Brusquer Zeitung

De Sala Virtual Brusque
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  • Álisson Sousa Castro, historiador.

A imprensa teuto-brasileira em Santa Catarina nasce com o periódico joinvillense Colonie-Zeitung, mais tarde denominado Kolonie Zeitung. Este foi o único jornal editado em colônias alemãs em Santa Catarina até o ano de 1881 - ano do surgimento do Blumenauer Zeitung. Estas duas publicações, juntamente com os Kalenders (almanaques) foram responsáveis por suprir de informações os habitantes de Brusque já que a popularização de outros veículos como o rádio (Rádio Araguaia em 1946) e a televisão (após 1948 no Brasil) ainda se fariam distantes.

Segundo Ayres Gevaerd[1], o jornal “O Novidades” trazia farto noticiário de Brusque só que em vernáculo, o que era impeditivo já que o ensino público não se fazia presente e o ensino privado era realizado em idioma alemão – o que reforçava o desconhecimento do idioma português. Apesar da circulação dos jornais Blumenauer e Kolonie em Brusque[2] as notícias de Brusque apareciam raramente, ficando o noticiário local prejudicado já que as notícias disponíveis na maioria das vezes estava em português.

Foi somente em 1912 que finalmente se editou um jornal em Brusque, em idioma alemão: o “Brusquer Zeitung”, tendo ganho sua edição em vernáculo no ano de 1914 com o nome de “Gazeta Brusquense”. Para a historiadora Giralda Seyferth[3] sua “[...] expressão política local e estadual [...] foi mínima, provavelmente porque sua circulação era restrita”. Seyferth[4] afirma ainda que a maioria da população de Brusque na época era alfabetizada, de onde se postula que seu caráter restrito se dava à sua circulação local, até mesmo pelo fato dos municípios vizinhos serem povoados por elementos de outras etnias.

Assim como os jornais “Kolonie Zeitung” e “Blumenauer Zeitung”, o jornal “Brusquer Zeitung” também fora fruto do espírito associativista[5]. O “Brusquer Zeitung” compunha-se de uma Sociedade de Acionistas presidida por Otto Renaux, sendo idealizado por Otto Gruber, que foi seu primeiro redator.

Retornando à historiadora Giralda Seyferth (1981), a mesma em seu estudo sobre o nacionalismo e identidade étnica dos teuto-brasileiros no Vale do Itajaí afirma que “os jornais em língua alemã que circularam no sul do Brasil até 1941 se consideravam, sem exceção, como defensores do 'Brasilianisches Deutschtum' [germanidade brasileira]”. Assim sendo, o objetivo geral deste artigo é identificar quais temas foram tratados pelo periódico e verificar se eles guardam alguma relação com esta ideia de germanidade brasileira.

Para responder a este questionamento faz-se necessário compreender o que seria esta germanidade brasileira, compreender a estrutura do jornal e classificar as notícias em temáticas e por fim verificar se há disparidade no enfoque internacional, nacional, estadual e local quanto à relação temática e alinhamento ao Deutschtum. Como produto destes questionamentos pretende-se possuir uma análise da imprensa teuto-brasileira em Brusque no contexto próximo à Primeira Guerra Mundial a fim de subsidiar futuros estudos relacionados à identidade étnica no período de guerra no município de Brusque.

Num primeiro momento este artigo explora o conceito de “Deutschtum” desenvolvido pela historiadora Giralda Seyferth. Após, trata da estrutura do jornal e analisa as temáticas das notícias de acordo com os níveis elencados conforme sua estrutura para uma categorização e posterior análise.


Referências

  1. GEVAERD, Ayres. A Imprensa Brusquense. In: ÁLBUM DO CENTENÁRIO DE BRUSQUE. 1960. Brusque: Edição da SAB, 1960. p. 293.
  2. SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981. p. 49.
  3. Idem., Ibidem., p. 49
  4. Idem., Ibidem., p. 49
  5. GEVAERD, Ayres. op. cit. p. 293.