A primeira professora dos brusquenses - Alice Von Moers

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A PRIMEIRA PROFESSORA DOS BRUSQUENSES

  • Augusta von Knorring

Biografia de nossa primeira professora, escrita por sua neta Alice Von Moers. A Sociedade Amigos de Brusque possui sua fotografia e a da escola em que aparece com suas alunas.

Augusta von Knorring nasceu em Estocolmo, em 19 de agosto de 1829, como filha de Carl Gustav Devin e sua esposa Sofia Eklaund Devin. Seu avô Charles Devin tinha vindo da França para a Suécia como militar acompanhando o Marechal Jéan Baptiste Bernardotte, quando este seguiu para a Suécia a pedido do rei para ser herdeiro do trono.

Em 1849, Augusta casou-se com Evert Von Knorring que como jurista trabalhava na Chancelaria da Corte. Evert Von Knorring tinha estudado em Upsala, universidade mais setentrional da Suécia e lá fora acometido de pneumonia e em conseqüência, sofria de tuberculose. Os médios suecos aconselhara-no a passar alguns anos em clima mais brando, indicaram Santa Catarma, e como naquele tempo seguiam navios noruegueses para lá levando os primeiros colonos para Dona Francisca, ele embarcou com a esposa.

Do Governo Sueco obtivera uma licença de 3 anos com ordenado.

Depois da viagem de 2 meses chegaram ao porto de São Francisco. Durante os 3 anos estiveram morando em Joinville, em Alvarenga e em São Francisco sem que o doente achasse grande melhora.

Passados os 3 anos foram ao Rio de Janeiro a fim de embarcar num navio que seguisse para a Suécia. Mas no dia da partida Evert Von Knorring ficou tão doente que a viagem se tornou impossível, resolvendo pois ficar no Estado do Rio de Janeiro.

Aconselhados por conhecidos foram para Magé no norte da Baia da Guanabara para se tomarem administradores de uma fazenda com 10 escravos. Mas como Evert Von Knorring continuava sempre doente e como os negros e menos ainda o capataz, não quisessem obedecer às ordens de sua esposa, abandonaram Magé onde nascera a sua filha Matilde e voltaram para Santa Catarina. Aqui moravam, ora aqui, ora lá, primeiro no Desterro, depois em São Pedro de Alcântara, São José, Santo Amaro, Rancho Queimado, Enseada de Brito. De lá seguiram para São Miguel e Tijuquinhas. Afinal voltaram para Desterro onde ficaram 2 anos. Evert Von Knorring dava lições de Latim e Augusta ganhava dinheiro fazendo bordados finos e costuras. Neste tempo 1861, foi fundada a primeira escola de meninos em Brusque e Augusta, aconselhada por famílias amigas, fez exame de professora e pedido para ser nomeada professora. Felizmente obteve a colocação e com isso uma moradia permanente. Primeiro a escola funcionava em pequena casa de madeira, mas logo nos primeiros anos foi construído o lindo e espaçoso prédio - que mais tarde abrigou a coletoria. Os anos que seguiram agora com certeza eram os mais felizes de sua vida. Ela logo acostumava-se à vida da vila, às belezas de sua natureza, criava muito amor às suas alunas e à amável população de Brusque.

Lecionava dedicadíssima, alegrando-se com os progressos que suas alunas faziam. Estas, por sua vez, amavam a professora. Quan­ do ela fazia anos, costumavam vir trazendo presentes e recitando poe­ sias. Foram anos cheios de harmonia. Em 1864 seu marido, que cada ano passava uma temporada no Rio de Janeiro, onde o clima, confor­ me ele dizia, mais lhe agradava, não voltou mais da viagem. Augusta recebeu carta do Cônsul sueco dizendo que ele tinha falecido. Em seu pesar, o amor de sua filha que então contava 12 anos e a amizade das famílias de Brusque lhe eram grande consolo . Seus 2 irmãos Ludwig e Bemhard Deoin logo lhe escreveram depois, da morte de seu marido, pedindo-lhe que voltasse para a Suécia com a filha."

"Mas Augusta não se podia resolver a deixar sua querida pro­ fissão, as queridas alunas. Resolveu ficar . Passaram-se mais alguns anos e a filha Matilde contava agora 15 anos e como sua mãe queria que ela se aperfeiçoasse na língua alemã e francesa, levou-a a Blume­ nau para a casa do pastor protestante Oswald Hesse. A viagem naque­ le tempo, de Brusque a Blumenau, era fluvial, à canoa. Ia-se Rio Ita­ jaí Mirim abaixo, Rio Itajai Açu acima então entrando na desemboca­ dura do Rio Garcia, assim chegando-se à Igreja Protestante e à casa do pastor. Naturalmente uma viagem assim não podia ser feita em um dia. Chegando o fim do primeiro dia, foi escolhido um lugar pró­ prio no barranco do rio e nele arrumada uma espécie de cama. Dois anos Matilde estudava com Pastor Hesse, cuja esposa era sua madri­ nha, quando regressou a Brusque. Aqui ficou conhecendo a família Schwartzer. O marceneiro Karl Schwarter emigrara da Alemanha por­ que sua esposa teve saudadedo filho Paulo que já havia vindo ao Bra­sil em 18162 e agora era gerente de uma Casa Cooperativa de Consu­ mo em Brusque ."

"Matilde fez amizade com as filhas da casa Schwartzer e pouco depois noivou com Paulo . Casaram-se em 1871 e tiveram dois filhos: Olga e Paula . Mais tarde, em 1879, a Casa Cooperativa abriu falência e Paulo, depois de ter, por algum tempo, trabalhado como agrimensor na construção da antiga estra:da Brusque-Blumenau que passava pelos morros do Rio Garcia, obteve, por intermédio de seu amigo Dr. Pitanga, então divetor da Colônia de Brusque, colocação como agente de terras em Blumenau ."

"Então mudaram-se para lá e moravam primeiro no Affenwiukel, onde nasceu a sua terceira filha, Alice. Durante todos estes anos Paulo Schwartzer tinha estudado as leis brasileiras e quando um novo parti­ do chegou ao governo de Santa Catarina e ele perdeu a sua colocação, comprou casa na Palmalle, hoje Rua Duque de Caxias e tomou-se ad­ vogado. Em 1887 nasceu sua quarta filha, Edith. Augusta Von Knor­ ring naturalmente sentiu muito a mudança da família e para se conso­ lar propôs que Olga ficasse morando com ela para se tornar bem per­ feita em tocar piano,'1porque em Blumenau não havia oportunidade. ,,"

"Assim se fez e durante 6 anos ela morava junto com a querida neta que aos domingos a acompanhava à missa e que nos dias úteis já auxiliava no ensino da classe. Agora já havia estrada nova e assim Augusta von Kp.orring sempre veio. passar as suas férias, do fim do ano em Blumenau e SU3':filha com as netas vierám a Brusque para passar o dia de seus anos ou a Páscoa com ela. A estrada, apesar de nova, não era de primeira qualidade. Entre Gaspar e ·Barracão onde passava pe­ los matos e morros, os cavalos às vezes não tinham força para puxar o carro, que ficava preso num1 buraco."

Em casos. destes a única solução era alugar dois bois para subs­ tituir os cavalos e puxar o carro da lama.

"Quando Augusta von Knorring fez 65: anos,.i.;eu genro e sua\ filha insistiram em que ela deixasse de trabalhar e se aposentasse ."

"Ela cedeu as seus pedidos e mudou-se para Blumenau, onde alu­ gou casa para ser independente, mas não deixava de trabalhar."

"Dia por dia lecionava às suas três netas e mais moças, portu­ guês, geografia, aritmética. e religião e cada domingo as levava à Missa."

"Assim passou quatro anos felizes, sossegados, nos quais ela sem­ pre estava rodeada de seus queridos ."

Até que em 1898 Deus quis que ela os abandonasse para sempre para entrar na eterna felicidade.

Casa de Brusque