Entrevista Nelson Frener - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Nelson Frener.

NELSON FRENER: Nosso entrevistado da semana é o Professor Nelson Frener, filho de Aleixo e Emília Frener; natural de Brusque, nascido aos 06.12.1938; cônjuge Arlene Silveira Frener(in memoriam); três filhos Rose Mari Frener Maestri (in memoriam); Fabíola Graziela Frener Heil (in memoriam) e Nélson Louis Frener.Torce para o Brusque Futebol Clube e Botafogo.Professor aposentado.

Quais são as lembranças que você tem da sua infância?

Jogar bolinha de gude, tomar banho de rio, caçar de estilingue, descer o rio Itajaí Mirim em cima de uma câmara de ar, etc..

Você tem amigos da infância ainda?

Vários.

O que sente falta da infância?

De tomar banho nas poças de água nos dias de chuva, de pescar elfatreech no rio do Cedro aos domingos de tarde (não me perguntem o que é). Era assim: a gente convidava uma turma para pescar, deixava alguns da turma segurando um saco com a boca aberta no rio. Enquanto isso, ao invés da gente enxotar os bichinhos, a turma toda fugia e os tolos ficavam esperando.

Quando você era criança queria ser adulto?

Claro que sim, todos queriam e querem para se libertar. Engano!

Em que você sonhava ser quando era pequeno?

Ser professor.

Como foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir?

Ir às domingueiras (hoje tardes dançantes) no Caça e Tiro, Ipiranga, Beneficiente, Guarani, Shulemburg, etc., ir ao cinema: saudades dos Cines Coliseu e Real, Tomar gelada no Carlinhos Bar, Toca, etc..

Quais eventos mundiais tiveram o maior impacto em sua vida durante a sua infância e juventude?

Segunda Guerra Mundial, Copa do Mundo de 1958, Revolução de 1964, etc..

Pessoas que lhe influenciaram?

Minha esposa, Irmã Cassiana (Maria Capanema), José Germano Schaefer (Pilolo), Oscar Gustavo Krieger, Celso Westrupp, Marlene Petruscky, Ascânio Sedrez, Zilma e Francisco Teixeira, Arno Klabunde, Padre Wandelino Waterkemper, Terezinha Ramos Krieger Merico, Vidalvina Backes Stotz, Lúcia Knhis Stieler, Marli Lya Piazza Maluche, e muitos outros.

Como era a escola quando você era criança?

Era conhecida com Escola Isolada. Tinha uma única Professora, que trabalhava ao mesmo tempo com os alunos de primeira a quarta série, e, ainda dividia os alunos em fortes, médios e fracos. Fazia milagre.

Quais eram suas melhores e piores matérias?

Felizmente não tinha matéria pior. Gostava de todas. Por isso me dei bem em todas.

De que atividades escolares e esportes você participava?

Na minha época se jogava bolinha de gude, rodava pião, pega-pega, jogava vôlei etc..

Formação escolar desde o início dos bancos escolares?

Séries iniciais na Escola Isolada Cedro Baixo. Ginásio Professor Honório Miranda, Escola Normal Cônsul Carlos Renux, Furb, Univali, Ibepex.

Primeira professora?

Maria Lamarche Machado (um anjo).

Grandes professores?

Foram tantos: Evaldo Moresco, Ascânio Sedrez, Euclides Gonçalves de Oliveira, Nilso Wiemes, Euclides Visconti, Laércio Knhis, Maria Luci Batistotti, Padre Orlando, Juvelina Alvina Zabel, Maura Machado Comandolli, Gertrudes Knhis Medeiros, Brancker, Fronza, Hella Altemburg, Aurinho Silveira de Souza, Jorge Dadam, Alexandre Merico e tantos outros.

Quais medos você tem ou teve?

De perder entes queridos e amigos.

Maior medo é o de envelhecer ou o de entristecer?

Nenhum dos dois: sou eu o cara que vai viver 150 anos. A tristeza ainda não conseguiu me vencer.

O que você acha da programação da televisão de hoje?

Não gosto de determinados canais que só falam em desgraça, roubo, etc..

Qual foi o maior desafio até agora?

Perder minhas filhas e minha esposa.

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez?

Só me arrependo daquilo que deixo de fazer.

Você tem algum ressentimento?

Não chega a ser um ressentimento, mas antes de não me quererem mais, podiam ter ouvido a última comunidade em que trabalhei como diretor de escola para ver se ainda queriam que lá eu permanecesse. Depois de mim, em quatro anos, já passaram quatro diretores. Nos meus 51 anos de magistério sobrevivi a todos os governos. Mas política é assim mesmo.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e da sua história de vida?

Nascido de família pobre, todavia honesta. Trabalhava na fábrica, lecionava e estudava tudo ao mesmo tempo. Sempre fui dedicado em tudo o que fazia, Trabalhei em grandes Escolas: Colégio Honório Miranda (Professor), Colégio Cônsul Carlos Renaux (Professor e Coordenador), Colégio Feliciano Pires (Diretor), Colégio Monsenhor Gregório Locks (diretor), Colégio Governador Ivo Silveira (Diretor), CIP Arthur Schlosser (Diretor Administrativo), Escola de Ensino Fundamental Dr. Carlos Moritz (Diretor) e Escola de Ensino Fundamental Professora Isaura Gouvêa Gevaerd (Diretor), Escola Isolada Cedro Alto (Professor), Escola de Ensino Fundamental Padre Wendelino Wiemes (Professor), Escola de Educação Básica João XXIII (Professor) e Escola Isolada Lageado Alto de Botuverá (Professor), Parque Ecológico Zoo Botânico (Professor de Educação Ambiental e Diretor). Enquanto professor, nunca tive problemas. Não me sentava. Chegava na sala de aula explicava a matéria, procurava tirar as dúvidas dos alunos e ia para o corredor verificar com desenvolviam as atividades. Acho que por isso nos 51 anos de magistério apenas reprovei dois alunos. Como diretor, enfrentei vários problemas. Tinha que interferir na disciplina. Acho que é por causa da falta de conteúdo e de didática por parte de alguns professores, razão pela qual permanecem mais sentados do que os alunos. Vamos lá Universidades, vamos exigir mais dos futuros professores.

Algo que você apostou e não deu certo?

Não lembro.

O que faria se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Faria tudo novamente. Não me lembro de ter sido covarde, sempre fui muito corajoso.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Hoje apenas lembro com saudades. Porém, na época em estive na ativa, sempre aplique tudo o que de melhor deles recebi.

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?

Decepção já citei: ter sido sido mandado embora, sem consultar a comunidade. Alegrias de ver meus alunos atuando de forma digna na sociedade: Padres, Garis, Mecânicos, Pedreiros, Carpinteiros, Domésticas, Do Lar, Motoristas, Serventes, Agentes de Serviços Gerais, Médicos, Dentistas, Professores, Juízes, Arquitetos, Engenheiros, Advogados, Vereadores, etc.

Referências

  • Jornal Em Foco. 2013.