Entrevista Frederico Guimarães Marchisotti - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Frederico Guimarães Marchisotti.

Dr FREDERICO GUIMARÃES MARCHISOTTI: O entrevistado da semana é o Dr. Frederico Guimarães Marchisotti, natural de Belo Horizonte/MG, nascido aos 02.03.1973; filho de Edoardo Marchisotti e Wilma Guimarães Marchisotti, solteiro. Médico Endocrinologista. Torce para Cruzeiro Esporte Clube.

Quais são as lembranças que você tem da sua infância?

No colégio: Lembro das aulas de judô, dos campeonatos de futebol que participava. De cantar o hino nacional frequentemente por imposição do colégio (pelo menos 1 vez por semana). Lembro do aprendizado de leitura através do uso de sílabas. Lembro dos ditados. Lembro das aulas em laboratório que me despertavam muito interesse (talvez já um indício de minha escolha profissional futura). Me lembro de alguns professores que marcaram minha infância, por exemplo um argentino muito rigoroso que era temido no colégio. Uma dupla de professoras gêmeas que nos confundiam (risos). Uma professora que até hoje me manda abraços através de uma tia que é sua vizinha. No condomínio: Era uma criança muito ativa e fazia muitas travessuras. Acho que meus pais tiveram bastante trabalho comigo (risos), mas também tinha meus momentos de inspiração como certa vez em que eu , meu irmão mais novo e outros dois amigos montamos uma peça de teatro com figurino, cenário, venda de bilhetes , refrigerante e pipoca . Eu era o diretor e protagonista. O salão de festas ficou lotado. Foi marcante. Uma senhora que trabalhava no ramo me convidou a frequentar aulas de teatro, mas para mim era apenas uma diversão e já intuía que aquele não era meu caminho. Lembro de dublar o cantor Paulo Ricardo do RPM que na época fazia sucesso no meio dos adolescentes com a música Radio Pirata. Subimos na mesa de sinuca e improvisamos o show ali mesmo (risos). Lembro das festas que eram realizadas no prédio: Junina, Natal e outras . Era uma época em que os vizinhos faziam parte ativa de nossa vida. Na vida social: Lembro das viagens anuais com a família para a Praia do Morro na cidade de Guarapari-ES onde minha tia tinha casa. O litoral capixaba é invadido pelos mineiros até hoje, pois são as praias mais próximas. Adorava o mar e fazer castelos de areia. Certa vez meu pai comprou caranguejos para o almoço. Eram enormes. No preparo são colocados na panela vivos. A minha tia que cozinhava não fechou bem a tampa e os bichos pularam no chão e foram atrás da gente. Foi um sufoco. (risos)

Você tem amigos da infância ainda?

Sim , inclusive até da época do maternal. Fui padrinho de casamento dele e de outros do colégio. Acredito que com os amigos feitos na infância, em geral, se estabelecem laços mais fortes em comparação as amizades concretizadas em épocas posteriores, mas claro que isso não é uma regra sem exceções.

O que sente falta da infância?

Andar de bicicleta pelo bairro, comer brigadeiro nos aniversários, abrir os presentes de natal, nadar na piscina do clube. Brincadeiras com meus colegas de condomínio (condomínio com muitas crianças), meus primos e com a turma do colégio. A infância é uma época em que podemos imaginar e sonhar sem compromisso, o que é ótimo .

Quando você era criança queria ser adulto?

De forma alguma. Aproveitava a falta de responsabilidades desta fase da vida. Claro que fantasiava em ser a personalidade de sucesso da época, algo natural para esta fase da vida.

Sonho de criança? Em que você sonhava ser quando era pequeno?

Como a maioria dos meninos neste país, também era influenciado pela TV e queria ser jogador de futebol, mas é interessante que eu já gostava de brincar de médico com minhas primas e precocemente , por volta de 10 anos, disse que seria médico.

Como foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir?

Gostava muito de esportes e os praticava com empenho. Fazia parte de uma equipe de atletismo em BH (Clã-Delfos) e cheguei a ser terceiro colocado no Troféu Brasil de Atletismo. Participei de alguns JEBs (jogos escolares brasileiros) e JUBs (jogos universitários brasileiros).Também era do time de futebol da minha sala ( ganhamos quase todos os campeonatos do colégio) e cheguei a ser do time do colégio e da faculdade por um tempo. Nas olimpíadas do colégio queria participar de todas as modalidades. Já quando adulto jovem, conseguimos (o time da medicina) ganhar o campeonato disputado pelas faculdades da Universidade depois de 30 anos . Entramos para a história (risos). Gostava de encontrar com os amigos em bares para bater papo (BH é a capital do Brasil neste quesito) , em sítios e viagens que planejávamos juntos. Cantar com a turma em uma roda ao som do violão. Organizar e participar de churrasco e festas . Paquerar as meninas era muito divertido também (risos). Nunca fui muito adepto a baladas noturnas e nem teria muito tempo disponível para isso. Sempre preferi o dia em relação à noite.

Quais eventos mundiais tiveram o maior impacto em sua vida durante a sua infância e juventude?

Me lembro da desfragmentarão da URSS em vários países após o insucesso da Perestroika de Gorbatchov e o fim do comunismo. Me lembro da Guerra do Golfo (EUA x Iraque). A eleição de Nelson Mandela como primeiro presidente negro da áfrica do Sul e o comemorado fim do Apartheid. A clonagem da ovelha Dolly que suscitou dúvidas quanto a possível clonagem humana futura. O projeto genoma . O crescimento da internet e do Windowns. A ascensão da banda de rock U2 do qual sou fã. A nível nacional, me lembro do confisco da poupança seguido do Impeachment do Presidente Collor, do plano Real que pôs fim a famigerada inflação. Lembro da morte do Ayrton Senna. Quase não acreditei que fosse verdade. Pensei tratar-se de brincadeira dos colegas que deram a notícia. Também a conquista do Brasil da Copa do Mundo de futebol em 1994 e a derrota em 1998.

Pessoas que influenciaram ?

Primeiro meu pai, que saiu da Itália e atravessou o atlântico num navio em condições precárias e apenas com o sonho de uma vida melhor e disposição para trabalho. Aqui constituiu nossa família com muito esforço, honestidade e perseverança. Tenho 3 irmãos, todos com curso superior, sem problemas financeiros e de caráter ilibado. Ele é meu maior exemplo de coragem, trabalho e dedicação à família. Sempre se preocupou em mostrar o caminho correto , mesmo sabendo que é o mais longo. Lutou para nos dar boa educação e bons valores o que considero sua maior herança. Ele dizia: “ande direito pra não perder o direito”. Segundo minha mãe, que me ensinou a ter paciência e humildade . Ela sacrificou grande parte de seu tempo em prol de nossa educação, além de fazer o trabalho doméstico. Me ensinou a perdoar e ser discreto em minhas ações. Em terceiro lugar, meus mestres na faculdade. Não vou citar um , pois poderia fazer injustiça com algum deles. Eles foram conselheiros e educadores no sentido mais amplo da palavra. Desenvolveram em mim a busca pela excelência profissional, e os conceitos de disciplina e hierarquia, que já havia adquirido no exército ao qual servi por 1 ano e meio (serviço obrigatório) como Tenente Médico, patente que carrego ainda hoje como reservista. Faço também uma homenagem ao filósofo Sócrates, que apesar de não ter convivido comigo, admiro porque nos trouxe ideias muito além de seu tempo e que até hoje nos influenciam indiretamente. Foi condenado a morte por não abrir mão de suas convicções, que estavam em sua quase totalidade de acordo com o que achamos eticamente correto. Não poderia deixar de citar o maior mestre, Jesus, que veio nos transmitir os valores morais mais sublimes. Se seguíssemos ao menos 10% dos seus ensinamentos já estaríamos num mundo totalmente diferente e melhor.

Como foi a educação recebida de seus pais?

Éramos 3 meninos e uma irmã mais velha (sorte dela – risos). Imagina o quanto brigávamos, risos. Felizmente meus pais eram conscientes da necessidade de dar bons exemplos e não apenas usar as palavras. Na época, não era incomum receber uns tapinhas em caso de bagunça ou atitudes incorretas. Um pouco diferente de hoje. Apesar disso, acredito no ditado que diz que violência gera violência. Enfim, meus pais nos deram muito amor e exemplo através de atitudes e valores cristãos.

Como era a escola quando você era criança? Quais eram suas melhores e piores matérias? De que atividades escolares e esportes você participava?

A escola era um lugar que frequentava com prazer. Gostava daquele ambiente. As turmas eram divididas em 40 alunos entre meninos e meninas. Os professores eram mais respeitados e um pouco mais valorizados do que hoje em dia. O quadro negro era bastante usado. Tínhamos que fazer fila para as atividades . Tudo organizado e com muita disciplina. Eu era bom especialmente em matemática e ciências (não sei como é a denominação atual). Eu era bem humorado, me sentia o máximo fazendo os colegas darem risadas. Meus professores elogiavam meu desempenho e comportamento para minha mãe e isto servia como incentivo. Não tinha uma matéria em que apresentava uma dificuldade em especial. Fora da aula , gostava de esportes como já disse. Assim, fazia parte do time de futebol da sala e da equipe de atletismo do colégio.

Formação escolar desde o início dos bancos escolares?

1 grau – Colégio Orlando Freire (BH); 2 e 3 grau – Colégio Marconi (BH); Faculdade – UFMG Mestrado - USP

Primeiro/a professor/a?

Não me recordo

Grandes professores?

Professor Mauro Roberto (Colégio Marconi); Professor Mario Lopes (UFMG); Professor Ênio Pietra (UFMG); Professor Luis Otavio Savassi Rocha (UFMG); Professor Ivo Prado Arnold (USP); Professora Berenice Bilharinho Mendonça (USP).

De que trata o profissional da endocrinologia?

O Endocrinologista trata das doenças das glândulas que secretam hormônios. A área de atuação do Endocrinologista abrange o seguinte: Diabetes, Doenças da Tireóide, Emagrecimento, Colesterol e Triglicérides, Osteoporose, Distúrbio do Crescimento e da Puberdade, Andropausa, Ovários Policísticos, Doenças das glândulas Hipófise, Paratireóide e Adrenal, entre outras.

Li na entrevista de um endocrinologista de que aproximadamente 250 milhões de pessoas sofrem com Diabetes no mundo, não existe um trabalho preventivo na tenra idade para reduzir tão altos índices de diabéticos?

Sim, os números são assustadores e existe uma previsão de aumento para cerca de 350 milhões em 2030. Podemos dizer que existe uma pandemia de diabetes que segue o crescimento vertiginoso da obesidade. A prevenção já é conhecida há bastante tempo e nada mais é que a mudança de estilo de vida, ou seja, comer menos calorias, menos alimentos industrializados e praticar atividades físicas regulares. A dificuldade está exatamente em adotar estes hábitos numa sociedade que exige cada vez mais produtividade em menor tempo , gera ansiedade, e que nos bombardeia com propagandas de produtos nutricionalmente ruins, mas agradáveis ao paladar.

Quais os sintomas da diabetes?

O Diabetes , quando descompensado, provoca poliúria (excesso de urina), polidipsia (muita sede), fraqueza e emagrecimento apesar de bom aporte alimentar. Além disso, a visão pode ficar embaçada, podem surgir infecções na vagina como a candidíase (secreção vaginal branca e coceira), entre outras. O grande problema é que o Diabetes só começa a dar os sintomas e sinais de sua presença, anteriormente citados, após muitos anos de seu início, em média 5 anos. Assim, já podem ter ocorrido até complicações da doença neste período que ela está “silenciosa”. Por este motivo é que se recomenda fazer exames de glicemia (açúcar no sangue) periódicos em todos os adultos após os 40 anos e, até antes, se o indivíduo apresentar fatores de risco.

É importante o acompanhamento da nutricionista para o endocrinologista? O trabalho tem que ser em sintonia com a Nutricionista?

Sim. A Nutricionista tem um papel muito importante de orientar o paciente sobre a alimentação adequada, com maior detalhamento e além disso adaptar a alimentação do paciente de acordo com suas preferências, na medida do possível.

Quais as implicações relacionadas ao exagero na alimentação?

O excesso alimentar em geral leva a obesidade, que por sua vez traz consigo uma série de doenças associadas: diabetes, colesterol alto, hipertensão, dor nas articulações, etc

O triglicérides alto implica em que perigo à saúde?

Sim, de forma semelhante ao colesterol, porém com menor significado clínico .O aumento dos triglicérides está relacionado a doenças cardiovasculares como infarto, AVC (derrame), obstruções das artérias das pernas, etc

Se o corpo humano é uno, por que a Medicina trabalha com especialistas em vez de Clínico geral?

A medicina evoluiu muito nas últimas décadas e continua evoluindo rapidamente. A quantidade de informações médicas é enorme, e a cada dia temos novas descobertas. A tecnologia incorporada aos procedimentos médicos fica cada vez mais complexa. Assim, um dos motivos que proporcionou a especialização dos médicos foi a necessidade constante de se atualizar em determinadas áreas do conhecimento. Nos dias atuais, dominar todo o conhecimento médico é praticamente impossível. De qualquer forma, considero fundamental que o médico , antes de se especializar, deve passar pela respectiva área básica , pois dessa forma ele vai ter uma visão mais global do paciente. Por exemplo: um Endocrinologista deve primeiro se instruir (de preferência através de residência médica) em clínica médica, um urologista deve ter feito cirurgia geral , etc. É assim que tem sido feito na maioria dos serviços de qualidade do país. Entre faculdade, residências e mestrado estudei 13 anos e ainda preciso continuar me atualizando. A medicina exige este esforço e quem opta pela profissão deve ter ciência desta realidade.

Os genéricos têm a mesma qualidade que os remédios de marca?

Em tese deveriam, mas como a fiscalização das agências regulatórias estatais nem sempre é eficaz , pode ser que alguns medicamentos cheguem ao consumidor sem a devida qualidade, como já ocorreu no passado. Acredito que em geral a qualidade parece boa.

O que levou a escolher esta área de especialização na medicina?

Eu gosto muito de clinicar , ou seja, de ouvir e examinar o paciente e a partir de seus sinais e sintomas montar uma hipótese diagnóstica e em seguida tratá-lo. Além disso, nunca gostei de dar plantões. Tinha muita dificuldade em ficar acordado à noite e perdia produtividade no dia seguinte ao plantão . Nunca tive afinidade com especialidades cirúrgicas. Assim, busquei uma especialidade que privilegiasse o raciocínio clinico e não procedimentos técnicos ou cirúrgicos e que me afastasse dos plantões. Associado a isso, na época de escolher, fui um pouco influenciado por meu cunhado que é endocrinologista e minha namorada que também era endocrinologista. Para finalizar , é uma especialidade com poucas vagas de residência e o número de diabéticos e obesos está em franco crescimento, ou seja, o mercado de trabalho tem boa perspectiva. Apesar deste último fator não ter sido determinante, foi um incentivo a mais.

Se não fosse médico?

Não me vejo em outra profissão. Talvez educador físico, pois gosto de esportes como já deve ter sido possível perceber.

Quais medos você tem ou teve? maior medo é o de envelhecer ou o de entristecer. ?

Tenho medo de passar pela vida e não ter dado minha contribuição ou cumprido minha missão, assim procuro me esforçar para fazer o melhor que posso e tento sempre evoluir. Não tenho medo da morte ou do envelhecimento. A morte acredito seja uma passagem para uma vida melhor e o envelhecimento faz parte do processo. O que busco é fazer o máximo daquilo que desejo e posso e tento ser útil para não me arrepender depois, quando não mais for possível fazer.

Qual foi o maior desafio até agora?

Talvez o maior desafio que enfrentei foi quando da minha mudança para São Paulo sem ter qualquer referência familiar ou amizade por lá . Foi um período de autoconhecimento, provação emocional e escassez de recursos financeiros dentro de uma selva de pedra com todos os problemas de uma megalópole.

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez ?

Me arrependo do que deixei de dizer , como por exemplo eu te amo para pessoas que já passaram por mim e que não terei oportunidade novamente.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e da sua história de vida?

Até entrar para faculdade não era um dos mais estudiosos. Era da turma do “fundão”. (risos)- aqueles alunos que gostam de ficar no fundo da sala fazendo bagunça. Apesar disso, prestava atenção na aula e lia a matéria pouco antes das provas e felizmente me dava muito bem . Sempre fui muito responsável. Nunca perdi média, pelo contrário, tinha sempre uma das melhores notas da sala. Fiquei muito feliz ao ser aprovado no vestibular de medicina, pois meus pais me incentivaram muito e me deram as condições para que eu estudasse para tal. Me sentia obrigado em retribuir o apoio e me esforcei para entrar numa faculdade federal que não cobrasse mensalidade. Aliás, desde a quinta série do primário sempre frequentei escolas públicas. Já na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais era bom aluno e estudava bastante, como não poderia deixar de ser pelo curso que escolhi. Apesar disso, sabia dividir meu tempo com outras atividades que realizei durante a graduação (curso de inglês , italiano, dança, natação, etc). Minha dedicação à medicina foi ainda maior no período de especialização (residência médica) em que o médico residente é praticamente dominado pelo trabalho e estudos. Acho que é a época de maior sacrifício pessoal na carreira. Fiz duas especializações, após aprovação em concurso: Clinica Médica e Endocrinologia, com 2 anos de duração cada uma. A primeira em Belo Horizonte e a segunda em São Paulo. Após finalizá-las, optei por fazer ainda um mestrado, também na área de Endocrinologia, na USP (Universidade de São Paulo), mas desta vez trabalhando com crianças. Trabalhei no Hospital das Clínicas da USP por cerca de 7 anos. Aquele hospital tem dimensões de uma cidade; muito conhecimento é gerado ali. Nesta fase, tive a oportunidade de produzir artigos científicos que foram publicados em revistas nacionais e internacionais e também apresentei trabalhos científicos em vários países como França, Canadá, EUA, Finlândia, Chile e Argentina. Também fiz várias palestras pelo Brasil. Em paralelo a estas atividades, trabalhava no maior laboratório de análises clinicas da América Latina e 5 maior do mundo. Atuava como coordenador médico do setor de hormônios e de testes funcionais da sede em São Paulo. Além disso, era responsável pelo laudo integrado de tireóide (análise conjunta de exames laboratoriais, ultrassom e cintilografia da tireóide). Fiz mais de 2.000 destes laudos detectando inúmeros casos de hipotireoidismo, hipertireoidismo, nódulos e câncer de tireóide. No laboratório aprofundei meus conhecimentos em relação aos exames laboratoriais e tive a oportunidade de conhecer o mundo coorporativo. Ainda em São Paulo , eu era membro da Endoclínica , uma clinica privada de endocrinologistas quase todos advindos do Hospital das Clínicas da USP. Nesta clínica tive oportunidade de participar de um estudo multicêntrico internacional na área de Diabetes. Também fui aprovado num concurso do Tribunal de Justiça de São Paulo e trabalhei lá por 2 anos junto aos juízes e desembargadores , antes de vir para Brusque. Aliás, o que me motivou a vir a Brusque foi o desejo de melhor qualidade de vida. São Paulo tem vários pontos positivos, como excelente gastronomia, diversos eventos culturais, shows, feiras de negócios, oportunidade de desenvolvimento profissional e etc, porém o lado negativo se impôs na minha decisão de deixar a cidade: trânsito caótico , poluição, violência, superpopulação, etc. Decidi sair de uma capital e procurar uma cidade menor e de preferência no sul do Brasil, especificamente Santa Catarina pelas belezas naturais e cultura de origem europeia. Assim, fiz um concurso para a prefeitura de Brusque e fui chamado na mesma época em que terminava um relacionamento em São Paulo. Os fatos coincidiram e resolvi fazer minhas malas. Abandonei todos meus vínculos empregatícios e uma carreira estável e vim atender a população de Brusque e região. É um recomeço.

Algo que você apostou e não deu certo?

Apostei na melhoria da saúde pública do Brasil e infelizmente isso não aconteceu. Políticas de melhoria da saúde custam caro e os governantes pensam a curto prazo, pois as eleições ocorrem a cada 4 anos. Esta combinação bloqueia grande parte dos investimentos importantes no setor.

O que faria se estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?

Nunca deixei de fazer algo por falta de coragem, mas talvez falta de oportunidade como por exemplo ter estudado na Europa, apesar de já ter apresentado trabalhos científicos por lá, como citei anteriormente.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?

Respeito ao paciente, busca da excelência na profissão e amor ao próximo

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?

Decepções: Não me decepcionei com alguém especificamente, porque não espero nada de ninguém. Nunca faço algo esperando retorno. Posso dizer que me decepcionei com o ser humano em geral que ainda é muito egoísta. Alegrias : minhas conquistas profissionais. O nascimento dos meus sobrinhos. Acho que quando tiver um filho essa será a maior alegria.

Finalizando, quais os locais e horários em que o Sr atende?

Meu consultório fica no Edifício Salutar Centro de Saúde. Rua Augusto Bauer, 240, Jardim Maluche. Brusque Tel. 3396-8370.

Referências

  • Jornal Em Foco. 12.02.13.