Memórias do calcáreo em Botuverá

De Sala Virtual Brusque
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  • Marlus Niebuhr, Historiador.

Ao folhear as páginas do Jornal “Novidades” de 29 de setembro de 1907, encontramos um interessante artigo, escrito por Max J. Schumann, engenheiro e na ocasião Chefe do Comissariado de Terras e Colonização do 2º. Distrito que tinha sua sede em Brusque. O texto é rico em informações e pode ser encontrado também reproduzido na Revista Vicente-Só: Brusque – Ontem e hoje[1].

Sua pitoresca narração, inicia ao sair da Vila, passando pela ponte metálica “Coronel Vidal Ramos”, que localizava-se no local da atual ponte estaiada, reproduzimos aqui parte do material:

[...] tomei a estrada para Águas Claras, Cedro, Águas Negras, Porto Franco, etc. Cruzando o famoso canavial do Sr. Hoffmann e a moderna cultura de arroz, sistema chamado de submersão [...] empresa modelo, situada à margem d’uma das mais importantes vias da colônia. [...] Até Águas Negras predomina o elemento teuto entre os colonos, d’ali em diante constituem os italianos maior parte dos moradores [...] aproximando-se do Ribeirão do Ouro encontram-se diversos minerais, pedra-gres, ferro, grantito, quartzo e muitas qualidades de pedra e uma pedra parda [...].

Segundo pesquisas, em 1907, o então Coronel Carlos Renaux, já havia percebido a riqueza mineral da região. De acordo com dados pesquisados, nosso ilustre industrial, já havia pedido análise e parecer de um químico da Suíça, sobre a possibilidade de fabricação de cimento. Na época em questão, já era explorada pelos colonos a indústria de caieiras.

Com base nas entrevistas realizadas para o livro “Memórias de Porto Franco”, a exploração da cal desenvolveu-se pelos idos de 1935, mas os trabalhadores mais antigos, na lembrança de moradores seriam: os irmãos Arthur e Miguel Colzani, mas surgem sobrenomes como Tietzmann, Werner, Buschirolli e Maestri, entre outros. Os primeiros fornos, eram de “barranco”, depois apareceram os dois fornos contínuos na localidade de Ourinhos, em 1953, que ainda hoje chamam a atenção.

De acordo com entrevistados o trabalho era difícil: “ esse serviço, não era serviço de gente [...] tinham três que trabalhavam comigo, morreram todos os três... por causa da cal... A cal afogava, tinha que tampar o nariz [...][2]. Todo o processo compreendia várias etapas como retirar as pedras nas pedreiras, transportá-las até os fornos, colocá-las nos fornos e “ botava lenha, fogo as vezes oito ou dez dias, não podia parar, porque se parava, não queimava mais, a pedra criava uma casca e não queimava mais [...].”[3]

Avançando no tempo, outro momento singular dessa história, foi a inauguração da fábrica de calcário em Botuverá, em 31 de janeiro de 1969, com a finalidade de produzir adubos e corretivos para o solo. Mais tarde, em fevereiro do mesmo ano, é fundado a CIMENVALI, projeto acalentado a muito por Carlos Renaux.

Referências

  1. Uma excursão ao centro de Brusque, de Max J. Schuman, In: Notícias de “Vicente-Só” – Ontem e Hoje. Revista de Cultura Histórica do Vale do Itajaí-Mirim. Brusque: Gráfica bandeirante, nº 10, ano III, Abril, maio e Junho, 1979, p. 37 á 40.
  2. Sr. Natalino Recarolli.
  3. Sra. Olindina Colzani