Eráclito Brusque - A Família BRUSQUE. Dados genealógicos e biográficos

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Família BRUSQUE

DADOS GENEALÓGICOS E BIOGRÁFICOS

Heráclito Brusque

Nicolau Bruschi, nobre florentino, veio para Portugal em 1.762 ou 1.763, sendo logo admitido na Côrte e granjeando a amizade, e confiança de D. José II, então Rei de Portugal e dos Algarves e, em maior grau, do Príncipe D. João, quando Regente, e tanto assim que foi, com preterição dos nobres portuguêses, nomeado Mordomo-Mór do Paço Real. Casou-se em Lisboa com D. Anna Joaquina Vieira de Aguiar e Almada, dama pertencente à alta nobreza portuguesa e desse consórcio nasceram em Lisboa quatro filhos: José Luiz, João, Francisco Vicente e Maria Amália. Por ocasião do seu casamento foi-lhe reconhecida a qualidade de nobre florentino de primeira linhagem e conferido o foro perpétuo, com transmissão a todos os seus descendentes com todas as prerrogativas, de fidalguia portuguesa e inscrito o seu nome nos respectivos registros na Torre do Tombo.

Quanto D. João VI veio com a Família Real para o Brasil deixou Nicolau Bruschi em Portugal exercendo o cargo de alta confiança e importância de Administrador e Intendente Geral de todos os bens da Famílía Real e trouxe os dois irmãos João e Francisco Vicente, ambos militares, sendo que o último, que já era Alferes de Infantaria de Linha, exerceu logo de chegada ao Rio de Janeiro o cargo de comandante de um terço de guardas.

Regressando D. João VI a Portugal levou consigo João Bruschi ficando no Rio de Janeiro o Tenente Francisco Vicente Bruschi, que fora incorporado aos Reais Exércitos do Vice-Reino do Brasil.

Vindo à Capitania de S. Pedro do Rio Grande do Sul, Francisco Vicente Bruschi, então já Tenente Coronel graduado de milícias, casou-se com D. Delphia Carlota de Araujo Ribeiro, filha do Comendador José Antônio de Araujo Ribeiro, nobre portugues, pertencente à família dos Araujo Ribeiro de Braga. Francisco Vicente Bruschi prosseguiu na carreira militar, tendo exercido os cargos de Ajudante de ordens dos Governadores das Capitanias de S. Paulo e de S. Pedro e como os Governadores acumulavam então também o cargo de Comandante das Armas o Ajudante de ordens, exercia também as funções do cargo correspondente ao atual cargo de chefe do Estado Maior.

Proclamada a independência do Brasil à ela aderiu lealmente, sendo confirmado no Exército e promovido a Coronel do Estado Maior do Exército e nesse posto exerceu o cargo de Assistente Militar do Governo Provisório da Província de S. Pedro e, organizada esta constitucionalmente, foi nomeado Comandante da Guarnição e Depósito da Capital de Porto Alegre, cargo que exerceu até falecer em 1.829.

Nos arquivos das municipalidades de Viamão e Porto Alegre e do governo da então Província existe a assinatura de Francisco Vicente como Brusque, escrito indiferentemente: Bruschi e Brusco e como sua viúva e filhos continuassem com o mesmo uso, o Visconde do Rio Grande aconselhou que adotassem a forma-Brusque-por ser a mais própria e a forma abrasileirada de Bruschi e desde 1.846 ou 1.847 foi essa forma definitivamente adotada.

FRANCISCO VICENTE BRUSQUE

Nasceu em Lisboa em 1.776. Assentou praça em 1.790. Foi promovido a Alferes do Regimento 1 de Infantaria de Linha de Lisboa por Decreto de 2 de junho de 1.807; a Tenente graduado do Regimento 3 de Infantaria de Linha da Corte por Decreto de 13 de Maio de 1.808; a Tenente efetivo da 2ª. Companhia do mesmo Regimento por Decreto de 17 de Dezembro de 1.808, nomeado Ajudante do mesmo Regimento por Decreto de 13 de Maio de 1.810; Capitão graduado por Decreto da 16 de Maio de 1.810; Capitão efetivo da 8ª. Companhia do mesmo Regimento por Decreto de 12 de Setembro de 1.810; Sargento-mor de cavalaria por Decreto de 27 de Maio de 1.811; Ajudante de ordens do Governador da Capitania de S. Paulo por Decreto de 20 de Agosto de 1.811; Tenente Coronel de milícias graduado por Decreto de 25 de julho de 1.814; Ajudante de ordens do Governador da Capitania de S. Pedro por Decreto de 25 de Julho de 1.814; Tenente Coronel de milícia efetivo por Decreto de 22 de Janeiro de 1.818; Ajudante de ordens do Governador da Capitania de S. Paulo por Decreto de 13, de Fevereiro de 1.818; Coronel de Milícias graduado por Decreto de 11 de Março de 1.820; Ajudante de ordens do Governador da Capitania de S. Pedro por Decreto de 19 de junho de 1.820; ... Assistente Militar do Governo Provisório da Província de S. Pedro por Decreto de 24 de Janeiro de 1.823; Delegado do Governo Provisório da Província de S. Pedro para apresentar votos e parabéns a S. M. I. D. Pedro I por Portaria de 16 de Janeiro de 1.824 Coronel efetivo do Estado Maior do Exército por Decreto de 26 de Março de 1.824; Comandante da Guarnição e Depósito da Capital de Porto Alegre de 1.825 a 1.829. Faleceu em Porto Alegre, a 14 de Maio de 1.829, aos 53 anos de idade.

Sei que possuía várias condecorações e medalhas, porém não encontrei nota alguma a respeito.

Era fidalgo com exercício nas casas Real de Portugal e Imperial do Brasil e era Grande do Império.

D. Pedro I dispensava-lhe tanta amizade e intimidade que quando esteve no Rio Grande ia todas as noites sozinho à casa de Francisco Vicente e tomava chá com ele e sua família e dizia que ali sentia-se bem, junto de um amigo sincero e leal, e longe de fingimentos.

CONSELHEIRO FRANCISCO CARLOS DE ARAUJO BRUSQUE

Descendente de uma das famílias maís ilustres do Rio Grande do Sul, era filho legítimo do Coronel Francisco Vicente Brusque, Grande do Império, Fidalgo com exercício nas Casas Real de Portugal e Imperial do Brasil, Comandante da Guarnição e depósito da Capital de Porto Alegre, e de D. Delphina Carlota de Araujo Ribeiro Brusque, tendo nascido em Porto Alegre a 24 de Maio de 1.822, falecendo em Pelotas a 23 de Setembro de 1.886.

Havendo feito em S. Paulo o curso preparatório, matriculou-se na Academia de Direito dessa Capital e obteve o grau de bacharel cinco anos depois, isto é, em 17 de novembro de 1.845. Regressando à sua Província foi eleito deputado à Assembléia Provincial para as legislaturas de 1.849, 1854, e 1.856 (atas encontradas em nosso desfalcado arquivo).

Nomeado auditor de guerra em 1.851 pelo Governo Imperial (conforme documento original do Conde de Caxias, comandante do exército brasileiro em operações de guerra contra o estrangeiro) obteve nessa campanha a medalha de ouro de mérito militar e as honras do posto de Coronel (campanha de 1.852).

Como deputado geral encontramos seu nome nos Anais da Câmara dos Deputados dos anos 1.856, 1.857, 1.858, 1.859, 1.865, 1.872, 1.873, 1.874, e 1.875, sendo eleito em uma das legislatura pela província do Amazonas.

Nomeado Presidente de Santa Catarina pelo Governo Imperial a 6 de setembro de 1.859, aí fundou diversos núcleos coloniais, dos quais um deles é hoje a cidade de Brusque, procurando também civilizar os selvagens dessa região.

A 20 de março de 1.861, a instâncias do Governo Imperial e por intermédio de seu Ministro da Justiça o Exmo. Sr. Francisco de Paula N. Sayão Lobato, aceitou assumir o governo da Província do Pará, por alguns anos, onde, além de outros serviços, entregou-se ao estudo dos hábitos e costumes das tribos selvagens a fim de poder trazê-las à civilização, sendo os seus trabalhos sobre as tribos do Amazonas e do Pará classificados pelo Conselheiro Ladislau Netto como os mais completos para o conhecimento dos indígenas do Brasil.

Conseguiu, além da catequese, classificação e proteção a essas tribos selvagens, fundar, com os índios Tembés, então dispersos, uma aldeia que denominou Santa Leopoldina[1], confiando ao cidadão Pedro Loureiro da Costa a direção dessa aldeia, estabelecendo as bases de seu governo econômico e instrução de seus habitantes.

Deu ainda largo incremento aos núcleos da aldeia de Araraudeua, entregando sua direção ao Alferes Ignacio Leopoldino de Andrade) (Relatórios apresentados à Assembléia Legislativa do Pará em 1.862 e 1.863).

Foi ainda durante o seu governo que se deu o incidente com os vapores de guerra peruanos MORONA e PASTAZA, que tentaram violar direitos brasileiros, recebendo, por esse motivo, do Presidente, altivo protesto e enérgica reação armada (Documentos em nosso poder e citado relatório).

Depois de haver-se retirado da vida política, em 1.875, dedicou-se exclusivamente ao mister da advocacia. (Nunca foi jornalista).

Foi ministro da Marinha no período da guerra do Paraguai e interinamente da Guerra.

Pensamos sem afirmar que tenha residido no Rio Grande do Sul até 1.853.

Entre outras condecorações o Conselheiro Bruque era Condecorado com o Oficialato da Ordem da Rosa, Hábito de Cristo e Gran Cruz do Leão Neerlandez.

Nota: Deixamos de mencionar outros serviços prestados à Pátria, por estarem arquivados nos Relatórios das Presidências do Pará, Santa Catarina, Ministério da Marinha, da Guerra e Anais do Parlamento.

Casa de Brusque

  1. De um modo geral, pode-se afirmar que os Guajajara, ramo oriental dos Tenetehara, se localizam no Estado do Maranhão, enquanto os Tembé, o ramo ocidental, no Estado do Pará. Entretanto, uma parte dos Tembé vive na margem direita do rio Gurupi, no estado maranhense.