Na época estávamos mudando as máquinas de São Paulo para cá. Iniciava às sete da manhã e não tinha horário e nem dia para parar, mas valeu a pena, porque minha esposa estava enferma, precisávamos de dinheiro para salvá-la; passei necessidades... até fome, todavia não desisti

Sempre fiel?

Honrei minha esposa e até hoje somos muito felizes e ”só Deus poderá nos separar”.

Na continuidade?

Em 1980, meu irmão acidentou-se no trabalho, fui visitá-lo e conheci o Ronaldo Lauritzen, supervisor na Renaux. Na oportunidade, recebi uma proposta com um salário bem mais representativo, fazendo com que eu aceitasse a proposta. Nos idos de 1985, fui para a ZM, empresa que deu-me carta branca: 'mandava e desmandava', tendo permanecido lá até 1996. Nessa época surgiu uma pequena empresa a IBITI, concorrente da ZM e no período da noite eu montava painéis elétricos para essa empresa. Acredito que por motivo de ciúmes fui demitido da ZM. Então fui trabalhar nessa dita IBITI...um fracasso... não tinham condições financeiras nem para adquirir material para trabalhar... mas ficavam adquirindo fazendas para aparentar ao concorrente que a empresa estava bem. Numa das reuniões eu disse que a empresa IBITI era igual uma laranja madura: bonita por fora, mas bichada por dentro...em janeiro de 1997, fui demitido.

E na sequência?

Em fevereiro de 1997 requeri o benefício previdenciário. Meus pais sempre comentavam que quando alguém fecha uma porta para as pessoas honestas e trabalhadoras, Deus abre duas. Em outubro de 1997, foi deferida minha aposentadoria. Nesse meio tempo até obter o benefício previdenciário, não permaneci de braços cruzados não... nem fiquei pedindo sacolão igual a muitos.

O que fez no período em que aguardava o benefício previdenciário?

Veja o site WWW.metamd.com.br, minha empresa, lá demonstra o que somos. Lá você irá encontrar um retrato de minha vida profissional. Não estou pelos cantos lamentando com meus problemas de saúde – sofri quatros enfartes - e de minha esposa.

Antecipa alguns dados do site?

Sim, lá encontrará “Em 15 de julho de 1997, iniciamos nossas atividades, em uma pequena área de 50m², contando apenas com uma máquina adquirida com a venda de um automóvel e uma quantia em dinheiro adquirido do fundo de garantia do proprietário. Muito esforço e força de vontade, tendo como objetivo fabricar produtos inovadores e de qualidade. Com o passar dos anos, graças à competência e qualidade de nossos produtos e serviços conquistamos e fidelizamos clientes dos mais variados segmentos e porte. AMD hoje é marca registrada e respeitada, atualmente possuímos uma área de 5200m². Possuímos máquinas modernas e uma equipe especializada com larga experiência no ramo de usinagem, estamparia e extrusão a frio. Nossa incansável busca é o aperfeiçoamento e qualidade de nossos produtos, firmados através da organização, sistematização de produção e presteza no atendimento, nos tornamos mais eficazes para atender e superar as necessidades de nossos clientes”.

Ainda trabalha arduamente?

Hoje inicio às 7 horas da manha, sendo empresário, não tenho hora para parar e quando alguém me indaga como estou, respondo estou vivo.

Dificuldades?

Uma empresa do porte da AMD, atualmente está muito difícil para sobreviver... os tributos estão muito elevados e não encontro apoio necessário.

Referências

  • Entrevista publicada no EM FOCO aos 31 de maio 2013.