Mudanças entre as edições de "José Artulino Besen - O quarto vigário da Freguesia de Brusque"

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VIGARIO DA FREGUESIA DE BRUSQUE
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PADERIE ANTÔNIO EISING (185'7-1921)
  
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um vigário a mais, entre os mui
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*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 005|Revista Notícias de Vicente Só n. 05]] páginas . Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
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r àNw Senhora de Azamija, atual
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Hospítal Arquídiocesano “Côn-
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sul Carlos Renaux”, da Éscola
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ParoquiaL já lhe dariam um lugar de procedêncía da galeria dos gran-
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ths vultos de nossa comunidade.
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Quem foi, em poucas línhas, 0 P'e. Antônio Eising?
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_._>l< o~*__
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A 16 de janeiro de 1847, nascia, em Boch01t, VestfáIia_ João
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Antônio Eisíng_ filho do padeiro João Eisíng. Segundo o costume da
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época, foi batizado no dia seguínte. Terminados a Escola Primária e
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o Ginásio, matricu10u-se na Universidade de Müns.ter, capital da Vest-
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fália, onde concluiu os estudos filosóficos e teológicos.
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Dorn João Bernardo Brünckmann ordenou-o sacerdote a 30 de
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novembro de 1871, com apenas 24 anos de idade.
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No día 2 de abril de 18712 foi nomeado capelão dum distrito da
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Paróquía de Recklinghausen e reitor de um Colégio anexo à Capela.
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Por 12 anos dedicou-se com zelo à cura d'a1mas e au ensino.
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i A 10 de dezembro de 1884 é transferido para Münster, onde foi,
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. _ sucessivamente, 2°. e 1° Capelão da Paróquia de São Maurício.
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É neste período que cresce nele o interesse pela atividade sa-
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cerdotal entre os colonos católicos de origem germânica, no Sul do
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Brasil, emigrado da Vestfália entre 1861-1863.
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0 piedoso e zeloso Pe. Guilherme Roer, também ordenado na
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Diocese de Münster, era o atívo pastor da zona colonial de Teresópo-
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1is, Vargem Grande, São Pedro de Alcântara, desde 1860. Segundo seu
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conselho, um numeroso grupo destes colonos mudou-se para Braço
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do Norte, na Paróquia de Tubarão, para ocupar a terra fértil daquela
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regiâo. 0 Governo Imperial tinha-1hes confiado a ingrata e acidem
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tada terra de São Pedro e redondezas_ onde pouco tinham a plantar e
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pouca defesa lhes era oferecida frente as dificuldades da região. Pe.
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Roer percebeu que o vale o Tubarão era mais fértil e favoráve1. Ali
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criaram-Se três núcleos com capelas e escolas, e o Pe .\Roer ia de _Tere-
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sópolis algumas vezes por ano, a fim de prestar seu serviço sacerd0-
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ta1.
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O excessivo trabalho ,as enormes distâncias, a inclemência do
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tempo e a idade consumiram as forças do intrépido sacerdote e, doeru
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te, impossibilitado de levantar-se, fiXa residência na casa da família
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Hob01d, em Braço do Norte.
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Nestas condicões, mandou uma carta ao Bíspado de Miínster,
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pedíndo um sacerdote. Começou a missiva com estas palavrasz “Mise-
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remini mei, miseremini mei. . ."Encontrou eco: no dia 21 de maio
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de 1889, 'Kírchilches Amntblattv publicou~se a carta, com o resu1- L
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tado de o Pe. Francisco Topp seguir logo para Santa Catarina. Não
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encontrou mais o Pe. Roer: internado no Hospital de São Francisc0,
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Porto Alegre, ali morreu em 8 de outubro de 18*91. Os antigos paro-
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auianos ergueram-1he, no cemitério, um monumentor com os dizeresz
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“Morreu pelo bem espiritual de seus paroquianos".
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O novo missionário, Pe. Francisco Topp, percebeu logo que o
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território confiado ao Pe. Guilherme Roer era vasto demais. Por sua I
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vez, dirigiu uma carta ao Bispo Diocesano de Münster, reclamando í
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mais um sacerdote. Dom Germano Dingelstadt publicou seu pedido
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a 14 de novembro de 1890, solicitando que os interessados se apre-
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sentassem.
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O Pe. João Antônio Eising e seu colega, Pe. Francisco Aulin,c›;,
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anuiram logo e a 22 de novembro foram dispensados para o novo tm~
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balho missionário entre os colonos catórlicos de Santa Catarina.
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Pe. Auling foí logo para Curitiba e Pe. Eising fixou residência
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em Vargzem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a população de Ca-
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pivarí. Conseguiu que os Franciscanos de Teresópolis assumissem esta
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última. pois tencionava mudar-se para a Víla de Brusque, a fim de
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prestar assistência religíosa aos alemães católicos da regiã0. '
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._>I<o>':~'._
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A 18 de agosto de 1892 o Bispo do Río de Janeiro (de quem de-
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pendiam as Paráquias do Estado de Santa Catarina), o nomeía Vigárío
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das Colônias Itajaí e Príncipe Dom Pedro. Substituía o zelos\o, mas
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íntempestivo, Pe. João Frítzen. Havia 14 capelas na Colônia, e dis-
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tantes umas das outras.
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Logo no início, devido à separação entre a Igreja e o Estadq
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1 procurou legalázar a propriedade paroquialz pagou, na Coletoria da
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então Vila Brusque, a quantia de 69.139 réis por uma área de terre~
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nos com 92.956 m2. O documento foí firmado a 14 de novembro de
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1893 ,ass'na,ndo-o, como representantes da Comunidade Católica, os
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Sr.'s Nicclau Gracher e Adriano Schaeffer.
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No mesmo ano de 1893 inicia a construção da nova igreja de
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' Guabiruba do Norte, demolida em 1|923, por sua Vez substituída pela
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atualz a antiga ameaçava ruir, sendo indigna para o cu1t0.
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1 Em 1894, apenas sete anos após a construção da primeira
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ermi›da, pelos colonos, ínícia a construcão de uma nova igreja em
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Azambuja, que depois, até 1939, foi o Santuário de Azambuja. Sua
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visão pastoral descobriu logo que Azambuia estava reservada a ocu--
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por um lugar de relevo na devocão à Mãe de Deus; .suas festas de
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maío qjá atraíam peregrinos de distantes regíõkas do Fstada MIuítos
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Sr. Bispo Diocesano. Em 1892 Curitíba fora erigida .em Diocese. Seu
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prjmeiro Bíspo. Dom José Camargo Barros, foi sagrado em Roma a 24
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Sua Diocese abrangia os territórios do Paraná e Santa Catarina. Re~
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1 para a primeira recepcão a um príncipe da Igreia. A 26 de agosto de
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1895 uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova 'Trento.
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Fez o trajeto até Brusque a cavalo, numa viagem de cinco horas.! Aqui
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chegou às 15,00 horas, sendo recebido com aplausos, foguetes e dis-
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w cursos. Durou dois dias e meio sua Visíta PastoraL .dura-nte a qual
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crísmou 750 pessoas, além de assistír a inúmeros casamentos.
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Í compra do Iote n°. 4, com as duas casas nele situadas. Diferentemen
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Azambuja.
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Para resolver o problema do lote n°. 16, adquírido pela Paró-
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quia, a 7 de agosto de 1902 o Pe. Eising o vende ao Santuário de
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Azambuja, Iepresentado pelo Pe. Joslé 'Sundrup. Constituía-se, assim,
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o “Patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggío".
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Falamos no Pe. Sundrupz a 26 de novembro de 1901 este sacer-
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dote recebia a provisão de coadjutor das Paróquias de Brusque, São
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Sebastião da Foz do Tíjucas, São João e\ Porto Belo.
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Pe. Eislng acalentava um plano com relação a Azambujaz
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vendo o movimento espíritual nela existente_ resolveu reservá-1a pam
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ser um centro de píedade e caridade. Centro de píedade já o era. E
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centro de carídade passa a ser a 29 de junho de 1902, quando dá ínício
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à Santa Casa de Mísericérdía Nossa Senhora de Azambuja, abrigando
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uma Escola ParoquíaL um Hospítal, um Asilo de Velhos e outro de
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Órfãos e um Hosplcio para débeis mentais.
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Uma giande obra, iniciada do nada, mas brotada da fé e da caridade
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crístãs.
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Em 1903 vemos surgir outla obra do incansável pastor: a Esco-
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la Paroquial de Brtvsque, que depois deu origem ao colégio Santo An-
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tônio, hoje extinto, mas que tanto bem fez à juventude brusquense.
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Pe. Antônio Eising também se salíentava pelo zelo pastora1.
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Admoestava, mesma na rua, aos fíéis em falta com a desobriga pa's-
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ca1. Amargurava~se profundamente com os casamento mistos. '
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Fato índicativo é o processo movido contra ele em maio de 1902.
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Edgar Von Büttner acusa-o de ter retirado convites para um teatro,
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afíxados na barca de transportes que levava a Itajaí. Venceu no tri-
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buna1, sendo defendido pelo Sr. Carlos lKIraemen que doou a remu-
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neração recebida como advogado para as obras da Santa Casa. A ;
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guerra velada entre ele e o Sr. Edgar von Büttner deverá ter começa-
 +
do, pelo que se pode deduzir em algumas crônicas, pelo fato de terem Í
 +
sido promovidos esxpetáculos teatrais no Advento, contra isso insur~ l
 +
gindo-se os Pes. Eising e Sundrup, sendo por isso acusados de intran- 4
 +
sígentes e reacionários . "¡
 +
 
 +
Certarrnente que os tempos não eram tão fáceis de serem en~ Ã
 +
frentados, e brigas religiosas, misturadas com política, não eram fá- ¡'1
 +
ceis de encontrar o ponto de equilíbrio.
 +
 
 +
Em 1904 Pe. Eising retira-se da Paróquia. Tencionava vestir o 1
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hábito de São Francisco. A 24 de outubro ingressa no Convento Fran- '
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ciscano de Rodeio onde, a 12 de fevereiro do ano seguinte, recebe o há- W
 +
bito Franciscano, com o nome de Freí Capistrano Einsíng OFMJ A 13 '
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de fev_ereiro de 1906 emite os prímeiros votos e três anos depois ãaz \
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sua profissão solene. '
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Trabalhou em Petrópolis, em Curitiba (atendendo aos fiéís de 1
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língua alemã) e novamente em Rodeio, como auxiliar do Mestre de
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Noviços.
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Idade e doença obrígaram-no, em agosto de 1921, a mudar-se
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, 'para o Convento de Santo Antônio, em Blumenau.
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Falece no Hospital Santa Isabe1, nesta cidade, com quase 50
 +
anos de sacerdócio e 74 de idade: era o dia 19 de setembro de 1921.
 +
BIBLIOGRAFIA
 +
1 _ SUNDRUP, Pe. Joséz “Chronik der Santa Casa de Míseri-
 +
cordia in Azambuja“. Manuscrito.
 +
2 - 1K+OCH, Pe. Eloy Dorvalino: C'atolícismo Centenârio de
 +
de Brusque. SAB, 1956I. Inédit0. P. '7-10.
 +
3 - BESEN, José Artulinoz Azambuja, 100 anos. Brusque,
 +
1977. P. 60-70.
 +
4 _ PEREIRA, Pe. Ney Brasilz História do Santuário de Azam~
 +
ja. Brusque, 1952.
 +
5 - Livro de Tombo da Paróquia de Brusque, 1.
 +
4 \ 6 \- Jornal O* REBATEL 1953, n°. 920.
 +
7 - SCHOETTE_ Freí Estanislauz Carta a Ayres Gevaerd, no
 +
Arquivo da SAB, relatando pesquisas, de 13 de abríl de
 +
1956.
 +
8 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: *Tópícos de uma Carta“, in O
 +
' MUNICÍPIQ 3 de junho de 1961, n°. 312 .
 +
9 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: “Padre Eising, o 1nicíador“, in
 +
0 MUNICÍPIQ 20 de maio de 196-1, n°. 310.
 +
 
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*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 005|Revista Notícias de Vicente Só n. 05]] páginas 6 a 10. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
  
 
[[Ficheiro:Casa_de_Brusque.jpg|450 px|Casa de Brusque|Casa de Brusque]]
 
[[Ficheiro:Casa_de_Brusque.jpg|450 px|Casa de Brusque|Casa de Brusque]]
 
[[Categoria:Notícias de Vicente Só|5]]
 
[[Categoria:Notícias de Vicente Só|5]]

Edição das 14h38min de 30 de agosto de 2019

  • EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO

VIGARIO DA FREGUESIA DE BRUSQUE PADERIE ANTÔNIO EISING (185'7-1921)

y Pe. José Artulino an g AOS menos ÍniCiadOS na hí5' \\:: tória da comunidade brusquen- “ *^ se pouco dirá este nome, ou, f “ quem sabe, apenas soará como

um vigário a mais, entre os mui i“gl* "~Íãiíl-›í3;;ͧãÍfí tos que passaram pela Comuni-

x .¡_5.~Í xwy dade Católica.

. ›. âêê z Eisíng representa um papel de

' › " destaque na hístória do berço .› vidade apostólica impregnada de

zelo e até de intransigência, a

“ regulamentação das proprieda-

  • des paroquiais, a construção de
3::: '- \ › ígrejas, como a de Guabiruba do

1 : . Norte e o antigo Santuário de z í›'i' › Azambuja, a fundação da Santa

r àNw Senhora de Azamija, atual Hospítal Arquídiocesano “Côn- sul Carlos Renaux”, da Éscola

ParoquiaL já lhe dariam um lugar de procedêncía da galeria dos gran- ths vultos de nossa comunidade. Quem foi, em poucas línhas, 0 P'e. Antônio Eising? _._>l< o~*__ A 16 de janeiro de 1847, nascia, em Boch01t, VestfáIia_ João Antônio Eisíng_ filho do padeiro João Eisíng. Segundo o costume da época, foi batizado no dia seguínte. Terminados a Escola Primária e o Ginásio, matricu10u-se na Universidade de Müns.ter, capital da Vest- fália, onde concluiu os estudos filosóficos e teológicos. Dorn João Bernardo Brünckmann ordenou-o sacerdote a 30 de novembro de 1871, com apenas 24 anos de idade. No día 2 de abril de 18712 foi nomeado capelão dum distrito da Paróquía de Recklinghausen e reitor de um Colégio anexo à Capela. Por 12 anos dedicou-se com zelo à cura d'a1mas e au ensino. i A 10 de dezembro de 1884 é transferido para Münster, onde foi, . _ sucessivamente, 2°. e 1° Capelão da Paróquia de São Maurício.




É neste período que cresce nele o interesse pela atividade sa- cerdotal entre os colonos católicos de origem germânica, no Sul do Brasil, emigrado da Vestfália entre 1861-1863.

0 piedoso e zeloso Pe. Guilherme Roer, também ordenado na

Diocese de Münster, era o atívo pastor da zona colonial de Teresópo- 1is, Vargem Grande, São Pedro de Alcântara, desde 1860. Segundo seu conselho, um numeroso grupo destes colonos mudou-se para Braço do Norte, na Paróquia de Tubarão, para ocupar a terra fértil daquela regiâo. 0 Governo Imperial tinha-1hes confiado a ingrata e acidem tada terra de São Pedro e redondezas_ onde pouco tinham a plantar e pouca defesa lhes era oferecida frente as dificuldades da região. Pe. Roer percebeu que o vale o Tubarão era mais fértil e favoráve1. Ali criaram-Se três núcleos com capelas e escolas, e o Pe .\Roer ia de _Tere- sópolis algumas vezes por ano, a fim de prestar seu serviço sacerd0- ta1.

O excessivo trabalho ,as enormes distâncias, a inclemência do tempo e a idade consumiram as forças do intrépido sacerdote e, doeru te, impossibilitado de levantar-se, fiXa residência na casa da família Hob01d, em Braço do Norte.

Nestas condicões, mandou uma carta ao Bíspado de Miínster, pedíndo um sacerdote. Começou a missiva com estas palavrasz “Mise- remini mei, miseremini mei. . ."Encontrou eco: no dia 21 de maio de 1889, 'Kírchilches Amntblattv publicou~se a carta, com o resu1- L tado de o Pe. Francisco Topp seguir logo para Santa Catarina. Não encontrou mais o Pe. Roer: internado no Hospital de São Francisc0, Porto Alegre, ali morreu em 8 de outubro de 18*91. Os antigos paro- auianos ergueram-1he, no cemitério, um monumentor com os dizeresz “Morreu pelo bem espiritual de seus paroquianos".

O novo missionário, Pe. Francisco Topp, percebeu logo que o território confiado ao Pe. Guilherme Roer era vasto demais. Por sua I vez, dirigiu uma carta ao Bispo Diocesano de Münster, reclamando í mais um sacerdote. Dom Germano Dingelstadt publicou seu pedido a 14 de novembro de 1890, solicitando que os interessados se apre- sentassem.

O Pe. João Antônio Eising e seu colega, Pe. Francisco Aulin,c›;, anuiram logo e a 22 de novembro foram dispensados para o novo tm~ balho missionário entre os colonos catórlicos de Santa Catarina.

Pe. Auling foí logo para Curitiba e Pe. Eising fixou residência em Vargzem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a população de Ca- pivarí. Conseguiu que os Franciscanos de Teresópolis assumissem esta última. pois tencionava mudar-se para a Víla de Brusque, a fim de prestar assistência religíosa aos alemães católicos da regiã0. '

._>I<o>':~'._

A 18 de agosto de 1892 o Bispo do Río de Janeiro (de quem de- pendiam as Paráquias do Estado de Santa Catarina), o nomeía Vigárío das Colônias Itajaí e Príncipe Dom Pedro. Substituía o zelos\o, mas



íntempestivo, Pe. João Frítzen. Havia 14 capelas na Colônia, e dis- tantes umas das outras. Logo no início, devido à separação entre a Igreja e o Estadq

1 procurou legalázar a propriedade paroquialz pagou, na Coletoria da então Vila Brusque, a quantia de 69.139 réis por uma área de terre~ nos com 92.956 m2. O documento foí firmado a 14 de novembro de 1893 ,ass'na,ndo-o, como representantes da Comunidade Católica, os Sr.'s Nicclau Gracher e Adriano Schaeffer.

No mesmo ano de 1893 inicia a construção da nova igreja de

' Guabiruba do Norte, demolida em 1|923, por sua Vez substituída pela atualz a antiga ameaçava ruir, sendo indigna para o cu1t0.

1 Em 1894, apenas sete anos após a construção da primeira ermi›da, pelos colonos, ínícia a construcão de uma nova igreja em Azambuja, que depois, até 1939, foi o Santuário de Azambuja. Sua visão pastoral descobriu logo que Azambuia estava reservada a ocu-- por um lugar de relevo na devocão à Mãe de Deus; .suas festas de maío qjá atraíam peregrinos de distantes regíõkas do Fstada MIuítos que anteriormenteíam a Iguape, agora detzínham-se no pobre Vale de

\ Azambuj.a, aqui depositando seu agradecímento por favores alcan~ çados.

w Acontecimento importante foi a Primeira Visíta Pastoral do Sr. Bispo Diocesano. Em 1892 Curitíba fora erigida .em Diocese. Seu prjmeiro Bíspo. Dom José Camargo Barros, foi sagrado em Roma a 24 de junho de 1894, tomando nosse a 30 de setembro do mesmo ano. Sua Diocese abrangia os territórios do Paraná e Santa Catarina. Re~

solve logo vísitar sua novel Díocese. Brusque preparou-se o máximo

1 para a primeira recepcão a um príncipe da Igreia. A 26 de agosto de 1895 uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova 'Trento. Fez o trajeto até Brusque a cavalo, numa viagem de cinco horas.! Aqui chegou às 15,00 horas, sendo recebido com aplausos, foguetes e dis-

w cursos. Durou dois dias e meio sua Visíta PastoraL .dura-nte a qual crísmou 750 pessoas, além de assistír a inúmeros casamentos.

H A 8 de outubro de 1899 dirige uma carta ao Sr. Bíspo Diocesa-

' no, pedindo lãeença para compzrar o lote 'n'°. 4 da linha Azambuja, uma

\ área de 18.41.6 bTaçars quad-ra;das, pertencentes ao Sr. JacobIKÉnihs

" Jacob Kríhs fazía duas ofertasz toda a Colônia n°. 4, com as casas dn /

›I proprietárria rpor séis contos, só... sem o terrenq sení Ias casas, dos con tos- Pe Eising pnefere comnrar tudo. pois vas casas serviriam para prin-

_ cipiar logo uma Casa de Caridade. A '2'.7 de outubro do mesmo ano re- cebe :a licença da autoridade diocesanaL

› Mas a compra não se realiza 10go. Pe. Eising compra, antes,

Í para a Paróquía de Brusque, o lote n°. 16 da linha Azambuja perten.-

l\ cente a Pietro Colzzmt 3:0.543 braças quadradas por um conto e du~

¡“ zentos mil réis. Doís aznos mais tarde, a 3 de julho de 1902, dá-se a

Í compra do Iote n°. 4, com as duas casas nele situadas. Diferentemen



te do outro 10te, este tem como adquirente jurídico o Santuário de Azambuja.

Para resolver o problema do lote n°. 16, adquírido pela Paró- quia, a 7 de agosto de 1902 o Pe. Eising o vende ao Santuário de Azambuja, Iepresentado pelo Pe. Joslé 'Sundrup. Constituía-se, assim,

o “Patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggío".

Falamos no Pe. Sundrupz a 26 de novembro de 1901 este sacer- dote recebia a provisão de coadjutor das Paróquias de Brusque, São Sebastião da Foz do Tíjucas, São João e\ Porto Belo.

Pe. Eislng acalentava um plano com relação a Azambujaz vendo o movimento espíritual nela existente_ resolveu reservá-1a pam ser um centro de píedade e caridade. Centro de píedade já o era. E centro de carídade passa a ser a 29 de junho de 1902, quando dá ínício à Santa Casa de Mísericérdía Nossa Senhora de Azambuja, abrigando uma Escola ParoquíaL um Hospítal, um Asilo de Velhos e outro de Órfãos e um Hosplcio para débeis mentais.

Uma giande obra, iniciada do nada, mas brotada da fé e da caridade crístãs.

Em 1903 vemos surgir outla obra do incansável pastor: a Esco- la Paroquial de Brtvsque, que depois deu origem ao colégio Santo An- tônio, hoje extinto, mas que tanto bem fez à juventude brusquense.

Pe. Antônio Eising também se salíentava pelo zelo pastora1. Admoestava, mesma na rua, aos fíéis em falta com a desobriga pa's- ca1. Amargurava~se profundamente com os casamento mistos. '

Fato índicativo é o processo movido contra ele em maio de 1902. Edgar Von Büttner acusa-o de ter retirado convites para um teatro, afíxados na barca de transportes que levava a Itajaí. Venceu no tri- buna1, sendo defendido pelo Sr. Carlos lKIraemen que doou a remu- neração recebida como advogado para as obras da Santa Casa. A ; guerra velada entre ele e o Sr. Edgar von Büttner deverá ter começa- do, pelo que se pode deduzir em algumas crônicas, pelo fato de terem Í sido promovidos esxpetáculos teatrais no Advento, contra isso insur~ l gindo-se os Pes. Eising e Sundrup, sendo por isso acusados de intran- 4 sígentes e reacionários . "¡

Certarrnente que os tempos não eram tão fáceis de serem en~ Ã frentados, e brigas religiosas, misturadas com política, não eram fá- ¡'1 ceis de encontrar o ponto de equilíbrio.

Em 1904 Pe. Eising retira-se da Paróquia. Tencionava vestir o 1 hábito de São Francisco. A 24 de outubro ingressa no Convento Fran- ' ciscano de Rodeio onde, a 12 de fevereiro do ano seguinte, recebe o há- W bito Franciscano, com o nome de Freí Capistrano Einsíng OFMJ A 13 ' de fev_ereiro de 1906 emite os prímeiros votos e três anos depois ãaz \ sua profissão solene. '

Trabalhou em Petrópolis, em Curitiba (atendendo aos fiéís de 1


língua alemã) e novamente em Rodeio, como auxiliar do Mestre de

Noviços. Idade e doença obrígaram-no, em agosto de 1921, a mudar-se , 'para o Convento de Santo Antônio, em Blumenau. Falece no Hospital Santa Isabe1, nesta cidade, com quase 50 anos de sacerdócio e 74 de idade: era o dia 19 de setembro de 1921. BIBLIOGRAFIA 1 _ SUNDRUP, Pe. Joséz “Chronik der Santa Casa de Míseri- cordia in Azambuja“. Manuscrito. 2 - 1K+OCH, Pe. Eloy Dorvalino: C'atolícismo Centenârio de de Brusque. SAB, 1956I. Inédit0. P. '7-10. 3 - BESEN, José Artulinoz Azambuja, 100 anos. Brusque, 1977. P. 60-70. 4 _ PEREIRA, Pe. Ney Brasilz História do Santuário de Azam~ ja. Brusque, 1952. 5 - Livro de Tombo da Paróquia de Brusque, 1. 4 \ 6 \- Jornal O* REBATEL 1953, n°. 920. 7 - SCHOETTE_ Freí Estanislauz Carta a Ayres Gevaerd, no Arquivo da SAB, relatando pesquisas, de 13 de abríl de 1956. 8 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: *Tópícos de uma Carta“, in O ' MUNICÍPIQ 3 de junho de 1961, n°. 312 . 9 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: “Padre Eising, o 1nicíador“, in 0 MUNICÍPIQ 20 de maio de 196-1, n°. 310.


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