Os difíceis dias da colônia Príncipe Dom Pedro - Ayres Gevaerd

De Sala Virtual Brusque
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Os difíceis dias da Colônia Príncipe Dom Pedro

  • AYRES GEVAERD

No dia 4 de agosto de 1960, desfraldou-se pela primeira vez, em Brusque, oficialmente, a Ban-deira da Polônia. Os brusquen-ses prestavam então homenagem aos países que contribuiram para a colonização do vale do Itajaí Mirim, há 100 anos: Alemanha, Itália e Polônia. No banquete ofi-cial comemorativo realizado na-quele mesmo dia, representando o Ministro Plenipotenciário da Polônia no Brasil, integrante da Comissão de Honra das comemo-rações do Centenário, achava-se presente o sr. Piotr Glovacki, Cônsul em Curitiba. Ainda como parte das comemorações, no dia 30 de julho sob os auspícios da Sociedade Amigos de Brusque e da Secretaria de Cultura de San-ta Catarina, foi instalada a Expo-sição do "Cartaz Polonês". A "Superintendência das Co-memorações do centenário da imigração polonesa no Paraná" festejou condignamente, em 1971, a chegada dos primeiros polone-ses naquela Província, oriundos da Colônia Príncipe D. Pedro, en-tão sob a mesma administração da Colônia Itaj ahy — Brusque. Em 1957, quando o consagra. do historiador catarinense Dr. Osvaldo R. Cabral reunia docu-mentos para o livro "Brusque —Subsídios para a história de uma Colônia nos tempos do Império", pouco ou quase nada se encon-trou relacionado com os poloneses no Vale do Itajaí Mirim. Em 1962, no IRASC, antigo Departa-mento de Terras e Colonização, foram encontrados dois maços com documentos de administra-ções da malograda Colônia Prín-cipe Dom Pedro, que permitiram, não completar, mas trazer me-lhores esclarecimentos com rela-ção aos colonos de "16 lotes". O arquivo da Prefeitura de Blumenau contribuiria com outra parcela, remetendo para a Socie-dade Amigos de Brusque livros que pertenceram ao 2°. Distrito do Comissariado de Terras e Co-lonização, nos quais se encontram muitos registros de requerimen-tos que esclarecem a situação dos poloneses no Lajeado Grande, perto de Porto Franco, hoje Bota-verá . Finalmente buscas feitas nos Registros da Igreja Católica local serviram para dar novas luzes a aspectos até agora sem solução, complementados por relatos de pessoas idosas residentes em Bo-tuver á. Duas designações, "16 lotes" e "Cemitério dos Polacos", foram pontos importantes a requerer explicações, mais profundas e ser-vindo, como se verá, para esclare-cer a exata localização dos pri-meiros poloneses que iriam esta-belecer-se em Pilarzinho, no Pa-raná, em 1871. • Em agosto de 1869, quatro meses antes da anexação do ter-ritório da Colônia Príncipe Dom Pedro (I) à "Itajahy - Brusque", chegaram e foram instalados em uma Linha Colonial os primeiros colonos de origem polonesa em número de 94 (2) e em Setembro seguinte mais 22. A extensão des-sa Linha, quase toda demarcada pela Administração, compreen-dia Lajeado, Porto Franco e Ri-beirão do Ouro com sede em Por-to Franco, em, grande parte ocu-pada por italianos originários do Norte da Itália.

A leva de poloneses instalou-se no lugar "16", situado no ri-beirão do Porto Franco, margem direita do rio Itajaí Mirim. Re-gião montanhosa como é toda a Linha colonial citada, com pou-cas áreas realmente boas para lavoura, era, ao tempo, rica em madeiras de lei, riqueza que lhes iria dar sérios embaraços.

O colono italiano, cuja incli-nação para o amanho da terra não era o forte, tratou de apro-veitar a mata, instalando enge-nhos, cujo número se multiplica-va ràpidamente. A quantidade dos engenhos era facilitado pe-los muitos cursos de água, co-muns em terras montanhosas co-mo é a região do médio e alto va-le do Itajaí Mirim. Não satisfei-tos com a mata existente em seus próprios lotes, a maioria dos do-nos de engenhos de serra invadia a do vizinho mais próximo.

Em face do que ocorria, os poloneses, mais inclinados ao a-proveitamento do solo, reclamaram à administração colonial, que advertia severamente os infrato-res. Os diretores João Detzi e Luiz Betim Paes Leme lamentavam as irregularidades em sim-ples ofícios e nos relatórios anuais e até especiais.

As melhores terras foram to-madas, logicamente, pelos coloni-zadores germânicos, os primeiros a chegar à Colônia Brusque. Na Príncipe Dom Pedro, boas terras existiam no vale do Cedro e mais longe no vale do 'T'ijucas. A área maior, como já citei, era aciden-tada, montanhosa, de difícil aproveitamento para uma lavoura que permitisse a subsistência e o co-mércio com o produto excedente. A mata foi, assim, o recurso ex-tremo de muitos colonizadores. Mas o aproveitamento foi desor-denado, sem planejamento, im-possível, é verdade, em região pri-mitiva como era então, ser cuida-da pelos administradores.

Os poloneses, objeto de nossa crônica histórica, além das pres-sões que sofriam com as frequen-tes incursões de seus vizinhos, do-tados, provavelmente, de melho-res recursos técnicos, reclamavam do diretor o mesmo tratamento dispensado a outros emigrantes, italianos, irlandeses e franceses, estes dois últimos instalados nas proximidades da Colônia Brus-que, Águas Claras. Em suma, queriam sossego, uma Escola e uma Capela.

Desgraçadamente, a Colônia Príncipe Dom Pedro, desde seus primeiros dias, não foi feliz. Seus primeiros povoadores, ingleses e irlandeses, não possuiam condi-ções mínimas para colonização, apesar do auxílio que lhes dispen-sava o Governo: dinheiro, alimen-tacão, material agrícola, além de assistência religiosa e médica. Não procediam diretamente de


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