Entrevista Évido Bononomini - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Entrevista com o senhor Évido.

Évido Bononomini, filho de Adão e Maria Maestri Bonomini, nasceu em Botuverá, aos 15.11.1932, era casado com Ana Tereza de Freitas Bonomini, com a qual teve dois filhos: Marco Antônio e Evenita Beatriz (em 2002 tinha 5 netos e 2 bisnetos). Era Funcionário da Malária, aposentado.

Teve alguma ligação com a instalação do Município de Botuverá?

Em 1945, Porto Franco foi elevada à categoria de Distrito de Brusque, tendo sido o meu pai, Adão Bonomini, nomeado o primeiro intendente distrital, permanecendo no cargo até 1952.

Algum fato ocorrido nessa época que poderia ser lembrado?

Vivíamos ainda o governo do ditador Vargas, e Brusque tinha como Chefe do Executivo, Paulo Lourenço Bianchini, e, em seguida Dr Carlos Moritz e já havia uma política ambiental, e meu pai fazia cumprir religiosamente. Dois pontos enervavam os cidadãos da localidade: a) A pessoa seguia o seguinte ponto: se o cervo nos rios para colocação de coves fosse de pedra, tudo bem, contudo se fosse de bambu, o pescador era multado – preservação da espécie ; b) as toras de madeira retiradas no mato deveriam ser observar um determinado diâmetro e o lenhador deviria retirar todos os ramos do local do corte e usá-los também, senão seria multado.

O que resultou da cobrança ao cumprimento das duas normas?

Augusto Angelo Maestri e outros provocaram a queda de meu pai da Intendência. Vale ressaltar que Augusto é irmão de minha esposa e de Ana Maestri Belli, a esposa do Zeno Belli.

A família aceitou os acontecimentos?

A história é um pouco longa, vou tentar resumir: Em 1950, fui trabalhar no estado de Paraná – em diversas cidades: Guaratuba, Paranaguá, Ponta Grossa, Curitiba, Jacarezinho, Londrina, Maringá e Guaíra, tendo permanecido por lá até os idos de 1986-. Todavia, por volta de 1957, tendo recebido as férias normais de 30 dias mais uma premiação correspondente a 30 dias , além de um salário de gratificação, resolvi passar em Porto Franco e tentar dar o troco no Augusto.

Em que consistia esse troco?

Conhecia bem os vereadores de Brusque, Pedro Morelli e Carlos Boos – isso já na administração de Cyro Gevaerd -. Solicitei que elaborassem um cabeçalho para um abaixo-assinado no sentido da instalação do Município e com tal medida daria o troco no Augusto. Consegui 103 assinaturas, mas a de meu avô e de meu pai não valeram e uma de uma tia , por pressão retirou a assinatrua

Como efetivou-se essa pressão?

De toda ordem,a começar pelo Padre Carlos, um padre meio alemão, que numa missa me tachou de comunista, além de trabalhar encima das pessoas que tinham assinado a lista de adesão. De outro norte, o Augusto A. Maestri, o Dionísio Pedrini e o José Bonus Leite Carroso elaboraram novo abaixo-assinado, igualmente no sentido de instalar o Município.

Foi tomada alguma providência tendo em vista o novo abaixo-assinado?

Acelerei-me e junto ao Tabelionato Gevaerd reconheci todas as assinaturas, exceto as três que mencionei

Qual foi o desfecho de tudo?

Enviamos tudo para a Câmara de Vereadores de Brusque, resultando na aprovação.

Como se deu a escolha de Zeno Belli para presidir o novo Município?

Como não houve acordo entre os políticos envolvidos com a instalação e o Zeno era casado com uma mulher daqui, Cyro Gevaerd indicou e foi aprovado o nome de Zeno Belli, como o primeiro Prefeito, no caso foi nomeado.

Quanto ao nome do novo Município?

Como Porto Franco é o nome de uma cidade Paraguaia optou-se por Botuverá?

Como surgiu a denominação “Botuverá”?

Na verdade antigamente surgiu o nome da mosca berneira, que era denominada Botuverá, pronuncia-se Botuvéra - mas foi feito uma campanha – como a localidade estava infestada de garimpeiros na perseguição do valioso metal ouro incansavelmente perseguido. Quanto ao acento foi uma questão de adequação à língua portuguesa.

Valeu a pena o esforço impregnado?

Valeu sim. Pelo que vinha caminhando a intendência nas mãos do Augusto e pelo fato de Brusque não proporcionar a atenção necessária ao então distrito, além de todo imposto recolhido na localidade ficar com Brusque, valeu o troco que dei no Augusto.

Referências

  • Jornal A Voz de Brusque. Edição de 2 de fevereiro de 2002.