Mudanças entre as edições de "Ayres Gevaerd - Efeitos da revolução de 1893 em Brusque"

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*EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO
 
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Efeitos da Revoluçao de 1893 em Brusque
  
Efeltos da Revoluçao
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CONTRATO DA “PASSAGEM NORTE" DO RIO ITAJAI MIRIM
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*Ayres Gevaerd
  
de 1893 em Brusque
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Os trágicos dias da revolução de 1893 em nosso Estado, não atingiram, felizmente, a antiga vila de São Luiz de Gonzaga. Um e outro fato foi registrado, como por exemplo, a visita de Gumercindo Saraiva, recebido pelas autoridades, a passagem de grupos de soldados das duas facções em luta que acampavam por poucos dias, o susto de nossas autoridades e personalidades, em face de boatos, na maior parte sem fundamento.
  
CONTRATO DA “PASSAGEMÇ NORTEn DO RIO ITAJAI MIRIM
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Há tempos relatei o que ocorreu com meu avô, Carlos Luiz Gevaerd, no dia do aniversário natalício de minha avó, Maria Luiza. A família, reunida justamente na hora do almoço para a comemoração, recebe, surpresa, por um mensageiro, a notícia da imediata prisão de Carlos Luiz Gevaerd. A familia, às pressas, reúne roupas e viveres, e a pé mesmo, dirige-se à Fazenda Hoffmann, em casa de Nicolau Werner, por uns dias.
  
Ayres Gevaerd
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Ois trágicos días da revolução de 1893 em nosso rEstado, não
 
atingiram, felizmente, a antíga vila de São Luíz de Gonzaga. Um e
 
outro fato foi registrado, como por exemp10, a vísíta de Gumercindo
 
Saraiva, recebido pelas autoridades, a passagem de grupos de solda-
 
dos das duas facções em luta que alcampavam por poucos dias, o- susto
 
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Meu amigo Padre Anselmo, certa ocasião, pediu-me para contar o fato que se segue e é por sua conta que fica a frase em alemão, intraduzível creio!...
  
de nossas autoridades e personalidades, em face de boatos, na maior
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Adriano Schaefer, exercia, em 1893, o cargo de chefe de polícia na então Vila. Certa madrugada foi despertado por um amigo, cujo nome não foi possivel anotar, o qual, com outras pessoas, necessitava autorização para ir a Itajai, naquela mesma hora, por razões importantes e inadiáveis. Soube-se mais tarde que os motivos tinham sido políticos, em face dos dias incertos e dos constantes boatos, às vezes alarmantes, que então circulavam. A autoridade prontamente aquiesceu, mas havia o problema da “passagem', situada no mesmo lugar onde hoje se encontra a ponte, aos cuidados de August Pieper, homem de reconhecida probidade mas de natureza truculenta. Adriano Schaefer, prevendo dificuldades em vista da hora e do temperamento do encarregado da balsa, acompanhou as pessoas que o procuravam, até o local.
paIte sem fundamento. \
 
  
Há tempos relatei o que ocorreu com meu avô, Carlos Luiz
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August Pieper residia no lado oposto e a balsa, naturalmente, se encontrava na mesma margem do rio, imediações da residência.
Gevaerd, no dia do aníversário natalício de mínha av›ó, Maria Luíza. A w
 
família, reunida justamente na hora do almoço para a comemoração, 1
 
recebe, surpresa, por um mensageíro, a notícia da ímediata prisão de :
 
Carlos Luiz Gevaerd. A família, às pressas, reune roupas e víveres, e :
 
a pé mesmo, dirigese à Fazenda Hoffmann, em casa de Nicolau W-er-
 
ner, por uns dias. \
 
  
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O nosso delegado necessitou chamar em voz alta, várias vezes, até que o responsável apareceu, em uma das janelas, resmungando, inquirindo a identidade da pessoa que o acordara. Dando as explicações que achou cabiveis no momento, Adriano Schaefer pediu a August Pieper que efetuasse a passagem de seus amigos pela balsa. Pieper retrucou que absolutamente não atendia em vista do adiantardo da hora: que esperassem até o amanhecer.
  
Meu amígo Padre Anselmo, certa ocasião, pediu-me para conr
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O delegado vendo que sua argumentação amigável de nada adiantava, apelou para suas condições de autoridade e gritou, solene: “August Pieper, em nome da Lei, exijo que dê passagem a esses cidadãos”! E a resposta veio em seguida, no mesmo tom, porém, em alemão: “Im Nahmen des Gesetzes, kannst mir am Asch 1eckcen"!, e fechou, violentamente, a janela.
tar o fato que se seguey e é por sua conta que fíca a frase em alemão, I
 
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Adriano Schaef'er, exercia, em 1893, o cargo de chefe de polícia
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Nota: O artigo acima foi publicado na revista "Blumenau em Cadernos“ e no jornal "O Município", em 1971/2. Transcrevo-o para corrigir o nome do encarregado da “passagem norte”, havia mencionado Franz, em lugar de August.
na então Vila. Certa madrugada foi despertado por um amígo, cujo
 
nome não foi possível anotar, 0 qual, com outras pessoas, necessitava
 
autorização para ir a Itajaí, naquela mesma hora, por razões impor-
 
tantes e inadiáveis. Soube-se mais tarde que os motivos tinham sida ]
 
políticos, em face dos dias incertos e dos constantes boatos, às vezes
 
alarmantes, que então circulavam. A autorídade prontamente aquiesr l
 
ceu, mas havia o problema da “passagem', situada no mesmo lugar
 
onde hoje se encontra a ponte, aos cuidados de August Pieper, th j
 
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August Píeper residia no lado oposto e a balsa, naturalmentel,
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Do "Livro de contratos com a Superintendência Municipal de Brusque" transcrevo o contrato firmado entre August Pieper e a Superintendência, respeitando a ortografia original.
se encontrava na mesma margem do rio, ímediações da residência.
 
  
O nosso delegado necessitou chamar em voz alta, várías vezes, \
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'''TERMO DE CONTRACTO QUE FAZ AUGUSTO PIEPER, COM A MUNICIPALIDADE'''
até que o responsável apareceu, em uma das janelas, resmungando, 1
 
inquirindo a identidade da pessoa que o acordara. Dando as explíca- ,§
 
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Pieper retrucou que absolutamente não atendiav em vista do adiantar \
 
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O delegado vendo que sua argumentação amigável de nada
 
adiantava, apelou para suas condições de autoriudade ve grítou, solenez r
 
“August Pieper, em nome da Lei, exijo que dê passagem a esses cida_
 
dãos”! E a resposta veio em seguida, no mesmo tom, porém, em ale-I
 
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chou, violentamente, a janela.
 
 
 
Notaz O artigo acíma foi publicado na revista "Blumenau em
 
Cadernos“ e no jornal "O Município", em 1971/2. Transcrevo-o para
 
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corrigir o nome do encarregado da “passagem norte”, havia mencio-
 
nado Franz, em lugar de August.
 
 
 
Do "Lívro de contratos com a Superintendencia Municípal de
 
Brusque" transcrevo o contrato firmado entre August Pieper e a Su-
 
perintendência, respeítando a ortografia origínal.
 
 
 
T'ERMO DE CONTRACTO QUE FAZ AUGUSTO PIEPER,
 
 
 
OOM A MUNICIPALIDADE
 
 
 
Aos dois dias do mez de junho de mil novecentos e trez nesta
 
Villa de Brusque, Estado de Santa Catarina, na secretaria da Superim ,
 
tendencia MunicípaL pelas wdez horas da manhã, presente o cidadão
 
Guilherme Kormann, 3°. substituto do Superintendevnte municipal em .
 
exercicio, commigo secretario de seu cargo abaixo nomeado, foi pelo
 
cidadão superintendente ordenado ao Porteiro Antonio Schwartz,
 
que posesse em pregões a arrematação da passagem do Norte desta
 
Vi11a, pelo tempo de um ano sob a base de 200$1000 (›duzentos mil
 
réis), o que fazendo este, e voltando. deu sua Fé de ter sido oferecido
 
a mesma quantía pelo cidadão Augusto Pieper, a quem o mesmo cida-
 
dão Superintendente fez entrega da supra mencionada passagem, pelo
 
tempo de um anno, a contar do 1°. día do mez de julho proximo a 30
 
de junho do anno proximo de 1904, sob as seguizntes condiçõesz
 
 
 
Primeira
 
 
 
O contratante dará passagem gratis aos empregados públicos,
 
Superintendente, Conselheiros Munícipais, Guardas políciais e muniA
 
cipais quando em serviço, ou dias de sessão do C'onse1ho, aos meninos
 
que frequentarem as escolas de amhos os sexos.
 
 
 
Segunda
 
 
 
O preço das passagens será 0 estabelecido na tabela constante
 
no contrato de 1893.
 
 
 
Terceira
 
 
 
O contratante só poderá cobrar dos carros e carroças que ve~
 
nhão de Ita.jahy, depois das 9 horas da noíte, n0va passagem e os mais
 
depois dessa hora pagarão o duplo cío que está estabelecido na tabella,
 
passando das 9 horas, até as 4 horas da manhã.
 
 
 
Quarta
 
 
 
O contratante é responsável por qualquer damno que ocorrer
 
na passagem, em carros, car'roças, animais Ou cargos, provado que a
 
passagem de causas por falta de cuidados, será obrigado a índenizar
 
 
 
os pre3u1zos.
 
Quinta
 
O contratante fíca obrigado à multa de 50$000 por cada falta
 
que cometter e ao duplo na reincidencia por sà ou por seu fíad0r.
 
Sexta
 
OI contratante obriga-se a pagar a Municipalídade a quantia
 
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de 200$0001 (Duzentos mil réis), em quatro prestações iguais e tri~ '
 
mestrais a contar do dia 1°. do mez wde Junho do anno proximo de
 
1904. §
 
E para constar mandou o cidadão superintendente lavrar este "
 
termo depois de pagos os respectivos impostos conforme o conheci-
 
mento junto, o qual vai assígnado pelo Superíntendente, contratante,
 
vfiadon porteiro, comigo Henrique Luiz de Cordova, secretario que o w
 
-escrevi e assigno, sendo fiador o cidadão Rudolpho Krieger, nego-
 
ciante estabelecido nesta Villa. O Secretario que o escrevi e assigno
 
Henríque Luiz de Cordova, Guilherme Kormann, Augusto Pieper, Ru_
 
dolpho Kríeger, Antonio Schwartz.
 
  
 
*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 42 a 45. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]
 
*Publicado originalmente na [[Revista Notícias de Vicente Só - número 006|Revista Notícias de Vicente Só n. 06]] páginas 42 a 45. Acervo da [[Sociedade Amigos de Brusque|Casa de Brusque]]

Edição das 09h33min de 13 de março de 2020

  • EM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO

Efeitos da Revoluçao de 1893 em Brusque

CONTRATO DA “PASSAGEM NORTE" DO RIO ITAJAI MIRIM

  • Ayres Gevaerd

Os trágicos dias da revolução de 1893 em nosso Estado, não atingiram, felizmente, a antiga vila de São Luiz de Gonzaga. Um e outro fato foi registrado, como por exemplo, a visita de Gumercindo Saraiva, recebido pelas autoridades, a passagem de grupos de soldados das duas facções em luta que acampavam por poucos dias, o susto de nossas autoridades e personalidades, em face de boatos, na maior parte sem fundamento.

Há tempos relatei o que ocorreu com meu avô, Carlos Luiz Gevaerd, no dia do aniversário natalício de minha avó, Maria Luiza. A família, reunida justamente na hora do almoço para a comemoração, recebe, surpresa, por um mensageiro, a notícia da imediata prisão de Carlos Luiz Gevaerd. A familia, às pressas, reúne roupas e viveres, e a pé mesmo, dirige-se à Fazenda Hoffmann, em casa de Nicolau Werner, por uns dias.

-.-

Meu amigo Padre Anselmo, certa ocasião, pediu-me para contar o fato que se segue e é por sua conta que fica a frase em alemão, intraduzível creio!...

Adriano Schaefer, exercia, em 1893, o cargo de chefe de polícia na então Vila. Certa madrugada foi despertado por um amigo, cujo nome não foi possivel anotar, o qual, com outras pessoas, necessitava autorização para ir a Itajai, naquela mesma hora, por razões importantes e inadiáveis. Soube-se mais tarde que os motivos tinham sido políticos, em face dos dias incertos e dos constantes boatos, às vezes alarmantes, que então circulavam. A autoridade prontamente aquiesceu, mas havia o problema da “passagem', situada no mesmo lugar onde hoje se encontra a ponte, aos cuidados de August Pieper, homem de reconhecida probidade mas de natureza truculenta. Adriano Schaefer, prevendo dificuldades em vista da hora e do temperamento do encarregado da balsa, acompanhou as pessoas que o procuravam, até o local.

August Pieper residia no lado oposto e a balsa, naturalmente, se encontrava na mesma margem do rio, imediações da residência.

O nosso delegado necessitou chamar em voz alta, várias vezes, até que o responsável apareceu, em uma das janelas, resmungando, inquirindo a identidade da pessoa que o acordara. Dando as explicações que achou cabiveis no momento, Adriano Schaefer pediu a August Pieper que efetuasse a passagem de seus amigos pela balsa. Pieper retrucou que absolutamente não atendia em vista do adiantardo da hora: que esperassem até o amanhecer.

O delegado vendo que sua argumentação amigável de nada adiantava, apelou para suas condições de autoridade e gritou, solene: “August Pieper, em nome da Lei, exijo que dê passagem a esses cidadãos”! E a resposta veio em seguida, no mesmo tom, porém, em alemão: “Im Nahmen des Gesetzes, kannst mir am Asch 1eckcen"!, e fechou, violentamente, a janela.

Nota: O artigo acima foi publicado na revista "Blumenau em Cadernos“ e no jornal "O Município", em 1971/2. Transcrevo-o para corrigir o nome do encarregado da “passagem norte”, havia mencionado Franz, em lugar de August.

Do "Livro de contratos com a Superintendência Municipal de Brusque" transcrevo o contrato firmado entre August Pieper e a Superintendência, respeitando a ortografia original.

TERMO DE CONTRACTO QUE FAZ AUGUSTO PIEPER, COM A MUNICIPALIDADE

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