Mudanças entre as edições de "Capítulo de Fundação do Seminário de Azambuja - Aloisius C. Lauth"

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Este fato iria modificar o estabelecimento do Seminário. Ain-da no início de abril, a coleta dos católicos para a compra da proprie-dade não atingia a quantia necessária. A reforma, também insufi-ciente. E, já no dia 6, o Arcebispo cogita transferir o Seminário para fora da Capital. Ouvem-se novos rumores. O Reitor tencionava perma-necer na Capital mas as razões de D. Joaquim falavam forte. Dar-se-ia, assim, a mudança do Seminário de Florianópolis para Azambuja, motivado pela insuficiente coleta dos católiCos; a previsão de aumento do número de alunos e os bens imóveis, já pertencentes à Mitra, no Curato de Azambuja do Nórte.  
 
Este fato iria modificar o estabelecimento do Seminário. Ain-da no início de abril, a coleta dos católicos para a compra da proprie-dade não atingia a quantia necessária. A reforma, também insufi-ciente. E, já no dia 6, o Arcebispo cogita transferir o Seminário para fora da Capital. Ouvem-se novos rumores. O Reitor tencionava perma-necer na Capital mas as razões de D. Joaquim falavam forte. Dar-se-ia, assim, a mudança do Seminário de Florianópolis para Azambuja, motivado pela insuficiente coleta dos católiCos; a previsão de aumento do número de alunos e os bens imóveis, já pertencentes à Mitra, no Curato de Azambuja do Nórte.  
  
Azambuja viera à luz, resguardada por um quadro-cópia da Madona de Caravaggio, com as famílias italianas de Treviglio, instala-dos na linha colonial do "Caminho do Meio". A "valata" recebera o nome de Azambuja em homenagem ao Diretor do Departamento de Terras, o Conselheiro Bernardo Augusto Nascentes d'Azambuja. Já possuia, no século, Hospital, As:ilo, Hospício de Alienados e uma obs-cura Escola Paroquial. O Hospício, com dois andares, estava cercado com muros ao redor. Desde o início, foram acolhidos alí alguns alie
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Azambuja viera à luz, resguardada por um quadro-cópia da Madona de Caravaggio, com as famílias italianas de Treviglio, instala-dos na linha colonial do "Caminho do Meio". A "valata" recebera o nome de Azambuja em homenagem ao Diretor do Departamento de Terras, o Conselheiro Bernardo Augusto Nascentes d'Azambuja. Já possuia, no século, Hospital, As:ilo, Hospício de Alienados e uma obs-cura Escola Paroquial. O Hospício, com dois andares, estava cercado com muros ao redor. Desde o início, foram acolhidos alí alguns alienados mas a construção deu-se somente em 1909, com a ajuda do go-verno. O Hospital Arquidiocesano, ao lado, construído pelo Pe. Ga-briel Lux, entre 1907-1911, dava aos fundos com o Asilo de Velhos. Cuidavam de todos, com zelo cristão, as Irmãs da Divina Providência, que alí chegaram em 1902. Mais além, o Santúário, construído pelo Pe. Antônio Eising, e a Capelinha com o quadro-cópia de Da. Bianca Melzi Brambilla, eregida em 1928. Ainda, um caminho ligava Azam-buja à Fábrica! Renaux, a chamada Rua do Curtume. Já o caminho da "valata" levava à antiga colônia irlandesa.
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Na manhã de 18 de abril de 1927, parte para Azambuja o pri-meiro caminhão, cedido pelo Ginásio Catarinense. Um outro, com ba-gagens e alunos, parte no dia seguinte. O caminhão tem problemas em Tijucas, forçando o pernoite no Colégio das Irmãs. Na Serra do Moura, o caminhão pára de vez e é, providencialmente, rebocado por um terceiro, o caminhão do Governo, até a localidade de Nova Trento. Baldeia-se a mudança para um novo caminhão e a viagem continua noite a dentro. Às 11,30 h da noite chegam, enfim, quando já nin-guém os esperava. Tocam a campainha de entrada. Atendem as Irmãs e o Pe. Inácio Burrichter, SCJ.
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Este vale fora es-colhido por D. Joa-quim em sua pri-feira visita pasto-ral ao Curato de A-zambuja. Dizia ele então ao Pe. Ga-briel Lux que ao prédio do Hospital estava "faltando, nofrontispí-c i o, uma inscri-ção ou letreiro com as palavras SEMI-NÁRIO DIOCESA-NO". E justificava ser o Hospital e-norme para  a quantidade de doentes. Um Seminário, por ideal e necessidade da Província Eclesiástica, seria "incomparavelmente superior" (5). Muitas águas rolariam depois de 1915. As vocações se formavam nos Seminários da Província do Rio Grande do Sul, embora tenha havido uma experiência em 1919, reali-zada na Paróquia de São Ludgero, com 7 alunos, sob a orientação do Pe. José Sundrup — iniciador da Santa Casa da Misericórdia de Nos-sa Senhora de Azambuja, 1902.
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FOTOGRAFIA
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'''Hospital e Seminário de Azambuja. Planta idealizada pelo Pe. Gabriel Lux.'''
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Edição das 13h07min de 20 de março de 2021

Capítulo de fundação do Seminário de Azambuja

  • Aloisius Carlos Lauth

Após o retiro do Clero Secular, em Florianópolis, no dia 11 de fevereiro de 1927, D. Joaquim Domingues de Oliveira anunciava a criação do Seminário Diocesano para atender ao crescente movimento vocacional da Província e regularizar as normas da Sagrada Congre-gação dos Seminários. A Arquidiocese, recém criada a 17 de janeiro pelo Papa Pio XI, com outras duas. dioceses, Joinville e Lages, contava aproximadamente com 500.000 fiéis católicos e uns 30 padres no ser-viço pastoral (2) . O Arcebispo indicava o então Cura da Catedral Me-tropolitana, Pe. Jaime de Barros Câmara, para organizar o dito Semi-nário, na qualidade de primeiro Reitor.

O entusiasmo do Clero animara o Arcebispo a determinar, igual-mente, após o almoço de confraternização, como local do Seminário, o então Hospital Arquidiocesano de Azambuja do Norte, Curato da Ar-quidiocese. Alguns não simpatizantes — Azambuja era conhecida na Província pelo recolhimento de asilados e alienados mentais, custea-dos inclusive pelo Governo — sugeriram outras localidades. E, de mais a mais, seria uma graça para a Paróquia poder abrigar o Semi-nário Diocesano.

Entre Criciúma, São José e uma proposta de colonos de Nova Veneza, pareceu melhor ao organizador, de acordo com o Arcebispo, aceitar a proposta dos católicos da capital que ofereciam a compra e a devida instalação de uma casa. A Família Aducci, logo depois, prontificou-se a vender uma de suas propriedades, na Rua José Veiga n°. 2, pela "quantia módica" de 30 contos. Todos concordaram. Mas, enquanto se faziam ainda as transações, chegam os primeiros semina-ristas.

Na manhã de 4 de março, a bordo do "Itapacy", em companhia de Pe. Nicolau Gesing, embarcados em Imbituba, chegam os três pri-meiros seminaristas, vindos da Paróquia de Nova Veneza, no sul do Estado. A tarde do dia seguinte, chega o navio "Max" trazendo mais nove seminaristas, cinco dos quais, da Paróquia de Braço do Norte. Hospedaram-se todos na Catedral. Ali começariam a educação mais re-servada e as aulas. Dias depois, dá-se a transferência da Catedral pa-ra a Casa da Rua José Veiga n°. 2, no local da atual Escola Técnica Federal de Santa Catarina (3).

Canta-se que as primeiras aulas teriam sido dadas ao ar livre, à sombra de urna árvore, utilizando-se o terreno para escrever. 2 o que se pode ler na primeira informação sobre o Seminário, publica-da no "Esperança" — Boletim da Obra das Vocações Sacerdotais, dos anos 30: "Disse que o Seminário começou humilde, e de fato. Nada possuia. A sala de aula era a sombra de uma pitangueira; o quadro negro, a areia em que o Reitor traçava com urna varinha, seu giz, as primeiras palavras latinas. Em livro, nem sequer, se pensava..."

0,Reitor, responsável pela Casa, lecionava Latim, Religião e Ale-mão; as aulas de Português, Aritmética, História Sagrada, Geografia e História Universal ficaram a cargo da professora Da. Hilda Domino-ni, senhorita dedicada à causa das vocações.

No Dia da Anunciação, 25 de março, esperou-se uma comitiva ar-quidiocesana para a instalação do Seminário. As Filhas de Maria en-feitaram a Capela, ajudadas, na limpeza, pelas Irmãs da Mendicida-de. (Entre os ornamentos, um quadro de Nossa Senhora de Lourdes, a padroeira, oferecido pela Da. Soraia Daux. "Terminada a missa, com a qual vinha S. Excia. inaugurar oficialmente o Seminário, foi lida por Frei Norberto Tambosi, a Provisão de Fundação. O Sr. Ar-cebispo estabelece, assim, seu Seminário Menor nesta capital e lhe no-meia o primeiro Reitor "com todas as prerrogativas e obrigações cons-tantes em. Direito". Na mesma provisão manda S. Excia. que haja Livro de Tombo, de Receita e Despesa, de Matrícula dos Alunos e ou-tros que sejam úteis à administração da Casa. Em seguida, o Sr. Ar-cebispo faz uma bela alocução em que entusiasma os seminaristas e agradece a boa vontade dos amigos presentes. Após o café, no peque-no refeitório, S. Excia. visita todos os compartimentos, aprova as mo-dificações já feitas e outras a realizar, mas não pode deixar de mani-festar-se impressionado com a estreiteza do edifício, que apenas com-porta quinze alunos e já com dificuldades..." (4)

Este fato iria modificar o estabelecimento do Seminário. Ain-da no início de abril, a coleta dos católicos para a compra da proprie-dade não atingia a quantia necessária. A reforma, também insufi-ciente. E, já no dia 6, o Arcebispo cogita transferir o Seminário para fora da Capital. Ouvem-se novos rumores. O Reitor tencionava perma-necer na Capital mas as razões de D. Joaquim falavam forte. Dar-se-ia, assim, a mudança do Seminário de Florianópolis para Azambuja, motivado pela insuficiente coleta dos católiCos; a previsão de aumento do número de alunos e os bens imóveis, já pertencentes à Mitra, no Curato de Azambuja do Nórte.

Azambuja viera à luz, resguardada por um quadro-cópia da Madona de Caravaggio, com as famílias italianas de Treviglio, instala-dos na linha colonial do "Caminho do Meio". A "valata" recebera o nome de Azambuja em homenagem ao Diretor do Departamento de Terras, o Conselheiro Bernardo Augusto Nascentes d'Azambuja. Já possuia, no século, Hospital, As:ilo, Hospício de Alienados e uma obs-cura Escola Paroquial. O Hospício, com dois andares, estava cercado com muros ao redor. Desde o início, foram acolhidos alí alguns alienados mas a construção deu-se somente em 1909, com a ajuda do go-verno. O Hospital Arquidiocesano, ao lado, construído pelo Pe. Ga-briel Lux, entre 1907-1911, dava aos fundos com o Asilo de Velhos. Cuidavam de todos, com zelo cristão, as Irmãs da Divina Providência, que alí chegaram em 1902. Mais além, o Santúário, construído pelo Pe. Antônio Eising, e a Capelinha com o quadro-cópia de Da. Bianca Melzi Brambilla, eregida em 1928. Ainda, um caminho ligava Azam-buja à Fábrica! Renaux, a chamada Rua do Curtume. Já o caminho da "valata" levava à antiga colônia irlandesa.

Na manhã de 18 de abril de 1927, parte para Azambuja o pri-meiro caminhão, cedido pelo Ginásio Catarinense. Um outro, com ba-gagens e alunos, parte no dia seguinte. O caminhão tem problemas em Tijucas, forçando o pernoite no Colégio das Irmãs. Na Serra do Moura, o caminhão pára de vez e é, providencialmente, rebocado por um terceiro, o caminhão do Governo, até a localidade de Nova Trento. Baldeia-se a mudança para um novo caminhão e a viagem continua noite a dentro. Às 11,30 h da noite chegam, enfim, quando já nin-guém os esperava. Tocam a campainha de entrada. Atendem as Irmãs e o Pe. Inácio Burrichter, SCJ.

Este vale fora es-colhido por D. Joa-quim em sua pri-feira visita pasto-ral ao Curato de A-zambuja. Dizia ele então ao Pe. Ga-briel Lux que ao prédio do Hospital estava "faltando, nofrontispí-c i o, uma inscri-ção ou letreiro com as palavras SEMI-NÁRIO DIOCESA-NO". E justificava ser o Hospital e-norme para a quantidade de doentes. Um Seminário, por ideal e necessidade da Província Eclesiástica, seria "incomparavelmente superior" (5). Muitas águas rolariam depois de 1915. As vocações se formavam nos Seminários da Província do Rio Grande do Sul, embora tenha havido uma experiência em 1919, reali-zada na Paróquia de São Ludgero, com 7 alunos, sob a orientação do Pe. José Sundrup — iniciador da Santa Casa da Misericórdia de Nos-sa Senhora de Azambuja, 1902.

FOTOGRAFIA Hospital e Seminário de Azambuja. Planta idealizada pelo Pe. Gabriel Lux.




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