Mudanças entre as edições de "José Artulino Besen - O quarto vigário da Freguesia de Brusque"
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+ | VIGARIO DA FREGUESIA DE BRUSQUE | ||
+ | PADERIE ANTÔNIO EISING (185'7-1921) | ||
+ | y Pe. José Artulino an | ||
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+ | \\:: tória da comunidade brusquen- | ||
+ | “ *^ se pouco dirá este nome, ou, | ||
+ | f “ quem sabe, apenas soará como | ||
+ | um vigário a mais, entre os mui | ||
+ | i“gl* "~Íãiíl-›í3;;ͧãÍfí tos que passaram pela Comuni- | ||
+ | x .¡_5.~Í xwy dade Católica. | ||
− | *Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 005|Revista Notícias de Vicente Só n. 05]] páginas . Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]] | + | : . ›. âêê z Eisíng representa um papel de |
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+ | ' › " destaque na hístória do berço | ||
+ | .› vidade apostólica impregnada de | ||
+ | : zelo e até de intransigência, a | ||
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+ | * des paroquiais, a construção de | ||
+ | 3::: '- \ › ígrejas, como a de Guabiruba do | ||
+ | 1 : . Norte e o antigo Santuário de | ||
+ | z í›'i' › Azambuja, a fundação da Santa | ||
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+ | r àNw Senhora de Azamija, atual | ||
+ | Hospítal Arquídiocesano “Côn- | ||
+ | sul Carlos Renaux”, da Éscola | ||
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+ | ParoquiaL já lhe dariam um lugar de procedêncía da galeria dos gran- | ||
+ | ths vultos de nossa comunidade. | ||
+ | Quem foi, em poucas línhas, 0 P'e. Antônio Eising? | ||
+ | _._>l< o~*__ | ||
+ | A 16 de janeiro de 1847, nascia, em Boch01t, VestfáIia_ João | ||
+ | Antônio Eisíng_ filho do padeiro João Eisíng. Segundo o costume da | ||
+ | época, foi batizado no dia seguínte. Terminados a Escola Primária e | ||
+ | o Ginásio, matricu10u-se na Universidade de Müns.ter, capital da Vest- | ||
+ | fália, onde concluiu os estudos filosóficos e teológicos. | ||
+ | Dorn João Bernardo Brünckmann ordenou-o sacerdote a 30 de | ||
+ | novembro de 1871, com apenas 24 anos de idade. | ||
+ | No día 2 de abril de 18712 foi nomeado capelão dum distrito da | ||
+ | Paróquía de Recklinghausen e reitor de um Colégio anexo à Capela. | ||
+ | Por 12 anos dedicou-se com zelo à cura d'a1mas e au ensino. | ||
+ | i A 10 de dezembro de 1884 é transferido para Münster, onde foi, | ||
+ | . _ sucessivamente, 2°. e 1° Capelão da Paróquia de São Maurício. | ||
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+ | É neste período que cresce nele o interesse pela atividade sa- | ||
+ | cerdotal entre os colonos católicos de origem germânica, no Sul do | ||
+ | Brasil, emigrado da Vestfália entre 1861-1863. | ||
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+ | 0 piedoso e zeloso Pe. Guilherme Roer, também ordenado na | ||
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+ | Diocese de Münster, era o atívo pastor da zona colonial de Teresópo- | ||
+ | 1is, Vargem Grande, São Pedro de Alcântara, desde 1860. Segundo seu | ||
+ | conselho, um numeroso grupo destes colonos mudou-se para Braço | ||
+ | do Norte, na Paróquia de Tubarão, para ocupar a terra fértil daquela | ||
+ | regiâo. 0 Governo Imperial tinha-1hes confiado a ingrata e acidem | ||
+ | tada terra de São Pedro e redondezas_ onde pouco tinham a plantar e | ||
+ | pouca defesa lhes era oferecida frente as dificuldades da região. Pe. | ||
+ | Roer percebeu que o vale o Tubarão era mais fértil e favoráve1. Ali | ||
+ | criaram-Se três núcleos com capelas e escolas, e o Pe .\Roer ia de _Tere- | ||
+ | sópolis algumas vezes por ano, a fim de prestar seu serviço sacerd0- | ||
+ | ta1. | ||
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+ | O excessivo trabalho ,as enormes distâncias, a inclemência do | ||
+ | tempo e a idade consumiram as forças do intrépido sacerdote e, doeru | ||
+ | te, impossibilitado de levantar-se, fiXa residência na casa da família | ||
+ | Hob01d, em Braço do Norte. | ||
+ | |||
+ | Nestas condicões, mandou uma carta ao Bíspado de Miínster, | ||
+ | pedíndo um sacerdote. Começou a missiva com estas palavrasz “Mise- | ||
+ | remini mei, miseremini mei. . ."Encontrou eco: no dia 21 de maio | ||
+ | de 1889, 'Kírchilches Amntblattv publicou~se a carta, com o resu1- L | ||
+ | tado de o Pe. Francisco Topp seguir logo para Santa Catarina. Não | ||
+ | encontrou mais o Pe. Roer: internado no Hospital de São Francisc0, | ||
+ | Porto Alegre, ali morreu em 8 de outubro de 18*91. Os antigos paro- | ||
+ | auianos ergueram-1he, no cemitério, um monumentor com os dizeresz | ||
+ | “Morreu pelo bem espiritual de seus paroquianos". | ||
+ | |||
+ | O novo missionário, Pe. Francisco Topp, percebeu logo que o | ||
+ | território confiado ao Pe. Guilherme Roer era vasto demais. Por sua I | ||
+ | vez, dirigiu uma carta ao Bispo Diocesano de Münster, reclamando í | ||
+ | mais um sacerdote. Dom Germano Dingelstadt publicou seu pedido | ||
+ | a 14 de novembro de 1890, solicitando que os interessados se apre- | ||
+ | sentassem. | ||
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+ | O Pe. João Antônio Eising e seu colega, Pe. Francisco Aulin,c›;, | ||
+ | anuiram logo e a 22 de novembro foram dispensados para o novo tm~ | ||
+ | balho missionário entre os colonos catórlicos de Santa Catarina. | ||
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+ | Pe. Auling foí logo para Curitiba e Pe. Eising fixou residência | ||
+ | em Vargzem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a população de Ca- | ||
+ | pivarí. Conseguiu que os Franciscanos de Teresópolis assumissem esta | ||
+ | última. pois tencionava mudar-se para a Víla de Brusque, a fim de | ||
+ | prestar assistência religíosa aos alemães católicos da regiã0. ' | ||
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+ | ._>I<o>':~'._ | ||
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+ | A 18 de agosto de 1892 o Bispo do Río de Janeiro (de quem de- | ||
+ | pendiam as Paráquias do Estado de Santa Catarina), o nomeía Vigárío | ||
+ | das Colônias Itajaí e Príncipe Dom Pedro. Substituía o zelos\o, mas | ||
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+ | íntempestivo, Pe. João Frítzen. Havia 14 capelas na Colônia, e dis- | ||
+ | tantes umas das outras. | ||
+ | Logo no início, devido à separação entre a Igreja e o Estadq | ||
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+ | 1 procurou legalázar a propriedade paroquialz pagou, na Coletoria da | ||
+ | então Vila Brusque, a quantia de 69.139 réis por uma área de terre~ | ||
+ | nos com 92.956 m2. O documento foí firmado a 14 de novembro de | ||
+ | 1893 ,ass'na,ndo-o, como representantes da Comunidade Católica, os | ||
+ | Sr.'s Nicclau Gracher e Adriano Schaeffer. | ||
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+ | No mesmo ano de 1893 inicia a construção da nova igreja de | ||
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+ | ' Guabiruba do Norte, demolida em 1|923, por sua Vez substituída pela | ||
+ | atualz a antiga ameaçava ruir, sendo indigna para o cu1t0. | ||
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+ | 1 Em 1894, apenas sete anos após a construção da primeira | ||
+ | ermi›da, pelos colonos, ínícia a construcão de uma nova igreja em | ||
+ | Azambuja, que depois, até 1939, foi o Santuário de Azambuja. Sua | ||
+ | visão pastoral descobriu logo que Azambuia estava reservada a ocu-- | ||
+ | por um lugar de relevo na devocão à Mãe de Deus; .suas festas de | ||
+ | maío qjá atraíam peregrinos de distantes regíõkas do Fstada MIuítos | ||
+ | que anteriormenteíam a Iguape, agora detzínham-se no pobre Vale de | ||
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+ | \ Azambuj.a, aqui depositando seu agradecímento por favores alcan~ | ||
+ | çados. | ||
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+ | w Acontecimento importante foi a Primeira Visíta Pastoral do | ||
+ | Sr. Bispo Diocesano. Em 1892 Curitíba fora erigida .em Diocese. Seu | ||
+ | prjmeiro Bíspo. Dom José Camargo Barros, foi sagrado em Roma a 24 | ||
+ | de junho de 1894, tomando nosse a 30 de setembro do mesmo ano. | ||
+ | Sua Diocese abrangia os territórios do Paraná e Santa Catarina. Re~ | ||
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+ | ; solve logo vísitar sua novel Díocese. Brusque preparou-se o máximo | ||
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+ | 1 para a primeira recepcão a um príncipe da Igreia. A 26 de agosto de | ||
+ | 1895 uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova 'Trento. | ||
+ | Fez o trajeto até Brusque a cavalo, numa viagem de cinco horas.! Aqui | ||
+ | chegou às 15,00 horas, sendo recebido com aplausos, foguetes e dis- | ||
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+ | w cursos. Durou dois dias e meio sua Visíta PastoraL .dura-nte a qual | ||
+ | crísmou 750 pessoas, além de assistír a inúmeros casamentos. | ||
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+ | H A 8 de outubro de 1899 dirige uma carta ao Sr. Bíspo Diocesa- | ||
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+ | ' no, pedindo lãeença para compzrar o lote 'n'°. 4 da linha Azambuja, uma | ||
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+ | \ área de 18.41.6 bTaçars quad-ra;das, pertencentes ao Sr. JacobIKÉnihs | ||
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+ | " Jacob Kríhs fazía duas ofertasz toda a Colônia n°. 4, com as casas dn / | ||
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+ | ›I proprietárria rpor séis contos, só... sem o terrenq sení Ias casas, dos con | ||
+ | tos- Pe Eising pnefere comnrar tudo. pois vas casas serviriam para prin- | ||
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+ | _ cipiar logo uma Casa de Caridade. A '2'.7 de outubro do mesmo ano re- | ||
+ | cebe :a licença da autoridade diocesanaL | ||
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+ | › Mas a compra não se realiza 10go. Pe. Eising compra, antes, | ||
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+ | Í para a Paróquía de Brusque, o lote n°. 16 da linha Azambuja perten.- | ||
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+ | l\ cente a Pietro Colzzmt 3:0.543 braças quadradas por um conto e du~ | ||
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+ | ¡“ zentos mil réis. Doís aznos mais tarde, a 3 de julho de 1902, dá-se a | ||
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+ | Í compra do Iote n°. 4, com as duas casas nele situadas. Diferentemen | ||
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+ | te do outro 10te, este tem como adquirente jurídico o Santuário de | ||
+ | Azambuja. | ||
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+ | Para resolver o problema do lote n°. 16, adquírido pela Paró- | ||
+ | quia, a 7 de agosto de 1902 o Pe. Eising o vende ao Santuário de | ||
+ | Azambuja, Iepresentado pelo Pe. Joslé 'Sundrup. Constituía-se, assim, | ||
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+ | o “Patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggío". | ||
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+ | Falamos no Pe. Sundrupz a 26 de novembro de 1901 este sacer- | ||
+ | dote recebia a provisão de coadjutor das Paróquias de Brusque, São | ||
+ | Sebastião da Foz do Tíjucas, São João e\ Porto Belo. | ||
+ | |||
+ | Pe. Eislng acalentava um plano com relação a Azambujaz | ||
+ | vendo o movimento espíritual nela existente_ resolveu reservá-1a pam | ||
+ | ser um centro de píedade e caridade. Centro de píedade já o era. E | ||
+ | centro de carídade passa a ser a 29 de junho de 1902, quando dá ínício | ||
+ | à Santa Casa de Mísericérdía Nossa Senhora de Azambuja, abrigando | ||
+ | uma Escola ParoquíaL um Hospítal, um Asilo de Velhos e outro de | ||
+ | Órfãos e um Hosplcio para débeis mentais. | ||
+ | |||
+ | Uma giande obra, iniciada do nada, mas brotada da fé e da caridade | ||
+ | crístãs. | ||
+ | |||
+ | Em 1903 vemos surgir outla obra do incansável pastor: a Esco- | ||
+ | la Paroquial de Brtvsque, que depois deu origem ao colégio Santo An- | ||
+ | tônio, hoje extinto, mas que tanto bem fez à juventude brusquense. | ||
+ | |||
+ | Pe. Antônio Eising também se salíentava pelo zelo pastora1. | ||
+ | Admoestava, mesma na rua, aos fíéis em falta com a desobriga pa's- | ||
+ | ca1. Amargurava~se profundamente com os casamento mistos. ' | ||
+ | |||
+ | Fato índicativo é o processo movido contra ele em maio de 1902. | ||
+ | Edgar Von Büttner acusa-o de ter retirado convites para um teatro, | ||
+ | afíxados na barca de transportes que levava a Itajaí. Venceu no tri- | ||
+ | buna1, sendo defendido pelo Sr. Carlos lKIraemen que doou a remu- | ||
+ | neração recebida como advogado para as obras da Santa Casa. A ; | ||
+ | guerra velada entre ele e o Sr. Edgar von Büttner deverá ter começa- | ||
+ | do, pelo que se pode deduzir em algumas crônicas, pelo fato de terem Í | ||
+ | sido promovidos esxpetáculos teatrais no Advento, contra isso insur~ l | ||
+ | gindo-se os Pes. Eising e Sundrup, sendo por isso acusados de intran- 4 | ||
+ | sígentes e reacionários . "¡ | ||
+ | |||
+ | Certarrnente que os tempos não eram tão fáceis de serem en~ Ã | ||
+ | frentados, e brigas religiosas, misturadas com política, não eram fá- ¡'1 | ||
+ | ceis de encontrar o ponto de equilíbrio. | ||
+ | |||
+ | Em 1904 Pe. Eising retira-se da Paróquia. Tencionava vestir o 1 | ||
+ | hábito de São Francisco. A 24 de outubro ingressa no Convento Fran- ' | ||
+ | ciscano de Rodeio onde, a 12 de fevereiro do ano seguinte, recebe o há- W | ||
+ | bito Franciscano, com o nome de Freí Capistrano Einsíng OFMJ A 13 ' | ||
+ | de fev_ereiro de 1906 emite os prímeiros votos e três anos depois ãaz \ | ||
+ | sua profissão solene. ' | ||
+ | |||
+ | Trabalhou em Petrópolis, em Curitiba (atendendo aos fiéís de 1 | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | língua alemã) e novamente em Rodeio, como auxiliar do Mestre de | ||
+ | Noviços. | ||
+ | Idade e doença obrígaram-no, em agosto de 1921, a mudar-se | ||
+ | , 'para o Convento de Santo Antônio, em Blumenau. | ||
+ | Falece no Hospital Santa Isabe1, nesta cidade, com quase 50 | ||
+ | anos de sacerdócio e 74 de idade: era o dia 19 de setembro de 1921. | ||
+ | BIBLIOGRAFIA | ||
+ | 1 _ SUNDRUP, Pe. Joséz “Chronik der Santa Casa de Míseri- | ||
+ | cordia in Azambuja“. Manuscrito. | ||
+ | 2 - 1K+OCH, Pe. Eloy Dorvalino: C'atolícismo Centenârio de | ||
+ | de Brusque. SAB, 1956I. Inédit0. P. '7-10. | ||
+ | 3 - BESEN, José Artulinoz Azambuja, 100 anos. Brusque, | ||
+ | 1977. P. 60-70. | ||
+ | 4 _ PEREIRA, Pe. Ney Brasilz História do Santuário de Azam~ | ||
+ | ja. Brusque, 1952. | ||
+ | 5 - Livro de Tombo da Paróquia de Brusque, 1. | ||
+ | 4 \ 6 \- Jornal O* REBATEL 1953, n°. 920. | ||
+ | 7 - SCHOETTE_ Freí Estanislauz Carta a Ayres Gevaerd, no | ||
+ | Arquivo da SAB, relatando pesquisas, de 13 de abríl de | ||
+ | 1956. | ||
+ | 8 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: *Tópícos de uma Carta“, in O | ||
+ | ' MUNICÍPIQ 3 de junho de 1961, n°. 312 . | ||
+ | 9 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: “Padre Eising, o 1nicíador“, in | ||
+ | 0 MUNICÍPIQ 20 de maio de 196-1, n°. 310. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | *Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 005|Revista Notícias de Vicente Só n. 05]] páginas 6 a 10. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]] | ||
[[Ficheiro:Casa_de_Brusque.jpg|450 px|Casa de Brusque|Casa de Brusque]] | [[Ficheiro:Casa_de_Brusque.jpg|450 px|Casa de Brusque|Casa de Brusque]] | ||
[[Categoria:Notícias de Vicente Só|5]] | [[Categoria:Notícias de Vicente Só|5]] |
Edição das 14h38min de 30 de agosto de 2019
- EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO
VIGARIO DA FREGUESIA DE BRUSQUE PADERIE ANTÔNIO EISING (185'7-1921)
y Pe. José Artulino an g AOS menos ÍniCiadOS na hí5' \\:: tória da comunidade brusquen- “ *^ se pouco dirá este nome, ou, f “ quem sabe, apenas soará como
um vigário a mais, entre os mui i“gl* "~Íãiíl-›í3;;ͧãÍfí tos que passaram pela Comuni-
x .¡_5.~Í xwy dade Católica.
- . ›. âêê z Eisíng representa um papel de
' › " destaque na hístória do berço .› vidade apostólica impregnada de
- zelo e até de intransigência, a
“ regulamentação das proprieda-
- des paroquiais, a construção de
3::: '- \ › ígrejas, como a de Guabiruba do
1 : . Norte e o antigo Santuário de z í›'i' › Azambuja, a fundação da Santa
r àNw Senhora de Azamija, atual Hospítal Arquídiocesano “Côn- sul Carlos Renaux”, da Éscola
ParoquiaL já lhe dariam um lugar de procedêncía da galeria dos gran- ths vultos de nossa comunidade. Quem foi, em poucas línhas, 0 P'e. Antônio Eising? _._>l< o~*__ A 16 de janeiro de 1847, nascia, em Boch01t, VestfáIia_ João Antônio Eisíng_ filho do padeiro João Eisíng. Segundo o costume da época, foi batizado no dia seguínte. Terminados a Escola Primária e o Ginásio, matricu10u-se na Universidade de Müns.ter, capital da Vest- fália, onde concluiu os estudos filosóficos e teológicos. Dorn João Bernardo Brünckmann ordenou-o sacerdote a 30 de novembro de 1871, com apenas 24 anos de idade. No día 2 de abril de 18712 foi nomeado capelão dum distrito da Paróquía de Recklinghausen e reitor de um Colégio anexo à Capela. Por 12 anos dedicou-se com zelo à cura d'a1mas e au ensino. i A 10 de dezembro de 1884 é transferido para Münster, onde foi, . _ sucessivamente, 2°. e 1° Capelão da Paróquia de São Maurício.
É neste período que cresce nele o interesse pela atividade sa-
cerdotal entre os colonos católicos de origem germânica, no Sul do
Brasil, emigrado da Vestfália entre 1861-1863.
0 piedoso e zeloso Pe. Guilherme Roer, também ordenado na
Diocese de Münster, era o atívo pastor da zona colonial de Teresópo- 1is, Vargem Grande, São Pedro de Alcântara, desde 1860. Segundo seu conselho, um numeroso grupo destes colonos mudou-se para Braço do Norte, na Paróquia de Tubarão, para ocupar a terra fértil daquela regiâo. 0 Governo Imperial tinha-1hes confiado a ingrata e acidem tada terra de São Pedro e redondezas_ onde pouco tinham a plantar e pouca defesa lhes era oferecida frente as dificuldades da região. Pe. Roer percebeu que o vale o Tubarão era mais fértil e favoráve1. Ali criaram-Se três núcleos com capelas e escolas, e o Pe .\Roer ia de _Tere- sópolis algumas vezes por ano, a fim de prestar seu serviço sacerd0- ta1.
O excessivo trabalho ,as enormes distâncias, a inclemência do tempo e a idade consumiram as forças do intrépido sacerdote e, doeru te, impossibilitado de levantar-se, fiXa residência na casa da família Hob01d, em Braço do Norte.
Nestas condicões, mandou uma carta ao Bíspado de Miínster, pedíndo um sacerdote. Começou a missiva com estas palavrasz “Mise- remini mei, miseremini mei. . ."Encontrou eco: no dia 21 de maio de 1889, 'Kírchilches Amntblattv publicou~se a carta, com o resu1- L tado de o Pe. Francisco Topp seguir logo para Santa Catarina. Não encontrou mais o Pe. Roer: internado no Hospital de São Francisc0, Porto Alegre, ali morreu em 8 de outubro de 18*91. Os antigos paro- auianos ergueram-1he, no cemitério, um monumentor com os dizeresz “Morreu pelo bem espiritual de seus paroquianos".
O novo missionário, Pe. Francisco Topp, percebeu logo que o território confiado ao Pe. Guilherme Roer era vasto demais. Por sua I vez, dirigiu uma carta ao Bispo Diocesano de Münster, reclamando í mais um sacerdote. Dom Germano Dingelstadt publicou seu pedido a 14 de novembro de 1890, solicitando que os interessados se apre- sentassem.
O Pe. João Antônio Eising e seu colega, Pe. Francisco Aulin,c›;, anuiram logo e a 22 de novembro foram dispensados para o novo tm~ balho missionário entre os colonos catórlicos de Santa Catarina.
Pe. Auling foí logo para Curitiba e Pe. Eising fixou residência em Vargzem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a população de Ca- pivarí. Conseguiu que os Franciscanos de Teresópolis assumissem esta última. pois tencionava mudar-se para a Víla de Brusque, a fim de prestar assistência religíosa aos alemães católicos da regiã0. '
._>I<o>':~'._
A 18 de agosto de 1892 o Bispo do Río de Janeiro (de quem de- pendiam as Paráquias do Estado de Santa Catarina), o nomeía Vigárío das Colônias Itajaí e Príncipe Dom Pedro. Substituía o zelos\o, mas
íntempestivo, Pe. João Frítzen. Havia 14 capelas na Colônia, e dis-
tantes umas das outras.
Logo no início, devido à separação entre a Igreja e o Estadq
1 procurou legalázar a propriedade paroquialz pagou, na Coletoria da então Vila Brusque, a quantia de 69.139 réis por uma área de terre~ nos com 92.956 m2. O documento foí firmado a 14 de novembro de 1893 ,ass'na,ndo-o, como representantes da Comunidade Católica, os Sr.'s Nicclau Gracher e Adriano Schaeffer.
No mesmo ano de 1893 inicia a construção da nova igreja de
' Guabiruba do Norte, demolida em 1|923, por sua Vez substituída pela atualz a antiga ameaçava ruir, sendo indigna para o cu1t0.
1 Em 1894, apenas sete anos após a construção da primeira ermi›da, pelos colonos, ínícia a construcão de uma nova igreja em Azambuja, que depois, até 1939, foi o Santuário de Azambuja. Sua visão pastoral descobriu logo que Azambuia estava reservada a ocu-- por um lugar de relevo na devocão à Mãe de Deus; .suas festas de maío qjá atraíam peregrinos de distantes regíõkas do Fstada MIuítos que anteriormenteíam a Iguape, agora detzínham-se no pobre Vale de
\ Azambuj.a, aqui depositando seu agradecímento por favores alcan~ çados.
w Acontecimento importante foi a Primeira Visíta Pastoral do Sr. Bispo Diocesano. Em 1892 Curitíba fora erigida .em Diocese. Seu prjmeiro Bíspo. Dom José Camargo Barros, foi sagrado em Roma a 24 de junho de 1894, tomando nosse a 30 de setembro do mesmo ano. Sua Diocese abrangia os territórios do Paraná e Santa Catarina. Re~
- solve logo vísitar sua novel Díocese. Brusque preparou-se o máximo
1 para a primeira recepcão a um príncipe da Igreia. A 26 de agosto de 1895 uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova 'Trento. Fez o trajeto até Brusque a cavalo, numa viagem de cinco horas.! Aqui chegou às 15,00 horas, sendo recebido com aplausos, foguetes e dis-
w cursos. Durou dois dias e meio sua Visíta PastoraL .dura-nte a qual crísmou 750 pessoas, além de assistír a inúmeros casamentos.
H A 8 de outubro de 1899 dirige uma carta ao Sr. Bíspo Diocesa-
' no, pedindo lãeença para compzrar o lote 'n'°. 4 da linha Azambuja, uma
\ área de 18.41.6 bTaçars quad-ra;das, pertencentes ao Sr. JacobIKÉnihs
" Jacob Kríhs fazía duas ofertasz toda a Colônia n°. 4, com as casas dn /
›I proprietárria rpor séis contos, só... sem o terrenq sení Ias casas, dos con tos- Pe Eising pnefere comnrar tudo. pois vas casas serviriam para prin-
_ cipiar logo uma Casa de Caridade. A '2'.7 de outubro do mesmo ano re- cebe :a licença da autoridade diocesanaL
› Mas a compra não se realiza 10go. Pe. Eising compra, antes,
Í para a Paróquía de Brusque, o lote n°. 16 da linha Azambuja perten.-
l\ cente a Pietro Colzzmt 3:0.543 braças quadradas por um conto e du~
¡“ zentos mil réis. Doís aznos mais tarde, a 3 de julho de 1902, dá-se a
Í compra do Iote n°. 4, com as duas casas nele situadas. Diferentemen
te do outro 10te, este tem como adquirente jurídico o Santuário de
Azambuja.
Para resolver o problema do lote n°. 16, adquírido pela Paró- quia, a 7 de agosto de 1902 o Pe. Eising o vende ao Santuário de Azambuja, Iepresentado pelo Pe. Joslé 'Sundrup. Constituía-se, assim,
o “Patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggío".
Falamos no Pe. Sundrupz a 26 de novembro de 1901 este sacer- dote recebia a provisão de coadjutor das Paróquias de Brusque, São Sebastião da Foz do Tíjucas, São João e\ Porto Belo.
Pe. Eislng acalentava um plano com relação a Azambujaz vendo o movimento espíritual nela existente_ resolveu reservá-1a pam ser um centro de píedade e caridade. Centro de píedade já o era. E centro de carídade passa a ser a 29 de junho de 1902, quando dá ínício à Santa Casa de Mísericérdía Nossa Senhora de Azambuja, abrigando uma Escola ParoquíaL um Hospítal, um Asilo de Velhos e outro de Órfãos e um Hosplcio para débeis mentais.
Uma giande obra, iniciada do nada, mas brotada da fé e da caridade crístãs.
Em 1903 vemos surgir outla obra do incansável pastor: a Esco- la Paroquial de Brtvsque, que depois deu origem ao colégio Santo An- tônio, hoje extinto, mas que tanto bem fez à juventude brusquense.
Pe. Antônio Eising também se salíentava pelo zelo pastora1. Admoestava, mesma na rua, aos fíéis em falta com a desobriga pa's- ca1. Amargurava~se profundamente com os casamento mistos. '
Fato índicativo é o processo movido contra ele em maio de 1902. Edgar Von Büttner acusa-o de ter retirado convites para um teatro, afíxados na barca de transportes que levava a Itajaí. Venceu no tri- buna1, sendo defendido pelo Sr. Carlos lKIraemen que doou a remu- neração recebida como advogado para as obras da Santa Casa. A ; guerra velada entre ele e o Sr. Edgar von Büttner deverá ter começa- do, pelo que se pode deduzir em algumas crônicas, pelo fato de terem Í sido promovidos esxpetáculos teatrais no Advento, contra isso insur~ l gindo-se os Pes. Eising e Sundrup, sendo por isso acusados de intran- 4 sígentes e reacionários . "¡
Certarrnente que os tempos não eram tão fáceis de serem en~ Ã frentados, e brigas religiosas, misturadas com política, não eram fá- ¡'1 ceis de encontrar o ponto de equilíbrio.
Em 1904 Pe. Eising retira-se da Paróquia. Tencionava vestir o 1 hábito de São Francisco. A 24 de outubro ingressa no Convento Fran- ' ciscano de Rodeio onde, a 12 de fevereiro do ano seguinte, recebe o há- W bito Franciscano, com o nome de Freí Capistrano Einsíng OFMJ A 13 ' de fev_ereiro de 1906 emite os prímeiros votos e três anos depois ãaz \ sua profissão solene. '
Trabalhou em Petrópolis, em Curitiba (atendendo aos fiéís de 1
língua alemã) e novamente em Rodeio, como auxiliar do Mestre de
Noviços. Idade e doença obrígaram-no, em agosto de 1921, a mudar-se , 'para o Convento de Santo Antônio, em Blumenau. Falece no Hospital Santa Isabe1, nesta cidade, com quase 50 anos de sacerdócio e 74 de idade: era o dia 19 de setembro de 1921. BIBLIOGRAFIA 1 _ SUNDRUP, Pe. Joséz “Chronik der Santa Casa de Míseri- cordia in Azambuja“. Manuscrito. 2 - 1K+OCH, Pe. Eloy Dorvalino: C'atolícismo Centenârio de de Brusque. SAB, 1956I. Inédit0. P. '7-10. 3 - BESEN, José Artulinoz Azambuja, 100 anos. Brusque, 1977. P. 60-70. 4 _ PEREIRA, Pe. Ney Brasilz História do Santuário de Azam~ ja. Brusque, 1952. 5 - Livro de Tombo da Paróquia de Brusque, 1. 4 \ 6 \- Jornal O* REBATEL 1953, n°. 920. 7 - SCHOETTE_ Freí Estanislauz Carta a Ayres Gevaerd, no Arquivo da SAB, relatando pesquisas, de 13 de abríl de 1956. 8 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: *Tópícos de uma Carta“, in O ' MUNICÍPIQ 3 de junho de 1961, n°. 312 . 9 - PEREIRA, Pe. Ney Brasil: “Padre Eising, o 1nicíador“, in 0 MUNICÍPIQ 20 de maio de 196-1, n°. 310.
- Publicado originalmente na Revista Notícias de Vicente Só n. 05 páginas 6 a 10. Acervo da Casa de Brusque