Entrevista Reinaldo dos Santos Cordeiro - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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O entrevistado desta semana é o Assessor Legislativo (Câmara Municipal de Brusque) Reinaldo dos Santos Cordeiro, nascido aos 18 de julho de 1959, Município de Calçoene, Estado do Amapá, filho de Valdomira e José Cordeiro. Reinaldo dos Santos Cordeiro, renomado e culto artesão das letras, dotado de ímpar talento redacional, exemplo máximo do talento no manejo com a palavra, enfim um baluarte no ofício do bem escrever

Reinaldo dos Santos Cordeiro.
Divulgação.

Como foi sua infância?

Vida muito simples. Estudei em escolinha pública isolada naquele interior amapaense, pontilhando de pés descalçados pelas estradas de chão batido, num clima equatorial, em contato direto com a rica flora e fauna da Amazônia brasileira.

Sonho de criança?

Lá no meio da floresta, quase isolado do mundo, a ação dos religiosos era muito intensa, seja na assistência espiritual, como no apoio social as famílias amazônicas. Por isso meu primeiro desejo de criança era me tornar padre.

Como foi sua juventude?

No seminário, dedicada aos estudos e formação espiritual.

Pessoas que o influenciaram?

Não tenho uma pessoa específica, mas uma instituição: A Igreja Católica. Meus familiares sempre foram ligados ao catolicismo e receberam toda a influencia da moral social religiosa. Eu seu produto deste meio, fortalecido ainda por mais de 12 anos de vida em seminário.

Formação escolar?

Superior

O que fazia antes de ingressar no serviço público?

Fui aluno do PIME – Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras – por muitos anos. Quando interno, já maior de idade, tive uma experiência no serviço público, na Presidência da República, resultado de um concurso publico. Um ano depois me exonerei para continuar os estudos de Filosofia.

Que livros escreveu e quais demandaram mais trabalho de pesquisa?

Realizei 17 pesquisas. Dessas, 11 foram publicadas. Não são obras de envergadura cientifica. São produtos do gosto pela historiografia e do talento pela redação. A obra mais trabalhosa e talvez mais significativa, não foi publicada. É uma pesquisa sobre as empresas multinacionais que se instalaram na Amazônia após o Golpe Militar de 1964.

Alguma obra no prelo?

Tenho quatro trabalhos prontos para publicação e dois em andamento

Quem admira na mesma linha de escrever livros?

Professoras Maria Luiza Renaux e Giralda Seyferth. Essas brusquenses escreveram obras preciosas sobre a história da colonização no Vale do Itajaí.

Conte algo que você queria fazer e não deu certo?

Eu queria se padre, mas não deu certo! Casei e vivo bem, criando os filhos da minha aliança com a Lindaura.

Algo cômico que aconteceu na sua vida?

Certa vez, quando morava sozinho, despertei as 7:30 da manhã, com a desesperada sensação de ter perdido a prova de Lógica, com o Pe. Canisio. Troquei rapidamente a roupa e sai correndo em direção a FEBE. Quando cheguei no Jardim, em frete a Matriz, o sino tocou. Era domingo!

Algo que você apostou e não deu certo?

A vida clerical. Não deu certo, mas sou um homem feliz e realizado.

O que farias se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Abriria uma escola para ensinar as pessoas escrever bem e corretamente. O drama do profissional liberal brasileiro, inclusive de professores, é a redação. O sistema escolar brasileiro não tem compromisso com este importantíssimo detalha na formação do aluno.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Leitura! Quando lemos, ficamos mais culto e bem informado, aprimoramos a capacidade de interpretar e fazer apreciações clíticas. A desinformação e a ignorância nos tornam presas fáceis nas mãos de espertalhões e mal intencionados.

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?

Eu trabalho com agentes políticos há 28 anos. Minhas decepções foram frequentes, sempre que vejo alguém se distanciar dos interesses das bases mais populares da sociedade, para se abraçar com alguns poucos interessados nos lucros que o erário pode proporcionar. O nascimento dos meus filhos foram grandes alegrias.

O que você mudaria se pudesse na profissão que exerceu?

Eu me sinto um redator nato. Não mudaria nada, mas incentivaria a prática de redação nas escolas. Quando as pessoas se profissionalizam, sejam médicos, engenheiros, advogados, etc... descobrem que sabem pensar bem, mas não sabem escrever o que pensam.

Como veio para Brusque? Foi bem acolhido?

Estava estudando em Londrina, isto em 1978. O PIME não estava satisfeito com a formação de seus alunos. Fizeram uma pesquisa em nível nacional objetivando encontrar uma faculdade comprometida com a formação filosofia, descompromissada com linhas de pensamentos. Os superiores foram informados que em Brusque existia a FEBE, mantida pelo SCJ, com um Curso de Filosofia, cujos professores eram quase todos doutores formados em universidades europeias. Cheguei em Brusque em 1980

Que matéria faz com que você se sinta mais à vontade em escrever?

Tenho de berço um pouco de habilidade para a redação. Ao longo do tempo procurei profissionalizar este talento, com cursos de especialização. Além das minhas pesquisas no campo da historiografia, escrevo discursos e pronunciamentos, palestras e conferencias para executivos que precisam deste tipo de assessoramento, além de toda a redação oficial da Câmara.

O catarinense é por natureza empreendedor, o espírito de cada tempo afeta a propensão a empreender?

Claro! Os empreendedores pioneiros apostavam no risco. Iniciavam um negócio pequeno, frágil e vacilante, sem qualquer tipo de assessoramento. Era tudo na intuição, no olhômetro. Venciam no braço. Hoje, qualquer cidadão que resolva empreender, deve entrar no mercado competindo com quem já esta estabelecido. Por outro lado, em nossos tempos há a disponibilidade de todo um assessoramento contábil, financeiro, jurídico e mercadológico, com o nível de risco próximo de zero.

Você lecionou? Como foi a experiência?

Passei 18 anos em sala de aula. Boa!

Uma palhinha da vida profissional

Sou um profissional realizado porque faço no meu trabalho exatamente aquilo que gosto, escrever.

Costuma ler jornais?

Todo santo dia. É um bom vicio. Quem escreve precisa estar informado, atualizado, abastecido.

O que é uma sexta-feira perfeita?

Inventar uma programação familiar após o expediente.

O que faz hoje?

Ainda estou na ativa, desempenhando as funções de redator na Câmara.


foto 2 - Reinaldo dos Santos Cordeiro Reinaldo também prefaciou, recentemente, a obra "Coletânea 2009 - Confraria Amantes da Poesia", dos autores André Luis Brito Beck, Fabio Caetano Pereira, Luis Hoffmann, Maria Luiza Walendowsky e Valmir Coelho Ludvig.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 30 de novembro de 2010.