Entrevista Ingo Fischer - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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O entrevistado da semana é o empresário Ingo Fischer – uma das maiores lideranças empresariais, nascido em Brusque aos 08 de março de 1944, filho de Olga e Arthur Fischer, casado com Elfrida Carolina Pruner Fischer com a qual tem três filhos: Karla Pruner Fischer Boos (casada com Juliano Luiz Boos), Ingo Fischer Junior (casado com Zuleica Raquel Tomé Fischer) e Karin Pruner Fischer (casada com Rubens Gomes Silva); sete netos: Anna Julia e Ana Carolina (gêmeas) e Anna Dora (filhas de Karla); Bárbara e Ingo Fischer Neto (filhos de Junior) e Victória Mariah e Matheus Vinicius (gêmeos-filhos de Karin).

Ingo Fischer.
Foto: Fernando Willadino.

Como foi sua infância?

Eu fui o sexto entre nove irmãos, todos nascidos em Brusque e criados na propriedade rural de nossos pais, na Rua São Pedro. Foi uma infância muito sadia e alegre, com brincadeiras saudáveis próprias da criançada do campo, mas onde também desde pequenos cada um tinha suas tarefas a cumprir, participando dos trabalhos da casa, da lavoura e da criação de gado. Entretanto, um aspecto merece destaque, por ter sido de muita importância e influência em nossa formação: É que, apesar de nossa fazenda ficar a uma razoável distância do centro de Brusque, nossos pais fizeram questão de matricular-nos nas melhores escolas da cidade, tendo eu frequentado desde cedo o então Colégio Santo Antônio, hoje Colégio São Luiz. Vínhamos de manhã cedo, a pé de lá da Rua São Pedro, e à tarde fazíamos nossas tarefas, tanto da escola como da casa e do campo. Mais tarde frequentei e conclui o curso secundário. Por isso, tenho todos os motivos para agradecer à visão de meus pais, quanto à importância de uma boa educação e formação.

Primeiro professor/a?

Irmã Arlete

Grandes Professores/as?

Sras. Maria Valéria Rubick e Valquíria Eigen

Sonho de criança?

Sempre sonhei ser alguém na vida.

Como foi sua juventude? Como começou sua trajetória empresarial? Como surgiu Ingo Fischer empreendedor?

Como era comum naquela época, a exemplo dos demais irmãos também eu ingressei no meu primeiro emprego aos 14 anos de idade. Fui ser "carregador de espulas" na fábrica têxtil Buettner, na época uma das grandes da cidade. Mas desde logo senti que não estava ali o meu futuro, tanto que me desliguei de lá após 3 meses de trabalho, para ir aprender tudo sobre bicicletas, numa oficina de consertos no centro de Brusque. Após 3 anos, conhecendo todos os detalhes dessa profissão, montei minha própria oficina, numa sala alugada, que em pouco tempo revelou-se muito bem sucedida. Isto foi em 1961, quando eu tinha 17 anos. O local se tornou também ponto de encontro de irmãos e amigos nas horas vagas, diversos dos quais se tornaram meus primeiros colaboradores nessa primeira empreitada.

Principalmente com a participação de meu irmão Nivert, passamos também a fabricar pequenos artigos de latoaria e a consertar eletrodomésticos. A evolução dessa atividade, levou-nos a fundar, em 1966, a empresa Irmãos Fischer Ltda., que desde então não parou de crescer, transformando-se na Irmãos Fischer S/A Ind. e Com. que hoje distribui seus produtos por todo o território nacional e para vários países da América Latina, hoje inclusive com filial na China. Assim, posso dizer que minha juventude foi de constante busca e realizações no campo do trabalho, espírito que felizmente continua prevalecendo em minha vida, bem como na de todos os meus irmãos que comigo administram a empresa.

Como sua empresa, fundada em 1966, se transformou nesse importante grupo?

Uma vez tomada a decisão de consertar uma variada gama de eletrodomésticos de médio e grande porte, e de produzir artigos de aço inox, vimo-nos diante da possibilidade de fabricar nossos próprios fornos elétricos. Um grande impulso foi entrarmos para a fabricação de máquinas e instalações para a indústria da pesca, a convite do setor de pesca do Estado de S.Catarina, o que nos levou a estudar esse ramo junto a grandes empresas na Europa e nos proporcionou contato com indústrias pesqueiras de toda a vasta costa brasileira. Foi o início para a instalação de nossa fábrica de máquinas.

Pessoas que influenciaram?

Entre as personalidades que tiveram maior influência nessa trajetória da nossa empresa, há que citar duas figuras de muita importância nos primeiros anos que se tornaram grandes alavancas do nosso desenvolvimento, por acreditarem em nosso potencial e credibilidade: - Em primeiro lugar, o Revmo.Pe. Guilherme Kleine, então Diretor do Hospital de Azambuja para quem fazíamos artigos (mesas, pias etc.) de inox e o qual muito nos apoiou, nos primeiros anos na consecução de crédito junto aos fornecedores. E em segundo, o Sr.Aymoré Bridon, naquela época Gerente da agência local do Banco do Brasil, que confiou em nosso empreendimento e nos deu seu voto de confiança, facilitando o primeiro grande empréstimo junto ao Banco, o qual proporcionou a construção da primeira sede própria em terreno adquirido na Rua Gregório Diegoli, bem como uma reserva para o capital de giro necessário para a movimentação e ampliação do negócio. Desses dois personagens de destaque veio-nos o primeiro grande impulso para um progresso significativo e constante.

Como surgiu a possibilidade de ampliar o grupo para outros setores? A Fischer exporta para vários países?

Com a crescente ampliação do espaço e do maquinário da empresa, foram surgindo novas oportunidades, que nos fizeram diversificar a produção, como por exemplo a fabricação de carrinhos de ferro, de betoneiras e de artigos de borracha (pisos e pneus para carrinhos), que também foram bem sucedidos, sendo atualmente fornecidos ao Brasil inteiro e também ao exterior.

Sabemos que o senhor também tem participado do SENAI. Como se dá essa ligação?

A necessidade de treinamento da mão-de-obra, que crescia o tempo todo, fez-me procurar o SENAI local, até então dedicado apenas à indústria têxtil, e, colaborando com a instalação, ali, das necessárias oficinas, juntamente com outras indústrias locais do setor metal-mecânico, conseguimos convencer aquela instituição a abrir esse ramo de ensino, o que culminou com a criação da Escola Mecânica do Senai, em 1988. Esse envolvimento forte com o SENAI local, naquela época ligado ao Sr.Carlos Cid Renaux, levou-me a participar também da Federação das Indústrias do Estado de S.Catarina - FIESC, onde hoje sou um dos Vice-Presidentes para Assuntos Estratégicos. Esse contato favoreceu, também, meu envolvimento na aquisição de terreno e construção do Centro Esportivo do SESI em Brusque, hoje uma realidade de grande importância para a comunidade, que atende a jovens e trabalhadores de todos os ramos, dentro dos mais variados tipos de esporte.

Em termos de responsabilidade social, como o senhor investe nessas ações?

Paralelamente ao seu crescimento físico e comercial, a empresa Irmãos Fischer desenvolveu uma cuidadosa política social, envolvendo a saúde, educação/formação e o bem-estar familiar de seus colaboradores e dependentes, além de apoiar programas beneficentes da comunidade, principalmente no Hospital de Azambuja. A empresa proporciona, aos seus colaboradores, aulas de ensino fundamental e médio, curso de Linguagem de Sinais para surdo-mudos, participação no custo de faculdades, assistência médica dentro da empresa, plano de saúde através da UNIMED para a esposa e filhos até 16 anos, refeição e transporte gratuito, associação cultural-esportiva.

Atualmente estão em andamento, no ambiente da empresa, a instalação de creche, de biblioteca, de academia de ginástica e laboratório de informática para os funcionários. E anualmente prestamos conta dessas atividades à comunidade, através de um Balanço Social.

Quando pensamos em um negócio levando em conta vários outros setores à sua volta, é preciso pensar com cuidado em uma preparação adequada da equipe. Como o senhor procede ao formar uma equipe?

Existe um relacionamento muito saudável entre a Diretoria - composta por cinco dos irmãos Fischer, e os demais gerentes e supervisores dos diversos setores. Assim sendo, cada inovação e cada nova equipe a ser formada para determinada obra, é criteriosamente discutida em reuniões da Diretoria e Gerências, com inclusão de outros técnicos sempre que necessário.

Grandes industriais catarinense? Brusquenses? Carlos Cid Renaux?

O desenvolvimento da indústria em Brusque conta com grandes nomes, a começar pelo Cônsul Carlos Renaux, o grande visionário que transformou a colônia de Brusque num importante polo industrial em que, em tempos mais recentes, destacou-se também seu neto, o Sr. Carlos Cid Renaux, sem dúvida um grande personagem, incentivador do desenvolvimento industrial brusquense. Mas ainda outros grandes vultos deram impulso à indústria em Brusque, principalmente no setor têxtil, como os Srs. Eduardo von Buettner e Gustavo Schloesser. Aliás, em toda Santa Catarina há grandes nomes a destacar no desenvolvimento industrial, como os de Carlos Hoepke, Hering, Sadrozni, Egon Silva - da WEG, Atílio Fontana - da Sadia, e outros tantos que se envolveram na transformação do Estado num forte polo industrial.

Presidência da ACIBr? Período em que presidiu? Principais ações? Outros cargos ocupados?

Tive a satisfação de presidir a ACIBr nos períodos de 2001/2003 e 2003/2005. O foco principal de minha atuação nessa função, além de ampliar o quadro de empresas associadas, foi no sentido de proporcionar-lhe instalações mais adequadas e favoráveis à ampliação de serviços prestados, com a construção de sua sede própria dentro do condomínio do Centro Empresarial, Social e Cultural de Brusque, que tive a felicidade de inaugurar em julho de 2005. Atualmente continuo colaborando, como Presidente do Centro Empresarial e, na Diretoria da ACIBr, como Diretor de Patrimônio da entidade.

Sentiu-se honrado com a Homenagem da FIESC – Ordem do Mérito Industrial de SC ?

Realmente, é motivo de muita honra e distinção, ser destacado entre os industriais de todo o Estado de Santa Catarina como merecedor da comenda da Ordem do Mérito Industrial, em 2009. É, sem dúvida, uma honraria que gera satisfação pelo reconhecimento de se estar contribuindo para o crescimento da região e do país, e também o compromisso de continuar empenhando-se nessa luta constante pelo crescimento e bem-estar da região.

Comentários sobre o próximo pleito eleitoral municipal.

É importante que os próximos candidatos a Prefeito tenham uma visão mais abrangente, dando uma outra dimensão ao desenvolvimento de Brusque. O município tem que ser visto sempre de forma mais ampla sob todos os aspectos - sociais, culturais e econômicos. Nossa comunidade é essencialmente trabalhadora e merece um governo de muita seriedade, honesto, bem intencionado, de visão ampla, de boa vontade e empenho intenso em todos os setores.

Qual é o tipo de governo ideal para que, com o apoio da iniciativa privada, o Estado consiga ter mais visibilidade no país?

Nossa região, como aliás o Brasil como um todo, apresentam uma situação de crescimento econômico, o que significa aumentada arrecadação de impostos, principalmente considerando-se os elevados juros e a enorme carga tributária que pesa sobre todo o setor industrial/comercial do país. Infelizmente continua não correspondendo o desenvolvimento social, no que se refere ao apoio à educação, à saúde, à segurança, ao desenvolvimento e manutenção do sistema viário, etc. etc., enquanto assistimos constantemente à proliferação de casos de corrupção nas mais diversas áreas administrativas. O Brasil tem um potencial enorme, que merece ser tratado com correção e honestidade em todas as frentes, mediante aplicação correta dos recursos arrecadados para o desenvolvimento do país, incentivando-se o crescimento e condições de operação da agricultura, indústria e comércio e demais setores econômicos e sociais. Se assim for, seguramente se realizará a profecia "Ninguém segura este país!". E, se não pudermos desde já mudar o país, temos de começar por nós, por nossa região e nosso Estado. O industrial brasileiro, apesar de submetido à mais pesada carga tributária do mundo, consegue competir com economias bem mais agressivas do resto do mundo, como a China por exemplo, o que demonstra que somos competentes, verdadeiros heróis nessa batalha, por tudo o que temos suportado e o que temos de enfrentar. É preciso que os governos, tanto do Estado como do país, incentivem um maior crescimento econômico, o que obviamente gerará maiores recursos para as obras de infra-estrutura social e maior bem-estar da comunidade como um todo. No momento, vemos com frustração várias entidades apregoando a "desindustrialização", como medida a ser introduzida, o que nos faz chamar a atenção para o fato, infeliz, da evasão de forças do país para outros mercados, mais promissores e que oferecem condições mais favoráveis de produção e desenvolvimento. É importante reverter-se essa situação, com maior incentivo à nossa indústria e setor produtivo em geral, o que fortalecerá também o comércio, oferecendo maior resistência à importação de bens de consumo geral. Resumindo, um governo ideal para nosso Estado e para o Brasil deverá ser assistido, em toda a sua extensão, por elementos mais patriotas, mais idealistas, mais conscientes de sua responsabilidade civil.

Um resumo de sua trajetória profissional?

1958 a 1961 trabalhei na indústria têxtil e em oficina de bicicletas; de 1961 a 1966, Proprietário de oficina de conserto de bicicletas; de 1966 até hoje, sou Presidente da indústria metal-mecânica Irmãos Fischer S/A; de 1974 até hoje, também sou presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas de BQ; de 1980 a 2005, Conselheiro do Sistema FIESC/SESI/SENAI; de 2005 até hoje, Vice-Presidente para Assuntos Estratégicos da FIESC; de 1987 até hoje, Membro da Diretoria do Hospital de Azambuja e seu Provedor desde 1997; de 2001 até 2005, Presidente da ACIBr–Ass.Comercial Industrial de Brusque; de 2005/2009, Vice-Presidente da ACIBr; de 2005 até hoje, Presiddente do Centro Empresarial e Cultural de Brusque; de 2009 até hoje, Diretor de Patrimônio da ACIBr.

Referências

  • Jornal Em Foco. Edição nº x. 2012.