Entrevista Lilian Gisele Pereira - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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A entrevistada desta semana é a Coordenadora do CREAS, Lilian Gisele Pereira, filha de Elói Pereira e Neusa Aparecida Pedroso Pereira; nascida em Santo Antônio da Platina aos 14.11.1981; companheiro: Alex Sandro Daniel do Nascimento; filhos: Ramon, Daniel e Nicole. Ocupa o cargo de Coordenadora do CREAS - desde efetivamente desde 15.07.2013

Quais são as lembranças que você tem da sua infância?

Trago muitas lembranças de minha infância entre bons momentos e momentos muito ruins. Me lembro do capricho e da dedicação da minha mãe nos cuidados com a casa e com a família especialmente com os filhos (somos em quatro irmãos , das vezes que meu pai nos levava em longas caminhadas para brincar em rios ou apanhar frutas, das vezes que íamos passar ferias na casa da tia Táta, de ficar muito a vontade na casa da tia Preta e também me lembro dos longos momentos que sofremos com o problema de alcoolismo de meu pai e depois dos problemas de saúde de minha mãe e de meu irmão caçula. E também tenho poucas, mas singelas lembranças dos de minha bisavó Gertrudes, com seu jeitinho já com idade avançada e depois dos preparativos para o funeral dela na casa da tia Táta.

Você tem amigos da infância ainda?

Considero que sim, mesmo não tendo contato recente, mas tenho certeza que se reencontrarmos seria especial.

O que sente falta da infância?

Da companhia a proteção de meus pais, das brincadeiras na rua - esconde-esconde, mãe da rua, betes subir em árvores, brincar de casinha e escolinha com amiguinhos da vizinhança, enfim de ser criança.

Quando você era criança queria ser adulto?

Não, nem pensava nisso

Sonho de criança? Em que você sonhava ser quando era pequena?

Quando era criança dizia que iria me tornar astronauta, só para ir ate a lua e ficar perto das estrelas, pois ate os dias de hoje gosto de contemplar a beleza inexplicável do céu e seus coros celestiais.

Como surgiu Brusque em sua trajetória?

Em 2009 tive a sorte, ou melhor, depois de muito tempo o universo resolveu conspirar em meu favor, mais uma vez, depois que a vida me transformou, como faz a cada dia, e também por persistência dele pude retomar contato com minha alma gêmea, depois de 15 anos sem nos falar, através de rede social o irmão dele me localizou e eu tomei coragem e entrei em contato telefônico quando me contou que estava morando em Brusque,então nos reencontramos em Balneário Camboriú e como num lugar mágico, nossos corações se reconectaram , foi um final de semana inesquecível e muito especial, após algumas vindas a Brusque, realizei entrega de curriculum aproximadamente no mês de junho e em outubro recebi uma ligação me convidando para vir trabalhar na secretaria de assistência social e habitação da nossa prefeitura o que aceitei prontamente, pois assim estaria plenamente feliz tendo oportunidade de estar ao lado de meu amor e junto de minha paixão que é minha profissão.

Histórico escolar?

Sou graduada em Serviço Social e especializada em administração estratégica de pessoas RH, ambas em universidades de Curitiba PR

Pessoas que influenciaram?

Meu pai e meu marido.

A escola ensina matemática, português, geografia, história, etc. Esses conhecimentos são transmitidos por meio das disciplinas. Mas a escola também tem o papel de formar cidadãos conscientes de seus direitos. É comum ver publicidade de escolas dizendo que “preparam o aluno para a vida”. Qual o papel do assistente social nessa tarefa?

A assistência social tem atribuições de realizar ações para que os direitos das pessoas/famílias sejam respeitados, em mostrar caminhos as vezes não visíveis.

Quais os pontos positivos da Assistência Social do Município de Brusque?

Quando cheguei em Brusque me deparei com um grande centro que ainda iniciava o processo de efetivação da assistência social como direito do cidadão, como política pública, observei que a administração através do Nosso Prefeito Paulo Eccel e da secretária Patrícia tinham, e mantém essa postura, como grande objetivo o atendimento com respeito a população brusquense. Em nível nacional a assistência social vinha se destacando e tomando corpo desde 2004 com a Política Nacional de Assistência Social, o SUAS - Sistema Único de Assistência Social, que é um sistema público que organiza, de forma descentralizada, os serviços sócioassistenciais, além de outros marcos importantes como a tipificação dos serviços e as Normas Operacionais Básicas - NOB-SUAS e NOB-RH. E em 2009 tive a oportunidade de acompanhar o empenho, dedicação investimentos na efetivação do SUAS no Município, o que podemos afirmar com exemplos concretos: como a implantação do CRAS - Centro de Referência de Assistência Social e do CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social, ambos já no segundo semestre de 2010, a contratação de profissionais através de concurso público para as equipes interdisciplinares, e o exemplo mais recente de respeito as pessoas sem discriminação e a oferta de serviços públicos com qualidade é a implantação da Casa de Passagem, que é um serviço tipificado nacionalmente na política de assistência social. Finalizo deixando registrado que citei acima alguns dos avanços que Nosso Município alcançou nestes últimos 5 anos e o orgulho em ter participado desse processo.

Jovens em uma condição de maior vulnerabilidade social, muitas vezes, apresentam dificuldades de acesso e permanência tanto no ensino básico, como no ensino superior. De que forma o assistente social pode intervir, junto à direção da instituição, para garantir ações e medidas que impeçam a evasão?

A assistência social tem ações para trabalhar com os diversos públicos, desde a infância até a "melhor idade", dentre eles programas que estimulem a permanência no ambiente escolar que notoriamente contribui em vários setores de nossas vidas. Em relação ao acesso e permanência no ensino desde os conhecimentos básicos até o superior, cabe aos órgãos de educação tornarem o acesso amplo e meios que motivem a permanência bem como o aprimoramento, como a exemplo do intercâmbio de estudantes brusquenses para Karlsruhe-Alemanha. Nesse sentido a assistência social realiza ações por meio de trabalho intersetorial para superação de barreiras e/ou fatores sociais que ocasionam a evasão ou não acesso a rede de ensino.

As novas tecnologias abrem outras possibilidades de trabalho? Que instrumentos da modernidade pode auxiliar o assistente social?

Importante instrumento de tecnologia aplicado em nossas rotinas de trabalho é o uso de computadores aliado ao acesso a internet, pois por meio deste podemos realizar desde o planejamento até as ações de prestação de contas por exemplo. Além das ações de execução das atividades, pois a internet oferece a possibilidade de comunicação, propagação de ideias de forma direta e indireta.

Quais medos você tem ou teve? maior medo é o de envelhecer ou o de entristecer?

Meu maior medo é o de adoecer afinal envelhecer faz parte do desenvolvimento humano e com o passar do tempo amadurecemos nossos sentimentos, nossas "razões" e sobre entristecer procuro a cada dia renovar minhas forças em cada acontecimento, em cada dia, em cada pessoa que faz parte de minha vida ou que simplesmente cruza meu caminho.

Qual foi o maior desafio até agora?

Sair da casa de meus pais rumo ao ensino superior, vislumbrar um mundo novo, com desafios e responsabilidades que na ocasião eram grandes fardos.

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez ?

Das vezes que privo meus filhos da minha companhia.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e da sua história de vida?

Iniciei minhas atividades laborais aos 12 anos como babá, aos 14 anos recebi o primeiro registro de emprego em carteira de trabalho como balconista de panificadora.

Em 1999 comecei meu curso de serviço social e simultaneamente comecei a realizar estágio no DER Departamento de Estradas de Rodagem no PR, onde a assistência social era voltada aos funcionários e suas famílias especialmente no tocante ao acesso a serviços de saúde, de 2001 à 2002 fiz estágio na COHAB-CT Companhia de Habitação popular de Curitiba, onde atuei nos dois setores, um que atendia as famílias inadimplentes e outro que realizava o trabalho de regularização fundiária, de 2003 à 2006 trabalhei como funcionária concursada da prefeitura de Curitiba como educadora em Centro de Educação Infantil, o que me propiciou contato com a política educacional.

No ano de 2006 voltei à assistência social, trabalhando em secretarias nos Estados do PR e SP, onde tive oportunidade de participar da implantação do SUAS nas diferentes realidades, cidade do interior do PR Santo Antônio da Platina e cidade pequena localizada na região da grande SP Salesópolis e desde 2009 em Brusque, minha atuação sempre se deu em espaços públicos no qual tenha particular paixão pois propicia contato com as diversas políticas públicas - um mundo vasto de informações e especialmente pessoas. Se parar para pensar em minha trajetória de vida, sou grata a "Papai do Céu" por ter preparado com muito Amor meu caminho, me dando a oportunidade de ter como Pai Elói e como Mãe Neusa, de me conceder meus filhos Ramon, Daniel e Nicole, Meu Marido Alex e todos que estão no mesmo vagão que eu nessa linda viagem da vida - meus amigos. Que em cada estação de dor, tive quem me sustentasse e em todos os momentos de felicidade tive com quem compartilhar.

Qual é a sua maior ambição?

Cuidar de minha saúde para me tornar uma avó cheia de energia para cuidar e curtir os netos...

O que mais incomoda?

Injustiça e falsidade.

De que sente orgulho?

Da minha família e de ser assistente social.

Em quem tem fé?

Em Deus.

Referências

  • Entrevista publicada no EM FOCO aos 30 de agosto de 2013.