Capítulo de Fundação do Seminário de Azambuja - Aloisius C. Lauth

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Capítulo de fundação do Seminário de Azambuja

  • Aloisius Carlos Lauth

Após o retiro do Clero Secular, em Florianópolis, no dia 11 de fevereiro de 1927, D. Joaquim Domingues de Oliveira anunciava a criação do Seminário Diocesano para atender ao crescente movimento vocacional da Província e regularizar as normas da Sagrada Congre-gação dos Seminários. A Arquidiocese, recém criada a 17 de janeiro pelo Papa Pio XI, com outras duas. dioceses, Joinville e Lages, contava aproximadamente com 500.000 fiéis católicos e uns 30 padres no ser-viço pastoral (2) . O Arcebispo indicava o então Cura da Catedral Me-tropolitana, Pe. Jaime de Barros Câmara, para organizar o dito Semi-nário, na qualidade de primeiro Reitor.

O entusiasmo do Clero animara o Arcebispo a determinar, igual-mente, após o almoço de confraternização, como local do Seminário, o então Hospital Arquidiocesano de Azambuja do Norte, Curato da Ar-quidiocese. Alguns não simpatizantes — Azambuja era conhecida na Província pelo recolhimento de asilados e alienados mentais, custea-dos inclusive pelo Governo — sugeriram outras localidades. E, de mais a mais, seria uma graça para a Paróquia poder abrigar o Semi-nário Diocesano.

Entre Criciúma, São José e uma proposta de colonos de Nova Veneza, pareceu melhor ao organizador, de acordo com o Arcebispo, aceitar a proposta dos católicos da capital que ofereciam a compra e a devida instalação de uma casa. A Família Aducci, logo depois, prontificou-se a vender uma de suas propriedades, na Rua José Veiga n°. 2, pela "quantia módica" de 30 contos. Todos concordaram. Mas, enquanto se faziam ainda as transações, chegam os primeiros semina-ristas.

Na manhã de 4 de março, a bordo do "Itapacy", em companhia de Pe. Nicolau Gesing, embarcados em Imbituba, chegam os três pri-meiros seminaristas, vindos da Paróquia de Nova Veneza, no sul do Estado. A tarde do dia seguinte, chega o navio "Max" trazendo mais nove seminaristas, cinco dos quais, da Paróquia de Braço do Norte. Hospedaram-se todos na Catedral. Ali começariam a educação mais re-servada e as aulas. Dias depois, dá-se a transferência da Catedral pa-ra a Casa da Rua José Veiga n°. 2, no local da atual Escola Técnica Federal de Santa Catarina (3).

Canta-se que as primeiras aulas teriam sido dadas ao ar livre, à sombra de urna árvore, utilizando-se o terreno para escrever. 2 o que se pode ler na primeira informação sobre o Seminário, publica-da no "Esperança" — Boletim da Obra das Vocações Sacerdotais, dos anos 30: "Disse que o Seminário começou humilde, e de fato. Nada possuia. A sala de aula era a sombra de uma pitangueira; o quadro negro, a areia em que o Reitor traçava com urna varinha, seu giz, as primeiras palavras latinas. Em livro, nem sequer, se pensava..."

0,Reitor, responsável pela Casa, lecionava Latim, Religião e Ale-mão; as aulas de Português, Aritmética, História Sagrada, Geografia e História Universal ficaram a cargo da professora Da. Hilda Domino-ni, senhorita dedicada à causa das vocações.

No Dia da Anunciação, 25 de março, esperou-se uma comitiva ar-quidiocesana para a instalação do Seminário. As Filhas de Maria en-feitaram a Capela, ajudadas, na limpeza, pelas Irmãs da Mendicida-de. (Entre os ornamentos, um quadro de Nossa Senhora de Lourdes, a padroeira, oferecido pela Da. Soraia Daux. "Terminada a missa, com a qual vinha S. Excia. inaugurar oficialmente o Seminário, foi lida por Frei Norberto Tambosi, a Provisão de Fundação. O Sr. Ar-cebispo estabelece, assim, seu Seminário Menor nesta capital e lhe no-meia o primeiro Reitor "com todas as prerrogativas e obrigações cons-tantes em. Direito". Na mesma provisão manda S. Excia. que haja Livro de Tombo, de Receita e Despesa, de Matrícula dos Alunos e ou-tros que sejam úteis à administração da Casa. Em seguida, o Sr. Ar-cebispo faz uma bela alocução em que entusiasma os seminaristas e agradece a boa vontade dos amigos presentes. Após o café, no peque-no refeitório, S. Excia. visita todos os compartimentos, aprova as mo-dificações já feitas e outras a realizar, mas não pode deixar de mani-festar-se impressionado com a estreiteza do edifício, que apenas com-porta quinze alunos e já com dificuldades..." (4)

Este fato iria modificar o estabelecimento do Seminário. Ain-da no início de abril, a coleta dos católicos para a compra da proprie-dade não atingia a quantia necessária. A reforma, também insufi-ciente. E, já no dia 6, o Arcebispo cogita transferir o Seminário para fora da Capital. Ouvem-se novos rumores. O Reitor tencionava perma-necer na Capital mas as razões de D. Joaquim falavam forte. Dar-se-ia, assim, a mudança do Seminário de Florianópolis para Azambuja, motivado pela insuficiente coleta dos católiCos; a previsão de aumento do número de alunos e os bens imóveis, já pertencentes à Mitra, no Curato de Azambuja do Nórte.

Azambuja viera à luz, resguardada por um quadro-cópia da Madona de Caravaggio, com as famílias italianas de Treviglio, instala-dos na linha colonial do "Caminho do Meio". A "valata" recebera o nome de Azambuja em homenagem ao Diretor do Departamento de Terras, o Conselheiro Bernardo Augusto Nascentes d'Azambuja. Já possuia, no século, Hospital, As:ilo, Hospício de Alienados e uma obs-cura Escola Paroquial. O Hospício, com dois andares, estava cercado com muros ao redor. Desde o início, foram acolhidos alí alguns alienados mas a construção deu-se somente em 1909, com a ajuda do go-verno. O Hospital Arquidiocesano, ao lado, construído pelo Pe. Ga-briel Lux, entre 1907-1911, dava aos fundos com o Asilo de Velhos. Cuidavam de todos, com zelo cristão, as Irmãs da Divina Providência, que alí chegaram em 1902. Mais além, o Santúário, construído pelo Pe. Antônio Eising, e a Capelinha com o quadro-cópia de Da. Bianca Melzi Brambilla, eregida em 1928. Ainda, um caminho ligava Azam-buja à Fábrica! Renaux, a chamada Rua do Curtume. Já o caminho da "valata" levava à antiga colônia irlandesa.

Na manhã de 18 de abril de 1927, parte para Azambuja o pri-meiro caminhão, cedido pelo Ginásio Catarinense. Um outro, com ba-gagens e alunos, parte no dia seguinte. O caminhão tem problemas em Tijucas, forçando o pernoite no Colégio das Irmãs. Na Serra do Moura, o caminhão pára de vez e é, providencialmente, rebocado por um terceiro, o caminhão do Governo, até a localidade de Nova Trento. Baldeia-se a mudança para um novo caminhão e a viagem continua noite a dentro. Às 11,30 h da noite chegam, enfim, quando já nin-guém os esperava. Tocam a campainha de entrada. Atendem as Irmãs e o Pe. Inácio Burrichter, SCJ.

Este vale fora es-colhido por D. Joa-quim em sua pri-feira visita pasto-ral ao Curato de A-zambuja. Dizia ele então ao Pe. Ga-briel Lux que ao prédio do Hospital estava "faltando, nofrontispí-c i o, uma inscri-ção ou letreiro com as palavras SEMI-NÁRIO DIOCESA-NO". E justificava ser o Hospital e-norme para a quantidade de doentes. Um Seminário, por ideal e necessidade da Província Eclesiástica, seria "incomparavelmente superior" (5). Muitas águas rolariam depois de 1915. As vocações se formavam nos Seminários da Província do Rio Grande do Sul, embora tenha havido uma experiência em 1919, reali-zada na Paróquia de São Ludgero, com 7 alunos, sob a orientação do Pe. José Sundrup — iniciador da Santa Casa da Misericórdia de Nos-sa Senhora de Azambuja, 1902.

FOTOGRAFIA Hospital e Seminário de Azambuja. Planta idealizada pelo Pe. Gabriel Lux.

No Livro de Matrículas, os alunos pioneiros estão caracteriza-dos assim:

NOME INGRESSO PARÓQUIA ORDENAÇÃO Afonso Niehues 05.03.27 São Ludgero 16.05.38 Agenor Marques 28.03.27 Tijucas 29.12.40 Albino Coral 03.03.27 Nova Veneza Antônio Billo 03.03.27 Nova Veneza Francisco Câmara 10-03.27 São José Frederico Hobold 05.03.27 São Ludgero 31.12.39 Frederico Niehues 05.03.27 São Ludgero Hildebrando Coral 03.03.27 Nova Veneza Huberto Bruening 05.03.27 São Ludgero 02.02.38 João Philippi 05.03.27 São Ludgero 31.12.39 Jocelyn Rodrigues 05.031.27 Imaruí Nelson M. Neto 05.03.27 Laguna Osvaldo de Bem 05.03.27 Laguna Raul Larroyd 05.04.27 Araranguá Walmor Castro 05.03.27 Laguna 05.03.39 Wilson L. Schmidt 06.03.27 Florianópolis 3i1.12.39

Reitor: Pe. Jaime de Barros Câmara

Professora: Da. Hilda Dominoni

Dia 21 de abril de 1927, dia seguinte ao da chegada, os alunos comecam as arrumações da Casa, escrevem cartas e ouvem os primei-ros "avisos". O Seminário e o Hospital coexistiriam até durante a rei-toria de Pe. Bernardo Peters. Este ocuparia o 1°. pavimento; aquele, o 2°. e o 3°., tendo ambos cozinha, dispensa e adega comum. Em 1930, completa-se a planta idealizada pelo Pe. Lux. Em 1947, vem novo acréscimo, em estilo diferente do original, demolido para a cons-trução do atual Seminário.

Com o boato da transferência do Seminário, vieram também os opositores. As Autoridades, brusquenses tentaram impedir o desem-barque da mudança, mas devido ao imprevisto da chegada e à noite nada puderam fazer. O Superintendente do município havia ameaça-do a Irmã Superiora e telegrafara ao Arcebispado, rogando a desis-tência da idéia. Ao município era inadmissível que a Mitra se apos-sasse ainda mais do núcleo de Azambuja e, quem sabe, acabasse com o único hospital. Neste intuito, também o Cônsul Renaux telegrafara ao Arcebispado e, apesar da amizade de ambos, nada conseguira. A idéia de perder o hospital tinha sido precedida pela de transferí-lo pa-ra o centro da vila. Por boa política, esta gente engrossou as fileiras, mais tarde, da construção do Hospital e Maternidade Protestante.

Também para a Paróquia, dirigida pelos padres do Sagrado Co-ração de Jesus, não era agradável a idéia de abrir dois Seminários, mesmo de ordem diferente. Pe. Germano Brand, SCJ, havia fundado a Escola Apostólica, em 1924, para cultivo das vocações religiosas que, por aumento dos pedidos de admissão, falta de terreno para amplia-ção, etc., lograra transferir-se para outro local. Esta questão duraria até 1932, quando foi criado o Seminário Menor de Corupá pelo conhe-cido Pe. Lux.

A frustrada intercepção da transferência, na Província, acaba-ra com denúncias de irregularidades administrativas. Dizia-se que o Seminário estaria sendo sustentado pelos auxílios do governo, envia-dos exclusivamente para a manutenção dos alienados e asilados,. En-tretanto, os livros de contas, mostram que os alunos pagaram pensão individual de sessenta mil réis. Então, em maio, o Secretário do Inte-rior e Justiça da Província, Dr. Cid Campos, inspecionou o núcleo, ouviu as reclamações, vistoriou os livros, analisou a situação. Seu pa-recer foi de que o Seminário não atrapalhava o funcionamento do Hospital Arquidiocesano, que continuaria existindo. Escreve o Reitor, em seu "Diário", que o Secretário "foi satisfeito". Mas as tensões perdurariam. Ainda em 1929, há insinuações maldosas.

O espírito diplomático do Reitor contornou com amenidade a situação. Logo na festa de maio, ele ofereceu um banquete às autori-dades brusquenses, aos de ânimo exaltado e aos amigos, reinando a máxima cordialidade. Seguem outros fatos que deixam de ser corri-queiros nas mãos deste Magnífico Reitor. Hoje, ainda, "Azambuja é o lugar do Seminário".

NOTAS: (1) O artigo completa a monografia "Movimentos Históricos do Jubilar Seminário de Azambuja", para término de curso da Faculdade de lEstudos Sociais, FEBE. (2) HOBOLD, Wendelino, Discurso do Jubileu de Prata do Seminário de Azambuja. (3) BESEN, José A., O Seminário de Azambuja, Rev. Pastoral de Conjunto, fev. 77. (4) Diário do Reitor I — 25.031.27 (5) OLIVEIRA, D. Joaquim D., 1915-1964, Rev. A Esperança, volume especial de Inauguração do Seminário, 1964.

CAPÍTULO DE 'FUNDAÇÃO DO SEMINÁRIO DE AZAMBUJA (II)

  • Aloisius Carlos Lauth

O "núcleo de Azambuja" teve três grandes períodos de constitui-cão histórica, intimamente relacionados. Na forma didática, eles estão assim:

A — Fase do Santuákio: começa com os imigrantes italianos construindo a Capela em honra da Madona de Caravaggio e culmina com a dignidade de Santuário Episcopal;

B — Fase do Hospital: com a chegada das Irmãs da Divina Pro-vidência, a "Santa Casa da Misericórdia de Nossa Senhora de Azambuja" entra em funcionamento. Depois de abri-gar várias instituições, termina com a separação efetiva de suas atividades em 1936; e,

C — Fase do Seminário: sua criação deu-se em Florianópolis, em 1927. Por razões econômicas, é transferido para o "nú-cleo de Azambuja".

Segue a questão de intereeptação. Com ela, os opositores põem-se contra a Arquidiocese que vê no "núcleo" uma saída para os seus pro-blemas. As autoridades brusquenses temiam que a vinda dos seminaris-tas pudesse_ terminar com a instituição hospitalar, única na época, e rei-vindicaram sua criação e manutenção à comunidade. Pouco tempo antes, tentaram tra:nsferí-lo para o centro da vila, mas faltou efetivo apoio. Esta reação, agora, iria fermentar ainda mais a necessidade de se criar outra instituição. Breve era inaugurado o Hospital e Materni-dade C.C. Renaux.

Também para a Paróquia, a vinda dos seminaristas diocesanos poderia constituir-se em estorvo, já que os dehonianos haviam criado sua Escola Apostólica em 1924. Mas também ela sofria das idéias de re-novação e tentava se transferir para o norte da Província. Dois semi-nários seriam "peso" para a comunidade local, por minguadas as aju-das que fossem.

Para o "núcleo de Azambuja", a vinda dos seminaristas foi a melhor maneira de o Sr. Arcebispo resolver a crise administrativa que se seguiu com a saída do Pe. Gabriel Lux SCJ, em 1919, talvez porque este consolidara um patrimônio incomum nos anos de "Fabriqueiro-Administrador do Santuário". Cogitou-se, inclusive, fazê-lo retornar, ante .1 da criação do Seminário, para solução dos déficit econômicos.

Esta situação amenizou-se por habilidade de diplomacia do Rei-tor, ao longo tempo de reitoria. Os documentos deste caso estão abai-xo relacionados:

1. Carta do Sr. Arcebispo Metropolitano: (Arquivo da Cúria Metropolitana, Florianópolis) Florianópolis, 21 de julho de 1926. Revmo. Sr. PADRE: GERMANO BRAND, M.D. Vigário Brusque L J C

Continuamos resolvidos a dar corpo, logo que possível, à idéia de transformar o Hospital de Azambuja em Seminário Diocesano, es-perando entender-me com o Rev. P. Superior sobre a transferência da Escola Apostólica, apenas aqui pasze, segundo a sua declaração.

Entretanto, desejo que V. Revma. me mande logo que puder o balancete da sua gestão, e a especificação de seu débito para com o mesmo Hospital. Continuo a seu inteiro dispor, como sendo Servo em J. C. t Joaquim, Arcebispo Metropolitano

2. Telegrama das Autoridades Brusquenses: (Arquivo da Cúria Metropolitana, Fpolis.)

Exmo. Snr. Arcebispo Fpolis.

Tivemos conhecimento que V. Rma. (ilegível) mandou hos-pital de Aza.mbuja seminarista e reunidos deliberamos rogar V. Rma. vinda pessoa autorisada afim confabularmos para melhor mo-do solucionar questão. Quanto vinda mesmos seminaristas achamos bom adiar por motivos imperiosos.

(Ass.) Humberto Mattioli, director; Germano Schaefer, se-cretário; Arthur Gevaerd, thesoureiro; João Schae-fer, procurador geral; Mathias Moritz, vogal; Luiz Albani, vogal.

3. Nota no livro "Dados Históricos' do Hospital": (Arquivo D. Jaime, Azambuja)

"A Revma. Madre interessou-se junto ao Rev.mo Sr. Arcebis-po Dom Joaquim Domingues de Oliveira pela volta do Rev.mo Pe. G. Lux. A Superiora de Azambuja obteve licenças para dirigir-se ao Pe. Lux, fazendo isto em 31 de março e antes que urna resposta chegasse, outro telegrama veio, mandando preparar quartos para hospedar os primeiros seminaristas. Foi pedido que o Rev.mo Diretor viesse para dirigir e arrumar as acomodações, mas o mesmo respondeu que só po-deria vir depois da Páscoa.

"As Irmãs guardaram segredo a respeito da ordem recebida pe-lo Rev.mo Sr. Arcebispo, mas uma carta de Sua Ex.cia às autorida-des locais fez conhecer as pretensões do mesmo. Na 6a. feira santa houve sessão do Conselho Municipal, tratando-se anular os desejos do Revmo. Sr. Arcebispo. O uperintendente, Sr. João Schaefer, veio avimr-nos que; passou um telegrama ao Rev.mo Sr. Dom Joaquim nos seguintes termos: O povo é contra, Azambuja não pertence à Mitra, o povo a construiu. No dia 20 de abril chegou Pe. Jaime com os semi-naristas, à meia noite, devido a muitos obstáculos e dificuldades du-rante a viagem. O capelão, o Rev.mo Pe. Inácio da Congregação do S.C.J. os recebeu, e no outro dia após oferecer a s. missa retirou-se. EM 10 de maio o Rev.mo Pe. Inácio seguiu viagem para a Europa".


4. Carta da Irmã Superiora: (Arquivo da Cúria Metropolitana, Fpolis)

Hospital de Azambuja, aos 18 de abril de 1927 Exmo. Revmo. Snr. Arcebispo Respeitosas saudações. Tem-se um pouco de tempo que nos deixa escrever algumas palavras. Parece que a situação exige que Va. Exia. mande o quanto an-tes os seminaristas, então se acabarão todas as dificuldades. Pois a-queles que estão contra, dizem, nós devemos pedir que eles não ve-nham, se estão cá, não se pode mandá-los embora. Va. Exia. Revma. tenha bondade de desculpar os termos mal escritos. Se Va. Exia. Revma. se dignasse de vir para cá poderíamos di-zer tudo; hoje, se pode só isto. Com professsado respeito pedem a benção arcebispal as filhas e servas em Nosso Senhor. A Superiora Servanda e demais Irmãs de Azambuja.

5. Telegrama do Cônsul Renaux: (Arquivo da Cúria Metropolitana, Fpolis) L C D ARCEBISPO FLORIANÓPOLIS

CLAMOR POVO BRUSQUENSE SUSPENSÃO HOSPITAL COMMOVE DEVERAS COMO BENFEITOR ENTRE MUITOS CON-CORRERAM ESSA OBRA PIA APELLO NOBRES SENTIMENTOS VOSSA EMINENCIA CONCEDER PRASO TEMPO DESSE CONSTRU-IRMOS NOSSO HOSPITAL. Cônsul Renaux

6. Nota no "Diário do Reitor": (Arquivo D. Jaime, Azambuja)

"Sabendo que os ânimos das principais autoridades brusquen-ses estão agastadas com a repentina vinda dos seminaristas para A. zambuja, (a ponto de desejarem impedir o desembarque dos meninos, o que não puderam executar, porque chegamos durante a noite), as Irmãs, de combinação com o Reitor, ofereceram às autoridades e ami-gos do hospital um bom almoço neste dia e, reinando nele a máxima cordialidade, pareceu terminadas as animosidades contra o seminá-rio" (DR 1-26.05.27).

7. Nota no livro "Dados Históricos do Hospital": (Arquivo D. Jaime, Azambuja)

"Mais uma vez trabalhou-se para o Seminário ser transferido por não ter subvenção alguma. Entretanto, as mensalidades são pagas com pontualidade, porém, falta o dinheiro suficiente para sua vi-da autônoma" (1929).

Poderíamos relacionar alguns acorridos a esta situação que serviriam, principalmente, para desanuviar as animosidades exis-tentes:

8. Visita de inspeção do Secretário de Interior e Justiça da Provín-cia de Santa Catarina a 28 de maio de 1927. Dr. Cid Campos na-da encontrou que desabonasse a convivência Seminário-Hospital.

9. Um encontro casual dos Seminaristas com os da Escola Apostó-lica, no passeio à casa do Sr. Bernardo Fischer, dia 7 de setem-bro de 1927.

10. Benção da estátua São José, oferecida pela Irmã Superiora à casa das Irmãs de Azambuja, tendo por padrinho o Superintendente, Sr. João Schaefer, representado na ocasião pelo seu filho (DHH — p. 12).

11. Falecimento do Superintendente de Brusque a 27 de outubro de 1927.

12. A intervenção cirúrgica, no Hospital Arquidiocesano, do represen-tante da Superintendência (MUI - p.

13) A julgar por estes pontos, dever-se-ia concluir a seriedade do caso. Nós diríamos que tudo foi tão imediato que não deixou conse-qüências a longo prazo. E, além do mais, alia-se a magnanimidade do então Pe. Jaime de Barros Câmara, de hábil relacionamento entre as partes, a ponto de em breve sanar a situação.

Nota: (1) O artigo integra a monografia de conclusão de curso da Fa-culdade de Estudos Sociais, FEBE.


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