Entrevista Luiz Elias Valle - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar
Valle com a esposa Marlene.

Nasci em Nova Trento em 06 de agosto de 1950, filho de Marçal Valle e Alzira Maria Busnardo Valle; cônjuge: Marlene Cadore Valle; filho: Luiz Fernando Cadore Valle; torço na era Pelé, Santos; atualmente, com a nova geração Santos. Cargo: Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica, Professor de Direito Penal e Advogado.

Como surgiu a vinda para Brusque? Foi devidamente acolhido?

Minha vinda para Brusque ocorreu no final de fevereiro de 1969. Conclui o magistério no Colégio Francisco Mazzolla, em Nova Trento, no ano de 1968. Meu caminho era o magistério, oportunidade perseguida por muitos neotrentinos concluintes do ensino médio, que partiam para as cidades vizinhas em busca de um objetivo, assim, seguindo alguns irmãos que já desenvolviam atividade na área e residiam em Brusque, aqui me estabeleci, com parte da família.

Inicialmente residindo na Rua Guilherme Ristow, 1º de Maio. posteriormente, em 1970, na Rua Tecelões de Lods, na Santa Rita. Endereços de onde me deslocava, diariamente, para lecionar na escola primária Escola Reunida Carlos Maffezzolli localizada na Rua São Pedro, município de Guabiruba e, no Colégio Carlos Boos, também em Guabiruba.

Foram anos de intensa atividade pois, além do compromisso com o magistério, o deslocamento exigia muita disposição sendo realizado, por vários anos, de bicicleta, submisso ao tempo (frio, geada, chuva etc.), associado ao ingresso do curso de Geografia, no início de 1971, na antiga Fepevi, em Itajaí.

Em Brusque, apesar de uma cidade de características econômicas muito diferentes de Nova Trento, nenhuma dificuldade de adaptação encontrei, sentindo-me muito bem no seio da comunidade.

Como foi sua Infância?

Minha infância foi passada na bucólica Nova Trento. No verão muito banho de rio, futebol e, aquelas diversões de uma pequena cidade, como: pescar, caçar (ainda sem o Ibama), muita goiaba, melancia, cana etc, no que diz respeito a diversão. Como descendente de família italiana a religiosidade sacramental impunha a frequência à missa dominical; a procissão (sendo a mais destacada a de Corpus Christi com amplos e longos tapetes com ruas ladeadas em toda extensão por palmitos que possibilitavam uma bela brincadeira ao término da cerimônia); a hora santa aos domingos à tarde, com ladainhas intermináveis; o encontro dos cruzados com uniforme característico; a congregação dos filhos de Maria.

Como foi a sua Juventude?

A juventude em grande parte em Nova Trento, onde conclui o Normal Regional (correspondia ao Ginásio) e Magistério (segundo grau) que me permitiu iniciar a vida em Brusque já como Professor primário. Foi uma fase muito agradável, com amizades saudáveis, sinceras, provincianas é claro, onde as famílias se encontravam em grande número para comemorar os natalícios, casamentos, com atitudes solidárias.

Formação Escolar e Primeira Professora?

  • Ensino primário no Grupo Escolar Lacerda Coutinho administrado pelas irmâzinhas da Imaculada Conceição ( congregação fundada pela Santa Paulina), sendo minha primeira Professora a Irmã Elizabet, miúda, apenas o rosto à mostra por força do hábito (indumentária própria da congregação) mas que deixava transparecer uma beleza morena, de atitudes enérgicas, comprometida com a responsabilidade de educar.
  • Ensino Médio: Magistério no Colégio Francisco Mazzolla, em Nova Trento, no ano de 1968
  • Formação Superior: Licenciatura em Geografia na antiga Fepevi, Itajaí, em 1974.
  • Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, em 1990.
  • Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Furb, em 1996.

Melhor professora?

Difícil lembrar a melhor professora. Muitas marcaram minha vida escolar, sobretudo na fase primária, de algumas lembro mais e, me ocorre destacar a Irmã Salete que minha professora na segunda série primária e depois, minha colega de graduação na antiga Fundação do Geopoloeducacional do Vale do Itajaí Fepevi, atual Univali, nos idos de 1974.

Como surgiu a Unifebe em sua vida profissional? Pelo que é responsável?

Unifebe na minha vida: O Curso de Direito da Unifebe iniciou, como extensão da Furb, em 1992. A partir de 1995, quando atingiu o momento da prática, conforme previsão curricular, na sétima fase, fui convidado pelo então Coordenador o Prof. Dr. João José Leal para iniciar as disciplinas práticas, isto ocorreu a partir de 01 de abril de 1995. Desde então, coordeno a prática jurídica dentro do Núcleo de Prática Jurídica instalado no prédio do Anfiteatro na Rua Manoel Tavares,52, centro. As disciplinas práticas estão distribuídas em 5 níveis totalizando 375 horas de atividades simuladas (elaboração de peças processuais segundo preceitos legais e orientações metodológicas), ações reais decorrentes da Assistência Judiciária Gratuita prestada à comunidade e, acompanhamento as audiências, mediante relatório, no Fórum da Comarca. Reputamos de grande relevância o aspecto social, conotação da prática, que foca diretamente a comunidade oferecendo orientação, mas sobretudo, patrocinando a prestação jurisdicional através do ajuizamento das demandas.

Como Presidente do Conselho Municipal Antidrogas -COMAD está atingindo as metas planejadas?

Procuro prestar minha contribuição à sociedade. Profissionalmente, sempre estive em contato com pessoas ou comunidades, como professor, por 40 anos e, como advogado, nos últimos 20 anos, sempre, como membro de uma sociedade e como pai. Sinto ser esse um momento de intranquilidade pois é avassaladora a ação nefasta das drogas destruindo vidas, destruindo famílias. Dentro do Conselho, juntamente com os demais conselheiros, alguns com a absoluta consciência da importância da atuação, pugno no sentido de promover ações buscando de inverter esse avanço. Defendo a necessidade de uma total sintonia da sociedade civil organizada, institucional, agentes públicos, em torno da questão. Nos dois anos de presidência levantei a bandeira da necessidade da construção de uma Casa de Recuperação, tema que está permanentemente em pauta, e certamente continuará motivando outros conselheiros.

Recentemente foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Brusque. Recebeu com orgulho o título?

Modestamente, avalio a outorga como reconhecimento pela minha vida de trabalho, participação comunitária. É gratificante sentir a acolhida. Penso que me autoriza a ter a certeza da aprovação da minha conduta.

Uma palhinha da vida profissional

Em 1967 enquanto cursava o segundo grau (magistério) em Nova Trento, fui aprendiz e tecelão na filial da Renaux. Com a conclusão do magistério, e transferência para Brusque em 1969, iniciei minha vida como Professor assumindo aulas na Escola Reunida Carlos Maffezzoli na Rua São Pedro, município de Guabiruba. Foram 35 anos de magistério vivenciados em muitos estabelecimentos públicos de Brusque e Guabiruba na condição de professor e diretor. Na trajetória tive o desafio e a satisfação de dirigir os Colégios Santa Teresinha (1994) e Osvaldo Reis (1982/1986). Integrei por muitos anos o quadro da antiga Unidade de Coordenação Regional UCRE e exerci como professor, por pelo menos, tres lustros atividade no Colégio Cenecista Honório Miranda.

A partir de 1990, simultaneamente ao magistério público, passei a exercer a honrada profissão de advogado, autonomamente, e em 1995 a convite do eminente professor João José Leal, integrei o quadro de professores do Curso de Direito da Unifebe nas disciplinas práticas, onde me encontro até os dias atuais como Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica.

Exerço o magistério, com satisfação, há quarenta anos, diria até, com vocação. Tenho a convicção que a maior contribuição do ser humano para a vida é a promoção do outro.

Durante a trajetória tive inúmeras decepções, mas que foram superadas, e não me fizeram desistir. Lamento que a educação formal, em nosso país, seja apenas bandeira eleitoreira.

A vida é um perpétuo aprendizado, que inicia na seara familiar, onde já os princípios de honradez, honestidade, respeito, justiça, começam a integrar a personalidade, e se estende pelo convívio exterior, consolidando-se através do conhecimento da vida exemplar das personalidades que marcaram a humanidade pelo lado da virtude.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição de 12 de outubro de 2010.