Entrevista Hailton Boing Júnior - Luiz Gianesini

De Sala Virtual Brusque
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Dr Hailton Boing Júnior.

Filho de Hailton e Nara C. Boing; natural de Tubarão/SC, nascido aos 18 de outubro de 1967; cônjuge: Maria H. Andrade Boing; dois filhos: Lucas e Victor Hugo; torcedor do Vasco da Gama; Especialização em cardiologia.

Primeiramente fale sobre sua infância, sonho de criança, seus familiares, e educação recebida dos pais Venho de uma família humilde e que sempre valorizou a educação de seus filhos, nunca faltou empenho de meus pais, para que pudéssemos estudar em bons colégios, abrindo mão de certos confortos pessoais. Graças ao exemplo dado por eles, eu e meus outros três irmãos conseguimos ser aprovados na UFSC. Meus pais são exemplos de honestidade, garra e superação. E ainda hoje busco seus conselhos para ajudar a resolver as adversidades do dia a dia.

Formação escolar?

Cursei o primeiro grau no Colégio Diocesano de Lages e no Colégio São José em Tubarão. O segundo grau, cursei no Colégio São José. Fiz a graduação, no curso de Medicina, na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, no período de 1985/90. Após a conclusão do curso me especializei em Clínica Médica no Programa de Residência Médica do Hospital Universitário da UFSC, no período de 1991/93 e especialização em cardiologia no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina pertencente ao governo do Estado, no período de 1994/96.

Como surgiu Brusque em sua trajetória profissional?

Vim a convite de um colega de faculdade, Dr Carlos Renato Bortolini em 1996.

A cidade o acolheu bem?

Fui e continuo sendo muito bem acolhido pelo povo desta cidade. Aqui tenho muitos amigos, consegui reconhecimento profissional e tenho muita tranqüilidade para minha família. Só tenho a agradecer ao povo de Brusque pela acolhida.

Como surgiu a medicina em sua trajetória- alguns antecedentes no ramo?

O surgimento da Medicina em minha trajetória, acho que foi uma coincidência, pois comemoro meu aniversário no dia do médico e isso despertou a curiosidade pela profissão.

Quais são as principais doenças do coração?

As doenças mais freqüentes na minha prática diária são a hipertensão arterial – pressão alta, deslipidemias – distúrbios do colesterol e triglicerídeos, e as doenças coronárias – infarto e angina.

O que é angina, infarto?

São doenças provocadas pela obstrução das artérias coronárias por placas de gordura, a diferença entre elas é que na angina a oclusão não é total e o músculo cardíaco não é lesado ao contrário do infarto em que ocorre lesão.

O que se pode fazer para evitar essas doenças?

A receita para uma boa saúde já é bem antiga e todos com certeza já a escutaram. Boa alimentação, exercício físico, evitar o stress, atividades de lazer, respeitar os horários para alimentação e para o sono, não fumar, não abusar das bebidas alcoólicas e tratar os fatores de risco quando presentes.

Quais são os tratamentos para as doenças e a possibilidade de recuperação?

A cardiologia é a área da medicina que apresentou maior evolução nas últimas décadas, tanto na área de diagnóstico quanto na terapêutica das doenças cardiovasculares e hoje dispomos de medicamentos comprovadamente eficazes em alterar a história natural das doenças, bem como ainda dispomos de tratamento invasivos seja através da angioplastia ou da cirurgia com resultados cada vez melhores e com riscos cada vez menores aos pacientes. Isso sem contar que os serviços que realizam esses tratamentos invasivos se disseminaram para várias cidades facilitando o acesso a boa parte da população brasileira.

Li que incidência do infarto agudo do miocárido é de quatro a cinco vezes mais comum nos homens e pessoas de mais idade. Por quê?

Em relação a ser mais freqüente em homens é verdade, mas a proporção hoje é de 2 homens para 1 mulher, entretanto a mortalidade do infarto é maior nas mulheres. Em relação a idade também é verdade a afirmação, pois com o aumento de idade irão se somando novos fatores de risco além do que esses fatores costumam causar complicações a médio e longo prazo.

Quais os fatores de risco do infarto?

Os principais são a hipertensão arterial, diabetes, deslipidemia, principalmente o LDL (colesterol ruim elevado e o HDL baixo (colesterol bom), o fumo e o histórico de doença em familiares próximos como pais e irmãos. Além destes, outros considerados menos importantes são a obesidade, sedentarismo, triglicerídeos elevados e o stress entre outros.

O que mais surge – problema relacionado ao coração – no seu dia a dia para atendimento no consultório? Em que locais o Sr atende?

Atendo diariamente em meu consultório na Clínica CARDIOBRUSQUE, localizada na rua João Bauer, 380, fone 3355 – 1904 e pertenço ao corpo clínico do Hospital de Azambuja aonde presto atendimento aos pacientes internados.

Qual é o maior desafio no atendimento no setor de cardiológico no berço da fiação catarinense?

Existem vários, mas acredito que o maior é possibilitar aos pacientes que dependem do SUS, tenham acesso com rapidez a serviços de qualidade que prestam atendimentos de alta complexidade como cirurgias, cataterismos etc, os quais não dispomos em nossa cidade.

Amar é bom para nossa máquina?

Já é comprovado que emoções e sentimentos positivos liberam substâncias em nossa corrente sanguinea que tem efeito protetor sobre os vasos sanguineos e o coração. Entretanto ao contrário do que se pensa o coração não é o responsável pelas emoções e as palpitações e aperto no peito que sentimos quando estamos amando elas são decorrentes dessas substâncias liberadas no sangue. O cérebro é o grande responsável por nossas emoções.

Como é que está o nível do serviço médico oferecido na área da cardiologia da cidade, se comparado aos grandes centros?

O nível do serviço médico oferecido na área da cardiologia da cidade considero bom, dispomos de aparelhagem moderna e bons profissionais que procuram atualizar-se, pois encontro vários deles em diversos congressos médicos pelo Brasil, inclusive uma boa parte deles atende pelo SUS. O que não dispomos na cidade são serviços de alta complexidade como cirurgia, hemodinâmica, cintilografia entre outros , até porque tenho a opinião que nossa cidade ainda não os comporta, o que é necessário é facilitar o acesso a esses serviços prestados nas cidades vizinhas de forma mais ágil e que contemple toda população e não só aos que tenham plano de saúde.

Os programas de saúde cardiológica do Município atendem às necessidades da população, ou ainda existe alguma coisa que poderia ser melhorada?

Eu acho que a saúde pública em Brusque vem passando por uma crise: falta organização, falta planejamento e falta financiamento para o setor. Investir em medicina preventiva só dará resultados após vários anos e por isso recebe poucos recursos. Espero que esse quadro mude o mais breve possível.

Cigarro, palheiro e o cachimbo contribuem para atrapalhar o bom desempenho dessa máquina vital?

Como já comentei é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas e deve ser combatido com bastante vigor pelos profissionais da saúde, poder público e pela sociedade como um todo.

Melhor livro que leu?

Leio vários ao mesmo tempo, é difícil citar um só, recomendo o Livro do Riso e do Esquecimento de Milan Kundera

Melhor artigo?

São vários escritores, mas um que li recentemente e achei muito bom foi na National Geografic sobre o assassinato dos gorilas das montanhas.

Costuma ler jornais?

Diariamente.

Lazer preferido?

Ler, jogar futebol (pelo menos tentar).

O que é uma sexta-feira perfeita?

Sair do trabalho e ir jogar futebol e tomar uma cervejinha com a turma do Helinho lá no Paquetá

Como o Sr avalia a cardiologia no Brasil?

De altíssimo nível, uma das melhores do mundo, especialmente em São Paulo.

Referências

  • Jornal A Voz de Brusque. Entrevista publicada aos 21 de novembro de 2008.