Entrevista Rosa Creppas - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Dra. Rosa com Priscila (filha).

ROSA CREPPAS: Filha de Guilherme e Valdemira Nischellatti Crepas; natural de Nova Trento, nascida aos 05.06.63; Oito irmãos: Maria (freira), Antônio, Florentina, Inácio, Rosa, Angelina, Ambrósio e Augusta; uma filha: Priscila, nascida aos 19.08.95.

Como foi sua formação escolar e como surgiu a medicina em sua vida?

Com Priscila, Wanda e Pedro J. Werner

Fiz o primário na EBI Estadual em Lageado Alto, em Nova Trento. A Professora Miriam Maria Moliton Costa incentivava para que eu continuasse a estudar, inclusive, certa vez, indagou sobre o que pretendia ser, quando respondi que queria ser médica. Naquela época, já acreditava que minha vida não seria no campo, onde minha família: pai, mãe, irmã mais velha, a Maria, que hoje é freira, faziam todo o trabalho na roça, casa, criações de aves e alguns gados. Meus pais apesar de serem exigentes, não se opunham que as filhas fosse trabalhar fora, como era costume na época. Certa feita, quando Maria tinha uns dezoito anos foi trabalhar em Canelinha e eu muito apegada a ela não me conformava... chorei muito. Mais tarde, a Florentina, também foi trabalhar numa determinada família. Mais tarde ainda, um casal, Irineu Raiser/Luiza Tomio Raiser, de Nova Trento, que residia em Blumenau, também me levou para cuidar de uma recém-nascida e de um casalzinho de filhos. A dona Luiza trabalhava na Hering, tinha que percorrer um longo trecho à pé, então saia pelas três da manhã e retornava pela quinze horas e para eu estudar à noite, além de longe, também teria de percorrer um longo trecho à pé. Bem me lembro , que um dia, vi um senhor magrinho subindo a ladeira e quando chegou próximo, vi que era meu pai, depois de algumas conversas chorei por não poder estudar, quando ele retrucou: “se queres estudar...vê um jeito!”. Decidi, isso era mais ou menos mês de outubro, fiquei até o final do ano e retornei à Nova Trento. Chegando em Nova Trento, como minha irmã Maria tinha ido para o noviciado em São Paulo, decidi ir para lá para poder estudar. Lá tive sorte, empreguei-me num lar, onde a mulher, também Luiza, era Professora e cursava a faculdade à noite, então cuidava da criança durante o dia e à noite aproveitava a carona e freqüentava a Escola –São Bernardo. Quando terminei o segundo grau, submeti-me ao vestibular de Medicina, tendo obtido sucesso, só que era longe: Mogi das Cruzes. Fiquei um ano me preparando e, fiz novamente o vestibular na Universidade Federal de Santa Catarina, sendo aprovada e obtendo o grau em 31.01.92.

Clinica geral ou especialista?

Dra Rosa com Luciane e o esposo.

Gosto da clínica geral. Atender tudo relacionado ao paciente, menos agir em procedimentos cirúrgicos.

Os avanços tecnológicos e a medicina?

Com Priscila e o Pai Guilherme.

Os avanços tecnológicos auxiliam, todavia, afasta o médico do paciente, cria barreiras, contribuindo para piorar a qualidade profissional, no diz respeito, a parte mais humana, o contato... aquele ombro amigo.

O efeito da globalização no dia a dia da medicina?

Discrimina muito... fez acontecer essa distinção: quem tem, tem... quem não tem, não tem... Tudo evoluiu, mas, o ser humano não. Acredita-se mais no resultado do que no ser humano.

Se não fosse médica?

Com certeza ocuparia alguma área ligada à saúde.

Fumar faz mal?

Todo vício é sinal de fraqueza.

Por que é difícil permanecer um profissional da saúde no Posto Steffen?

Os moradores da comunidade do Steffen são bons, quem põe tudo a perder são alguns funcionários, ressalte-se, que não são todos, alguns funcionários querem o bem da comunidade.

Como viu a vitória de uma mulher para administrar Nova Trento?

Nova Trento não tem mais solução... há muitos interesses próprios, não prevalece o bem da coletividade... atravancaram o desenvolvimento... veja o Godoy tinha uma grande oportunidade para adequar Nova Trento, em infra-estrutura e saneamento básico com o advento do fluxo provocado pelo interesse em Madre Paulina.

Madre Paulina?

É uma exploração desmedida, sem qualquer preocupação com a religiosidade, prevalecendo o lado da materialidade... da vantagem... registre-se, exploração encima de uma pessoa – a Santa – que viveu na pobreza... ah, se fossem menos avarentos.

Politicamente – nunca pensou em sair candidata?

Não, ao contrário fujo da política. A política, sabe-se é uma ciência, mas os políticos estragam tudo com suas atitudes. Atualmente, uma grande parte dos brasileiros estão enojados dos políticos.

A administração municipal?

Vai bem... Brusque tem tudo, evidentemente, que há ainda a fazer, mas não se pode fazer tudo de uma vez. Pelo menos o Ciro faz. Depois que Ciro entrou foi feito... e muito! Ciro é um homem corajoso... de peito! O Ciro deveria ser o Presidente do Brasil.

O Brasil tem acerto?

Se tivéssemos pessoas com outras idéias, não permanecendo sempre os mesmos viciados... eles só fazem jogo de interesse... o interesse próprio e não o bem do país, além de destruir o que temos... e o povo brasileiro se deixa levar muito facilmente. Falta muito respeito por parte dos políticos e o povo deveria cobrar mais... mais respeito, o que fala-se hoje, tem-se vergonha de ser brasileiro, por estarmos diante de uma turma de mercenários, na verdade transparece, um mercenário comandando uma turma de idiotas.

A mulher não está confundindo liberdade responsável com libertinagem?

Eu diria tanto o homem como a mulher... com a evolução dos costumes a mulher trabalha, batalha,... então na deveria ter mais este tipo de conduta, e sim uma atitude verdadeira. Um não vê o sofrimento que causa ao outro. Homem e mulher na hora de tomar uma atitude deveria pensar mais no outro, fazendo somente aquilo que gostaria que o outro fizesse, concluindo: estamos sem rumo, sem direção, os pais não têm mais poder sobre os filhos.

Lazer?

Gosto de mexer na terra e ler muito, leituras atinentes a história antiga, ao início

Referências

  • Matéria publicada em A VOZ DE BRUSQUE, na semana 18 a 30 de setembro de 2005.