Mudanças entre as edições de "Pe. José Artulino Besen - O hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux ou Santa Casa de Misericórdia de Nossa Senhora de Azambuja"

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O Hospita| ArquÍidiocesano Cônsul Carlos Renaux
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'''O Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux'''
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Santa Casa dfe Misericórdía de Nossa
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'''Santa Casa de Misericórdía de Nossa Senhora de Azambuja'''
' « Senhora dxe Azambuia
 
Pe. José Artulino Bwesen
 
  
Já em 1862 o Barão de Schneéburg escrevia ao Governo Provi:.1-
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*'''Pe. José Artulino Besen'''
cial pedindo providências no sentido de atender a população Ioca1, tan-
 
tas vezes atingida por doenças e obrigada a recorrer a Florianópolis ém
 
casos graves. Mais tarde podiam dirigir-se a Blumenau ou Itajaí. Con-
 
tudo o problema fícava aguardando solução. E a primeira experiência
 
brusquense no setor da saúde nasceria ern Azambuja. Um começo tão
 
humilde e despretencioso que mais pancia sonho da idealistas do que
 
um empreendímento concretamente estudado e organizado.
 
  
Pois no dia,29 de junho de 1902, com tudo e com nada ao mesmo
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Já em 1862 o Barão de Schneéburg escrevia ao Governo Provincial pedindo providências no sentido de atender a população loca1, tantas vezes atingida por doenças e obrigada a recorrer a Florianópolis ém casos graves. Mais tarde podiam dirigir-se a Blumenau ou Itajaí. Contudo o problema ficava aguardando solução. E a primeira experiência brusquense no setor da saúde nasceria em Azambuja. Um começo tão humilde e despretencioso que mais parecia sonho da idealistas do que um empreendimento concretamente estudado e organizado.
tempo, inaugura-se oficialmente a "Santa Casa de Misericórdia de .
 
Nossa Senhora de Azambuja". No momento da inauguração o Sr.
 
Juiz de Direito, Dr. Thiago da Fonseca, afirmavaz "A pobreza com que
 
este estabelecimento entra em vida é a garantia certa da prospefidade
 
futura". E', o qúevabrangia este altissonante título “Santa Casa"? Na-
 
da mais, nada menos que um HospitaL Asilo de Velhos, Asilo de Órfãos,
 
Escola Paroquial, Hospicio. .. É comovente, 1end0-se as Crônicas da
 
época, ver a fé e o entusiasmo dos idealizadores Pe. Antônío Eisimr
 
('V*i ário) e Pe. José Sundrup (Coadjutor>, como tamBém ver a Hedica-
 
'çao Êeroica das Irmãs da Divina Providência e o auxilio fraterno dos
 
moradores da Rua Azambuja, da Peterstrasse, Aguas Claras, Poço Fun-
 
  
' ' do, das Damas de Caridade de Itajaí.
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Pois no dia,29 de junho de 1902, com tudo e com nada ao mesmo tempo, inaugura-se oficialmente a "Santa Casa de Misericórdia de Nossa Senhora de Azambuja". No momento da inauguração o Sr. Juiz de Direito, Dr. Thiago da Fonseca, afirmava "A pobreza com que este estabelecimento entra em vida é a garantia certa da prosperidade futura". E, o que abrangia este altissonante título “Santa Casa"? Nada mais, nada menos que um Hospital Asilo de Velhos, Asilo de Órfãos, Escola Paroquial, Hospício. .. É comovente, lendo-se as Crônicas da época, ver a fé e o entusiasmo dos idealizadores Pe. Antônio Eising (Vigário) e Pe. José Sundrup (Coadjutor), como também ver a dedicação heróica das Irmãs da Divina Providência e o auxilio fraterno dos moradores da Rua Azambuja, da Peterstrasse, Águas Claras, Poço Fundo, das Damas de Caridade de Itajaí.
  
No dia da inauguração há dois doentes: uma senhora de idade .
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No dia da inauguração há dois doentes: uma senhora de idade com seu filho de 30 anos, débil mental e raquítico; ela tivera a infelicidade de cair e fraturar a perna em dois lugares. Em setembro já são 13
com seu filho de 30 anos, débil mental e raquítico; ela tivera a infelicida
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os doentes. Abrigados em paióis e numa casa de madeira construída em 1901. O Hospital de Caridade, de Florianépolis, fornece 25 camas.
de de cair e fraturar a perna em dois lugares. Em setembro já são 13
 
os doentes. Abrigados ern paióis e numa casa de madeira construída
 
em 1901. O Hospital de Caridade, de Florianépolis, fornece 25 camas.
 
  
Não há médicos. A Irmã Bárnaba (as outras eram Godeharda e
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Não há médicos. A Irmã Bárnaba (as outras eram Godeharda e Friedburga) atende aos doentes, realizando inclusive cirurgia externas, sem qualquer anestesia: não havia os recursos necessáríos. Quantas vezes aconteceu ser a Irmã atirada para 1onge devido ao empurrão de algum doente que não resistia à dor da pequena intervenção cirúrgica, ao vivo. Medicamentos se arrumavam. Mas a maior parte do tratamento era realizado através da higiene, da boa alimentação e do conforto espiritual e psicológico, dado pelas boas Irmãs da Divina Providência.
Friedburga) atende aos doentes, realizando inclusive cirurgia exter-
 
nas, sem qualquer anestesiaz não havia os recursos necessáríos. Quan«
 
tas vezes aconteceu ser a írmã atirada para 10nge_ devido ao empurrão
 
de algum doente'que não rosistía à dor da pequena íntervenção cirú1'-
 
gíca, ao vivo. Medícamentos se arrumavam. Mas a maior parte do tra-
 
tamento era realízado através da higiene_, da boa alimentação e do con~
 
forto espiritual e psicoló-gico. dado pelas boas Irmãs Divina Pro~ '
 
vidência. . _ . . . . .
 
  
Não havia subvpnção dos cofres públicos. As despesas eram cus~
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Não havia subvenção dos cofres públicos. As despesas eram custeadas com os rendimentos da festa de 26 de maio (dia de Nossa Senhora de Caravaggio de Azambuja, a grande Festa de Azambuja), que atingiam a dois contos de réis. O resto era fruto da boa vontade dos paroquianos, e mesmo protestantes havia que davam, espontaneamente, generosos auxílios. Faltando trabalhadores para locomoção de terra e outros serviços, o padre pedia aos colonos, não faltando gente que doava dias grátis de serviço. Na falta de viveres, no domingo, durante o sermão, Pe. Eising ou Pe. Sundrup dirigia-se aos colonos e, no dia seguinte, vinham 5, 6, 7 carroças carregadas de feijão, farinha, milho, açúcar, café, carne, ovos, galinhas. Também para Azambuja eram doados todos os emolumentos paroquiais dos dois abnegados sacerdotes. Nada retinham para si. Pe. Eising gostava de dizer que o capital de manutenção da Casa de Misericórdia era constituído por dois fundos: a caridade cristã no coração dos paroquianos e o auxílio da Virgem de Azambuja. Gravara no coração de cada paroquiano a palavra do Mestre: "O que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que o fazeis" (Mt 25,40).
teadas com os renüimentos da festa de 26 de maio (dia de Nossa Se~
 
nhora de Caravaggio de Azambuja, a grande Festa de Azambuja) , que
 
  
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Era comovente ver com quanto espírito de sacrifício os que, mesmo pobres, mas tendo saúde, auxiliavam aos doentes necessitados!
  
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É impossível escrever sobre esta Obra de Caridade sem se deixar levar pela emoção. Não encontramos documentos que não transpirem fé, piedade, caridade, simplicidade. Cada linha sobre esta nova Obra revela algo de não humano: é a caridade cristã, e somente ela, que torna possível tão poucas pessoas fazerem tanto pelo próximo, geralmente um débil mental que andava errante pelas estradas do Vale do Itajaí, um cego que passava os dias mendigando de porta em porta e que, por graça, batera nas portas da caridade mariana do Vale de Azambuja, algum velhinho subnutrido que passava as noites friorentas em paióis que encontrasse ao cair da tarde, crianças órfãs, velhinhas abandonadas pela família e que nesta Casa podiam reencontrar a alegria de ser amadas e cuidadas.
  
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Os doentes se abrigavam como a pobreza da Instituição o permitia, e passavam os dias, ou andando pelos caminhos do Vale, ou a rezar no Santuário de Azambuja, já meta de peregrinações de todo o Estado, com justa causa chamado de "Iguape do Su1". Viajantes e visitantes contam da alegria destes infelizes a quem o sofrimento mostrara o caminho a seguir. Crianças vivazes, outras tristes, com os pezinhos sujos pela lama, ou se abrigavam em Azambuja, ou aqui vinham para receber as primeiras letras do ABC e da Religião: eram 10-15 internas e 30-4O externas. Romeiros, curiosos, velhos sofredores, raquiticos, se misturavam entre as surradas paredes do Santuário de 1894, unidos no louvor a Nossa Senhora de Azambuja. Pedia-se ver o velho João Foppa, acometido de câncer. Apesar de seus muitos sofrimentos respondia, invariavelmente, a quem lhe perguntasse pelo seu estado de saúde "Benone, benone". Morreria em janeiro de 1903.
  
 
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No Vale, o que mais se ouvia era o silêncio, como só os lugares pobres, isolados, humanos, sabem oferecer: o silêncio do Vale, o ranger das engrenagens do engenho de farinha, movido à água, o barulho das carretas misturado com o mugido de algumas vacas e, quase imperceptivelmente, gemidos de doentes, dolorosos, angustiados, fortes, sendo substituídos, pouco a pouco, pelas doces e consoladoras palavras e
 
 
 
 
atingiam a dois contos de réis. O resto era fruto da boa vpntade dos
 
paroquianos, e mesmo protestantes havia que davam, espohtaneamen~
 
te, generosos auxílios. Faltando trabalhadores para locomoção de ter-
 
ra e outros serviços, o padre pedia aos colonos, não faltando gente que
 
doava dias grátis de serviço. Na falta de vlveres, no domingo, durante
 
o sermão, Pe. Eising ou Pe. Sundrup dirigia~se aos colonos e, no dia
 
seguinte, vinham 5, 6, 7 carroças carregadas de feijão, farínha, milho,
 
açúcar, café, carne, ovos, galinhas. Também para Azambuja eram doa-
 
dos todos os emolumentos paroquiais dos dois abnegados sacerdotes.
 
Nada retinham para si. Pe. Eising gostava de dizer que o capital de
 
manutenção da Casa de Miserãcórdia era constituído por dois fundosz
 
a caridade cristã no coração dos paroquianos e o auxílio da Virgem dr
 
Azambuja. Gravara no coração de cada paroquiano a palavra do Mes-
 
tre: '”-S' que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que o fazeís"
 
(Mt 25,40) . y
 
Era comovente ver com quanto espírito de sacrificio os que,
 
mesmo pobres, mas tendo saúde, auxiliavam aos doentes necessitadosí
 
É impossível escrever sobre esta Cbra de Caridade sem se deixar
 
levar pela emoção. Não encontramos documentos que não transpirem
 
fé, piedade, caridade, simplicídade. Cada linha sobre esta nova Obra
 
revela algo de não humanoz é a caridade cristã, e somente e1a, que tor~ \
 
na possível tão poucas pessoas fazerem tanto pelo próximo, geralmen-
 
' te um débil mental que andava errante pelas estradas do Vale do Ita- “
 
jaí, um cego que passava os dias mendigando de porta em porta e quo,
 
por graça, batera nas portas da caridade mariana do Vale de Azambu- '
 
já, algum velhinho subnutrido que passava as noites friorentas em
 
paióis que encontrasse ao cair da tarde, crianças órfãs, velhinhas \
 
abandonadas pela família e que nesta Casa podiam reencontrar a ale- l
 
gria de ser amadas e cuidadas. ›
 
Os doentes se abrigavam como a pobreza da Instituição o pez'-
 
mitia, e passavam os días, ou andando pelos caminhos do Vale, ou a re w
 
zar no Santuário de Azambuja, já meta de peregrinações de todo o Es-
 
tado, com justa causa chamado de "Iguape do Su1". Viajantes e visi- ;
 
tantes contam da alegria destes infefmofrimento mostra- “.
 
ra o caminho a seguir. Crianças vivazes, outras trístes, com os pezi- 1
 
nhos sujos pela 1ama, ou se abrigavam em Azambuja, ou aqui vinham
 
para receber as prímeiras letras do ABC e da Religião: eram 10-15 in-
 
ternas e 30~4O externas. Romeiros, curiosos, velhos sofredores, raquitã-
 
cos, se misturavam entre as surradas paredes do Santuário de 189-4,
 
unidos no louvor a Nossa Senhora de Azambuja. Pedia-se ver o velho
 
João Foppa, acometido de câncer. Apesar de seus muitos sofrimentos
 
respondia, invariavelmente, a quem lhe perguntassepelo seu estado de
 
saúdez "Benone, benone". Morreria em janeiro de 1903.
 
No Vale, o que mais se ouvia era o silêncio, como só os lugares
 
pobres, isolados, humanos, sabem oíerecerz o silêncio do Va1e, o ran-
 
ger das engrenagens do engenho de farinha, movido à água, o barulho
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
das carretas misturado com o mugido de algumas vacas e, quase imper-
 
ceptivelmente, gemidos de doentes, dolorosos, angustiados, fortes, sen-
 
do substituídos, pouco a pouco, pelas doces e consoladoras palavras e
 
 
gestos das irmãs da Divina Providência.
 
gestos das irmãs da Divina Providência.
  
Estudando o início desta obra, hoje moderna instituição de saú-
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Estudando o início desta obra, hoje moderna instituição de saúde, não vemos tanto a pobreza, os caminhos difíceis de serem trilhados; em tudo vemos apenas duas palavras: piedade e caridade, a se repetirem dia e noite, quer no "|Klyrie eleison" do Santuário, quer no carinho com que eram recebidos os irmãos sofredores! Piedade e caridade, os motores da Santa Casa de Misericórdia de Nossa Senhora de Azambuja, que neste ano completa 75 anos de existência.
de, não vemos tanto a pobreza, os caminhos difíceis de serem trilha-
 
dos; em tudo vemos apenas duas palavrasz piedade e caridade, a se re-
 
petirem dia e noite, quer no 'lKJyrie eleison' do Santuário, quer no carv
 
nho com que eram recebidos os irmãos sofredores! Piedade e caridade,
 
os motores da Santa Casa de Miserfcórdia de Nossa Senhoraüe Azam-
 
buja. que neste ano completa 75 anos de existência.
 
  
A história do plano de fundar, em Azambuja, uma Santa Casn
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A história do plano de fundar, em Azambuja, uma Santa Casa de Misericórdia, é antiga. Começa mais decididamente em 1899, a 8 de outubro, data de uma carta do Pe. Antônio Eising ao Sr. Bispo Diocesano, D. José Camargo Barros:
de Mísenccordía, é antiga. Cfoggçgunais decididamente em 1899, a 8
 
de outubro, data de uma carta do Pe. Antônio Eising ao Sr. Bispo
 
DioceSano, D. José Camargo Barrosz
 
  
Exm°. e Revm°. Sr. Bispo Diocesan0:
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Exm°. e Revm°. Sr. Bispo Diocesano:
  
0 abaíxo-assinado tem a liberdade de entregar a Vossa :Excelên-
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O abaixo-assinado tem a liberdade de entregar a Vossa Excelência, com esta, uma análise a respeito da compra de uma colônia para a Capela de Nossa Senhora de Caravaggio, em Azambuja, desta Paroquia, e de pedir obedientemente a Vossa Excia que digne-se declarar o que quer de mim neste assunto.
cia, com esta, uma análise a respeito da compra de uma colônia para a
 
Capela de Nossa Senhora de Caravaggio, em Azambuja, desta Paro-
 
quia,.e de pedir obedientemente a Vossa Excia que digne-se declarar
 
o que quer de mim neste assunto.
 
  
1. A mencionada colônia n°. 4, de Azambuja, segundo o título
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1. A mencionada colônia n°. 4, de Azambuja, segundo o título de posse, pertence ao Sr. Jacob Knihs, e tem uma área de 18.416 braças quadradas, está adjacente ao caminho público, distante da Vila de Brusque três quilômetros.
de posse, pertence ao Sr. Jacob Knihs, e tem uma área de 18l.416 bra-
 
ças quaxdradas, está adjacente ao caminho públíco, distante da 'V'ila de
 
Brusque três quilômetros.
 
  
2. O proprietário é um homem de bem e concedeu, há poucos
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2. O proprietário é um homem de bem e concedeu, há poucos anos, “grátis", naquela colônia n°. 4, o terreno que foi preciso para fazer nova Capela, sem fixar um certo tamanho e certos limites.
anos, “grá4tis", naquela colônia n°. 4, o terreno que foi preciso para fa-
 
zer nova Cape1a, sem fixar um certo tamanho e certos 1imites.
 
  
3. Como o Vale de Azambuja é muito estreito e estêriL tendo em
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3. Como o Vale de Azambuja é muito estreito e estéril tendo em seu grêmio apenas nove pobres famílias italianas, além da família alemã do Sr. Jacob Knihs, a Capela erigiu~se quase só com as esmolas que se ofereceram na velha capelinha dos romeiros que vêm de longe para alcançar a graça de Deus, nas suas precisões, pela intercessão de Nossa Senhora de Azambuja. A nova Capela, que tem 10 metros de largura por 14 de comprimento, além de presbitério, agora está inteiramente acabada e pagada.
seu grêmio apenas nove pobres famílias italianas, além da família a1e-
 
do Sr. Jacob Knihs, a Capela erigiu~se quase só com as csmolas que
 
se ofereceram na velha capelinha dos romeiros que vêm de longe para
 
alcançar a graça de Deus, nas suas precisões, pela intercessão de Nossa
 
Senhora de Azambuja .A nova Capela, que tem 10 metros de Tafgura
 
por 14 de comprimento, além de presbitério, agora está inteiramente
 
acabada e pagada.
 
  
4. Parece~me, agora, recomendável, comprar a colônia n°. 4;, em
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4. Parece~me, agora, recomendável, comprar a colônia n°. 4, em cuja parte anterior a nova Capela se acha erigida, pelas seguintes razões:
cuja parte anterior a nova Capela se acha erigida, pelas seguintes ra-
 
zoes:
 
  
a> Tem perigo que 0 espírito de negócio vá adquirindo terreno
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a) Tem perigo que o espírito de negócio vá adquirindo terreno na circunvizinhança da Capela e secularizar o lugar que por Deus parece destinado a ficar a “Iguape de Santa Catarina", crescendo sempre o número dos romeiros e o tamanho das esmolas.
na circunvizinhança da Capela e secularizar o lugar que por Deus pa-
 
rece destinado a ficar a “Iguape de Santa Catarina", crescendo sempre
 
o número dos romeiros e o tamanho das esmolas.
 
  
b) Fora daquela colônia quase não há uma planície que possa
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b) Fora daquela colônia quase não há uma planície que possa servir para uma casa de negócio ou de divertimento mundano, sendo tudo altos morros e pântanos.
servir para uma casa de negócio ou de divertimento mundano, sendo
 
tudo altos morros e pàntanos.
 
  
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c) A colônia n°. 4 está situada em local relativamente alto, mais alto do que o caminho público, e tem três terraços que estão rodeados por altos morros. No primeiro acham-se a Capela e, separado dela por um pasto, a morada do sr. Jacob Knihs. O segundo eirado está atrás da Capela, mais afastado do caminho e quase no mesmo nível que a cumieira da Capela, muito apto, segundo meu parecer, para se fazer nele um Hospital. O terceiro terraço é mais alto ainda.
  
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d) Como as esmolas aumentam, evidentemente pode-se esperar que o preço da compra se pague em pouco tempo e, depois disso, se possa fazer uma Casa de Misericórdia ou qualquer Instituto de Caridade,
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como Vossa Excia achar bom.
  
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e) O Sr. Jacob Knihs faz duas propostas: toda a colônia n°. 4, com as casas do proprietário que se acham num canto daquela colônia, quer vender por seis contos. Querendo nós comprar a colônia n°. 4 depois de cortado aquele canto com as casas, podemos tê-la por dois contos.
  
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Eu recomendo comprar a colônia inteira, com as casas nela edificadas. Estas últimas poderiam muito bem servir para principiar, sem mais custas, uma Casa de Misericórdia. Enquanto as Irmãs de Caridade achariam bastante lugar na moradia do Sr. Jacob Knihs, as casas adjacentes teriam espaço para uns 15 a 20 velhos ou doentes.
  
c) A colônia n°. 4 està situada em local relativamenté àlto, mais
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f) Caso se fizer uma Casa de Misericórdia, o povo ajudaria com muito boa vontade para arranjar as coisas necessárias e estaria muito satisfeito de ver empregadas as esmolas da Capela para um tão alto fim.
alto do que o caminho públic0, e tem três terraços que estão rodeados
 
por altos morros. No primeiro acham-se a Capela e, separado dela por _
 
um pasto, a morada do sr. Jacob lKJnihs. 0 segundo eirado está atràs \
 
da Capela, mais afastado do camínho e quase no mesmo nível que a Í
 
cumieira da Capela, muito apto, segundo meu parecer, para se fazer ¡
 
nele um Hospital. O terceiro terraço á mais alto ainda.
 
  
d) Como as esmolas aumentam, evidentemente pode-se esperar '
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g) O Sr. Jacob Knihs está contente de receber o pagamento pouco a pouco, se ele ainda puder ficar morando até que a metade seja paga.
que o preço da compra se pague em pouco tempo e, depois disso, se pos-
 
sa fazer uma Casa de Misericórdia ou qualquer Instituto de Caridade,
 
como Vossa Excia achar bom. '
 
  
e) O Sr. Jacob Knihs faz duas propostasz toda a colônia n°. 4,
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Enfim, eu não vejo nenhum impedimento em adquirir a dita colônia n°. 4 com as casas do Sr. Jacob Knihs. Faltam só a bênção e a licença de Vossa Excia para principiarmos uma obra que seria um bonito monumento em homenagem ao Bom Samaritano e à Mãe de Misericórdia no encerramento deste século.
com as casas do proprietário que se acham num canto daquela colônia,
 
qucr vender por seis contos. Querendo nós comprar a colônia n°. 4
 
depois de cortado aquele canto com as casas, podemos tê-la por dois
 
contos.
 
  
Eu recomendo comprar a colônia inteira, com as casas nela edílfi-
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Com perfeita obediência sou, de Vossa Excia, servo e filho em Nosso Senhor
cadas. Estas últímas poderiam muito bem servir para príncipiar, sem
 
mais custas, uma Casa de Misericórdía. Enquan'to as Irmãs de Carida-
 
de achariam bastante lugar na moradia do Sr. Jacob IKlnihs, as casas
 
adjacentes teríam espaço para uns 15 a 20 velhos ou doentes.
 
  
f) Caso se fizer uma Casa de Misericórdia, o povo ajudaria com
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Pe. Antônio Eising - Cura.
muito boa vontade para arranjar as coisas necessárias e estaria muito
 
satisfeito de ver empregadas as esmolas da Capela para um tão alto
 
fim.
 
  
g) O Sr. Jacob Knihs está contente de receber o -pagamentu3
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Brusque, aos 8 de dezembro de 1899.
pouco a pouco, se ele ainda puder ficar morando até que a metade se~
 
Ja paga .
 
 
 
Enfim, eu não vejo nenhum impedimento em adquirir a dita ca-
 
lônia n°. 4 com as casas do Sr. Jacob Knihs .Fa1tam só a bênção e a
 
licença de Vossa Excia para principiarmos uma obra que seria um bo-
 
nito monumento em homenagem ao Bom Samaritano e à Mâe de Mi-
 
sericórdia no encerramento deste século.
 
 
 
Com perfeita obediência sou, de Vossa Excia, servo e filho ezn
 
Nosso Senhor
 
  
Pe. Antônio Eising - Cura.
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Tão generoso projeto encontra eco imediato no grande pastor que foi D. José Camargo Barros. Apenas 19 dias depois, veio a resposta, 1acônica, mas lungimirante: "Aprovo e abençôo este projeto aqui exposto. Quanto ao mais, deixo ao zelo e prudência do Cura".
  
Brusque, aos 8 de dezembro de 1899.
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Em 3 de abril de 1900 o Pe. Eising compra, para a Paróquia de Brusque, o lote n°. 16 da linha Azambuja, pertencente a Pietro Colzani: 30.543 braças quadradas, por um conto e duzentos mil réis. Dois anos
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mais tarde, a 3 de julho de 1902, dá-se a compra do lote n°. 4, pertencente a Jacob Knihs, com as duas casas nele situadas. Diferentemente do outro lote, este tem como adquirente jurídico o Santuário de Azambuja.
  
. Tão generoso projeto encontra eco imediato no grande pastor
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Para resolver o problema do lote n°. 16, adquirido pela Paróquia, a 7 de agosto de 1902, o Pe. Eising o vende ao Santuário de Azambuja, representado pelo Pe. Sundrup.
que foi D. José Camargo Bárros. Apenas 19 dias depois, veio a respos-
 
ta, 1acôni›ca, mas lungimirantez "Aprovo e abençôo este projeto aqui
 
exposto. Quanto ao mais, deixo ao zelo e prudência do Cura".
 
  
Em 3 de abril de 1900 o Pe. Eisíng compra, para a Paróquia de
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Para estas compras não houve esmola nem auxílio oficial. "O terreno é exclusivamente patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggio", ressalta o Pe. Sundrup na sua “Chronik“, para evitar qualquer reivindicação posterior quer da Comunidade, quer da Paróquia.
Brusque, o lote n°. 16 da linha Azambuja, pertencente a Pietro Colzaniz
 
30.543 braças quadradas, por um conto e duzentos mil réis. Dois anos
 
mais tarde, a 3 de julho de 1§=32, dá-se a compra do lote n°. 4, perten-
 
cente a Jacob Knihs, com as duas casas nele situadas. Diferentemen-
 
  
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Já em 1901 se constrói uma casa de madeira onde são colocados os doentes: metade para doentes em geral e metade para doentes mentais. Quando da inauguração oticial a 29 de junho de 1902, a Santa Casa já engloba um Hospital, um Asilo, um Orfanato e um Hospício. Quatro grandes obras simultaneamente.
  
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Pela motivação exposta pelo Pe. Eising, desprende-se que ele se move em dois planos: um espiritual e outro caritativo-assistencial.
  
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Pe. Eisíng previa que Azambuja, com seu Santuário, destinava-se a se transformar no Centro Mariano do Estado de Santa Catarina. Muitos peregrinos que antes iam a Iguape agora se detinham neste pobre Vale, onde encontravam o consolo da proteção materna da Mãe de Deus. Não era mais Nossa Senhora de Caravaggio, e sim, Nossa Senhora de Azambuja.
  
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Natural que um local que de tal forma atraía devotos e curiosos paulatinamente se transformasse num centro de exploração comercial. A preocupação do Cura é justa e providente: reservar Azambuja para a devoção mariana, isolando-a do comércio e de excessivas festas externas. Uma preocupação justa que hoje, 75 anos depois, se nos mostra como sumamente benéfica.
  
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O plano caritativo-assistencial: utilizar as esmolas dos fiéis e os lucros das festas para a manutenção de uma instituição de caridade. Pelos antigos livros de contas podemos averiguar como era mal empregado o dinheiro que entrava na grande festa de 26 de maio, data da Padroeira: a entrada chegava a dois contos de réis, notável quantia para a época! Pois bem: dez por cento era gasto em foguete e 30 por cento num lauto banquete para festeiros, convidados e amigos da casa. Esta quantia podia ter um emprego mais sensato e Pe. Eising, vendo a miséria que atingia tantas pessoas, o abandono de velhos e órfãos, a carência hospitalar da Freguesia de Brusque, sonhou com a Santa Casa de Misericórdia.
  
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O Pe. José Sundrup, coadjutor, especifica melhor a finalidade da Santa Casa:
  
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1 - progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, através do exercício da caridade;
  
te do. outro lote, ~este tem como adqnirente jurídico o Santuárío
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2 - através da prática desinteressada das obras de misericórdia e de vida religiosa, dar exemplo de desprendimento ao povo ambicioso e utilitarista;
' de Azambuja. _ '
 
  
Para resolver o problema do lote n°. 16, adquirido pela Paróquia,
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3 - despertar vocação religiosas entre a mocidade.
a 7 de agosto de 1902, o Pe. Eísing o vende ao Santuário de Azambujn, V
 
representado pelo Pe. Sundrup.
 
  
Para estas compras não houve esmola nem auxílío oficia1. "O
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Em carta de 13 de abril de 1902, a um amigo, o mesmo sacerdote menciona claramente quais as instituições que seriam mantidas pela Santa Casa de Misericórdia:
terreno é exclusivamente patrimonium bcatae Maríae Virgínis de Ca~
 
ravaggio', ressalta o Pe. Sundrup na sua “Chronik“, para evitar qu2v.1-
 
  
er reivindicação posterior quer da Comunidade, quer da Paróquia.
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1 - Hospital e Asilo para abrigar os muitos doentes, principalmente pobres e abandonados, também cegos e aleijados desamparados. "Vinde a mim todos que estais oprimidos e sobrecarregados e eu vos aliviarei" (Mt 11,28). "Os oprimidos, os pobres doentes, os anciãos abandonados, são estes que chamaremos a Nossa Senhora, a Azambuja, para cá levar seus dias como filhos adotivos de Maria e veneradores permanentes de seu Santuário".
  
Já em 1901 se constrói uma casa de madeira onde são coloca-
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2 - Escola Paroquial - “A situação do ensino é 1amentável. Não há obrigação de frequentar aula e, além disso, existem poucas escolas e, quando o governo em qualquer parte abre uma escola, a Lei do Estado diz: “Não se deve ensinar religião nem rezar". Nossa Senhora, que é a Sede da Sabedoria, nos queira ajudar para abrir em Azambuja uma escola para as crianças de qualquer nacionalidade".
dos os doentesz metade para doentes em geral e metade para doentes
 
mentais. Quando da inauguração oticiaL a 29 de junho de 1902, a San-
 
ta Casa já engloba um Hospita1, um Asi10, um Orfanato e gm Hosgício.
 
Quatro grandes 'obras mmen e.
 
  
Pela motivação exposta pelo Pe. Eising, desprende-se que ele se
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3 - Uma Escola Catequética: “As crianças se criam não somente sem aula e sem ensino religioso como também quase nunca entram numa Igreja, pouco sabem do bom Deus e... Nossa Senhora, porém, o Auxílio dos Cristãos, há de ajudar também nisso, possibilitando que no seu Santuário se instale uma casa que sirva, por um lapso de tempo, de moradia para as crianças coitadinhas receberem o ensino mais necessário".
move em dois planos: um espiritual e outro caritatívo-assístencial.
 
  
Pe. Eisíng prevía que Azambuja, com seu Santuário, destinava-
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Foi este o projeto ambicioso destes dois heroicos sacerdotes que tanto fizeram pela comunidade brusquense e que hoje são praticamente desconhecidos da maioria da população.
se a se transformar no Centro Mariano do Estado de Santa Catarina.
 
Muitos peregrinos que antes iam a Iguape agora se detinham neste po-
 
bre Vale, onde encontravam o consolo da proteção materna da Mãe du
 
Deus. Não era mais Nossa Senhora de Caravaggio, e sím, Nossa Se
 
nhora 'de Azambuja.
 
  
Natural que um local que de tal íorma atraía devotos e curiosns
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Se Brusque se orgulha de seu Vale de Azambuja, o ponto turístico por excelência deste Berço da Fiação, pode também se orgulhar destes dois estrangeiros que o fizeram, que por primeiro deram os passos necessários para a instalação de atendimento sanitário à Comunidade.
paulatinamente se transformasse num centro de exploração comerciaL
 
A preocupação do Cura é justa e providentez reservar Azambuja para
 
  
\ a devoção mariana ,isolando-a do comércio e de excessívas festas exter-
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Pensamos, no próximo número, publicar a inédita "Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja", escrita pelo Pe. José Sandrup. Publicaremos a tradução. pois originalmente foi escrita em alemão. Abrange a história da Santa Casa do início até a remoção do Pe. Sundrup, em 1904.
nas. Uma preocupação justa que hoje, 75 anos depois, se nos mostm
 
como sumamente benéfica.
 
  
C' plano caritativo-assistencial: utilizar as csmolas dos fiéís e
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Aquelas linhas tão singelas muito nos servem para ver de que é possível o homem, quando impulsionado por um ideal. E, para nós, brusquenses, serve para nos mostrar o significado original do atual “Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux", último passo da obra idealizada neste início de século pelos Pes. Eising e Sundrup.
os lucros das festas para a manutenção de uma instituição de carida-
 
de. Pelos antigos lívros de contas podemos averiguar como era mal
 
empregado o dinheiro que entrava na grande festa de 26 de maio, dam
 
da Padroeiraz a entrada chegava a dois contos de 1éis, notável quantia
 
para a épocal Pois bem: dez por cento era gasto em foguete e 30 por
 
cento num lauto banquete para festeir05, mnvidados e amigos da cas;1.
 
Esta quantia podia ter um emprego mais sensato e Pe. Eísing, vendo a
 
miséria que atingia tantas pessoas, o abandono de velhos e órfãos, a
 
carência hospitalar da Freguesia de Brusque, sonhou com a Santa Casa
 
de Misericórdia.
 
  
0 Pe. José Sundrup, coadjutor, especifica melhor a finalídade da
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'''BIBLIOGRAFIA'''
Santa Casaz
 
  
1 - progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, através
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Apresentamos uma bibliografia substancial para quem estudar a história do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux nos seus inícios:
do exercício da caridade;
 
  
- 2 -- através da prática desinteressada das obras de misericórdia
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'''1. ARQUIVOS'''
e de vida~ religiosa, dar exemplo de desprendimento ao povo ambicio-
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*Arquivos da Sociedade Amigos de Brusque.
so e utilitgarista;
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*Arquivo Histórico “Dom Jaime de Barros Câmara", do Seminário de Azambuja, Brusque.
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*Arquivo Histórico-Eclesiástico da Arquidiocese de Florianópolis.
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*Arquivo da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. São Paulo.
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*Arquivo da Paróquia São Luís. Brusque.
  
3 '- despertar vocação religiosas entre a mocidade.
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'''2. JORNAIS'''
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*NOVIDADES, de Itajaí
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* 28-05-1905, n°. 52
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* 25-06-1905, n°. 56
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* 16-07-1905, n°. 59
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* 25-11-1905, n°. 78
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* 05-06-1907, n°. 157
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* 27-10-1907, n°. 178
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* 10-05-1908, n°. 206
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* 01-11-1908, n°. 231
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* 25-O4-1909, n°. 256
  
 +
*A VERDADE, de Florianópolis
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* ano I, n°. 27, 7-06-1903
  
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*O PROGRESSO
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* ano VII, 4-8-1935
  
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'''3. ARTIGOS SOBRE AZAMBUJA, no Jornal O MUNICIPIO, da autoria do Pe. Ney Brasil Pereira''':
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* Tópicos de uma carta (Carta do Pe. Eising) 3-6-1961, n°. 312
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* Pe. Eising, o íniciador 20-5-1961, n° 310
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* Inéditos da Crônica 6-5-1961, n°. 308
  
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'''4. LIVROS PAROQUIAIS'''
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*Livro de Tombo da Paróquia de Brusque
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*Livro I, folha 6
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*Livro I, folha 66
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*Livro I, folhas 59; 59v, 60.
 +
*Livro de Tombo do Santuário de Azambuja
 +
*Livro I
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*Livro de contas do Santuário de Azambuja
 +
*Livro I
  
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'''5. CRÔNICA'''
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* Pe José Sundrup - "Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja”
  
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'''6. OBRAS'''
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* Pe. Ney Brasil Pereira: O Santuário de Azambuja, Azambuja, 1952.
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* José Artulino Besen: Azambuja, 100 anos depois, Brusque, 1977.
  
  

Edição das 14h56min de 24 de junho de 2019

O Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux ou Santa Casa de Misericórdía de Nossa Senhora de Azambuja

  • Pe. José Artulino Besen

Já em 1862 o Barão de Schneéburg escrevia ao Governo Provincial pedindo providências no sentido de atender a população loca1, tantas vezes atingida por doenças e obrigada a recorrer a Florianópolis ém casos graves. Mais tarde podiam dirigir-se a Blumenau ou Itajaí. Contudo o problema ficava aguardando solução. E a primeira experiência brusquense no setor da saúde nasceria em Azambuja. Um começo tão humilde e despretencioso que mais parecia sonho da idealistas do que um empreendimento concretamente estudado e organizado.

Pois no dia,29 de junho de 1902, com tudo e com nada ao mesmo tempo, inaugura-se oficialmente a "Santa Casa de Misericórdia de Nossa Senhora de Azambuja". No momento da inauguração o Sr. Juiz de Direito, Dr. Thiago da Fonseca, afirmava "A pobreza com que este estabelecimento entra em vida é a garantia certa da prosperidade futura". E, o que abrangia este altissonante título “Santa Casa"? Nada mais, nada menos que um Hospital Asilo de Velhos, Asilo de Órfãos, Escola Paroquial, Hospício. .. É comovente, lendo-se as Crônicas da época, ver a fé e o entusiasmo dos idealizadores Pe. Antônio Eising (Vigário) e Pe. José Sundrup (Coadjutor), como também ver a dedicação heróica das Irmãs da Divina Providência e o auxilio fraterno dos moradores da Rua Azambuja, da Peterstrasse, Águas Claras, Poço Fundo, das Damas de Caridade de Itajaí.

No dia da inauguração há dois doentes: uma senhora de idade com seu filho de 30 anos, débil mental e raquítico; ela tivera a infelicidade de cair e fraturar a perna em dois lugares. Em setembro já são 13 os doentes. Abrigados em paióis e numa casa de madeira construída em 1901. O Hospital de Caridade, de Florianépolis, fornece 25 camas.

Não há médicos. A Irmã Bárnaba (as outras eram Godeharda e Friedburga) atende aos doentes, realizando inclusive cirurgia externas, sem qualquer anestesia: não havia os recursos necessáríos. Quantas vezes aconteceu ser a Irmã atirada para 1onge devido ao empurrão de algum doente que não resistia à dor da pequena intervenção cirúrgica, ao vivo. Medicamentos se arrumavam. Mas a maior parte do tratamento era realizado através da higiene, da boa alimentação e do conforto espiritual e psicológico, dado pelas boas Irmãs da Divina Providência.

Não havia subvenção dos cofres públicos. As despesas eram custeadas com os rendimentos da festa de 26 de maio (dia de Nossa Senhora de Caravaggio de Azambuja, a grande Festa de Azambuja), que atingiam a dois contos de réis. O resto era fruto da boa vontade dos paroquianos, e mesmo protestantes havia que davam, espontaneamente, generosos auxílios. Faltando trabalhadores para locomoção de terra e outros serviços, o padre pedia aos colonos, não faltando gente que doava dias grátis de serviço. Na falta de viveres, no domingo, durante o sermão, Pe. Eising ou Pe. Sundrup dirigia-se aos colonos e, no dia seguinte, vinham 5, 6, 7 carroças carregadas de feijão, farinha, milho, açúcar, café, carne, ovos, galinhas. Também para Azambuja eram doados todos os emolumentos paroquiais dos dois abnegados sacerdotes. Nada retinham para si. Pe. Eising gostava de dizer que o capital de manutenção da Casa de Misericórdia era constituído por dois fundos: a caridade cristã no coração dos paroquianos e o auxílio da Virgem de Azambuja. Gravara no coração de cada paroquiano a palavra do Mestre: "O que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que o fazeis" (Mt 25,40).

Era comovente ver com quanto espírito de sacrifício os que, mesmo pobres, mas tendo saúde, auxiliavam aos doentes necessitados!

É impossível escrever sobre esta Obra de Caridade sem se deixar levar pela emoção. Não encontramos documentos que não transpirem fé, piedade, caridade, simplicidade. Cada linha sobre esta nova Obra revela algo de não humano: é a caridade cristã, e somente ela, que torna possível tão poucas pessoas fazerem tanto pelo próximo, geralmente um débil mental que andava errante pelas estradas do Vale do Itajaí, um cego que passava os dias mendigando de porta em porta e que, por graça, batera nas portas da caridade mariana do Vale de Azambuja, algum velhinho subnutrido que passava as noites friorentas em paióis que encontrasse ao cair da tarde, crianças órfãs, velhinhas abandonadas pela família e que nesta Casa podiam reencontrar a alegria de ser amadas e cuidadas.

Os doentes se abrigavam como a pobreza da Instituição o permitia, e passavam os dias, ou andando pelos caminhos do Vale, ou a rezar no Santuário de Azambuja, já meta de peregrinações de todo o Estado, com justa causa chamado de "Iguape do Su1". Viajantes e visitantes contam da alegria destes infelizes a quem o sofrimento mostrara o caminho a seguir. Crianças vivazes, outras tristes, com os pezinhos sujos pela lama, ou se abrigavam em Azambuja, ou aqui vinham para receber as primeiras letras do ABC e da Religião: eram 10-15 internas e 30-4O externas. Romeiros, curiosos, velhos sofredores, raquiticos, se misturavam entre as surradas paredes do Santuário de 1894, unidos no louvor a Nossa Senhora de Azambuja. Pedia-se ver o velho João Foppa, acometido de câncer. Apesar de seus muitos sofrimentos respondia, invariavelmente, a quem lhe perguntasse pelo seu estado de saúde "Benone, benone". Morreria em janeiro de 1903.

No Vale, o que mais se ouvia era o silêncio, como só os lugares pobres, isolados, humanos, sabem oferecer: o silêncio do Vale, o ranger das engrenagens do engenho de farinha, movido à água, o barulho das carretas misturado com o mugido de algumas vacas e, quase imperceptivelmente, gemidos de doentes, dolorosos, angustiados, fortes, sendo substituídos, pouco a pouco, pelas doces e consoladoras palavras e gestos das irmãs da Divina Providência.

Estudando o início desta obra, hoje moderna instituição de saúde, não vemos tanto a pobreza, os caminhos difíceis de serem trilhados; em tudo vemos apenas duas palavras: piedade e caridade, a se repetirem dia e noite, quer no "|Klyrie eleison" do Santuário, quer no carinho com que eram recebidos os irmãos sofredores! Piedade e caridade, os motores da Santa Casa de Misericórdia de Nossa Senhora de Azambuja, que neste ano completa 75 anos de existência.

A história do plano de fundar, em Azambuja, uma Santa Casa de Misericórdia, é antiga. Começa mais decididamente em 1899, a 8 de outubro, data de uma carta do Pe. Antônio Eising ao Sr. Bispo Diocesano, D. José Camargo Barros:

Exm°. e Revm°. Sr. Bispo Diocesano:

O abaixo-assinado tem a liberdade de entregar a Vossa Excelência, com esta, uma análise a respeito da compra de uma colônia para a Capela de Nossa Senhora de Caravaggio, em Azambuja, desta Paroquia, e de pedir obedientemente a Vossa Excia que digne-se declarar o que quer de mim neste assunto.

1. A mencionada colônia n°. 4, de Azambuja, segundo o título de posse, pertence ao Sr. Jacob Knihs, e tem uma área de 18.416 braças quadradas, está adjacente ao caminho público, distante da Vila de Brusque três quilômetros.

2. O proprietário é um homem de bem e concedeu, há poucos anos, “grátis", naquela colônia n°. 4, o terreno que foi preciso para fazer nova Capela, sem fixar um certo tamanho e certos limites.

3. Como o Vale de Azambuja é muito estreito e estéril tendo em seu grêmio apenas nove pobres famílias italianas, além da família alemã do Sr. Jacob Knihs, a Capela erigiu~se quase só com as esmolas que se ofereceram na velha capelinha dos romeiros que vêm de longe para alcançar a graça de Deus, nas suas precisões, pela intercessão de Nossa Senhora de Azambuja. A nova Capela, que tem 10 metros de largura por 14 de comprimento, além de presbitério, agora está inteiramente acabada e pagada.

4. Parece~me, agora, recomendável, comprar a colônia n°. 4, em cuja parte anterior a nova Capela se acha erigida, pelas seguintes razões:

a) Tem perigo que o espírito de negócio vá adquirindo terreno na circunvizinhança da Capela e secularizar o lugar que por Deus parece destinado a ficar a “Iguape de Santa Catarina", crescendo sempre o número dos romeiros e o tamanho das esmolas.

b) Fora daquela colônia quase não há uma planície que possa servir para uma casa de negócio ou de divertimento mundano, sendo tudo altos morros e pântanos.

c) A colônia n°. 4 está situada em local relativamente alto, mais alto do que o caminho público, e tem três terraços que estão rodeados por altos morros. No primeiro acham-se a Capela e, separado dela por um pasto, a morada do sr. Jacob Knihs. O segundo eirado está atrás da Capela, mais afastado do caminho e quase no mesmo nível que a cumieira da Capela, muito apto, segundo meu parecer, para se fazer nele um Hospital. O terceiro terraço é mais alto ainda.

d) Como as esmolas aumentam, evidentemente pode-se esperar que o preço da compra se pague em pouco tempo e, depois disso, se possa fazer uma Casa de Misericórdia ou qualquer Instituto de Caridade, como Vossa Excia achar bom.

e) O Sr. Jacob Knihs faz duas propostas: toda a colônia n°. 4, com as casas do proprietário que se acham num canto daquela colônia, quer vender por seis contos. Querendo nós comprar a colônia n°. 4 depois de cortado aquele canto com as casas, podemos tê-la por dois contos.

Eu recomendo comprar a colônia inteira, com as casas nela edificadas. Estas últimas poderiam muito bem servir para principiar, sem mais custas, uma Casa de Misericórdia. Enquanto as Irmãs de Caridade achariam bastante lugar na moradia do Sr. Jacob Knihs, as casas adjacentes teriam espaço para uns 15 a 20 velhos ou doentes.

f) Caso se fizer uma Casa de Misericórdia, o povo ajudaria com muito boa vontade para arranjar as coisas necessárias e estaria muito satisfeito de ver empregadas as esmolas da Capela para um tão alto fim.

g) O Sr. Jacob Knihs está contente de receber o pagamento pouco a pouco, se ele ainda puder ficar morando até que a metade seja paga.

Enfim, eu não vejo nenhum impedimento em adquirir a dita colônia n°. 4 com as casas do Sr. Jacob Knihs. Faltam só a bênção e a licença de Vossa Excia para principiarmos uma obra que seria um bonito monumento em homenagem ao Bom Samaritano e à Mãe de Misericórdia no encerramento deste século.

Com perfeita obediência sou, de Vossa Excia, servo e filho em Nosso Senhor

Pe. Antônio Eising - Cura.

Brusque, aos 8 de dezembro de 1899.

Tão generoso projeto encontra eco imediato no grande pastor que foi D. José Camargo Barros. Apenas 19 dias depois, veio a resposta, 1acônica, mas lungimirante: "Aprovo e abençôo este projeto aqui exposto. Quanto ao mais, deixo ao zelo e prudência do Cura".

Em 3 de abril de 1900 o Pe. Eising compra, para a Paróquia de Brusque, o lote n°. 16 da linha Azambuja, pertencente a Pietro Colzani: 30.543 braças quadradas, por um conto e duzentos mil réis. Dois anos mais tarde, a 3 de julho de 1902, dá-se a compra do lote n°. 4, pertencente a Jacob Knihs, com as duas casas nele situadas. Diferentemente do outro lote, este tem como adquirente jurídico o Santuário de Azambuja.

Para resolver o problema do lote n°. 16, adquirido pela Paróquia, a 7 de agosto de 1902, o Pe. Eising o vende ao Santuário de Azambuja, representado pelo Pe. Sundrup.

Para estas compras não houve esmola nem auxílio oficial. "O terreno é exclusivamente patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggio", ressalta o Pe. Sundrup na sua “Chronik“, para evitar qualquer reivindicação posterior quer da Comunidade, quer da Paróquia.

Já em 1901 se constrói uma casa de madeira onde são colocados os doentes: metade para doentes em geral e metade para doentes mentais. Quando da inauguração oticial a 29 de junho de 1902, a Santa Casa já engloba um Hospital, um Asilo, um Orfanato e um Hospício. Quatro grandes obras simultaneamente.

Pela motivação exposta pelo Pe. Eising, desprende-se que ele se move em dois planos: um espiritual e outro caritativo-assistencial.

Pe. Eisíng previa que Azambuja, com seu Santuário, destinava-se a se transformar no Centro Mariano do Estado de Santa Catarina. Muitos peregrinos que antes iam a Iguape agora se detinham neste pobre Vale, onde encontravam o consolo da proteção materna da Mãe de Deus. Não era mais Nossa Senhora de Caravaggio, e sim, Nossa Senhora de Azambuja.

Natural que um local que de tal forma atraía devotos e curiosos paulatinamente se transformasse num centro de exploração comercial. A preocupação do Cura é justa e providente: reservar Azambuja para a devoção mariana, isolando-a do comércio e de excessivas festas externas. Uma preocupação justa que hoje, 75 anos depois, se nos mostra como sumamente benéfica.

O plano caritativo-assistencial: utilizar as esmolas dos fiéis e os lucros das festas para a manutenção de uma instituição de caridade. Pelos antigos livros de contas podemos averiguar como era mal empregado o dinheiro que entrava na grande festa de 26 de maio, data da Padroeira: a entrada chegava a dois contos de réis, notável quantia para a época! Pois bem: dez por cento era gasto em foguete e 30 por cento num lauto banquete para festeiros, convidados e amigos da casa. Esta quantia podia ter um emprego mais sensato e Pe. Eising, vendo a miséria que atingia tantas pessoas, o abandono de velhos e órfãos, a carência hospitalar da Freguesia de Brusque, sonhou com a Santa Casa de Misericórdia.

O Pe. José Sundrup, coadjutor, especifica melhor a finalidade da Santa Casa:

1 - progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, através do exercício da caridade;

2 - através da prática desinteressada das obras de misericórdia e de vida religiosa, dar exemplo de desprendimento ao povo ambicioso e utilitarista;

3 - despertar vocação religiosas entre a mocidade.

Em carta de 13 de abril de 1902, a um amigo, o mesmo sacerdote menciona claramente quais as instituições que seriam mantidas pela Santa Casa de Misericórdia:

1 - Hospital e Asilo para abrigar os muitos doentes, principalmente pobres e abandonados, também cegos e aleijados desamparados. "Vinde a mim todos que estais oprimidos e sobrecarregados e eu vos aliviarei" (Mt 11,28). "Os oprimidos, os pobres doentes, os anciãos abandonados, são estes que chamaremos a Nossa Senhora, a Azambuja, para cá levar seus dias como filhos adotivos de Maria e veneradores permanentes de seu Santuário".

2 - Escola Paroquial - “A situação do ensino é 1amentável. Não há obrigação de frequentar aula e, além disso, existem poucas escolas e, quando o governo em qualquer parte abre uma escola, a Lei do Estado diz: “Não se deve ensinar religião nem rezar". Nossa Senhora, que é a Sede da Sabedoria, nos queira ajudar para abrir em Azambuja uma escola para as crianças de qualquer nacionalidade".

3 - Uma Escola Catequética: “As crianças se criam não somente sem aula e sem ensino religioso como também quase nunca entram numa Igreja, pouco sabem do bom Deus e... Nossa Senhora, porém, o Auxílio dos Cristãos, há de ajudar também nisso, possibilitando que no seu Santuário se instale uma casa que sirva, por um lapso de tempo, de moradia para as crianças coitadinhas receberem o ensino mais necessário".

Foi este o projeto ambicioso destes dois heroicos sacerdotes que tanto fizeram pela comunidade brusquense e que hoje são praticamente desconhecidos da maioria da população.

Se Brusque se orgulha de seu Vale de Azambuja, o ponto turístico por excelência deste Berço da Fiação, pode também se orgulhar destes dois estrangeiros que o fizeram, que por primeiro deram os passos necessários para a instalação de atendimento sanitário à Comunidade.

Pensamos, no próximo número, publicar a inédita "Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja", escrita pelo Pe. José Sandrup. Publicaremos a tradução. pois originalmente foi escrita em alemão. Abrange a história da Santa Casa do início até a remoção do Pe. Sundrup, em 1904.

Aquelas linhas tão singelas muito nos servem para ver de que é possível o homem, quando impulsionado por um ideal. E, para nós, brusquenses, serve para nos mostrar o significado original do atual “Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux", último passo da obra idealizada neste início de século pelos Pes. Eising e Sundrup.

BIBLIOGRAFIA

Apresentamos uma bibliografia substancial para quem estudar a história do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux nos seus inícios:

1. ARQUIVOS

  • Arquivos da Sociedade Amigos de Brusque.
  • Arquivo Histórico “Dom Jaime de Barros Câmara", do Seminário de Azambuja, Brusque.
  • Arquivo Histórico-Eclesiástico da Arquidiocese de Florianópolis.
  • Arquivo da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. São Paulo.
  • Arquivo da Paróquia São Luís. Brusque.

2. JORNAIS

  • NOVIDADES, de Itajaí
  • 28-05-1905, n°. 52
  • 25-06-1905, n°. 56
  • 16-07-1905, n°. 59
  • 25-11-1905, n°. 78
  • 05-06-1907, n°. 157
  • 27-10-1907, n°. 178
  • 10-05-1908, n°. 206
  • 01-11-1908, n°. 231
  • 25-O4-1909, n°. 256
  • A VERDADE, de Florianópolis
  • ano I, n°. 27, 7-06-1903
  • O PROGRESSO
  • ano VII, 4-8-1935

3. ARTIGOS SOBRE AZAMBUJA, no Jornal O MUNICIPIO, da autoria do Pe. Ney Brasil Pereira:

  • Tópicos de uma carta (Carta do Pe. Eising) 3-6-1961, n°. 312
  • Pe. Eising, o íniciador 20-5-1961, n° 310
  • Inéditos da Crônica 6-5-1961, n°. 308

4. LIVROS PAROQUIAIS

  • Livro de Tombo da Paróquia de Brusque
  • Livro I, folha 6
  • Livro I, folha 66
  • Livro I, folhas 59; 59v, 60.
  • Livro de Tombo do Santuário de Azambuja
  • Livro I
  • Livro de contas do Santuário de Azambuja
  • Livro I

5. CRÔNICA

  • Pe José Sundrup - "Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja”

6. OBRAS

  • Pe. Ney Brasil Pereira: O Santuário de Azambuja, Azambuja, 1952.
  • José Artulino Besen: Azambuja, 100 anos depois, Brusque, 1977.


Casa de Brusque