Entrevista Valdírio Vanolli - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Valdírio Vanolli.

O entrevistado da semana é o Presidente do SINDMESTRE, o flamenguista Valdírio Vanolli, nascido em Brusque aos 16/07/1952, filho de Manoel e Emma Vanolli; casado com Simone Suzete Vanolli, com a qual têm três filhas: Scheila, Danúbia e Daniela. Têm três netos: Eduardo Vanolli Menezes (Sheila), Rafael Vanolli Menezes (Scheila) e Emanoela Vanolli Cresppe. Torce pelo Carlos Renaux, com a fusão tornou-se torcedor do Brusque F. C. e torce também para o Flamengo e Santos.

Quais são as lembranças que você tem da sua infância?

Muitas são as lembranças - registre-se que as brincadeiras eram diferentes das de hoje - : naquela época eu jogava futebol, quilica (bolinha de gude), caçava com gaiola e de funda e, não esquecendo as brincadeiras salutares na escola.

Você tem amigos da infância ainda?

Sim tenho bastante amigos, alguns da escola, outros vizinhos e outros ainda da catequese.

O que sente falta da infância?

Das amizades, das brincadeiras, do trabalho na roça. Falando em roça, quando nossos pais iam para roça tínhamos que acompanhá-los e bem me lembro quando chegávamos lá recebíamos a tarefa.

Quando você era criança queria ser adulto?

Acho que toda criança quer ser adulta, pelo menos comigo foi assim. Lembro que naquele tempo ainda se respeitavam os mais velhos. Quando tinha reunião de adultos, criança não participava e tinha que obedecer

Sonho de criança?

Na verdade toda criança sonha com alguns exemplos e como meu pai era meu ponto de referência, sempre quis seguir seus passos

Como foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir? Quais eventos mundiais tiveram o maior impacto em sua vida durante a sua infância e juventude?

Minha juventude, considerando a época, posso dizer que foi boa. Iniciei a trabalhar com 12 anos na Estofaria Glória (de propriedade do Sr Fernando Ramos) - uma loja de móveis e calçados, mas a empresa se chamava sapataria Gloria. era localizada na 1º de maio. Iniciei na parte de fabricação de móveis e estofados. Aos 14 anos fui para a Cia Schlosser. Deve-se ser ressaltado, que naquela época, não tínhamos muitas opções de diversão. Aos 16 anos, ai sim, comecei a me divertir e uma das diversões eram as tardes dançantes no Salão Schulemburg, situado à Rua Nova Trento. Outrossim, ás vezes, por falta de opções ficava na Praça Azambuja. Os eventos que marcaram minha juventude foram a Copa do Mundo de futebol de 1970 e a Revolução de 64. Na fase da juventude, propriamente dita, o que me deixou muito feliz foi quando fui fazer o alistamento militar e fui designado para servir no Quartel em Brasília/DF. Fui para o Regimento de Cavalaria de Guarda -RCG. Assim sai de Brusque, coisa que jamais tinha acontecido, nem para passear em outra cidade. A despedida foi bem dura... difícil. Os primeiros meses de adaptação também, todavia, com a convivência e o aprendizado faria tudo novamente. Quando retornei do Quartel ao trabalho na Schlosser, vim renovado e com força total. Trabalhava como tecelão e comecei a participar de cursos na empresa.

Pessoas que influenciaram?

Claro que meu pai foi um dos que me influenciaram a ser uma pessoa honesta, dedicada. Outra pessoa que teve influência em mim foi Tito Schlindwein (residia na rua São Pedro), quando comecei a trabalhar na Schlosser, ele me incentivou a estudar e a me mostrar um mundo diferente. Vale ressaltar que ele foi muito útil e decisivo na minha conduta, já que eu era tímido.

Como era a escola quando você era criança? Qual era a pior matéria?

A escola ficava bem ao lado da nossa casa, era uma escola com duas salas de aulas, sem nenhum conforto, não haviam nem banheiros, mas na época já se ganhava merenda constituída por um copo de leite com tody. Bem me lembro disso, porque minha mãe trabalhava como voluntária e fazia o leite com tody para distribuir para as criançada. Minha pior matéria era matemática.

Formação escolar?

Cursei o Primário nas Escola Padre Lux, o Ginásio e o segundo grau no Honório Miranda. E ainda Fiz vários cursos profissionalizantes na Schlosser e no SENAI.

Primeira professora

Claro que lembro da saudosa Dona Isolde Pruner. Uma profissional qualificada que até hoje faz parte da minha educação.

Grandes professores?

Lembro com carinho do Professor Orlando, Dona Diva, Mario Mayer, Dona Marlene e outros tantos

Como surgiu o sindicalismo em sua trajetória?

Iniciei no movimento sindical em 1981, fazendo parte do sindicato dos trabalhadores têxteis, fui convidado pelo então candidato a presidente Antônio Olavo Shaide, oportunidade em que me elegi como delegado representante junto à Federação. Em 1985 fui promovido na empresa e, consequentemente de Sindicato, quando fui convidado pelo Presidente do Sindmesstre, o saudoso Clébio Morsch Gonçalves, para ser o vice na chapa encabeçada por ele, tendo aceitado. Em 2004 assumi a Secretaria por dois mandatos e em 2005 assumi a Presidência e agora estou no segundo mandato. Hoje faço parte da diretoria da FETIESC – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina, como Conselheiro Fiscal, já por três 3 mandatos.

Quantos associados tem o Sindmestre?

Hoje o Sindmestre com com um quadro de associados em torno de 1800 sócios, sendo que na ativa temos 1100 sócios , e aposentados e viúvas em torno de 700 sócios.

Quais são os integrantes da Diretoria?

Diretoria composta de 34 diretores, sendo diretores liberados, Eu, Presidente, Osnildo Lira, tesoureiro e Jean Carlo Dalmolin, Vice-Presidente.

Na atual conjuntura econômica, qual o principal papel do sindicato?

É participar das lutas em prol das causas trabalhistas, combater o mau patrão, dar assistência aos associados e aos seus dependentes, lutar pelas 40 horas semanais, negociar salários com a classe patronal, preparar rol de negociação coletiva de trabalho junto com a categoria, buscar mais filiados para o Sindicato, dar assistência jurídica: trabalhista e previdenciária, e sempre buscar melhorar a assistência social que proporcionamos aos associados.

Presidindo um sindicato forte como é o Sindmestre, por que você não saiu como candidato à Câmara de Vereadores?

Estava me programando para sair candidato desde o ano passado. Sou filiado ao Partido Progressista. Na minha opinião o associado, o trabalhador/a e a população em geral precisa ter representantes comprometidos com as suas Scausas. Precisamos de vereadores para atender a população no dia a dia. A Casa do Povo precisa ser melhor aproveitada, todavia a pretensão não se concretizou face ao fato de que teria que me afastar do Sindicato em 06 de junho do corrente ano. Conversei com o Presidente do Partido e disse a ele que eu não tinha condições de me afastar para ser candidato sem receber meu salário. Levei ao conhecimento da Diretoria do Sindicado e decidimos em conjunto de não concorrer. Agora o Sindicato irá apoiar a candidata a vereadora, Neide Nalmolin, que já se comprometeu se eleita for a nos atender.

Quem já presidiu o Sindmestre?

Presidiram o Sindmestre: Hilário Bernardes de 1961/64, José Gonzaga de 64/66, Otávio da Silva Carneiro de 66/72, Júlio Vidal Pereira de 72/74, Mário Zimmermann de 74/86, Carlos Baungartner de 85/89, Clébio Morsch Gonçalves de 89/2004, Valdírio Vanolli de 2005 ate agora.

Quais as maiores alegrias e decepções?

Maiores alegrias foram os nascimentos dos filhos e netos e também as promoções recebidas durante minha trajetória profissional nos cargos que exerci e outras tantas . As maiores decepções, residem, muitas vezes, com alguns governantes ou mesmo de algumas entidades, pessoas que se aproveitam dos cargos que exercem.

Quais medos você tem ou teve? maior medo é o de envelhecer ou o de entristecer?

Tenho medo da velhice, mas não é de ficar velhinho e sim de doenças. Tenho acompanhado aqui mesmo no Sindicato muitos associados com dificuldades de fazer alguns tipos de tratamento. Entristecer acho que não - tenho certeza – contarei com minha família ao meu lado, com o amparo necessário, e até já costumo me divertir aos finais de semana saindo para dançar com minha esposa e não penso em largar nosso entretenimento.

Arrependimentos? Não costumo me arrepender de nada que deixei de fazer ou mesmo do que fiz.

Qual foi o maior desafio até agora?

O meu maior desafio ocorreu quando, na última semana de gravidez da esposa, ficamos sabendo que eram gêmeas. Nossa como foi difícil já que nos havíamos preparados para receber um bebê e quando fomos informados pelo médico que se tratava de gêmeas, confesso, que fiquei feliz e ao mesmo tempo ciente de que seria um desafio. Graças à Deus eu sempre trabalhei, busquei outras alternativas e consegui enfrentar mais esse desafio, claro que tiveram outros,. Quando assumi a supervisão da manutenção da tecelagem e preparação da Cia Ind. Schlosser e quando ex Presidente do Sindmestre, o eterno companheiro Clébio Morsch Gonzales chegou para mim e disse que eu teria que concorrer em 2005 como candidato à Presidente para mim foi uma honra, mas também um desafio.

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez?

Do que eu fiz não me arrependo de nada. Talvez de alguma coisa que eu disse, é que às vezes a gente não mede as palavras e ofende as pessoas, portanto eu sei que disse e quero pedir desculpas a quem ofendi.

Algo que você apostou e não deu certo?

Acho que sou cauteloso, procuro fazer as coisas com os pés no chão.

O que faria se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Como comecei a trabalhar com 12 anos numa estofaria e conhecendo aquela profissão, hoje, abriria um negócio próprio.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Em primeiro lugar, cautela, quando você trabalha com público você tem que ser humano, atencioso e pontual. Você tem que estar presente nas decisões.

O que você acha da programação da televisão de hoje?

É difícil responder, porque a Televisão ensina a vive o dia a dia, sabendo aproveitar alguns programas podemos nos beneficiar no futuro. Claro que existem muitos programas que não se aproveita nada.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 21 de agosto de 2012.