Entrevista Sílvio Bertolini - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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O entrevistado da semana é Servidor Publico Municipal Sílvio Bertolini, popular Vico, filho do saudoso Adolfo Bertolini e Lourdes Lopes Bertolini; nascido em Brusque no dia 09 de Janeiro de 1961; Divorciado desde 2001; filho: Alexandre Bertolini (popular Murruga). Servidor Publico Municipal, desde 01.07.1979, no cargo Técnico em Administração. Torce para: Santos(SP) - Vasco(RJ) – Paysandu (Brusque

Como surgiu o apelido Vico?

Tudo começou quando quando ainda criança, o “Nono” como todo bom italiano, me chamava de “Sivico”, para brincar com a Nona dizia pra me chamar de Sílvio, e a “Tatá”, minha irmã, como era muito pequena, um ano mais velha, distorcia a pronuncia do apelido e dizia “Vico”. Dali em diante meu pai, minha mãe e os demais, quando pediam pra “Tatá” me chamar, para facilitar, já diziam: Vai chamar o “Vico”. Portanto graças àquela brincadeirinha do Nono, acabei por me tornar definitivamente “Vico”.

Sonho de Criança?

Sonhava em ser grande e ter filhos, eu imaginava que a vida das grandes pessoas era mais fácil, via minha família, principalmente meus avós, o “Nono” e a “Nona” que trabalhavam na Roça de fumo durante o dia, a noite na estufa, mas mesmo assim dispunham de tempo pra reunir a família em volta da mesa, conversar, brincar, sempre com alegria e dispostos a começar tudo de novo no dia seguinte e, isso tudo com luz de querosene. Depois em idade escolar sonhava em ser paleontólogo, mas ficou somente no sonho.

Pessoas que influenciaram?

Sem dúvida nenhuma meus avós, tantos os maternos quanto os paternos, pessoas simples, humildes, mas que conduziam a família, que não era pequena, com carinho, dedicação, orientando e admoestando no momento certo, sem provocar rupturas, o respeito prevalecia, havia harmonia e camaradagem entre todos. Meus pais, principalmente minha mãe, que com a morte prematura de meu pai nos conduziu com firmeza, no entanto não deixando faltar o carinho e a compreensão. Tive também muitos professores aos quais dedico grande parte de meu aprendizado. Depois, já adulto, muitos me influenciaram, mas dois em especial, com os quais trabalhei, Dr. Orlando Graciosa Filho, promotor de justiça de nossa comarca, pelo senso de justiça e Dercy Sebastião Zimmermann, extremamente organizado, ambos com retidão de caráter e insanáveis perseguidores do bem comum.

Espelha-se em alguém?

Metaforicamente sim, pois se alguém é espelho pra outra pessoa é porque esse alguém reflete na outra que se ver. Porem as pessoas costumam a se espelharem no pai, na mãe, em um irmão ou irmã, enfim alguém próximo, pois são pessoas com quem convivemos e quem admiramos. Mas, isso não ser igual, até porque isso seria impossível. As pessoas que são espelhos para outras são por conta de suas referências, responsabilidade, inteligência, coragem, batalhadoras, etc. Todos nós sempre nos espelhamos em alguém, por isso é que existe a concorrência e a tendência a querer superar aquelas que são nosso espelho... é por ai... E meus avós foram meu espelho, por uma única e grande virtude, a simplicidade.

Histórico escolar?

Iniciei meus estudos na E.E.B. Gov. Ivo Silveira de Águas Claras, 1ª série, com a mudança de meus pais de Águas Claras para a Ponta Russa, onde cursei de 2ª a 4ª série na Escola Isolada Estadual Multisseriada Ponta Russa, com a morte de meu pai, mudamos para o Poço Fundo, onde fiz a 5ª e 6ª séries na E.E.B. João XXIII, depois disso, voltei a E.E.B. Gov. Ivo Silveira 7ª e 8ª séries, noturno, quando iniciei outra luta, o primeiro emprego, trabalhava no período da manhã das 5h00m às 13h30m, fazia curso de datilografia no CEIB das 15h00m às 17h00m. No Ensino Médio cursei o Cientifico no Colégio Cônsul Carlos Renaux e também Técnico em Contabilidade no Colégio Cenecista Honório Miranda. Depois fui cursar Ciências Contábeis na FURB, em Blumenau, durante um semestre e meio, quando tranquei matricula, em virtude do prefeito da época ter reduzido meu salário e ter me deslocado para o Tiro de Guerra. Mais tarde, cursei Direito na Unifebe e atualmente estou cursando Ciências Contábeis na Unifebe.

Você presidiu o Sinseb – Como foi o relacionamento com a Administração Municipal? Quem era o Prefeito e o Vice?

Sou um dos fundadores do Sindicato dos Servidores, aliás, era o Presidente da Associação dos Servidores quando da convocação da Assembleia para a criação do SINSEB, montamos uma comissão provisória a qual presidi até a liberação da Carta Sindical. Depois fui eleito por um mandato de 2 anos e reeleito para mais um mandato de 4 anos, permanecendo a frente do Sindicato por um período de 7 anos. Quanto ao relacionamento com a administração municipal nos anos de 1989 a 1992 (Ciro/Heraldo), foi muito difícil, sem muitos avanços, pois alem de demonstrar pouco interesse pelo servidor público, o prefeito se negava a receber a comissão de negociação e, para intimidar o movimento, os dirigentes sindicais foram perseguidos e colocados a disposição de outros órgãos, quanto a mim, fui parar no Tiro de Guerra, outros foram para a Câmara de Vereadores, para a Policia Militar, para o Corpo de Bombeiros, para a Delegacia de Policia e os professores foram alocados para as escolas mais distantes possíveis de suas residências. No período de 1993 a 1996 (Danilo/Serafim Venzon), já conseguimos alguns avanços, conseguimos a liberação de dois dirigentes para a entidade, não tivemos a pauta de reivindicações contemplada mas, tivemos a mudança do Regime Jurídico, a implantação no Estatuto dos Servidores, do Plano de Carreira da Educação e outros avanços em relação ao enquadramento dos servidores em suas respectiva funções. Deixei o Sindicato em abril de 1996.

Como foi a experiência como Secretário Municipal de Administração na gestão de Hylário/Bonatelli?

Após as eleições de 1996, que elegeu Hylário Zen e José Celso Bonatelli (PPB/PSDB), fui convidado a integrar a comissão de transição de governo, por ter estado a frente do Sindicato dos Servidores e por ser um dos Servidores mais antigos da Prefeitura (iniciei em 1979). Depois disso veio o convite para assumir a Secretaria de Administração, a principio minha resposta foi negativa, mas fui convencido pelo Dr. Celso a assumir tal cargo. Ao assumir iniciamos um trabalho de ordenamento e organização da máquina pública, não procurando eros cometidos por administrações anteriores mas, numa demonstração de enumerar os pontos de dificuldade a fim de encontrar a solução com o intuito de fazer com que a máquina pública pudesse atender da melhor maneira possível, pois essa era a vontade dos administradores (Hylário e Bonatelli). Passamos então a organizar o pessoal alocando cada um em sua respectiva função e regularizando aqueles que não estavam devidamente enquadrados, levantando e numerando todo patrimônio do município desde os imóveis (terrenos, praças, prédios, escolas, postos de saúde) bem como os móveis, destinando cada um em sua respectiva Secretaria ou Departamento, as compras passaram a ter um rigor maior na forma de sua aquisição, sempre através de processos licitatórios, evitando-se a compra direta, que era feita somente em casos emergenciais. Implantamos um setor de cursos, o qual por sua vez criou uma escola de informática para capacitação dos servidores. Tudo isso foi possível porque havia a vontade do “seu” Hylário e do Dr. Celso, na regularização, formavam um dupla perfeita na condução da coisa pública, com a doença, afastamento e morte do Dr. Celso as coisas mudaram uma pouco. Permaneci a frente da Secretaria de Administração durante o ano de 1997, recebendo e atendendo as pessoas, fornecedores, funcionários e principalmente ao SINSEB o qual teve participação efetiva na elaboração do Edital e em todo processo refente ao Concurso Público realizado naquele ano, alguns dos atuais dirigentes, integravam a comissão. Ao final de 1997 pedi exoneração do cargo e voltei ao meu cargo de origem, tendo em vista que na época também fazia parte da Liga Brusquense de futebol de Salão, da Associação de Moradores do Poço Fundo, da Associação Brusquense de Árbitros e outras.

Como surgiu Sílvio Bertolini político?

Vejamos, ainda menino com 12 anos havia em Brusque uma grande manifestação as pessoas aspiravam por coisas novas, num período de ditadura. E, foi então que fui numa destas manifestações, muito jovem, não entendia muito mas vi naquele dia um homem jovem que pregava mudanças, que incentivava quem ali estava a se organizar em grêmios escolares, em associações de igrejas, de clubes, gostei muito do que vi e ouvi do então candidato a Prefeito César Moritz. Daquele momento em diante passei a transmitir aos meus coleguinhas a mensagem que tinha ouvido, passando a organizar a classe de aula (escolher líder e vice líder), equipe de futebol, a fanfarra da escola, isso foi o começo. Depois ao ingressar no serviço público essa participação começou a ser mais efetiva, lembro até hoje quais foram os candidatos que votei pela primeira vez, Célio Fischer para vereador e Luiz Hamilton Martins para prefeito, em 1982. Como participava de muitos eventos patrocinados pela Prefeitura, pela Associação dos Servidores, fui convidado e me filiei ao MDB. Com a abertura política e a criação de outros partidos me desliguei do MDB e me filiei ao PSDB, a convite de Ivan Walendowsky, presidente da Agremiação na oportunidade. Mas somente o fiz por convicção após ter lido o Estatuto e o Programa do Partido, que apresentava dentro de seus quadro personalidades como, Teotônio Vilella, Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas, esse último, tenho grande admiração, por sua postura ética autor de uma frase que guardo até hoje “A verdade será sempre a minha arma politica. Asseguro sem vacilação, que é possível conciliar política e ética, política e honra, política e mudança”. Desde então passei a militar intensivamente na política, mas não nessa que se apresenta por aí, e sim na política de propostas.

Como surgiu Sílvio Bertolini candidato a Prefeito no pleito de 2012?

Sílvio Bertolini, não foi candidato, se tornou candidato. Quando da convenção municipal para escolha dos candidatos a prefeito, vice e vereadores, fui convidado como convencional com direito a voto para o evento e, como já estava alinhavado a formação das mesmas bases do Governo do Estado para Brusque com Ciro e Venzon, fomos para a Convenção apenas para validar o ato. E, foi naquele momento que o Deputado Serafim Venzon, abdicou de concorrer ao Pleito Municipal, permanecendo na Assembleia Legislativa exercendo a função para a qual foi eleito. Com essa decisão do Deputado, a assembleia indicou o Nome de Vinícius José Bado, o Badão e o meu para concorrer ao pleito, pois já havíamos homologado as candidaturas dos vereadores. Badão, usando a palavra abdicou e explicou os motivos de não concorrer ao cargo, mas que apoiaria meu nome para tal. Assim sendo, me tornei candidato a cargo maior do município. Como sou contra a coligações e também contra o instituto da reeleição, aceitei somente nessas condições.

Os votos conseguidos no pleito majoritário foram conforme a expectativa ou esperava mais?

Não. Nossa expectativa era de 3.000 a 5.000 votos, porque tínhamos como meta eleger um vereador, mas infelizmente não foi possível alcançar. Procuramos realizar um trabalho diferenciado, a começar pela equipe de trabalho, onde todos eram voluntários e dedicavam o tempo que dispunham para auxiliar na campanha que foi totalmente voltada na apresentação de nossas propostas de governo. Nos colocamos a disposição da população e do eleitorado brusquense como uma nova opção, com uma maneira de administrar, totalmente voltada a comunidade, com a participação efetiva das entidades e dos órgãos constituídos que a representam. Isso proporcionaria o enxugamento da máquina pública e ao mesmo tempo estaria valorizando aqueles que se sentem excluídos do processo político administrativo. Nossa equipe era montada, a começar pelo Coordenador Geral por professores, integrantes de associações de moradores, familiares dos candidatos, amigos, donas de casa, alunos e jovens. Nossa maneira de trabalhar e orientar foi sempre pela divulgação das propostas, uma campanha limpa, sem provocações, sem agressões, voltada única e exclusivamente ao bem comum, aquilo que estávamos propondo se tivéssemos obtido exito no pleito. Mesmo assim não sendo conforme a expectativa, acredito que deixamos nossa mensagem e, que outros que venham que façam diferente, que não se moldem ao sistema atual mas, que mudem o sistema a fim de proporcionar o bem estar social.

Qual a sua maior ambição?

Não tenho grandes ambições materiais. A minha maior ambição é ver o mundo vivendo em paz, a erradicação das guerras, das armas de fogo, da miséria (física e intelectual), das disputas territoriais, religiosas, comerciais. Do fim desse "ultrapasse os seus limites" (e quebre a sua cara). Será que é ambição demais ?

O que mais incomoda?

O que mais me incomoda é saber que existem pessoas que tem a cabeça vazia, boca suja, e sem respeito pelo próximo, nem pela crença dos outros, este me tira do sério e dá vontade de esquecer quem eu sou e voltar pra quem eu era e detonar na porrada estes imbecis preconceituosos, ordinários. Isso me incomoda, mas procuro apenas ter muita pena destes pobres coitados medíocres, fofoqueiros, que cambaleiam na vida e só querem o mal dos outros.

Do que sente orgulho?

Daquilo que tenho de mais precioso, meu filho Alexandre Bertolini, o “Murruga”, por estar compartilhando esse momento na sua vida. Do meu bebê grande, que juntos enfrentamos obstáculos, para ver o quanto a gente é confiante, batalhando pois na vida a gente não pode parar e o melhor de tudo buscando sempre a felicidade.

Em quem tem fé?

Tenho fé Naquele que me fortalece. Tenho Deus na minha afirmação de fé, e a Ele confio todos os meus atos. Não tenho medo do mal, da derrota, dos inimigos, das enfermidades que somente envolvem os espíritos fracos e descrentes, não tenho de obstáculos que possam surgir em meu caminho, porque acima deles está a misericórdia de Deus.


Referências

  • Entrevista publicada no EM FOCO em 12.07.13.