Limeira

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BAIRRO LIMEIRA ONTEM E HOJE


De acordo com entrevistas e pesquisas constatamos que o povoamento do Bairro Limeira iniciou-se por volta de 1870 com alemães e logo após, por volta de 1875 chegaram os italianos. As famílias pioneiras no desbravamento das matas dessa região foram: Família Staack, Família Benvenutti, Família Dalago, Família Vechi, Família Pretti, Família Caviquioli, entre outras. O nome do bairro foi dado devido ao grande número de pés de lima que existia na região na época da chegada dos imigrantes. Ao longo desses 140 anos muitas mudanças ocorreram como as que relataremos abaixo.

TRABALHO

Antigamente o trabalho era na roça, em plantações de arroz, milho e mandioca, extração de madeira e da cana-de-açúcar e também nos engenhos de farinha que existiam em grande numero aqui no bairro. Portanto as primeiras pequenas indústrias do bairro foram os engenhos de farinha, as atafonas de fubá, engenhos de açúcar, alambiques e serrarias de madeira.

Era uma época muito difícil, essa região era muito pobre e as pessoas tinham só o suficiente para comer, morando em casebres construídos por eles próprios sem assistência nenhuma por parte do governo. As mulheres também tinham que trabalhar, muitas vezes, logo após o resguardo a mulher já voltava ao trabalho da roça. Como tinham muitos filhos os maiores iam cuidando dos menores e geralmente eram levados para roça, quando bebês, em cestos. Quando cresciam mais já ajudavam na roça também.

O trabalho de lavrador era muito pesado, era todo feito com as mãos e com instrumentos como: enxada para mexer a terra e machado para cortar as árvores, não havia as máquinas que temos hoje.

Atualmente o trabalho é mais fácil, pois é mais leve devido às máquinas que facilitam o trabalho do ser humano. Em nossa cidade há muitas fábricas e lojas para as pessoas trabalharem e muitas saem do bairro para trabalhar em outros bairros da cidade. Mas nosso bairro está se desenvolvendo muito e oferecendo mais empregos também.

RELIGIÃO

As primeiras famílias de nosso bairro costumavam ir todos os domingos à igreja, era uma obrigação, dona Joana Torresani nos contou que andava de 10 a 12 quilômetros para ir à missa. A comunidade era mais unida e a religião era levada mais a sério.

Casamento

Antigamente os costumes religiosos eram muito rigorosos, quando um casal se conhecia, eles namoravam e casavam. Eram obrigados a casar na igreja e no cartório, no mesmo dia e era raríssimo um casal viver junto, sem casar. Os casamentos eram realizados no sábado pela manhã, na igreja do centro e as festas duravam o dia todo, as comidas eram mais simples como macarrão, arroz, aipim, batata e galinhas inteiras que os pais da noiva criavam. Os pais não iam ao casamento na igreja, porque tinham que preparar a festa, então quem acompanhava os noivos eram os padrinhos de batismo. Quando os noivos saiam da igreja iam passando nas vendas, comprando balas e distribuindo para as crianças. Depois seguiam para a casa dos pais da noiva soltando foguetes e fazendo festa na companhia de um gaiteiro. Os parentes mais distantes vinham na véspera e permaneciam até o dia seguinte.

O noivo usava terno azul marinho e a noiva usava vestido branco, comprido e bem afogado, ou seja, fechado, com mangas compridas, usando uma grinalda na testa com um véu branco e comprido. Os presentes eram geralmente bacias, bules, panelas, louças, ferro de passar, chaleiras, etc.

Batismo

Por mais humilde e pobre que uma família fosse as crianças sempre eram batizadas. Os padrinhos eram escolhidos pelos pais entre os amigos, vizinhos e parentes mais próximos. Eles tinham a obrigação de cuidar das crianças, caso os pais faltassem. Os afilhados deviam respeitar sempre os padrinhos e os padrinhos visitar os afilhados nas datas comemorativas como natal, páscoa, aniversário, confirmação do batismo, matrimônio e em caso de doença.

Velórios e enterros

Os velórios eram feitos na própria casa e o enterro era celebrado pelo capelão, pois na época não havia padre na localidade. O defunto era coberto com um lençol branco em cima de uma tábua sustentada por duas cadeiras, até o caixão ficar pronto, pois era fabricado pelos próprios vizinhos. O transporte era feito através do carro de boi até o cemitério que fica na Limeira Alta, onde se concentrava a maior parte da povoação da época.

COMÉRCIO: No início da colonização em nosso bairro o único comércio que existia era a troca de mercadorias entre vizinhos e amigos. Se uma família plantava arroz, feijão, banana, cenoura e alface, outra plantasse batata, aipim, tomate e repolho e outra criasse porcos, gado e galinha, os produtos eram trocados entre si, pois nenhuma das famílias tinha tudo o que precisava. Com o passar do tempo surgiu a venda onde se vendia de tudo o que existia na época, mas era uma só no bairro.

Atualmente temos um comércio variado no bairro: quatro padarias, três mercados, lojas diversas, locadora, farmácia e lanchonetes. São poucas as pessoas que ainda plantam alguma coisa, a maioria dos produtos é comprada.

ALIMENTAÇÃO

Antigamente os alimentos eram colhidos da horta, pois não havia mercados como hoje. As carnes vinham dos animais que eram criados e mortos em casa.

O cozimento era realizado no fogão a lenha e em panelas de ferro e as pessoas comiam bastante, pois o trabalho era muito pesado e dava fome. Os alimentos mais consumidos eram arroz, feijão, batata, aipim e pirão. As guloseimas eram pé-de-moleque e puxa-puxa que eram feitos em casa. Aos sábados costumavam fazer pão de fubá com cará e inhame e roscas de polvilho.

Costumavam lavar as frutas e legumes no rio, afinal não existia água encanada, mas a água do rio era muito limpa. Um tempo depois a água começou a ser encanada, água pura das nascentes como muitas pessoas ainda têm.

Nas festas como de casamento a mesa era bem grande com macarrão caseiro, arroz, aipim, batata e galinha. A galinha era colocada inteira na mesa, pois era criada e morta em casa.

Antigamente eles não tinham tantas opções como temos hoje e por isso eram mais saudáveis porque não tinha veneno nas plantas, os alimentos eram naturais e não com conservantes e não havia tantas guloseimas prejudiciais à saúde como hoje.

SAÚDE

Embora tivessem hábitos mais saudáveis, a saúde era precária, pois tinham que curar as doenças em casa com chás de plantas e cascas como de laranja e com massagem e resguardo. As pessoas costumavam ficar na cama de repouso até mesmo por gripe. Dona Joana Torresani nos contou que quando seu marido comprou o primeiro carro era ele que levava as pessoas ao hospital que era longe e a estrada era muito ruim.

Atualmente é mais fácil porque a maioria das pessoas tem carro, senão tem ônibus ou em casos mais graves Bombeiros e SAMU, tem Posto de Saúde no bairro e farmácia.

Mas mesmo a saúde tendo melhorado muito ainda não está bom, pois como o bairro cresceu muito há filas no Posto de Saúde e ele precisa ser aumentado, ter mais médico e dentista. Os hospitais também precisam ser melhorados com atendimento mais rápido.

DIVERSÃO

Antigamente não havia brinquedos como hoje então as crianças se divertiam brincando de ovo-choco, pula-corda, esconde-esconde, pega-pega, amarelinha, com boneca de pano, carrinho de madeira, bola, pipa e de fazer comidinha. Essas brincadeiras eram feitas durante o trabalho na roça, pois as crianças já ajudavam os pais e por isso brincavam pouco. Atualmente as crianças brincam de carrinhos de pilha, fricção e controle remoto, as bonecas falam, cantam, são mais flexíveis e já há até as que andam, há o computador, a televisão e vídeos-game. As crianças brincam mais dentro de casa e não na rua como antigamente.

Os adultos se divertiam saindo de bicicleta e indo aos bailes de domingo à tarde em Camboriú, Ponta Russa e Brilhante, a pé, pelas picadas com os sapatos nas mãos e pés descalços para dançarem e se divertirem. Só em 1948 foi construído um salão aqui no bairro, na propriedade de Ervino Assi. Hoje os adultos se divertem indo as festas e bailes a qualquer dia da semana e tarde da noite. Também se divertem indo ao cinema, ao shopping e assistindo TV.

VESTIMENTAS

Antigamente as pessoas tinham poucas roupas, pois não tinham condições de ter mais e as que tinham eram feitas pelas mães, pois não existiam lojas como hoje, só a loja Renaux que vendia tecidos. As roupas eram passadas de um irmão para o outro e usadas até acabarem, quando apareciam furos eram remendadas.

Nossos entrevistados nos contaram que as crianças ganhavam o primeiro sapato só na primeira comunhão e para irem à missa usavam a melhor roupa que tinham. Existia a roupa de trabalhar na roça, a roupa de andar em casa e a roupa de ir à missa e passear. As mulheres usavam saia e não calças e bermudas como hoje.

Atualmente temos mais roupas, é mais fácil de comprá-las, pois há promoções e quem não tem condições de comprar ganha roupas usadas. Não usamos mais roupas remendadas e para ir à escola usamos uniforme. Sapato já usamos desde bebê.

MEIOS DE TRANSPORTE

Nossos entrevistados nos falaram que a estrada de nosso bairro era muito ruim, cheia de buracos e a carroça ficava atolada quando chovia. A carroça era o único meio de transporte. Seu Idelfonso Pretti nos contou que ganhou sua primeira bicicleta quando tinha uns vinte anos, há sessenta e seis anos atrás e foi como se hoje um jovem ganhasse um carro zero quilômetro. O primeiro automóvel que surgiu na Limeira foi comprado pelo marido de Dona Joana Torresani, Raimundo Torresani, uma Rural. Este carro servia a família e a toda comunidade como se fosse um táxi.

EDUCAÇÃO

A educação era severa, os filhos já sabiam que deveriam ficar quietos só com o olhar dos pais e não havia muito diálogo entre pais e filhos. As moças não recebiam orientação sobre menstruação e muito menos sobre sexo. Quando a mãe engravidava os filhos nem percebiam, pois era tudo escondido e cheio de mistério.

A educação dos filhos dependia dos pais mesmo e então eram ensinados desde cedo a trabalharem na roça, as meninas a serem boas donas de casa e sempre obedecerem aos pais.

A primeira escola foi construída na Limeira Alta, pelos próprios pais dos alunos, no terreno onde fica hoje a Escola Martinha Cândida Benvenutti, desativada desde janeiro de 2009. Dona Joana Torresani chegou a dar aula nesta escola.

Em 1936 foi construída a segunda escola, que atualmente se chama E.E.F. Alberto Pretti. Essa escola foi construída no terreno cedido pelo senhor Alberto Pretti e a primeira professora foi sua nora, Vilma Correa Pretti e a segunda foi Dona Joana Torresani. Dona Joana nos contou que a educação era rígida e o aluno que não obedecesse ganhava castigo como ajoelhar no milho, ficar cheirando a parede e até levar reguada na mão. Os alunos estudavam até a terceira série, com raras pessoas que seguiam o estudo como o caso de Dona Joana que se formou no curso normal, que era como se fosse uma faculdade hoje. Os professores eram considerados autoridades na comunidade e muito respeitados.

Por volta de 1950, em uma casa de madeira na entrada do Bairro Limeira construiu-se outra escola. Em junho de 1953 foi transferida para o centro do Bairro Limeira e passou a se chamar Escola Isolada Municipal Professora Augusta Dutra de Souza, em homenagem à mãe da primeira Professora desta Escola, Professora Basilda Maria de Souza.

A Escola começou a funcionar em 01 de agosto de 1953, numa casa de madeira cedida por um morador. Mais tarde a Escola foi transferida para um terreno próximo doado pelo Sr. José Pretti. Em 1969 foi construída a Escola de alvenaria. Em 1986 foi formada uma classe de jardim, esta recebeu o nome de Recreação Infantil “Tia Ana”, homenageando a então Diretora do Departamento de Educação Municipal Senhora Ana Maria Soprano Leal. O bairro foi expandindo e o crescente número de crianças obrigou a ampliação do prédio da escola por várias vezes.

Em outubro de 1992 a Recreação Infantil “Tia Ana” transferiu-se para um prédio novo ao lado da escola, formando a Escola de Educação Infantil Limeira. A educação mudou muito e hoje as crianças já vão para escola bem pequenas, pois os pais trabalham em empresas e não têm com quem deixar os filhos. Os filhos já não respeitam tanto os pais e nem os professores, jamais os professores podem dar castigos como antigamente, pois existem leis que proíbem isso. O estudo é obrigatório até a oitava série, a maioria dos jovens está terminando o segundo grau e muitos fazendo faculdade. Na escola as crianças já são orientadas sobre sexo, menstruação, gravidez e parto e mesmo assim ainda vimos tantos casos de gravidez na adolescência e doenças como a AIDS.

Nosso bairro cresceu muito com novos loteamentos e pessoas vindas de várias partes do Brasil e nossa escola ficou pequena. Em agosto de 2009 foi inaugurada a Escola Alexandre Merico, no loteamento Ciro Gevaerd e se continuar crescendo no mesmo ritmo que nos últimos dez anos deverão ser construídas mais escolas e creches e o comércio deve se expandir.

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