Mudanças entre as edições de "José Artulino Besen - Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja do Pe José Sundrup"

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Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja, do Pe. José Sundrup
 
Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja, do Pe. José Sundrup
  
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Mais uma Vez o Natal foi dia de intensa alegria para todo o E:s- tabelecimento. Às 3 e meia da madrugada houve "G1ÓI'Í3." e depois Missa canitada, wdevoção com bênção. Intensa particípação do povo. Pela tarde, atrás da árvore de NataL uma surpresa. Alegria nunca antes experimentada pelos doentes idosos. Para a "Adoração de 14 horas" no 2°. dia de NataL o povo acorreu em número inusítado. Cha- mou a atenção a boa frequência por parte dos brasileiros. Muitos de- les tinham recebído os Santos Sacra.mentos. Azambuja ~parece ser de grandé proveito para a cura de almas no meio dos brasíleiros.
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Mais uma Vez o Natal foi dia de intensa alegria para todo o Estabelecimento. Às 3 e meia da madrugada houve "Glória" e depois Missa cantada, devoção com bênção. Intensa participação do povo. Pela tarde, atrás da árvore de Natal uma surpresa. Alegria nunca antes experimentada pelos doentes idosos. Para a "Adoração de 14 horas" no 2°. dia de Natal o povo acorreu em número inusitado. Chamou a atenção a boa frequência por parte dos brasileiros. Muitos deles tinham recebido os Santos Sacramentos. Azambuja parece ser de grande proveito para a cura de almas no meio dos brasileiros.
  
*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 48 a 47. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
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*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 48 a 55. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
  
 
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Edição das 15h10min de 9 de maio de 2020

Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja, do Pe. José Sundrup

No último número desta revista (n°. 4, 1977), dávamos um ligeiro histórico do Hospital Arquidiocesano “Cônsul Carlos Renaux", iniciado em 1902 com o nome de “Santa Casa de Misericórdia de Azambuja", a primeira instituição de saúde de Brusque.

Hoje publicamos na íntegra a já citada “Chronik”, escrita pelo Pe. José Sundrup, coadjuntor da Paróquia de Brusque, e grande entusiasta da obra. Seu estilo simples atesta a simplicidade com que nascem as grandes coisas, fruto muito mais da fé do que do engenho humano.

Apresentamos a revisão de uma antiga tradução existente: o original é em alemão. Encontra-se este no Arquivo Histórico “Dom Jaime de Barros Câmara", do Seminário de Azambuja.

Pe. José Artulino Besen

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DIGNARE ME LAUDARE TE, VIRGO SACRATA!

LECTORI SALUTEM!

I - Solenidade de abertura

Na tarde da festa dos Príncipes dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, em 29 de junho de 1902, sendo o Pe. Antônio Eising Vigário, Pe. José Sundrup Coadjutor, José Hoening professor da Escola Paroquial e João Bauer Superintendente da Freguesia de Brusque, em presença de muito povo, três Irmãs da Divina Providência, Godeharda, Bárnaba e Friedburga, precedidas pelo Pe. Vicente Wienken, Diretor, foram introduzidas processionalmente na Igreja, na sua morada e, com isso, na sua esfera de atividade; foram saudadas na Igreja pelo Revmo. Pe. Vigário, Pe. Eising, e na sua casa pelo Juiz de Direito, Dr. Thiago da Fonseca.

O povo testemunhava seu apoio pela abertura da nova Casa de Misericórdia oferecendo dádivas para sua manutenção, enquanto que para cuidar das necessidades religiosas, o clero se obrigou a rezar uma santa Missa na Igreja de Azambuja, a cada domingo e dia santo de guarda e, fora disso, três vezes por semana, enquanto isso fosse possível. Foi recomendado e muito aconselhado para o futuro, o que, aliás, já havia sido praticado desde o início, a celebração duma santa Missa cantada, em honra do Sagrado Coração de Jesus, pelos benfeitores da Casa de Misericórdia de Azambuja.

Omnia cum Deo! Nihil sine eo!

II - Condições de Direito

Terreno e chão, justo com as duas moradias e edifícios anexos, foram adquiridos e pagos em moeda líquida nos anos de 1900 e 1901, pelo Vigário da Paróquia, Pe. Antônio Eising, aos senhores Jacob Knihs e Pietro Colzani, possuidores dos títulos válidos por direito.

Em 7 de agosto de 1902 o acima citado Pe. Eising, por ato notário, doou, ou então, vendeu “pro forma", toda a propriedade à Capelania de Azambuja, representada pelo atual Pároco de Brusque ou seu substituto. Não houve auxílio por parte do Estado, também não foram pedidas esmolas na Freguesia de Brusque, para a citada compra. Todo este estabelecimento, inclusive o terreno anexo, bem como as duas capelas, são propriedade legítima, livre e irrestrita, da Comunidade Eclesiástica de Azambuja, patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggio.

III - Finalidade do Estabelecimento

Devido às muitas graças extraordinárias alcançadas em Azambuja desde a ereção da primeira Capela em 1885, o povo se achegava cada vez mais numeroso, trazendo ricas ofertas. Para a festa principal, em 26 de maio, vêm anualmente incalculável número de peregrinos, na sua maioria de origem brasileira, oferecendo à Nossa Senhora seu tributo de veneração e também seu óbulo material de maneira que neste dia entraram, em dinheiro, 2 contos de réis. Fora disso a soma de esmolas depositadas na respectiva caixa importava, anualmente, em Cr$ ... (?)

Para bem aproveitar todas estas dádivas não somente para o embelezamento exterior da Capela e da festa (como em Iguape) mas, pelo contrário, para progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, para dar, através da prática desinteressada das obras de misericórdia e da vida religiosa, melhor exemplo ao povo ambicioso e farrista, talvez até despertar vocações religiosas entre a mocidade, fundou-se esta Casa. Para nela trabalhar foram chamadas as Irmãs da Divina Providência, que atualmente trabalham, com ricas benções celestes, no Hospital e Convento de Florianópolis, em Tubarão, Braço do Norte, Blumenau e Lages. Qualquer obra de misericórdia, corporal ou espiritual será praticada nesta Casa de Misericórdia. Como desenvolver estes fins e dar-lhes um cunho especial no futuro, ainda não está bem determinada neste momento de abertura.

IV - Desenvolvimento da Instituição

Três meses mais tarde

Hoje, festa de São Miguel (29.9.1902), curto retrospecto mostra que a Instituição vencerá as dificuldades que se lhe opõem. A Casa está lotada a tal ponto que urge ser aumentada. Temos 18 pessoas em tratamento, na maior parte idosos, abandonados, cegos ou cancerosos. O sustento vem por si já que os colonos trazem os mantimentos. Alguma coisa, porém, se deve ainda comprar. O mais dispendioso é a aquisição necessária de roupas, cobertores, etc., bem como a compra de tijolos, madeira, etc., para a nova construção.

Um pintor, Isidoro Radici, achando-se em viagem de negócios e estando doentio e pobre, encarregou-se em 21 de setembro, da pintura das duas capelas, até hoje apenas caiadas. A preocupação com estas despesas e outras, como a aquisição de duas imagens, presépio, harmônio, motivaram-nos a escrever duas cartas para a Alemanha pedindo auxílio.

Quod Deus bene vertat!

NATAL DE 1902

Também em Azambuja o Menino Jesus alegrou muitos corações. Na Igreja houve Missa, cedo, depois Missa cantada e Devoção, à tarde. As Irmãs instalaram, na Casa, com meios próprios, um pequeno presépio e árvore de Natal. Uma festinha e presentinhos proporcionaram aos pobrezinhos doentes horas de íntima satisfação até então por eles desconhecidas. Esperamos que para o próximo ano a Alemanha nos envie, de presente, um presépio melhor.

A casa nova está quase pronta. Neste dias as Irmãs mudaram-se para a nova residência. Falta terminar o salão que servirá de sala de aula. Mas, donde virá o professor e a professora? José Hoenig, professor de nossa Escola Paroquial, entrou para a redação do Jornal alemão do Povo, em Porto Alegre.

Deus providebit!

2 DE JANEIRO DE 1903

Hoje deu-se o segundo caso de morte no Hospital de Azambuja. Faleceu, inesperada e rapidamente, vitimado pelo câncer, João Foppa, tendo na mesma manhã recebido os santos sacramentos, por ser primeira sexta-feira do mês. Sofrera silenciosamente, sem queixas. Quando lhe perguntavam pelo estado de saúde, respondia sempre, apesar dos muitos sofrimentos: Benone! Benone! Costumava passar boa parte do dia na Igreja, a rezar. Que descanse em paz!

2 DE FEVEREIRO DE 1903

Há dias foi-nos confiada, para tratamento, uma mocinha tísica, protestante. Faleceu hoje, pela tardinha, antes que os parentes pudessem chamar o Pastor, por ela desejado. Não lhe seria negado a entrada no Estabelecimento embora nenhum de nós pudesse tomar parte ativa no culto. Enterro no cemitério protestante.

15 DE MARÇO DE 1903

No inicio do ano já tínhamos recebido algumas crianças, nesta Casa, a fim de prepará-las para a primeira Santa Comunhão. Até agora moram 11 crianças conosco; além destas, umas 30-40 frequentam as aulas de catecismo, ministradas três ou quatro vezes por semana. Chegou hoje, para a direção da Escola, a Irmã Clemência. É a quinta Irmã.

19 DE MARÇO DE 1903

Hoje, festa de São José, festejamos, também externamente, o jubileu do Santo Padre (Leão XIII). Compareceu muito povo. Houve uma intriga por causa de um rapaz brasileiro que, durante o Tantum Ergo, perto da porta da Igreja, encostado numa árvore, estorvava od circunstantes com seu falar, etc. Quando um italiano o repreendeu e lhe queria tirar o chapéu da cabeça, os policiais presentes prenderam não o perturbador e sim, o italiano. Porém foi logo posto em liberdade pelo Dr. Juiz de Direito

3 DE ABRIL DE 1903

Achava-se no Hospital desde o dia 18 de setembro, uma senhora abandonada, viúva Krieger, de 70 anos de idade. Sendo protestante, há tempo manifestara o desejo de ficar católica. Embora diversas vezes lhe fosse dito que podia ficar aqui até o fim da vida, mesmo sendo protestante, não deixava de pedir para ser católica. Hoje, finalmente, ingressou no seio da verdadeira Igreja de Cristo.

15 DE MAIO DE 1903

Neste mês, como em todos os anos, houve a cada noite, “Devoção de Maio”. Foram colocados, aos pés da Virgem, mais esmolas que de costume. Trabalhou-se intensivamente, e grátis, para o embelezamento da praça da Igreja. Principalmente fez-se um dique, para depois construir um caminho que unisse, em linha reta, a saída da Igreja com o cemitério a ser construído, e também com as pastagens. Deste modo a capela ficou mais acessível e diminuiu muito a umidade. Igualmente criou-se um curto, mas bem cômodo caminho, para as procissões. Merece ser salientado o zelo de muitos colonos alemães, principalmente da Rua São Pedro, que se ofereciam como voluntários para transportar o barro. Só neste mencionado caminho há .... (?) carradas de barro.

Mostra-se favorável e até entusiástica a disposição do povo em geral a respeito de nossa instituição diversamente das dúvidas iniciais quanto à manutenção e justificadas desde que consideradas com olhos puramente humanos. Azambuja torna-se mais e mais conhecida longe daqui, a cada dia acorrendo novos peregrinos para venerar a Santíssima Virgem.

21 DE MAIO DE 1903

Ascensão de Nosso Senhor. Na Igreja Matriz de Brusque 105 crianças fizeram solenemente a sua Primeira Santa Comunhão, das quais 30 foram preparadas em Azambuja, recebendo a doutrina três vezes por semana.

Também as crianças mais pobres ganharam um vestuário digno para este dia, alguns doados e outros, emprestados. Em virtude dos muitos trabalhos em preparação da festa de nossa Padroeira as crianças foram despedidas no mesmo dia.

26 DE MAIO DE 1903

A Festa de Azambuja foi favorecida por um tempo esplêndido e, por isso, foi muito frequentada. Já quatro dias antes iam chegando os peregrinos. Dois dias antes todos os lugares da hospedagem estavam tomados, inclusive os dormitórios das crianças. Tinha-se desocupado a Escola para abrigar os poloneses de Pinheiral. Geralmente não se exigia pagamento para a hospedagem e a refeição, pedindo-se somente uma esmola para o Estabelecimento. Infelizmente muitos forasteiros não obtiveram abrigo naquela noite fria antes da Festa, sendo obrigados a passar a noite nos caminhos, na Praça da Igreja e nos paióis, reunindo-se ao redor de uma fogueira, passando a noite a cantar e a contar.

Desordens e desavenças, porém, não houve. Infelizmente poucos peregrinos recebiam os Santos Sacramentos, embora se fizesse tudo para que isto acontecesse no domingo e na segunda~feira, das 14,00 às 20,00 horas, houve reza, doutrina, canto e prática, alternando-se tudo nas diversas 1inguas. Os luso-brasileiros vindos de fora comungaram mais ou menos uns 20-30. Já os poloneses, todos queriam se confessar. Na Festa propriamente dita, antes da Missa cantada das 10,00 horas, saiu, como de costume, a procissão. Neste ano foi pelo caminho novo, de modo que o povo podia facilmente nela entrar, vindo de Brusque. Muitos voltaram para casa, depois da Missa, enquanto outros já tinham saído durante o sermão. Entrou, de esmola, 1 conto e 500 mil réis.

Com esta soma podiam-se pagar todas as dívidas menores, restando ainda 1 conto de réis para Jacob Knihs, 400.000 réis de empréstimo, 600.000 réis nos Bauer e Kraemer.

JUNHO DE 1903

Mês do Sagrado Coração de Jesus. Assim como a excelsa Mãe de Deus cuidou visivelmente de Azambuja durante o mês de maio, assim em junho o Sagrado Coração de Jesus, que prometeu derramar suas bençãos sobre aqueles que o Veneram, há de fazer progredir e abençoar Azambuja onde, até agora, na primeira sexta-feira de cada mês, foi celebrada uma Missa cantada em honra do Sagrado Coração de Jesus.

Nos primeiros dias deste mês chegou a boa notícia de que seria cedida uma Irmã Professora para a Fundação de uma Escola Paroquial para meninos, em Brusque. Outra carta anunciou a chegada de vários objetos valiosos como imagens, paramentos, etc., tudo presente para Azambuja. No dia 9 fomos surpreendidos com a comunicação de que a professora pública_ daqui, Dona Luiza Müller, queria aposentar-se brevemente, por motivo de saúde. Com isso tornou-se ainda mais necessária a abertura da Escola Paroquial mas igualmente mais dificultosa. Finalmente, no dia 17, chegou a Florianópolis, proveniente da Alemanha, a Irmã Oda, com mais outras Irmãs. Devíamos pagar, na alfandega, 1.800 réis pelos 17 caixões que trouxeram.

SETEMBRO DE 1903

A Escola Paroquial

Funciona, aqui, na Praça, há muitos anos, uma boa Escola Paroquial para meninos, possuindo diversos professores, geralmente muito competentes. Assim, por exemplo, de 1900 a 1902 nela lecionou o Sr. José Hoenig, atualmente trabalhando como segundo redator do “Deutsches Volksblatt”, de Porto Alegre. Atualmente a Escola é dirigida pelo Sr. Paulo Müser.

A Escola era frequentada por 50-60 meninos, enquanto que as meninas iam à Escola do Governo, cuja professora, Dona Luiza Müller, mandava as alunas, sempre que se o solicitasse, à doutrina. No entanto, ouvia-se de quando em vez que nesta Escola somente as crianças mais inteligentes aprendiam bem enquanto que as crianças pobres e, principalmente, as alemães, eram menos consideradas. Seja como for, na doutrina, os meninos superavam muito as meninas, quer em saber quer em capacidade de pensar. Sendo ainda desejo do sr. Bispo Diocesano que em toda parto se abrissem Escolas Paroquiais, foi aberta uma para meninas em 10 de julho de 1903, sob a direção de Irmã Oda. Serve de moradia para as Irmãs e para sala de aula a casa do Sr. Peiter, alugada por 30 mil réis mensais. Funcionando juntamente com a Escola do Governo, muitas crianças, especialmente as da Praça, cujos pais estão metidos na política, não compareceram. Durante o mês de julho 18 meninas frequentaram a nova Escola Paroquia1, pouco a pouco aumentando o número. Quando o Professor Müser voltou para a Alemanha, em meados de setembro de 1903, não se achando outro professor, reuniram-se as duas Escolas Paroquiais numa só Escola Paroquial Mista, sob a direção da Irmã.

Quod Deus bene vertat!

20 DE SETEMBRO DE 1903

No decorrer das últimas semanas, reinando entre a população a gripe, o Hospital ficou a tal ponto lotado que foi necessário ocupar a antiga escola para internar as senhoras. Embora vivendo tempos difíceis, não nos têm faltado víveres, graças à liberalidade dos colonos. Tanto trazem que quase não precisamos pedir auxílio para Azambuja. O que nos falta é o dinheiro para construirmos uma parte nova, anexa às demais. Precisamos de uma nova cozinha, com dispensa, e uma sala maior para os doentes. Oxalá se realize o que a Igreja reza no dia de hoje, na liturgia de Nossa Senhora das Dores: "Lembrai-vos, ó Virgem Mãe de Deus, agora que estais na presença do Senhor, de interceder por nós”.

3 DE NOVEMBRO DE 1903

Visitou-nos Vidal Ramos, o atual Governador, acompanhado por mais algumas pessoas. Visitou as duas capelas, os diversos edificios, a Escola e todas as enfermeiras. Achavam-se, na Instituição, 25 doentes e 12 crianças. O Senhor Governador mostrou-se satisfeito proferiu palavras de reconhecimento e deu uma esmola como adjutório. A pergunta “por que o Governo, que paga anualmente 6 contos de réis para os hospitais de Itajaí, Blumenau, Laguna e Joinvi11e, não nos cedeu igual auxílio, embora lhe fosse dirigido um requerimento a tal propósito", não recebeu palavra nenhuma de sua parte. A Câmara Municipal porém, resolveu pagar, brevemente, para o Hospital de Azambuja, uma subvenção anual de 600. mil réis.

NATAL DE 1903

Hoje foi colocado, pela primeira vez, em nossa Igreja, o novo Presépio, doação do Pe. Augusto Farwick, residente em Sassenburg, na Westfália. Em Casa fez-se uma festinha para os doentes, de maneira que todos tiveram um “feliz natal”. No 2°. dia de NataL pela primeira vez, tivemos, com participação intensa, a “Adoração Ferpétua", das 5,00 horas da manhã às 19,00 horas. Não faltaram adoradores durante todo o dia, embora tivéssemos organizado poucas horas para grupos determinados. Nossa intenção é introduzir a “Adoração de 13 horas" três vezes por ano: 2°. dia de Natal, Páscoa e Pentecostes, deste modo alcançando a “Adoração de 40 horas".

Nos últimos meses o Hospital estava lotado por uns 25-28 doentes, pessoas idosas e, principalmente, alienados mentais. Embora às vezes fossem poucos os alimentos, entraram ofertas generosas. Realizaram-se algumas modificações nos edifícios. Assim, por exemplo, instalou-se na casa dos Colzani uma sala de aula mais espaçosa e arejada. No lugar da fonte construiu-se uma lavanderia e pretende se construir instalações para banho. Espera-nos um trabalho maior e mais dispendioso: o conserto total do telhado da Igreja.

24 DE JANEIRO DE 1904'

Hoje encontravam-se, no Hospital, 34 pessoas. É de se admirar que haja alimentação suficiente para tantos. Menos compreensível ainda é tantas pessoas acharem lugar nos poucos paióis. Ao todo, o Estabelecimento conta com 50 pessoas.

FEVEREIRO DE 1904

Começou-se o conserto do telhado da Capela maior. Muitas foram as dádivas para este fim. Muita gente trabalhou de graça. A construção, porém, obrigou a despesas extraordinárias. Pela Páscoa o construtor A. Bruns terminou a renovação do telhado. Dos trabalhos de pedreiro e pintor encarregou-se o Sr. G. Facchini: da Páscoa até Pentecostes embelezou e pintou, interna e externamente, toda a Igreja. O Sr. W. Kormann ornamentou a fachada com duas flores artísticas.

26 DE MAIO DE 1904

A Festa da Padroeira celebrou-se na recém reformada Cape1a. A solenidade foi favorecida pelo bom tempo. Como nunca o número de peregrinos, acorridos do Norte e Sul do Estado. Muitos que costumavam viajar para Iguape agora vêm para Azambuja. Infelizmente os peregrinos não sabem que numa romaria agradável a Deus não deveria faltar a recepção dos Santos Sacramentos. Esforços extraordinários e convites dirigidos ao povo resultaram em que ao menos uns cem forasteiros se achegassem à Confissão. Felizmente, neste aperto de gente, não houve desordens nem estorvos. De esmolas entraram dois contos, com o que se liquidou parte das dívidas existentes, restando a pagar uns dois contos.

18 DE JULHO DE 1904

Devido à falta de lugar, começou-se com a ampliação das instalações. A casa principal será aumentada de 14 metros de comprimento, tendo o Hospital assim, 35 metros. Será que desta maneira obteremos uma enfermaria para os homens e mais dois quartos?!

15 DE AGOSTO DE 1904'

Para a festa de Nossa Senhora da Glória estava quase terminada a parte de alvenaria. Os numerosos peregrinos alegraram-se com os progressos de Azambuja. Muito povo, apesar do mau tempo. Entraram, de esmolas, 663 mil réis, com as quais se pagaram as contas correntes, ficando a pagar parte das antigas dívidas.

24 DE OUTUBRO DE 1904

Sendo impossível pastorear suficientemente tão vasta Paróquia, esta foi entregue aos cuidados dos “Padres do Sagrado Coração de Jesus". Pe. Eising retirou-se para Blumenau e Rodeio, por enquanto para descansar. Eu fico ainda em Brusque para auxiliar. Neste meio tempo os trabalhos de Azambuja progridem visivelmente, embora ninguém saiba o que acontecerá para o futuro. Queira São Jose velar para que as condições com relação a Azambuja se regulem de modo satisfatório para o desenvolvimento do Estabelecimento e que sirvam para maior glória de Maria, sua Esposa.

10 DE DEZEMBRO DE 1904

Finalmente, com o consentimento do Revmo Sr. Bispo de Curitiba, D. Duarte Leopoldo e Silva e para alegria dos habitantes de Azambuja, pude fixar residência em Azambuja, com a condição, porém, de que ao Sr. Bispo ficaria reservada qualquer determinação definitiva. Quod Deus bene vertat!

Uma prestação de contas revelou que Azambuja, em 10 meses, tivera 5 contos de entrada e 7 de despesa. O déficit foi pago pelos Padres da Paróquia. Uma resolução: Azambuja terá administração própria. O Vigário de Brusque não terá mais obrigação para com Azambuja quanto à sua manutenção. O Administrador de Azambuja, porém, não terá obrigações ou direitos de Vigário, a não ser no que diz respeito ao Santuário ou Hospital.

25 DE DEZEMBRO DE 1904

Mais uma Vez o Natal foi dia de intensa alegria para todo o Estabelecimento. Às 3 e meia da madrugada houve "Glória" e depois Missa cantada, devoção com bênção. Intensa participação do povo. Pela tarde, atrás da árvore de Natal uma surpresa. Alegria nunca antes experimentada pelos doentes idosos. Para a "Adoração de 14 horas" no 2°. dia de Natal o povo acorreu em número inusitado. Chamou a atenção a boa frequência por parte dos brasileiros. Muitos deles tinham recebido os Santos Sacramentos. Azambuja parece ser de grande proveito para a cura de almas no meio dos brasileiros.

Casa de Brusque