Bairro Santa Terezinha

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  • Álisson Sousa Castro[1], Historiador.

O bairro Santa Terezinha é o bairro mais populoso de Brusque, contando com 10.081 moradores, segundo o Censo de 2010[2].

Nos tempos de Colônia

Segundo CABRAL[3]"o segundo território [...] situado na margem direita do mesmo rio d'Itajaí-mirim, em ambos os lados do Ribeirão Limeira [...] está por ora só ocupado por 7 famílias colonas em sete lotes medidos pelo agrimensor da Colônia, e êstes sete lotes limitam com ambas as margens do ribeirão Limeira".

De Rua Itajaí a Santa Terezinha

Uma das primeiras denominações do Bairro Santa Terezinha foi "Rua Itajaí", por ser este o caminho percorrido pelos habitantes de Brusque até o vizinho município de mesmo nome[4][5]. O nome "Limeira" também é citado por alguns documentos[6], porém, a forma "Rua Itajaí", por especificar o traçado desta, evitava confusão por parte dos Correios quanto à entrega de correspondências nas proximidades da atual localidade de Limeira.

Em 19 de junho de 1964 o Prefeito Cyro Gevaerd sanciona a lei que autorizava o Poder Executivo Municipal a denominar o "Bairro Santa Teresinha" o trecho compreendido entre o Boeiro Niebuhr até o final do perímetro urbano, no final da rua Santos Dumont e ruas adjacentes[7].

Passados mais de 30 anos, em 12 de maio de 1995, o bairro ganha sua atual denominação, grafada com a letra "z", quando o Prefeito Danilo Moritz sanciona a lei onde fica denominado o bairro "Santa Terezinha"[8], delimitando sua área. No ano seguinte, o Prefeito Danilo Moritz sanciona a lei[9] que altera os limites do bairro até a divisa com Itajaí.

Religiosidade

Chácara e Capela São Roque

Os moradores do bairro não dispunham de um local destinado às suas atividades religiosas até a década de 1920. SBARDELATTI conta que

O que existia era uma pequena capela particular onde era a casa do R.P. Augusto Schusiling, terrendo pertencente ao Hospital Arquidiocesano de Azambuja, adquirido por volta de 1925/1926, situada onde depois foi o descascador de arroz São Roque, cuidavam da capela algumas freiras. Era um local destinado a fornecer alimento para aquele que porventura, ficassem órfãos, pois ocorriam casos em que os pais morriam por motivo de doença como o tifo.

Moradores mais antigos contam que a Capela de São Roque foi erguida após a peste bovina castigar o gado das fazendas da região, sendo São Roque considerado o protetor do gado contra doenças contagiosas. Eram duas devoções: uma a São Roque e outra a Santa Teresinha.

A Santa

Nova Igreja de Santa Teresinha em construção
Fonte <http://s1.e-monsite.com/>, acesso em 12/06/2006.

Marie Françoise Thérèse Martin, conhecida por Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, Teresa de Lisieux, Santa Teresa do Menino Jesus ou Santa Teresinha. Tendo nascido na cidade francesa de Alençon em 2 de janeiro de 1873, sendo filha do casal também beatificado Louis Martin e Zélie Guérin.

A prematura morte da sua mãe, quando tinha apenas quatro anos fez com que ela se apegasse a sua irmã Pauline, que elegeu para sua "segunda mãe". A repentina entrada dessa irmã no Carmelo, fez a jovem Thérèse, adoecer. Curada pela ‘Virgem do Sorriso’, imagem da Imaculada Conceição por quem seus pais tinham afeição, tomou uma forte resolução de entrar para o Carmelo. Quase ao completar quatorze anos, no Natal de 1886, Teresa passa por uma experiência que chamou de "Noite da minha conversão". Ao voltar da missa e procurar seus presentes, percebe que seu pai se aborrece por ela apresentar comportamento infantil. A menina decide então a renunciar a infância e toma o acontecido como um sinal inspirador de força e coragem para o porvir [10].

Seis meses depois, Teresa decide que quer entrar para o Carmelo (Ordem das Carmelitas Descalças). Como a pouca idade a impede, é levada por familiares, em novembro de 1887, para uma audiência com o Papa, em Roma, para pedir a exceção, a chorar, ao Papa Leão XIII, contra a vontade do então Bispo de Lisieux. Em Abril do ano seguinte é finalmente aceita. Concedida a autorização ingressou em 9 de Abril de 1888 e tomou o nome de Thérèse de l'Enfant Jesus[11].

Faleceu em Lisieux em 30 de setembro de 1897[12].

Pauline, irmã de Teresa, assumira o compromisso de publicar sua biografia tendo compilado os três relatos autobiográficos deixados pela irmã em um volume de 474 páginas, lançando-os um ano após a sua morte com o título de “História de uma Alma”[13]. Várias edições foram lançadas anualmente, inclusive ganhando tradução para vários idiomas, o que contribuiu para o rápido conhecimento a respeito da vida e obra de Teresa[14].

Com a difusão de seus relatos chegam correspondências dirigidas ao Carmelo de Lisieux. As romarias e visitas ao túmulo foram-se somando e notícias de graças alcançadas não tardam a chegar. Em 26 de maio de 1908 cura-se diante do túmulo a menina cega Reine Fauquet, de quatro anos[15].

Sob a responsabilidade de Mons. Lemonnier, bispo de Bayeux, inicia em 1910 o processo de canonização, que fora iniciado pelo Pe. Prévost 4 anos antes. Em 1921 o papa Benedito XV firma o decreto de heroicidade das virtudades e em 29 de abril de 1923 ocorre a beatificação da irmã Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face pelo Papa Pio XI, ocorrendo também o traslado de seus restos mortais do cemitério de Lisieux ao Carmelo [16].

Finalmente, no dia 17 de maio de 1925, o papa Pio XI canoniza Teresinha

diante de cinqüenta mil pessoas dentro da Basílica de São Pedro e diante de mais de quinhentas mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, em Roma [...] A cerimônia contou com a presença de 33 cardeais e 250 bispos do mundo inteiro. Dois anos depois o mesmo Pio XI proclama Santa Teresinha “padroeira principal das missões”, pondo-a em pé de igualdade com o grande missionário São Francisco Xavier [17].

Antiga Igreja Santa Teresinha

Em meados de 1939 os fiéis organizam uma festa com a finalidade de angariar recursos para a construção da Igreja.

O lançamento da pedra fundamental da antiga Igreja de Santa Teresinha ocorreu às 9h da manhã do dia 9 de junho de 1940[18], tendo sua inauguração ocorrido no dia 16 de março de 1941[19].

A Igreja fora ampliada em 1951[20] com a construção de duas torres e ampliação nas laterais.

Em 23 de março de 2002 a antiga Igreja é demolida, no jornal, a explicação[21]:

O Padre Jorge Gelatti disse que a demolição era necessária, diante da falta de espaço para os fiéis durante a celebração das missas, bem como para as atividades funcionais [...] custo da reforma seria de R$ 300 mil, enquanto que a construção de uma nova vai custar R$ 500 mil [...]a estrutura estava podre, havendo perigo para os frequentadores da Igreja. Eu não iria expor os fiéis a este perigo, tanto que saímos daqui em dezembro por causa dos riscos

Na ocasião da demolição, o morador Bolivar Cervi encontrou dois documentos relativos à construção da Igreja, do início da década de 1940 dentro da "cápsula do tempo", que segundo o morador, foram colocadas por seu pai no interior das paredes da Igreja. No primeiro documento, que inicia com "Anno Domini MCMXL" (Ano do Senhor de 1940), conta-se que era erguida uma Igreja em honra de Santa Terezinha (escrito com "z"), sendo o documento subscrito por Bernardo Peters, Germano Schaefer, João G. Kormann, Ernesto Cervi, Giacomo Cadore e Vicente Schmitz. O segundo documento contém assinatura de vários membros da comunidade que auxiliaram nos trabalhos.

Nova Igreja de Santa Terezinha

Arquivo:AP Ifigenia Contesini Vinotti 047.jpg
Nova Igreja de Santa Teresinha em construção
Fonte: FCB/Fundo Ifigenia Contesini Vinotti

A nova Igreja foi inaugurada em 2008.

O processo de retificação do Itajaí-Mirim

Após a enchente de 1961 iniciaram-se os trabalhos de retificação do Rio Itajaí-Mirim do Centro de Brusque até a Barra do Rio, em Itajaí. Neste processo a paisagem dos bairros Centro, Santa Rita e Santa Terezinha sofreram uma considerável mudança.

O antigo traçado do rio, em relação ao bairro saia das proximidades do atual traçado do Itajaí-Mirim, adentrando o bairro Santa Rita paralelo a rua Maria Raulino Coelho até chegar ao posto de combustíveis, defronte ao Supermercado O Barateiro, para então seguir paralelo à rua 7 de Setembro até o atual Ribeirão Moritz, de onde seguia para um local mais afastado da rua Santos Dumont [22]. Mais a frente, o Itajaí-Mirim voltava a aproximar-se da rua Santos Dumont, nas proximidades da Indústria Bilu, seguindo paralelo a esta rua até passar a Igreja. O rio distanciava-se novamente do bairro nas proximidades da rótula defronte à Unifebe e aproximando-se próximo a atual rua Lm Cinco.

Infra-estrutura

Obras da galeria no Ribeirão Moritz em 1967, entre os bairros Santa Terezinha e Santa Rita.
Fonte: O Município, Brusque, 24 de junho de 1967, p. 6/MAHVIM

Em campanha eleitoral, Antônio Heil havia prometido que iria calçar todo o traçado do caminho que ia do final da rua Barão do Rio Branco (entroncamento com a rua do Centenário), no Centro, até o final do bairro Santa Terezinha (Rio Limeira). A obra era enorme e sua finalização, para os padrões da época, gerava dúvidas, tendo deixado apreensivos até mesmo seus correligionários[23].

No seu primeiro dia de trabalho de Antônio Heil como Prefeito, em 1º de fevereiro de 1966, iniciaram-se os trabalhos de calçamento que transformariam a paisagem dos bairros Santa Rita e Santa Terezinha. A ação previa ainda obras de serviço de água, esgoto, luz e a construção de 4 mini-praças, sendo uma no atual bairro Santa Rita.

Em agosto de 1969 são finalizadas as obras de calçamento da via que ligava o Bairro Santa Terezinha ao Centro.

Educação

Uma escola em língua portuguesa fora fundada pela Professora Augusta Dutra de Souza na década de 1930. Sobre esta escola, transcrevemos abaixo uma descrição da mesma:

A escolinha era bem modesta e desaparelhada de recursos e técnicas pedagógicas. As aulas eram discursivas e os conteúdos copiados do quadro de giz para a lousa de pedra que os alunos utilizavam para registrar os apontamentos, com um lápis também de pedra. As lições tinham que ser decoradas e posteriormente apagadas para o reaproveitamento do rudimentar caderno. Prevalecia uma forma de educação agressiva e punitiva, inclusive com castigos e uso da palmatória, como exigência para os alunos mentalizarem as lições.[24]

Em 17 de dezembro de 2010 foi inaugurado o prédio atual da Escola de Educação Básica Santa Terezinha.

As praças

Praça Pe. João da Cruz Stuepp

Busto do Padre na praça com seu nome.
Acervo FCB/Fundo Ifigenia Contesini Vinotti

A Praça Pe. João da Cruz Stuepp foi assim denominada em 14 de julho de 1969, durante o governo do Prefeito Antônio Heil[25].

Padre João faleceu em 20 de maio de 1996. No ano seguinte, a Associação de Moradores do Bairro Santa Terezinha prestou-lhe uma importante homenagem ao inaugurar um busto em sua homenagem na praça que levara seu nome, no dia 24 de agosto de 1997[26].

Ele desempenhou importante liderança religiosa e comunitária no bairro, tendo contribuído para a ampliação da Igreja, a Construção do Grupo Escolar Santa Terezinha e a fundação da Sociedade Santos Dumont. Foi fundador das escolas SENAC, CTC, Ginásio e Escola Normal São Luiz[27].


Praça Marcelino Pereira

A Praça ganhou sua denominação em 14 de julho de 1969[28], durante o governo do Prefeito Antônio Heil. Localiza-se no entroncamento das ruas Santos Dumont e Guilherme Strecker.

Em novembro de 2012 a praça passou por reformas e também passou a contar com uma escultura do "Roteiro das Esculturas", trata-se da obra "Deusa floresta", do artista tcheco Emil Adamec, do acervo do 3º Simpósio Internacional de Escultura do Brasil.



Praça João Indaya Schaefer - João Bugre

João Indaya Schaefer, o João Bugre - foi um operário, artista e esportista brusquense de origem indígena.

João fora homenageado com uma praça no local onde residia com a família, na esquina das ruas Santos Dumont e Jacob Knihs. Na ocasião, a Prefeitura, sob a administração do Prefeito Antônio Heil, adquire o terreno da viúva Antônia Maria Benatti Schaefer[29].

Do terreno, que media 979,60m², foram utilizados 383,17m² para o alargamento da travessa da rua Jacob Knihs com a rua Santos Dumont e o restante, 596,43m², foram empregados na construção de um jardim público, que ganhou a denominação de João em julho de 1969, quando a praça ficou pronta[30].

Em 2012 a praça passa por reformas[31] e é revitalizada, abrigando a escultura "Gratidão", do artista brusquense Fridel Steiner.



Praça Sady Ramos

Praça durante as obras de revitalização em 2012.
Foto: João Paulo da Silva/SECOM-PMB

A Praça Sady Ramos localiza-se a 50 metros após o entroncamento das ruas Dorval Luz com Alberto Muller e ganhou sua nomenclatura em 1988, durante o governo do Prefeito José Celso Bonatelli[32].

No ano de 2012 ela foi reformada e passou a abrigar uma peça de arte integrante do Roteiro das Esculturas, sendo também pavimentada com paver e piso podotátil.


Referências

  1. Este artigo foi elaborado com informações fornecidas por Bolivar Cervi, Nilce Benvenutti Dallago, Aurelino de Souza, Raul Amorim e Ifigenia Contesini Vinotti
  2. Populacional: Sta Terezinha é o maior bairro com 10.081 habitantes. Rádio Cidade AM. Disponível em: <http://www.radiocidadeam.com.br/web/noticia.php?cod_noticia=16305>. Acesso em: 05 junho 2012.
  3. CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Brusque: Subsídios para a história de uma colônia nos tempos do Império. SAB: Brusque, 1958.
  4. O Rebate, Brusque, 4 de novembro de 1939. Disponível na Casa de Brusque.
  5. Correio Brusquense, Brusque, 8 de junho de 1940. Disponível na Casa de Brusque.
  6. Anno Domini MCMXL. In: ADAMI, Saulo. Histórias e lendas da Cidade Schneeburg. Itajaí: S&T Editores, 2009. p.282. Autor desconhecido.
  7. Brusque, Lei Nº 139 de 19/06/1964. Ressalta-se que na época não existia a Rodovia Antônio Heil e o perímetro urbano alcançava o Rio Limeira. Não encontramos ato normativo do Executivo Municipal denominando o bairro.
  8. Brusque, Lei Nº 1.999 de 12/05/1995.
  9. Brusque. Lei Nº 2.086, de 19/06/1996
  10. Paróquia Santa Teresinha. Disponível em <http://www.psantateresinha.org.br/detalhe_00500.php?cod_select=26&cod_002=7>, acesso em 12/06/2006.
  11. Paróquia Santa Teresinha. Disponível em <http://www.psantateresinha.org.br/detalhe_00500.php?cod_select=26&cod_002=7>, acesso em 12/06/2006.
  12. Catholique.fr. Disponível em <http://www.therese-de-lisieux.catholique.fr/Las-grandes-fechas-de-su-vida-y-de-su-glorificacion.html>, acesso em 12/06/2012.
  13. Manuscritos autobiográficos disponíveis em <http://teresinha.com/default.asp?pag=p000096>.
  14. Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus da Santa Face. Disponível em <http://teresinha.com/default.asp?pag=p000096>, acesso em 12/06/2006.
  15. Catholique.fr. Disponível em <http://www.therese-de-lisieux.catholique.fr/Las-grandes-fechas-de-su-vida-y-de-su-glorificacion.html>, acesso em 12/06/2012.
  16. Catholique.fr. Disponível em <http://www.therese-de-lisieux.catholique.fr/Las-grandes-fechas-de-su-vida-y-de-su-glorificacion.html>, acesso em 12/06/2012.
  17. Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, de Campo Grande (RJ). Disponível em <http://www.pstmj.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=46&Itemid=2>, acesso em 12/06/2006.
  18. Correio Brusquense, Brusque, 8 de junho de 1940. Disponível na Casa de Brusque.
  19. O Rebate, Brusque, 15 de março de 1941. Disponível na Casa de Brusque.
  20. O Rebate, Brusque, 10 de março de 1951.
  21. O Município, Brusque, 25 de março de 2002.
  22. Continuação da 7 de Setembro, no bairro Santa Terezinha
  23. Jornal O Município, nº 698, p. 1, de 8 de agosto de 1969. Acervo SAB.
  24. ACON'AD. Staack: Raízes e Memórias. ACON'AD, Brusque, 2003. p. 50
  25. Brusque. Lei nº 403 de 14 de julho de 1969.
  26. Data empregada no busto.
  27. KOCH< Pe. Eloy Dorvalino, SCJ. Catolicismo em Brusque: Recordação do Centenário. SAB: Brusque, 1956. p. 39
  28. Brusque. Lei nº 404 de 14 de julho de 1969.
  29. Brusque. Lei nº 276 de 12 de junho de 1967
  30. Brusque. Lei nº 1999 de 12/05/1995.
  31. Brusque. Revitalização de mais duas praças garante o bem estar dos moradores. Disponível em: <http://www.brusque.sc.gov.br/web/noticia.php?noticia=5960:Revitalizacao_de_mais_duas_pracas_garante_o_bem_estar_dos_moradores>, acesso em 13/06/2012.
  32. Brusque. Lei nº 1.408 de 17 de maio de 1988.