Entrevista Ivania Wietcovsky - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
Ir para navegaçãoIr para pesquisar

A entrevistada da semana é a estilista modelista e colunista do Jornal EM FOCO Ivania Wietcovsky, natural de Brusque, nascida aos 12/02/1979. Filiação: Braz Wietcovsky e Ana dolores da Silva Buttencourt. Filho: Gabriel Wietcovsky Merizio.

Empresa e cargo que exerce?

Estilista modelista há 13 anos na Empresa Ricceli Pólo, em que desempenho inúmeras atribuições.

Por exemplo?

Faço amostra à partir do croquis - encaminhando desenvolvimento das cores, golas, tecidos, bordados, estampas, quadros, aviamentos etc., modelagem e graduação a partir do desenho, experiência no Audaces -Sistema de modelagem no computador - em camisas polos, batas, camiseta, saia reta, ou vestido. Ficha de engenharia do produto, Ficha de costura, Cadastro de materiais e produtos, Talhadora de peça piloto e Liberação de pedidos com peças para produção, Expedição, Codificação das amostras, Costureira de várias máquinas, fazer tabela de medidas e deixar as peças dentro destas tabelas, testes de malhas antes de liberar a produção, arrumando o molde conforme necessidade, analisando sempre a qualidade das amostras, Planejamento, Programação e Controle de Produção - PPCP (fazendo consumo das peças e aviamentos), fazer cartela de cores, ajudar separar lotes de amostras para tingir, também mantenho contatos diretos com os clientes para recebimento dos croquis ou especificações das amostras desejadas e resolver os assuntos sobre os produtos.

Então gosta muito de desenho?

Dou a vida ao desenho.

Sonho de criança?

Meu sonho era estudar para ter uma vida melhor, pois minha família sempre foi muito pobre, e aos doze anos, eu já era empregada doméstica; época enriquecedora de minha vida, desfrutando de uma ótima educação, face os patrões maravilhosos que tive

Pessoas que influenciaram?

Em primeiro plano, os meus pais - tive exemplo da persistência - desistir nunca; meus ex patrões, onde trabalhei durante 4 anos de empregada: Dr. Sílvio David Monarim e sua esposa, dona Ana Schiocchet Monarim, seus maravilhosos filhos, que para mim era como irmãos: Bruno, Marlom e Victor, ressaltando-se, que todos os filhos seguiram na carreira da medicina.

Histórico escolar?

Vida escolar, muito proveitosa, principalmente quando cursava o Primário, tive ótimas notas. Aprendi muito, em especial dividir. Saliente-se que nessa época não era como agora - que fornecem lanches nas escolas; na minha época plantávamos e comíamos; cuidávamos da horta - com vários legumes e hortaliças - e ganhamos prêmios do estado por vários anos seguidos, eu que era uma das crianças mais pobres, amava tudo que ganhava, porque o prêmio era material escolar completo, isto mesmo, desde bolsa Positivo – bolsa escrito Positivo - ao lápis de cor, e como nossa escola tinha um pátio lindo, ali sim cuidávamos como nunca, e o melhor quando precisava levar lanche de casa, sempre trocávamos com outros amigos, uns levavam polenta frita e eu pão, trocávamos, assim tivemos anos maravilhosos e, depois, que sai do primário consegui continuar estudando com muito esforço e vontade; porque fui até a 4°. Série onde tive que parar para ajudar em casa e depois trabalhar fora, mas com ajuda dos meus patrões na época voltei estudar, eu ia para Itajaí fazer o CEJA, porque não existia ainda em Brusque e assim me formei e, depois, entrei na faculdade fiz seis meses de Direito, mas preferi parar e ter meu filho Gabriel, que muito desejava e queria.

Como foi sua infância?

Maravilhosa, com muitas brincadeiras, com meus irmãos e irmãs - uma infância que não volta mais:, escorregar nos morros com cascas de árvores, pular amarelinha, brincar de carriola humana, pula saco, de pular corda, brincar de cabana - no meio da cana - ou de casa na floresta, cavava uma gruta no barranco e fazia a casa , isto mesmo uma casa de barro, uma toca. e lá sempre entrava várias crianças. Evidentemente que tinha várias fases: éramos muito pobre e mal tínhamos alimentos, então o que tinha a gente comia e, lembro bem claramente que apesar de ter uma infância sofrida - garanto - foi positiva, constituindo uma das melhores fases de minha existência, porque além de aprender a se virar, ajudar em casa, aprendíamos a dividir as coisas; aprendi desde os cinco anos de idade com minha mãe a pescar, para ter o que comer, aprendi também a tirar taiá - para quem não sabe: é tipo uma batata que se colocava dentro do feijão para engrossar o caldo - e olha que era muito gostoso. Vale lembrar também, que meus pais plantavam fumo, e com seis anos de idade, ia pelas fileiras ajudar carregar o fumo e depois ajudava separar por tipo, quando estavam secos; aos 8 anos de idade já fazia almoço: meu Deus, ficava meio cru ou queimava, ficava sem sal ou muito salgado, todavia, meus pais nunca... nunca reclamaram de nada e, foi observando isso, que certo dia resolvi indagá-los enquanto almoçavam: 'como vocês conseguem comer minha comida?' e na oportunidade responderam: “ esta ótima e graças a Deus que temos o que comer”.; foi uma época em que não há palavras para retratar: tínhamos união e, acima de tudo, carinho e amor por parte dos meus pais. Foi uma infância árdua sim, com muito trabalho, mas se sou o que sou hoje, foi graças a essa infância maravilhosa que tive,

Alguma lembrança positiva da época?

Sim, uma lição de meu saudoso vô - Francisco Wietcovsky – que dizia e fazia: “não veja televisão” e “se for para tirar alguma coisa da terra que seja para comer, se for para matar um bicho que seja para comer e se for para colher alguma fruta que seja para comer “, e mesmo eu não o entendendo lembrando que na oportunidade eu tinha 8 anos de idade, hoje em dia está tão claro – cristalino - o que ele falava e fazia.

Alguma lição dessa época?

Teve sim. Sempre fui gordinha - e havia preconceito em desfavor das gordinhas - mas ao crescer descobri que o preconceito esta dentro de cada pessoa e que quando você aprende se amar, o que o outro pensa de você, não sendo sua família e amigos é o que menos importa

E a juventude?

Muito rígida não podia sair de casa, nem em festa, apenas se tivesse algum evento festivo na própria rua, mas foi a melhor fase de todas.

Primeiro/a professor/a?

Nossa, não esqueço até hoje e a minha primeira professora - foi professora do meu filho no jardim - a Dona Infância, uma professora doce e calma e continua assim até hoje; ela foi minha professora nos meus primeiros 3 meses de aula na primeira série. Depois mudamos de bairro e fui para outra escola, onde tive uma professora muito brava, Dona Terezinha; só que ensinou e muito e deu início para que pudéssemos ganhar os prêmios da escola; depois tive outra, A dona Izilha, mais conhecida como iza, por quase três anos, ela era muito dedicada e querida, amávamos e no último ano tive a Dona Cinara, muito jovem mas também muito dedicada. Tive quatro professoras, todas maravilhosas e todas da cidade de Botuverá.

Mestres da vida?

Meus pais, minhas professoras, meus ex patrões (quando eu era empregada doméstica).

Quando descobriu a sua paixão por escrever?

Nossa, desde criança escrevo! Adoro escrever, me sinto bem; tenho um caderno repleto de poesias, que escrevi até na adolescência, inclusive, já escrevi contos eróticos. Quando terminei o primário e não tendo mais condições para estudar, então, para continuar escrevendo, adquiri um caderno - que tenho até hoje - onde escrevi várias poesias; eu, também, ia nas bibliotecas, pegar livros de poemas para ler, e quando empregada doméstica, comprei um livro de poemas da Itália - na verdade meu patrão comprou para mim, porque eu nem sabia como fazer proceder para adquiri-lo. Atualmente, escrevo reflexões e minha matéria semanal para o jornal EM FOCO.

Sobre o quê você gosta mais de escrever?

Prefiro escrever sobre algum assunto que auxilie alguém - assunto, que quando lido, acrescente algum suporte para elevar a vida.

Como surgem as ideias – assuntos – para escrever?

Acontece de uma maneira espontânea...sem explicação, é um dom de Deus, posso não saber sobre o que escrever, mas basta sentar que já vem ideias; às vezes, também, surgem ideias sobre o que me falam ou escuto e, muitas vezes, pelo que acontece e que fico indignada com a situação.

Quais de seus artigos repercutiram mais?

Sem dúvidas, é quando escrevo sobre sexo; parece que todo mundo é virgem e que ninguém nunca teve relação sexual e, também, quando escrevo sobre política.

Teve alguns artigos que você escreveu e devido a repercussão não escreveria mais?

Jamais, quando se escreve é por alguma razão, então ao contrário, ali mesmo que foco em voltar escrever sobre tal assunto e de forma diferente.

Como vê Botuverá no contexto de escritores e pensadores?

É uma cidade em que a maioria nem sabe que escrevo, então lhe digo da seguinte forma, quem tem um futuro com perspectivas melhores têm a mente mais aberta a tal assunto e quem não tem condição, não tem opinião, por não ter acesso; são poucas pessoas que escrevem.

Grandes nomes em Botuverá – religião, educação, saúde, política, empresários?

Infelizmente, tive uma vida bem distante da sociedade, até porque não se tinha conhecimento que existia este tipo de conceitos, sobre política, sobre religião, sobre educação etc... Para se ter uma ideia, comecei andar de carro quando precisava ir em algum lugar e isso quando eu já tinha 20 anos, até então sempre de busão – ônibus; graças a Deus que tive uma vida sem ter que saber quem era melhor ou pior - na minha casa não tinha este tipo de comentários. Mas hoje em dia posso citar como grandes nomes os Chefes do Executivo (Prefeitura), por disponibilizarem ônibus gratuitamente aos estudantes, desde o primário até os universitários; aos que precisam se deslocar a outras cidades, para fazer exames médicos - levam e buscam; sem contar os auxílios para exames e outros fins assistenciais aos munícipes; já tive contato com vários amigos e familiares que buscaram e conseguiram – por necessitar - ajuda.

Já pensou em escrever um livro?

Sim, e por várias vezes.

E por quê ainda não escreveu?

Por falta de informações quanto ao encaminhamento da matéria.

Como vê os autores brusquenses?

Nossa, tem vários, um melhor do que o outro!

Quais os três melhores livros que leu?

O poder de amar do DR. Edwin W. Hirsch, fala muito sobre o sexo, e no dia a dia mesmo, fala sobre tudo. O segredo de Chimneys de Agatha Christie, é um romance com vários mistérios.

  • Poeti Italiani Contemporane poesie Scelte, é um livro cheio de poesias, italianas e com traduções.
  • Uma história por dia, livro de história infantil; estes são os livros que li e que amo de paixão e tenho eles até hoje comigo, também tenho lido todas as histórias infantis e a Bíblia, contos e reflexão para a vida

O que está lendo agora?

Continuo ler histórias para meu filho e a Bíblia.

Maiores desafios que enfrentou?

Tudo para mim sempre foi um desafio, mas o pior é você ser julgada por pessoas que nunca nem disseram um bom dia para você e, te condenarem sem ao menos saber seu nome. É o preconceito.

Grandes alegrias e tristezas?

Tem várias, mas uma alegria enorme, é meu filho Gabriel e uma tristeza não estar com ele todo dia. Tristeza também é saber que um dia as pessoas morrem e, tive que aprender a superar a morte dos meus irmãos gêmeos, ocorrida quando eu tinha 10 anos e, uma mais uma alegria, é que Deus me deu a honra de ter uma família maravilhosa. Por último, não posso esquecer meus amigos - quem tem, sabe como é bom!.

O que faria se estivesse no início da carreira e que não teve coragem de fazer?

Sempre fiz tudo o que tive vontade, posso não ter seguido adiante, nunca foi por falta de coragem e sim 95% (noventa e cinco por cento), foi por falta de respaldo financeiro.

Algo positivo que ocorreu em sua trajetória pessoal e profissional?

É que hoje as pessoas me conhecem um pouco melhor.

Um resumo de sua trajetória pessoal e profissional

Tudo que mencionei acima faz parte de minha vida, mas descrevo uma frase: Determinação de ser alguém especial. E agradeço aos vários amigos que nunca esquecerei e que auxiliaram quando precisei. Hoje em dia além de trabalhar - tenho meu próprio negócio, onde além de vender produtos e fantasias para apimentar a vida a dois, profiro palestra sobre relacionamento, onde são abordados vários itens do dia a dia, dando ferramentas para se ter uma vida á dois e em família melhor – e escrever para o jornal EM FOCO, onde tenho uma coluna semanal

Hobby?

Amo tudo: estar com meu filho Gabriel, com minha família, ouvir músicas (de vários tipos, menos rock pesado), dançar, escrever, passear, ir à casa de parentes, amigos, proferir palestra, vender produtos e fantasias...

Maior sonho?

Hummm, posso realmente lhe dizer que tudo o que eu quis já conquistei! Apenas para coroar, sonho em ser conhecida em toda parte.

Uma viagem inesquecível?

Viajem de avião.

O que faz você seguir em frente?

Sempre que tenho um problema, rezo e agradeço a Deus por mais um dia, pela oportunidade de estar viva, e coloco Deus em primeiro lugar na minha vida, tudo que tenho foi graças as bençãos dele, escuto várias músicas evangélicas para erguer a cabeça, quando ela não quer ficar de pé perante algum problema.

Finalizando, local de atendimento aos que se interessarem?

Atendo, com hora marcada, apenas mulheres por enquanto e, futuramente também atenderei casais e o telefone para contato é 47- 84050265.

Referências

  • Entrevista publicada no EM FOCO na edição de 25.04 a 02.05.13.