Entrevista Marga Helga Erbe Kamp 2 - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Helga. Imagem: Rádio Cidade AM.

CONVERSANDO COM HELGA ERBE KAMP

Em seu livro, MICKI, li que a Sra. conheceu, a cinquenta e três anos atrás, o seu marido num restaurante vegetariano, conte -nos os detalhes.

Não só vegetariano, mas os alimentos do cardápio eram todos de produção orgânica, orgânica biodinâmica até, segundo as diretrizes da Antroposofia de Rudolf Steiner. Inclusive, em sua maior parte, crus. Quando jovem adulta eu havia procurado me alimentar de forma saudável, sempre que possível sem carne. Portanto, a mesma preferência alimentar do moço que conheci naquele pequeno restaurante. Alguns anos mais tarde, por influência de um amigo, adepto da Macrobiótica, até experimentamos durante alguns anos esta forma rígida de se alimentar. Era MUITO arroz integral! Contudo, tivemos que admitir que não nos sentimos tão bem quanto esperávamos. Decidimos, então, ser mais flexíveis. Incluímos peixe, ovos, laticínios. E, uma vez ou outra, até comemos um prato contendo carne, sobretudo se somos os convidados em casa de parentes ou amigos. Longe de nós, estarmos ofendendo o anfitrião que se esforçou para nos agradar com um prato especial! Não queríamos mais ser radicais em área alguma. Os não vegetarianos creem erroneamente que faltariam, sobretudo, proteínas. Com todas as leguminosas, nozes e sementes à disposição? As últimas duas, inclusive, como fontes ricas em ácidos graxos?

A Sra. falou em integral. É como dizem mesmo? Atuam no funcionamento dos intestinos?

Quanto a cereais, nossa preferência sempre foi pelos integrais. Não apenas pelo conteúdo de fibras, tão necessárias para um bom funcionamento dos intestinos, mas pelas vitaminas e minerais contidos nas cascas e germens, eliminados nos processos industriais tradicionais.

Vocês sempre se alimentaram assim?

Como, desde criança, os legumes e as verduras em nossa mesa advinham da própria horta, cresci com alimentos livres de insumos ou defensivos químicos. O esterco de nossas duas vacas no pasto fornecia o adubo ideal e suficiente para os canteiros da horta e das flores do jardim, então sob o comando de minha mãe.

Quanto tempo dedica ao seu viçoso jardim por dia?

Nosso filho mais velho é paisagista. Projetou e o implantou e nos aconselha em sua manutenção. Hoje dedico, com a ajuda de um auxiliar, quatro manhãs ao jardim de flores, à horta e ao pomar. Minha exigência ao paisagista era de que eu sempre tivesse muitas flores para decorar a casa. Quanto à horta, ela teria seus canteiros elevados, para não ter que me abaixar muito. Até recentemente cultivávamos praticamente todas as hortaliças que acabavam em nossa cozinha e em nossos pratos. Inclusive, tomates, de produção relativamente difícil em nosso clima úmido, cultivados sob armação coberta de plástico. Contudo, há alguns meses descobrimos a feira orgânica que, às terças-feiras, está montada no pátio atrás da Igreja Matriz, oferecendo excelentes e os mais variados produtos devidamente certificados pela EcoVida. Desde então somos seus fiéis fregueses. Reduzimos, então, a produção de hortaliças, ampliando o espaço para a produção de aspargos e alho-porro, pratos muito apreciados por nós, além de alguns temperos verdes e algumas poucas hortaliças como reserva em casos de necessidade inesperada.

Afirma-se que os produtos orgânicos são mais caros. O que a Sra diz à respeito?

Eu gostaria de ressaltar, sem mencionar o seu melhor sabor - apenas prove a diferença no sabor de maçãs e tomates orgânicos, para saber do que estou falando! - que em frutas e hortaliças orgânicas a energia vital existente, hoje perfeitamente mensurável, é MUITAS vezes maior do que em plantas cultivadas à base de insumos químicos. Além de estes sobrecarregarem o trabalho desintoxicante de nosso fígado e dos rins. Sendo orgânicos, necessitamos de uma quantidade bem menor de alimentos - com o que o nosso bolso também agradece - para que nosso corpo, o veículo da nossa alma, se sinta bem alimentado, saciado e energizado. Sem depositar ‘massa’ onde não é bem vinda. Além disso, esquece-se frequentemente que, para estar bem alimentado, não é necessário comer muito. Apenas comer o correto e – mastigar bem.

Posso imaginar que a montagem de cardápios vegetarianos seja mais difícil?

A montagem de cardápios vegetarianos nutritivos, atraentes, apetitosos, sem dúvida, exige mais criatividade do que o cardápio padrão de feijão, arroz e bife. Mas a diferença na conta bancária e em nossa energia física e mental, certamente a torna uma excelente opção de vida. Sem esquecer que são bem mais coloridos.

O que significa a sigla CAM?

Significa “Coma a metade”.

Referências

  • Jornal Em Foco. 26.02.2013.