Mudanças entre as edições de "Xokleng"

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*Marlus Niebuhr, Historiador.
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Quando enfocamos nosso olhar para o sul do Brasil e o tema são os povos que habitavam esta terra, buscamos as palavras do antropólogo Sílvio Coelho dos Santos, no seu livro “Índios e brancos no sul do Brasil: a dramática experiência dos Xokleng”:
 
Quando enfocamos nosso olhar para o sul do Brasil e o tema são os povos que habitavam esta terra, buscamos as palavras do antropólogo Sílvio Coelho dos Santos, no seu livro “Índios e brancos no sul do Brasil: a dramática experiência dos Xokleng”:
  

Edição das 17h08min de 27 de junho de 2012

  • Marlus Niebuhr, Historiador.

Quando enfocamos nosso olhar para o sul do Brasil e o tema são os povos que habitavam esta terra, buscamos as palavras do antropólogo Sílvio Coelho dos Santos, no seu livro “Índios e brancos no sul do Brasil: a dramática experiência dos Xokleng”:

no território em foco, duas regiões podem facilmente ser distinguidas: litoral e planalto. Entre este ou aquele, a floresta subtropical cobria as serranias e os vales, dificultando a penetração. Este obstáculo natural impossibilitou as empreitadas escravocratas dos portugueses e permitiu abrigo às populações que logravam pressentir a aproximação dos atacantes. No primeiro século da conquista, entretanto, os “Carijó” foram dizimados ou levados para os mercados de escravos de São Vicente. Na região de florestas e campos, da encosta e do planalto, permaneceram dois grupos tribais: os Xokleng e os Kaingang.

Silvio Coelho dos Santos, ainda nos informa que os Xokleng ocupavam um território em “movimento”, pois mantinham uma disputa secular com os Guaranis e os Kaingangs, para controlar esse território. Podemos desenhar o seu contorno pelas florestas do litoral e o planalto, terras que ao Norte chegavam até a altura de Paranaguá; ao Sul, até as proximidades de Porto Alegre; ao nordeste abrangiam até o rio Iguaçu e aos campos de Palmas1. Como eram caçadores e coletores, o grupo vivia em movimento, e os acampamentos formados por construções de simples para-ventos, aproveitando ramos de árvores, que eram devidamente arqueados e cobertos de folhas de palmeira... quando o tempo era favorável, dormiam ao relento, com o fogo acesso durante toda a noite.

Na busca por respostas, o pesquisador Pe. Dorvalino Eloy Koch, também aborda o tema no livro “Tragédias Euro-Xokleng e o contexto”, enfatizando que o confronto entre colonos e “indígenas”, acontece diante de um quadro político do Império, colocando os imigrantes como encarregados de ocupar e “civilizar” a área. Assim, a figura do “bugreiro” aparece em nossa história, mais especificamente em 1905, quando uma expedição desfechou um ataque, enquanto os nativos dormiam, trazendo como troféu um menino que fora adotado pela família Schaefer.

Voltando ao antropólogo Silvio Coelho dos Santos, devemos ter em mente que:

Os Xokleng formavam um povo. Tinha língua, cultura e território que os diferenciavam dos outros povos indígenas [...]. Se identificavam a si próprios como “nós” e, todos os demais estranhos, como os “outros”. O nome Xokleng é apenas uma palavra de seu vocabulário pela qual foram identificados na literatura antropológica. Regionalmente, continuam a ser Botocudos, em conseqüência do uso pelos homens de um enfeito labial, denominado tembetá, ou Bugres, termo pejorativo também dado pelos brancos. Atualmente, alguns índios preferem uma outra autodesignação, o termo “lacranon” que quer dizer “povo ligeiro” ou “povo que conhece todos os caminhos.