Entrevista Vandanam Raju Koppula - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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VANDANAM RAJU KOPPULA, popular Padre Raju:

Apresente-se: fale de sua origem, familiares, local e data de nascimento

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Eu sou Vandanam Raju Koppula, venho da Andhra Pradesh, Índia. Nasci aos 01.07.74. Índia é um pais grande com 28 estados. Na Índia a maioria da população é hinduísta. Mas tem a presença de outras religiões. É um país rico em espiritualidade e cultura. Meus pais: Sanjeeva Rao e Martathamma; minha ordenação ocorreu em Jalapavari Gudem, Índia, em 08.12.2005. Atualmente, Administrador Paroquial de São Judas Tadeu, Águas Claras.

Como surgiu a religiosidade em sua vida? Havia algum antecedente na família?

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Desde pequeno tinha vontade de entrar no Seminário para ser Padre. Frequentei até a quinta série na minha vila, e para continuidade ao meu estudo eu deveria ir para a cidade mais próxima para estuda na escola do governo – escola pública. Contudo, pedi a meus pais para estudar numa escola católica, porque o seu ensino era melhor. Alem da distância de 120 km, a mensalidade era alta e se tornava difícil o pagamento. Meu pai me deixou livre para tomar a decisão, mas a minha mãe não concordava devido à distância. Eu morava em um pensionato próximo a escola e só voltava para casa nas férias. Gostava da escola e de servir como coroinha na Missa cotidiana. Na oitava série, a professora perguntou para a sala: “o que vocês gostariam de ser no futuro?” Alguns dos meus companheiros disseram que gostariam de serem engenheiros, médicos, professores, jogadores etc, porém, eu respondi que desejaria ser Padre e todo mundo riu, porque no meu país, isto é algo estranho, devido ao fato de que a maioria dos Padres vinham de outros países. Não tenho nenhum parente que é Padre. Eu conversei com diretor da escola e, depois, com os meus pais, depois disto o diretor começou a me tratar de maneira diferente e meu ajudou e propôs diversos Seminários. Em relação a meus pais, o meu pais me deixou livre para escolher aquilo que fosse melhor para mim, mas a mão não concordou porque os missionários vão para longe e Lea queria que eu cuidasse deles quando fossem idosos, por isso terminei o ensino fundamental e continuei os meus estudos normalmente, até o segundo ano da universidade, onde cursava história.

E a concretização da vontade de servir Cristo?

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Durante o curso eu mantinha contato com meu diretor de escola, e com isso o desejo que eu tinha amadureceu, fazendo com que eu abandonasse o curso que estava fazendo, pela metade, entrando no Seminário. Foi muito difícil conversar com meus companheiros da universidade sobre este meu desejo, demorei a convencê-los. Antes de entrar no Seminário, ajudei muito a minha avó, a qual me falava do sacerdócio, me ensinando e acompanhando para escolha de uma congregação missionária, porque na minha paróquia trabalhavam missionários do PIME.

O que poderia ser dito sobre o mistério de Deus, que envolve a vida dos homens?

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Não é fácil encontrar as palavras para exprimir o mistério de Deus, que envolve a vida dos homens. Hoje com alegria quero exprimir como tal mistério está envolvendo sempre mais a minha existência. Depois da ordenação diaconal em Milão, Itália, na Festa Litúrgica de ‘corpo e sangue de Cristo’, no ano de 2005, senti que era iminente a ordenação sacerdotal missionária. Ela representa, de modo quase exemplar, como o Senhor chama cada homem para segui-lo. Ele transforma os nossos sonhos no sonho dele. O seu sonho é capaz de construir comunhão, capaz de formar amizade, capaz de amor, aquele amor que há no gesto Pascal de Jesus, a essência dele, o seu verdadeiro e autêntico sentido, Aquela comunhão de amor que é a mesma natureza de Deus trindade. No qual, ainda, nós somos convidados a participar na missão de Cristo.

Onde ocorreu a ordenação?

Estudei seis anos na Índia e cinco, na Itália, depois fiz um ano de experiência caritativa com deficientes mentais – crianças e jovens, isto antes de minha ordenação diaconal- que ocorreu em Jalapavari Gudem, Índia, em 08.12.2005. Aquele ano - experiência caritativa –me ajudou espiritual e humanamente.

Por que esta opção pelas missões , se na Índia a maior parte da população não é cristã?

Queria ser um pequeno sinal da minha Igreja de origem no mundo, porque dela recebi a fé transmitida pelos missionários. “Vinde e segue-me”, somente quem é seguro de poder produzir a felicidade pode falar assim. Doze anos atrás, foi quando decidi entrar no Seminário. Naquele momento, firmei a vontade e procurei livrar-me dos sonhos de meus pais para servir com todo coração ao Senhor. Mas como me livrar disso? Há três anos, quando pronunciava a promessa definitiva, senti a chamada de candidato, senti queimar como o fogo, eu fiquei comovido até as lágrimas , mas naquele mesmo momento senti a alegria por Deus ter me chamado e dei graças por ter escolhido um pecador como eu “Contemplai-o e estarei radiante” (Sal 34,6), escolhi esta frase para o “santinho “ – lembrancinha – da minha ordenação diaconal, porque penso que fecha o sonho que Deus tem para mim, mas, seguramente, um sonho de alegria o Senhor reserva ainda por vós, talvez, com modalidade diferente para cada pessoa.

Como veio para Brusque? Foi bem acolhido? Paróquias em que atuou?

Para estas três perguntas minha única resposta é Brusque e São Judas Tadeu. Porque cheguei em Brusque, em 24 de junho de 2005, logo depois da minha ordenação diaconal, ficando aqui por um período de seis meses. Em dezembro do mesmo ano foi minha ordenação sacerdotal. Retornei de novo para Brusque como Padre. Em 2006, fui Vigário Paroquial, desta Paróquia, depois pela quarta vez fui nomeado como administrador paroquial de São Judas Tadeu. Encontrei no povo brusquense uma boa acolhida e muito respeito pelos sacerdotes. Esta amizade e a religiosidade que me estão ajudando a ser um Padre feliz.

Uma homília bem feita acrescenta a participação dos fiéis? Costuma escrevê-las ou fazê-las de improviso, pelo conhecimento e pela experiência?

Uma homília bem feita acrescenta sempre interiorizar e intensificar o que se passou no Evangelho. Frise-se que, o bom fiel, participa das celebrações para ouvir a palavra do Senhor, aquele que deseja ouvir uma boa homília, não é um verdadeiro cristão. As homílias são sempre escritas, até porque um Padre precisa estudar para pregar a palavra de Deus estar preparado para as celebrações. O momento da homília é o momento em que o Padre fala em nome de Deus.

Uma parábola que gosta de lembrar?

A parábola que eu gosto de lembrar é do jovem rico –Lc 18, 18-22.

Qual a essência inserida?

Nesta parábola, o protagonista é alguém que se dizia também jovem como vocês, que observou sempre os mandamentos. Têm grandes ideais, tem grande desejo de fazer sempre o melhor. No fundo, ele se assemelha muitas vezes com cada um de nós. “Entendera que era rico”. Por que o jovem queria se encontrar com o Mestre? Queria saber o segredo de como ter a vida eterna, mas é também o segredo da verdadeira felicidade já nessa terra. Não se contentava com a vida que estava levando, deixando-se levar por mil coisas que o rodeavam. Entendeu que a vida merece ser saboreada e utilizada com coisas grandes.

O que diria sobre Gandhi?

Gandhi é um grande sano do Hinduísmo. Soube viver, todo o ensinamento de Cristo, sem ser cristão - lutar para independência da índia com não violência.

Como ficam as crianças, com a saída da mulher para o mercado de trabalho?

A figura materna é muito importante no seio familiar, ou seja, é insubstituível, principalmente quando há menores, no entanto, no mundo de hoje o papel da mulher no mercado de trabalho é fundamental no sustento familiar.

Por que tantos jovens estão depressivos?

Na maioria das vezes, faltam metas na vida dos jovens, são apegados aos bens materiais, não conseguindo se desligar dos mesmos para viver uma vida com projetos voltados para outras atividades, inclusive a espiritual, que é a principal delas. Desejam fazer mil coisas, esquecendo da meta principal. Como na parábola do jovem rico, cheio de idéias boas, procura encontrar Deus, também nossos jovens precisam desta procura, que lhes dará sentido à vida.

Costuma ler jornais?

Sim, o jornal é forte meio de comunicação para nos colocar em dia com as notícias locais, ou seja, as alegrias e as tristezas de quem convivemos. Para mim, é como uma “Bíblia cotidiana”, onde se aprende a vivência do povo.

Referências

  • Matéria publicada em A VOZ DE BRUSQUE, em 10 de outubro de 2008.