Mudanças entre as edições de "José Artulino Besen - Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja do Pe José Sundrup"
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− | Na tarde da festa dos Príncipes dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, em 29 de junho de 1902, sendo o Pe. Antônio Eising Vigário, Pe. José Sundrup Coadjutor, José Hoening professor da Escola Paroquial e João Bauer Superintendente da Freguesia de Brusque, em presença de muito povo, três Irmãs da Divina Providência, Godeharda, Bárnaba e Friedburga, precedidas pelo Pe. Vicente Wienken, Diretor, foram introduzidas processionalmente na Igreja, na sua morada e, com isso, na sua esfera de atividade; foram saudadas na Igreja pelo Revmo. Pe. Vigário, Pe. Eising, e na sua casa pelo Juiz de | + | Na tarde da festa dos Príncipes dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, em 29 de junho de 1902, sendo o Pe. Antônio Eising Vigário, Pe. José Sundrup Coadjutor, José Hoening professor da Escola Paroquial e João Bauer Superintendente da Freguesia de Brusque, em presença de muito povo, três Irmãs da Divina Providência, Godeharda, Bárnaba e Friedburga, precedidas pelo Pe. Vicente Wienken, Diretor, foram introduzidas processionalmente na Igreja, na sua morada e, com isso, na sua esfera de atividade; foram saudadas na Igreja pelo Revmo. Pe. Vigário, Pe. Eising, e na sua casa pelo Juiz de Direito, Dr. Thiago da Fonseca. |
− | O povo testemunhava seu apoio pela abertura da nova Casa de Misericórdia oferecendo dádivas para sua manutenção, enquanto que para cuidar das necessidades religiosas, o clero se obrigou a rezar uma santa Missa na Igreja de Azambuja, a cada domingo e dia santo de guarda e, fora disso, três vezes por semana, enquanto isso fosse possível. Foi recomendado e muito aconselhado para o futuro, o que, alíás, já havia sido praticado desde o | + | O povo testemunhava seu apoio pela abertura da nova Casa de Misericórdia oferecendo dádivas para sua manutenção, enquanto que para cuidar das necessidades religiosas, o clero se obrigou a rezar uma santa Missa na Igreja de Azambuja, a cada domingo e dia santo de guarda e, fora disso, três vezes por semana, enquanto isso fosse possível. Foi recomendado e muito aconselhado para o futuro, o que, alíás, já havia sido praticado desde o início, a celebração duma santa Missa cantada, em honra do Sagrado Coração de Jesus, pelos benfeitores da Casa de Misericórdia de Azambuja. |
Omnia cum Deo! Nihil sine eo! | Omnia cum Deo! Nihil sine eo! | ||
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'''II - Condições de Direito''' | '''II - Condições de Direito''' | ||
− | Terreno e chão, | + | Terreno e chão, justo com as duas moradias e edifícios anexos, foram adquiridos e pagos em moeda líquida nos anos de 1900 e 1901, pelo Vigário da Paróquia, Pe. Antônio Eising, aos senhores Jacob Knihs e Pietro Colzani, possuidores dos títulos válidos por direito. |
Em 7 de agosto de 1902 o acima citado Pe. Eising, por ato notário, doou, ou então, vendeu “pro forma", toda a propriedade à Capelania de Azambuja, representada pelo atual Pároco de Brusque ou | Em 7 de agosto de 1902 o acima citado Pe. Eising, por ato notário, doou, ou então, vendeu “pro forma", toda a propriedade à Capelania de Azambuja, representada pelo atual Pároco de Brusque ou | ||
− | seu substituto. Não houve auxílio por parte do Estado, também não foram pedidas esmolas na Freguesia de Brusque, para a citada compra. Todo este estabelecimento, inclusive o terreno anexo, bem como as duas capelas, são propriedade | + | seu substituto. Não houve auxílio por parte do Estado, também não foram pedidas esmolas na Freguesia de Brusque, para a citada compra. Todo este estabelecimento, inclusive o terreno anexo, bem como as duas capelas, são propriedade legítima, livre e irrestrita, da Comunidade Eclesiástica de Azambuja, patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggio. |
'''III - Finalidade do Estabelecimento''' | '''III - Finalidade do Estabelecimento''' | ||
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Devido às muitas graças extraordinárias alcançadas em Azambuja desde a ereção da primeira Capela em 1885, o povo se achegava cada vez mais numeroso, trazendo ricas ofertas. Para a festa principal, em 26 de maio, vêm anualmente incalculável número de peregrinos, na sua maioria de origem brasileira, oferecendo à Nossa Senhora seu tributo de veneração e também seu óbulo material de maneira que neste dia entraram, em dinheiro, 2 contos de réis. Fora disso a soma de esmolas depositadas na respectiva caixa importava, anualmente, em Cr$ ... (?) | Devido às muitas graças extraordinárias alcançadas em Azambuja desde a ereção da primeira Capela em 1885, o povo se achegava cada vez mais numeroso, trazendo ricas ofertas. Para a festa principal, em 26 de maio, vêm anualmente incalculável número de peregrinos, na sua maioria de origem brasileira, oferecendo à Nossa Senhora seu tributo de veneração e também seu óbulo material de maneira que neste dia entraram, em dinheiro, 2 contos de réis. Fora disso a soma de esmolas depositadas na respectiva caixa importava, anualmente, em Cr$ ... (?) | ||
− | Para bem aproveitar todas estas dádivas não somente para o embelezamento exterior da Capela e da festa (como em Iguape) mas, pelo contrário, para progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, para dar, através da prática desinteressada das obras de misericórdia e da vida religiosa, melhor exemplo ao povo ambicioso e farrista, talvez até despertar vocações religiosas entre a mocidade, fundou-se esta Casa. Para nela trabalhar foram chamadas as Irmãs da Divina | + | Para bem aproveitar todas estas dádivas não somente para o embelezamento exterior da Capela e da festa (como em Iguape) mas, pelo contrário, para progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, para dar, através da prática desinteressada das obras de misericórdia e da vida religiosa, melhor exemplo ao povo ambicioso e farrista, talvez até despertar vocações religiosas entre a mocidade, fundou-se esta Casa. Para nela trabalhar foram chamadas as Irmãs da Divina Providência, que atualmente trabalham, com ricas benções celestes, no Hospital e Convento de Florianópolis, em Tubarão, Braço do Norte, Blumenau e Lages. Qualquer obra de misericórdia, corporal ou espiritual será praticada nesta Casa de Misericórdia. Como desenvolver estes fins e dar-lhes um cunho especial no futuro, ainda não está bem determinada neste momento de abertura. |
'''IV - Desenvolvimento da Instituição''' | '''IV - Desenvolvimento da Instituição''' | ||
'''Três meses mais tarde''' | '''Três meses mais tarde''' | ||
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+ | Hoje, festa de São Miguel (29.9.1902), curto retrospecto mostra que a Instituição vencerá as dificuldades que se lhe opõem. A Casa está lotada a tal ponto que urge ser aumentada. Temos 18 pessoas em tratamento, na maior parte idosos, abandonados, cegos ou cancerosos. O sustento vem por si já que os colonos trazem os mantimentos. Alguma coisa, porém, se deve ainda comprar. O mais dispendioso é a aquisição necessária de roupas, cobertores, etc., bem como a compra de tijolos, madeira, etc., para a nova construção. | ||
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+ | Um pintor, Isidoro Radici, achando-se em viagem de negócios e estando doentio e pobre, encarregou-se em 21 de setembro, da pintura das duas capelas, até hoje apenas caiadas. A preocupação com estas despesas e outras, como a aquisição de duas imagens, presépio, harmônio, motivaram-nos a escrever duas cartas para a Alemanha pedindo auxílio. | ||
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+ | Também em Azambuja o Menino Jesus alegrou muitos corações. Na Igreja houve Missa, cedo, depois Missa cantada e Devoção, à tarde. As Irmãs instalaram, na Casa, com meios próprios, um pequeno presépio e árvore de Natal. Uma festinha e presentinhos proporcionaram aos pobrezinhos doentes horas de íntima satisfação até então por eles desconhecidas. Esperamos que para o próximo ano a Alemanha nos envie, de presente, um presépio melhor. | ||
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+ | A casa nova está quase pronta. Neste dias as Irmãs mudaram-se para a nova residência. Falta terminar o salão que servirá de sala de aula. Mas, donde virá o professor e a professora? José Hoenig, professor de nossa Escola Paroquial, entrou para a redação do Jornal alemão do Povo, em Porto Alegre. | ||
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+ | Deus providebit! | ||
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*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 48 a 47. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]] | *Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 48 a 47. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]] |
Edição das 15h15min de 13 de março de 2020
- EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO
Chronik der Casa de Misericórdia in Azambuja, do Pe. José Sundrup
No último número desta revista (n°. 4, 1977), dávamos um ligeiro histórico do Hospital Arquidiocesano “Cônsul Carlos Renaux", iniciado em 1902 com o nome de “Santa Casa de Misericórdia de Azambuja", a primeira instituição de saúde de Brusque.
Hoje publicamos na íntegra a já citada “Chronik”, escrita pelo Pe. José Sundrup, coadjuntor da Paróquia de Brusque, e grande entusiasta da obra. Seu estilo simples atesta a simplicidade com que nascem as grandes coisas, fruto muito mais da fé do que do engenho humano.
Apresentamos a revisão de uma antiga tradução existente: o original é em alemão. Encontra-se este no Arquivo Histórico “Dom Jaime de Barros Câmara", do Seminário de Azambuja.
Pe. José Artulino Besen
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DIGNARE ME LAUDARE TE, VIRGO SACRATA!
LECTORI SALUTEM!
I - Solenidade de abertura
Na tarde da festa dos Príncipes dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, em 29 de junho de 1902, sendo o Pe. Antônio Eising Vigário, Pe. José Sundrup Coadjutor, José Hoening professor da Escola Paroquial e João Bauer Superintendente da Freguesia de Brusque, em presença de muito povo, três Irmãs da Divina Providência, Godeharda, Bárnaba e Friedburga, precedidas pelo Pe. Vicente Wienken, Diretor, foram introduzidas processionalmente na Igreja, na sua morada e, com isso, na sua esfera de atividade; foram saudadas na Igreja pelo Revmo. Pe. Vigário, Pe. Eising, e na sua casa pelo Juiz de Direito, Dr. Thiago da Fonseca.
O povo testemunhava seu apoio pela abertura da nova Casa de Misericórdia oferecendo dádivas para sua manutenção, enquanto que para cuidar das necessidades religiosas, o clero se obrigou a rezar uma santa Missa na Igreja de Azambuja, a cada domingo e dia santo de guarda e, fora disso, três vezes por semana, enquanto isso fosse possível. Foi recomendado e muito aconselhado para o futuro, o que, alíás, já havia sido praticado desde o início, a celebração duma santa Missa cantada, em honra do Sagrado Coração de Jesus, pelos benfeitores da Casa de Misericórdia de Azambuja.
Omnia cum Deo! Nihil sine eo!
II - Condições de Direito
Terreno e chão, justo com as duas moradias e edifícios anexos, foram adquiridos e pagos em moeda líquida nos anos de 1900 e 1901, pelo Vigário da Paróquia, Pe. Antônio Eising, aos senhores Jacob Knihs e Pietro Colzani, possuidores dos títulos válidos por direito.
Em 7 de agosto de 1902 o acima citado Pe. Eising, por ato notário, doou, ou então, vendeu “pro forma", toda a propriedade à Capelania de Azambuja, representada pelo atual Pároco de Brusque ou seu substituto. Não houve auxílio por parte do Estado, também não foram pedidas esmolas na Freguesia de Brusque, para a citada compra. Todo este estabelecimento, inclusive o terreno anexo, bem como as duas capelas, são propriedade legítima, livre e irrestrita, da Comunidade Eclesiástica de Azambuja, patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggio.
III - Finalidade do Estabelecimento
Devido às muitas graças extraordinárias alcançadas em Azambuja desde a ereção da primeira Capela em 1885, o povo se achegava cada vez mais numeroso, trazendo ricas ofertas. Para a festa principal, em 26 de maio, vêm anualmente incalculável número de peregrinos, na sua maioria de origem brasileira, oferecendo à Nossa Senhora seu tributo de veneração e também seu óbulo material de maneira que neste dia entraram, em dinheiro, 2 contos de réis. Fora disso a soma de esmolas depositadas na respectiva caixa importava, anualmente, em Cr$ ... (?)
Para bem aproveitar todas estas dádivas não somente para o embelezamento exterior da Capela e da festa (como em Iguape) mas, pelo contrário, para progredir na verdadeira devoção a Nossa Senhora, para dar, através da prática desinteressada das obras de misericórdia e da vida religiosa, melhor exemplo ao povo ambicioso e farrista, talvez até despertar vocações religiosas entre a mocidade, fundou-se esta Casa. Para nela trabalhar foram chamadas as Irmãs da Divina Providência, que atualmente trabalham, com ricas benções celestes, no Hospital e Convento de Florianópolis, em Tubarão, Braço do Norte, Blumenau e Lages. Qualquer obra de misericórdia, corporal ou espiritual será praticada nesta Casa de Misericórdia. Como desenvolver estes fins e dar-lhes um cunho especial no futuro, ainda não está bem determinada neste momento de abertura.
IV - Desenvolvimento da Instituição
Três meses mais tarde
Hoje, festa de São Miguel (29.9.1902), curto retrospecto mostra que a Instituição vencerá as dificuldades que se lhe opõem. A Casa está lotada a tal ponto que urge ser aumentada. Temos 18 pessoas em tratamento, na maior parte idosos, abandonados, cegos ou cancerosos. O sustento vem por si já que os colonos trazem os mantimentos. Alguma coisa, porém, se deve ainda comprar. O mais dispendioso é a aquisição necessária de roupas, cobertores, etc., bem como a compra de tijolos, madeira, etc., para a nova construção.
Um pintor, Isidoro Radici, achando-se em viagem de negócios e estando doentio e pobre, encarregou-se em 21 de setembro, da pintura das duas capelas, até hoje apenas caiadas. A preocupação com estas despesas e outras, como a aquisição de duas imagens, presépio, harmônio, motivaram-nos a escrever duas cartas para a Alemanha pedindo auxílio.
Quod Deus bene vertat!
NATAL DE 1902
Também em Azambuja o Menino Jesus alegrou muitos corações. Na Igreja houve Missa, cedo, depois Missa cantada e Devoção, à tarde. As Irmãs instalaram, na Casa, com meios próprios, um pequeno presépio e árvore de Natal. Uma festinha e presentinhos proporcionaram aos pobrezinhos doentes horas de íntima satisfação até então por eles desconhecidas. Esperamos que para o próximo ano a Alemanha nos envie, de presente, um presépio melhor.
A casa nova está quase pronta. Neste dias as Irmãs mudaram-se para a nova residência. Falta terminar o salão que servirá de sala de aula. Mas, donde virá o professor e a professora? José Hoenig, professor de nossa Escola Paroquial, entrou para a redação do Jornal alemão do Povo, em Porto Alegre.
Deus providebit!
2 DE JANEIRO DE 1903
- Publicado originalmente na Revista Notícias de Vicente Só n. 06 páginas 48 a 47. Acervo da Casa de Brusque