Documento de 05 de março de 1862

De Sala Virtual Brusque
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Directoria da Colonia Brusque em 5 de março de 1862.

Exm°. e Rev°. Snr.

Participo respeitosamente à Vª. Exª. que hontem entre as 8 e 10 horas da noite, durante o tempo que fui cear em casa do Dr. Eberhard aonde estou em pensão, e a pezar de ter deixado presentes como todas as noites, uma pequena guarda de 3 soldados do destacamento nas portas fechadas do meu pequeno rancho de taboas que me serve de domicilio e Repartição da Directoria, com tudo forão roubados Rs 9:000$000 (nove Contos de reis.) do dinheiro do Estado, guardado em um caixão pregado e lacrado, pelo meio de um forçado arrombamento por instrumento de ferro, no repartimento da escrevaninha, segurado por fechadura de 2 voltas, no qual guardei esse caixão, e mais 2:615$000 tãobem do Estado, soltos em notas de 2$000 destinadas para um pagamento para o dia seguinte, que o ladrão deixou intactos, como no Corpo do Delicto, que immediatamente se procedeo foi reconhecido_ levando só o Caixão com 9 Contos. O digno Delegado da Policia da Villa d'Itajahy e Seu termo, que por fortuna se achou presente na Colonia empregou com toda energia, commigo e com os empregados da Directoria e mais algums moradores na Sede da Colonia, toda a noite, todos os meios para impedirmos a sahida do Roubo da Colonia para fora. As indagações, pesquizas, o interrogatorio ex Officio de hoje, as buscas immediatamente hontem de noite feitas nos Ranchos, vendas e casas dos particulares que de boa mente consentirão, nada dérão por ora para indicar a pessoa do ladrão. O que parece porem fora de duvida é que o Soldado de Sentinella (já conhecido ter roubado anteriormente na Colonia seu proprio Sargento Jacintho de Mello) deve ter sido conivente, e talvez todos 3 Soldados desta guarda especial que amanhã remetterei ao Snr. Major Commandante do Deposito, juntamente com fé e Copia das perguntas e respostas que depuzerão no Interrogatorio feito pelo Snr. Juiz Delegado da Polícia.

Hoje porem por summa felicidade, sendo mandados muitos Colonos para batter todo o matto em descubrimento do Roubo, foi o Proprietaro da casa de Pasto e negocio da Sede da Colonia o Snr. Philippe Krieger no seu quintal limitado por uma estreita 1agoa, e attravessando a sobre uma pingue1a, para ver a sua pequena plantação de milho, déo com um caixão semi submergido na lagoa, foi immediatamente dar parte ao Snr. Delegado_ e verificou-se ser o do denheiro do Estado roubado, o qual recolhido pelo Snr. Delegado e mandado despregar e abrir a vista de muitos testemunhos continha exactos e intactos todos os nove Contos de Reis em massos de 1 Conto cada um de notas novas de 2$000 como as recebi da Thezouraria, porem muito molhados que se está secando e passando a férro. Eu tinha prometido uma gratificação de Rs 100$000 à quem descubrisse ou achasse o roubo. É quanto com pressa tenho de levar ao conhecimento de Vª. Exª., pedindo Ordens especiais ou instrucções sobre o como devo proceder neste fato visto que o Snr. Delegado pretende partir amanhã, e tendo eu só um Inspector do Quarteirão_à quem a Lei poucas forças dá para proceder em um caso tanto melindroso e de tanta importancia urgente.

Deos Guarde à Vª. Exª.

Exm°. e Revmº. Snr. Conselheiro Vicente Pires da Motta

Dm°. Presidente da Provincia de S. Catarina

O Director da Colonia Brusque

ass.: Barão de Schneéburg.


Cópia do Interrogatório feito ao Soldado Luiz Jacintho da Rosa, que hontem a noite se achava de Guarda na Caza da Directoria dessa Colonia em 5 de Março de 1862.

Luiz Jacintho da Rosa, 42 de Idade, cazado, natural desta Provincia, profissão Soldado destacado nesta Colonia, pelo Delegado de Polícia o cidadão Joaquim Pereira Liberato, foi interrogado sobre o roubo da quantia de nove Contos de Reis, feito na Caza da Directoria onde elle, Rosa se achava de Guarda, respondeo. Perguntado: qual erão seus Cameradas da guarda, respondeo; que era José Pedro e Bernardino José de Souza, ambos Soldados; respondeo que foi antes de 7 horas para a caza da Directoria; perguntando onde estava o Director Barão de Schneéburg respondeo que se achava em caza, e que sahira em companhia do Paolo de Ploenies e do Delegado da Policia, para a caza do Snr. Eduardo Knorring, perguntado, quem fez as duas primeiras horas da sentinella, respondeo que foi o Soldado Bernardino, e este não abandonou a sintinella durante as duas horas, disse que na sintinella de Bernardino, se apagou a luz dentro da caza, disse que na occazião de apagar-se a luz não ouviu barulho nenhum nem dentro da caza nem para fora, disse que abandonara a guarda e foi a cear, deixando de sintinella o Soldado Bernardino, e o Soldado José Pedro, que estava deitado; disse que indo de cear para a guarda encontrara em caminho perto da Caza da Directoria, o allemão Guilherme Risch, disse que, quando elle depoente estava fazendo as duas horas de sintinella o Soldado Bernardino viera ao quartel e o Soldado José Pedro estava deitado, disse mais, que durante o tempo da guarda esteve sempre acordado, disse mais que sabia que na Directoria havia dinheiro. Perguntado, se se achava embriagado respondeo que não, que achava em seu perfeito juizo. Perguntado, que hora chegou o Snr. Barão a Directoria, respondeo, que era dez e meia hora pouco mais ou menos, em companhia de seu escravo João, abrindo a porta entrando para dentro, immediatamente gritou, que se achava roubado_ e elle depoente vio, que se achava aberta a porta, e nesta occazião acudirão todos os praças e todos os moradores deste lugar e ahi o Barão de Schneéburg verificou que se achava roubado: de um caixote pregado e lacrado, no qual continha a quantia de nove Contos de Reis, que pertencia ao Governo, perguntado mais, se durante o tempo que esteve de sintine11a, verificou-se se achava alguma porta ou janella aberta, respondeo, que não verificou, disse mais que na occazião de ir cear não avisou aos seus cameradas diga companheiros perguntado mais qual a pessoa, que com elle deponente foi conversar durante o tempo, que esteve de guarda, respondeo, que foi o Soldado Pedro Antonio, perguntado se ouviu algum barulho, dentro da Directoria antes de apagar-se a luz, respondeo, que não, pois achou-se na rua e tudo se achava fechado, perguntado que viou a porta aberta antes do Snr. Barão voltar respondeo, que não. Disse mais êle deponente, que durante o tempo, que elle esteve de sintinella e o Soldado Bernardino, o Soldado José Pedro sempre estava deitado. E por nada mais ser perguntado, deo-se por findo este interrogatorio. Visto por não saber o deponente assinar, assinou o Fernando Joenk com os testemunhos presentes e o Juiz do que dou fé. Eu Germano Thieme, Escrivão interino especialmente nomeado por este acto o escrevi. Seguem as assignaturas - Liberato - Ferdinand Joenk - von Ploennies - Eduardo Sebastião von Knorring.


Interrogatorio feito ao Soldado Bernardino José de Souza, que ontem a noite se achava de Guarda na Caza da Directoria desta Colonia. Bernardino José de Souza que diz ter 50 annos de idade, solteiro, natural de Bahia, profissão Soldado, destacado nesta Colonia, pelo Delegado de Policia o cidadão Joaquim Pereira Liberato foi interrogado sobre o roubo da quantia de nove Contos de Reis feito na Caza da Directoria desta Colonia, onde elle Souza se achava de guarda, respondeo que era José Pedro e Luiz Jacintho da Rosa, ambos soldados; perguntado qual hora foi por a guarda respondeo, que foi ao anoitecer; perguntado aonde estava o Barão na occazião, respondeo que se achava na Directoria em companhia do Snr. Delegado e de Paolo von Ploennies, perguntado qual o soldado entrou primeira na sintinella, respondeo, que foi elle o deponente, e disse, que nesta occazião seus Cameradas Luiz e José Pedro se achavão deitados, disse mais, que durante o tempo, que elle deponente esteve de sintinella o Soldado Luiz se ausentara, perguntado se viu o Barão sahir da Caza da Dírectoria respondeo, que sahio em companhia do Delegado de Policia e de Paolo von Ploennies, e não sabia para onde forão; perguntado se havia abandonado a sintene11a, respondeo que sempre esteve na sintinella e quando entregou a sintenella estava a luz aceza e dentro da Directoria digo entregou a sintenella ao Soldado Luiz, e durante elle deponente estava de sintenella chegou lá Pedro Luiz, soldado, conversando com elle sobre o Cadete Gabriel, disse maís que durante a sintenella do deponente o soldado José Pedro, sempre estava deitado, mais ignorando se elle se achava dormindo ou accordado; disse mais elle deponente, que na occazião de que se achava de sintenella o soldado Luiz Jacinto da Roza elle deponente abandonára a guarda voltando depois; disse mais elle deponente, que na occazião de que o soldado Luiz da Rosa fazia as duas horas de síntenella elle deponente se achava dormindo, assim mais o soldado José Pedro e só se accordarão pelos gritos do Snr. Barão, quando voltou a caza e se encontrou roubada, e se achava de sintenella, nesta occazião o soldado Luiz da Roza; diz elle deponente que sabia que na Directoria havia dínheiro, mas ignorava a quantia. Perguntado, que se achava bebado, respondeo, que não, que se achava em seu perfeito juizo e que durante a sintenella não havia barulho em dentro da Directoria e nem viu porta nem ginella aberta; perguntado que hora chegou o Snr. Barão a Directoria, respondeo, que ignorava, porque se achave dormindo, disse mais elle deponente, que na occazião de o soldado Luiz da Roza sahir da guarda nem deo parte ao deponente, nem ao seu camerada; perguntando mais, se na occazião de o soldado Luiz da Roza sahir da guarda que o Snr. Barão gritava, que se achava roubado elle deponente viou alguma porta aberta, respondeo, que sim, que viou duas portas abertas uma na frente e outra na lado da Caza da Dírectoria. Disse mais elle deponente, que pessoa alguma e nem mesmo seus Cameradas o convidarão para fazer roubo do dinheiro, que havia na directoria. E por nada mais ser perguntado deo-se por fíndo este interrogatorío. depoís de elle ser lido e achar com forma e visto não saber escrever, assinou a seu rogo o Dr. Eberhardt, com o Juiz do que todo dou fé. Eu Germano Thieme Escrivão interino especialmente nomeado por este acto o escrevi. - Liberato - W. Eberhardt Dr. phil. - Luiz Spengler - Ferdinand Joenk.

Interrogatorio feito ao Soldado José Pedro Ferreiro, que se achava hontem a noite de guarda na Casa da Directoria desta Colonia José Pedro Ferreiro que diz ter 23 annos de idade, solteiro, natural da Provincia de Sto. Paul0, profissão Soldado, destacado nesta Colonia, pelo Delegado de Policia o cidadão Joaquim Pereira Liberato foi interrogado, sobre o roubo da quantia de nove Contos de Reis feito na Caza da Directoria no Dia 4 do corrente, onde elle Ferreiro se achava de guarda; perguntado, qual erão seu cameradas da guarda responde, que erão Luiz Jacintho da Roza e Bernardino José de Souza, ambos Soldados, perguntado que horas elles forão fazer a guarda, respondeo, que foi antes de escurecer, e perguntado, que viou o Barão, respondeo que não o viou em Caza, mas encontrou a caza fechada. perguntado, quem foi o Soldado que fiz as primeiras duas horas de sintene11a, respondeo, que foi o Soldado Bernardino José de Souza, e este não abandonou a sintene11a, e disse mais, que não vi luz em caza da Directoria, respondeo mais, quando elle deponente chegou na guarda estava fazendo sintenella o soldado Bernardino, e perguntado mais se elle deponente durante a sintenella do Bernardino e do Luiz estava dormindo, respondeo que sim. Disse mais que viou o Soldado Pedro Antonio, ir conversar com elle e com qs outros cameradas sobre o codete Grabriel. Disse mais, que na occazião de Bernardino fazer a síntenella viou o Soldado Luiz sahir da guarda e disse, que vinha ao quartel de beber café e que isto foi depois de sete horas, disse o deponente, que não entrou de sentinella por que não tocou-lhe a vez, perguntado se elle sabia, que havía dinheiro na Directoria respondeo que sabia, mas ignorava a quantia. Preguntado se se achava elle e seus companheiros bebido ou com seu perfeito juizo, respondeo que todos estavão com seu perfeito juízo. Perguntado se tinha visto abrir alguma porta ou jane11a, respondeo, que nãp podia ver porque se achava dormindo, e não viou o Snr. Barão voltar, accordou-se só pelos grítos do Snr. Barão, que gritava, que se achava roubado, e mesmo não podia calcular as horas, pois estava dormindo. Perguntado, que elle durante o tempo, que se achava accordado viou alguma porta aberta, disse, que não o viou e nem barulho dentro da Caza da Directoria, disse mais, que quando foi para a guarda já lá se achavão Bernardino de Souza e Luiz da Roza ambos, ambos se achavãos accordados e Bernardino estava de Sintenella. E por nada mais ser perguntado deo se por findo este interrogatorio, visto não saber ler nem escrever assinou a seu rogo von Ploennies, com o Juiz e as testemunhas prezentes e do que dou fé. Eu Germano Thieme Escrivão interino, especialmente nomeado para este acto, que o escrevi. - Líberato - von Ploennies - Luiz Spengler - W. Eberhard Dr. Phi1. -

Interrogatorio feito ao Colono Guilherme Risch em 5 de Março de 1862. Guilherme Risch 36 annos de idade, cazado, profissão 1avrador, natural do Grão-Ducado Oldemburg, pelo Delegado da Polícia o cidadão Joaquim Pereira Liberato, foi elle feito as perguntas de Maneira, que seguem: Perguntado, que havia visto a porta da Directoria aberta, respondeo, que tendo estado no rancho de Willerich, pegado a Caza da Directoria e a encontrou aberto, sem luz dentro da Caza e sem pessoa, que fizesse barulho na mesma caza e poucos passos da caza, da Directoria encontrou elle deponente o soldado Luiz Jacinto da Rosa, que subia para caza da Directoria e que não dera parte de encontra a porta aberta por não saber, se o Barão tinha dinheiro ou não. Disse mais, que estando no rancho de Willerich, ouviou uma pessoa tropeçar na frente do rancho indo de tamancos, mas elle ignorava quem fosse. Disse mais, que depois tinha encontrado o Soldado Luiz e que hia a sua caza e sem encontra pessoa alguma no caminho. E por nada mais ser perguntado deo se por findo este interrogatorio, que assinou com o Juiz, de que tudo dou fé. Eu Germano Thieme Escrivão Interino especialmente nomeado pora este acto, o escrevi - Liberato - Wilhelm Risch - Conforme Germano Thieme.


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