Entrevista Orlando Soares Filho - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Orlando e Ivone na Bienal de Arte Moderna no MAM em São Paulo.

ORLANDO SOARES FILHO: O entrevistado da semana é o Presidente do SINSEB, Orlando Soares Filho; natural de Brusque, nascido aos 19/09/1968; filiação: Orlando Soares (Santa Luzia) e de Maria da Graça Soares (Santa Terezinha/Brusque). Casado com Ivone Gonçalves.

Você nasceu em Brusque, em que localidade?

Orlando em casa num final semana normal esperando o Santos F.C. jogar.

Nasci e morei até os 12 anos na localidade de Santa Luzia; minha avó era uma Dalcastagnê (popular Casqueiro) e eles tinham um lote de terra naquela região. Sou parente dos Casqueiros com muito orgulho.

Como conheceu a Ivone?

Quando nos conhecemos ela era viúva. É ótima professora. Não tenho filhos, minha esposa tem um do primeiro casamento.

Que cargo coupa? É concursado desde quando?

Só tive dois registros de empregos: dos 15 aos 21 anos trabalhei nas Lojas Hermes Macedo e fiz o concurso para o cargo de Operador de ETA no SAMAE em 1989. Comecei no dia 16/10/1989 e estou lá até hoje.

Quais são suas primeiras memórias de infância?

Na minha infância não tínhamos televisão, geladeira, chuveiro, rádio e o fogão era de lenha. Como as famílias em geral eram grandes (lá em casa nós éramos em 5 – dois homens e três mulheres), éramos muito criativos nas brincadeiras. Jogávamos bola, pescávamos, tomávamos banho de cachoeira, e vivíamos nos pés de árvores, comendo as frutas de época. Acompanhava tudo de futebol com relação ao Paysandu e ao Vasco.

Sonho de criança?

Ser jogador de futebol, como o Roberto Dinamite.

Como foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir?

Com doze anos a família se mudou para o Bairro Limeira. Aos poucos nos enturmamos e fiz grandes amizades. Até os 20 anos meu maior divertimento era estar com meus amigos durante a semana e aos finais de semana ir para Itajaí na casa do meu tio. Lá, junto com meu primo e alguns amigos íamos para a praia durante o dia e a noite para as festas.

Pessoas que influenciaram ?

Os meus familiares, principalmente meus tios maternos. Fui criado num ambiente em que se valorizava o trabalho honesto. Até hoje lembro o orgulho que sentíamos pelos parentes que sobressaiam no trabalho. Ao mesmo tempo toda família era muito critica em relação as pessoas que exploravam seus semelhantes.

Como era a escola quando você era criança? Quais eram suas melhores e piores matérias? De que atividades escolares e esportes você participava?

Minha primeira escola foi a “Escola Reunidas Professor José Vieira Corte” lá na Santa Luzia. Eu era um bom aluno e sempre disputava as melhores notas da sala. Adorava história e matemática. Minhas piores matérias eram educação artística e educação física. Jogava muito futebol, mas nunca fui o melhor jogador do time.

Formação escolar?

1ª. A 4ª. Séries – Escola Reunidas Professor José Vieira Corte (Bairro Santa Luzia); 5ª. E 6ª. Series – Colégio Ivo Silveira (Bairro Águas Claras);7ª. E 8ª. Séries – Colégio Santa Terezinha (Bairro Santa Terezinha); 1º ano do ensino médio – Colégio Feliciano Pires; 2º e 3º anos do ensino médio – Colégio Honório Miranda; 1ª. Graduação – Filosofia na Unifebe (FEBE); Pós graduação em Políticas Públicas pela FURB; Atualmente estou terminando o curso de Direito pela Univali Itajaí.

Primeira professora?

Lembro da Dona Estelita.

Uma grande professor(a)? Por quê?

Dois grandes professores na minha opinião foram o Sr. Isaias Lira e o Padre Nestor. Eles gostavam de ser professores, a gente sentia.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e da sua história de vida

Eu comecei trabalhar com 15 anos na Hermes Macedo como Estafeta e sai com 21 anos. Quando pedi a conta respondia pelo setor de cobrança da loja. O SAMAE aconteceu na minha vida por acaso. Tínhamos feito greve na Hermes Macedo e eu estava desanimado com o serviço. Fui convidado por um colega de trabalho para fazermos o concurso do SAMAE. No dia da prova ele não apareceu e eu fui fazer porque perdi o ônibus para Limeira. Peguei férias, viajei com meu pai para o Mato Grosso e quando retornei recebi um telefonema dizendo que um dos dois aprovados no concurso não assumiu a vaga e eu era o próximo na lista. A minha história de vida está muito ligada a minha esposa. Estamos juntos a quatorze anos e somente após conhecê-la que passei a por em pratica os meus sentimentos a respeito da realidade social. Ela está comigo nos momentos ruins e bons. Temos planos de quando nos aposentarmos, morarmos na praia e aos finais de semana receber e visitar nossos amigos. Já a trajetória profissional está ligada ao SAMAE. Com a vinda para o sindicato perdi um pouco daquele contato diário. Eles são a minha segunda família. Quando terminar o mandato no sindicato vou voltar para o SAMAE e atuar na área do Direito.

Algo que você apostou e não deu certo?

Até 1993, o SAMAE era administrado pela Fundação Nacional de Saúde. O único cargo de confiança que exerci na Administração Pública foi nos últimos meses da Fundação. Depois que passamos para Prefeitura nunca aceitei Cargo de Confiança. Então, na época eu apostei na Fundação e com a saída dela não aceitei continuar no cargo.

O que faria se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Não teria parado de Estudar por 10 anos.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Eu tenho algumas pessoas que fizeram a minha cabeça: na religião Dom Helder; na política e filosofia Marx; na educação Paulo Freire; na música Raul Seixas; na literatura Dostoievski e Gabriel Garcia Marquez; nas artes Vicent Van Gogh. De todos eu aprendi a reconhecer as angustias das mazelas sociais e o desejo de uma sociedade mais justa e igualitária.

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?

Alegria pessoal – estar com meus quatro irmãos (três mulheres, todas professoras, e um irmão caminhoneiro); Tristeza pessoal – morte da minha Vó materna; Alegria profissional – Antes de entrar no sindicato eu era amigo de todos os funcionários do SAMAE, hoje minha alegria é buscar ser um amigo de todos os funcionários ativos e inativos da prefeitura. Tristeza profissional – O fim da Previbrusque.

Como surgiu a ideia de presidir o Sindicato dos servidores?

Eu fiz parte da diretoria nas das duas gestões anteriores. Tinha decidido, junto com o Toninho que nós iríamos dar um tempo no sindicato. Um dia eu estava trabalhando e vários professores subiram no parque da Caixa da Água para me conhecer e pedir para eu ser candidato. Chamei o Toninho, a Marli, os professores (entre eles a Tânia) e algumas pessoas que conhecíamos, fizemos duas reuniões e montamos a chapa.

Como está montada a Direitoria? INTEGRANTES

Ela é composta atualmente por 17 pessoas: Orlando (presiedente), Tânia (vice), Marli A. Nascimento (secretaria geral), Silvia Roso (1ª. Secretaria), Toninho (Secretario de Finanças), Sandro Bertolini (1º tesoureiro), Tânia Severino (Secretaria de Formação Sindical), Márcia M. Negruni (Secretaria Aposentados), André C. Nunes (Secretaria de Imprensa), Delegados da federação: Décio de Oliveira, Everaldo L. Valério, Marcio Vinotti, Reinaldo Mellão, Conselho fiscal: Antonio Martins de Macedo, Giovani de A. Marques, Modesto Vequi, Vera l. Huber

Grandes nomes no sindicalismo?

O maior de todos é o Lula. Da Força Sindical temos o Paulinho e o Osvaldo Mafra. A FETRAMESC está se reorganizando e estão surgindo grandes lideranças. Em Brusque, quando o Julio Gevaerd se candidatou pela primeira vez eu trabalhava no comércio e votei nele, não me arrependo. Hoje, em Brusque os sindicalistas que fazem minha cabeça são o José Isaias Vechi, O Anibal Boettger e a Rose do Sindicato dos Aposentados.

Quais foram as conquistas obtidas durante sua gestão?

Tivemos a aquisição da sede própria. A administração municipal nos propiciou debatermos o novo estatuto e o plano de cargos e salários e graças a isto, conseguimos a garantia da data-base com reajuste no mínimo da inflação. Adquirimos um consultório odontológico utilizando só materiais de primeira qualidade. Implantamos o jornal do SINSEB, fizemos extensão de base para Guabiruba e Botuverá e principalmente, dobramos o número de filiados.

No período em que preside o Sinseb, qual administração foi mais acessivel nas conversações em relação aos servidores?

Eu era diretor nas duas gestões anteriores e agora estou presidente. Portanto participei do sindicato na gestão Ciro Roza e Paulo Eccel. Posso afirmar que na gestão anterior não tinha conversa, foram oito anos sem diálogos. Naquele período a realidade do sindicato também era outra. Não tínhamos os instrumentos de lutas e a diretoria não estava tão unida como agora.

Tem acompanhado os sindicatos das cidades vizinhas? Como está o trabalho deles? As lutas são idênticas?

Nesses poucos mais de dois anos que estou a frente do sindicato, acabei sendo eleito como membro da Direção Nacional da Força Sindical e também por eleição diretor da FETRAMESC (Federação dos trabalhadores em Serviço Publico Municipais do Estado de Santa Catarina). Por isso tenho acompanhado de perto a situação nos outros municípios. Todos os sindicatos gostariam de implantar em seus municípios o nosso plano de carreira. O problema é que nós não temos plano de saúde, alimentação e sacolão e boa parte deles possuem. Em comum temos a luta pela ratificação pelo Congresso Nacional da Convenção 151 da OIT.

Algum parente foi sindicalista?

Não. Meus avós maternos e paternos eram analfabetos, meus pais estudaram até a quarta série primária. Hoje tenho um irmão caminhoneiro e três irmãs que trabalham na educação municipal.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 17 de maio de 2011.