Documento de 26 de abril de 1862 - orçamento

De Sala Virtual Brusque
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Exm°. e Revm°. Snr.

Em obediencia respectuosa ao Officio de Vª. Exª. de 12 de Março pp. e recebido em 16 do corrente, tenho a honra de submetter à aprovação de Vª. Exª. o orçamento seguinte das despezas com os trabalhos urgentes d'esta Colonia, para o Trimestre de ABRIL, MAIO e JUNHO de 1862, a saber:

Para o pagamento de Subsidios Rs. 480$000 p/mez=Pª. o Trimestre Rs. 1:440$000

Pelos Serviços provaveis de toda necessidade na factura de caminhos, concertos dos existentes, pontes, entre ellas uma grande e solida, não provisoria, compra de 2 canoas indispensavel, concerto de ranchos, melhoramento da casa para escola publica, sustento dos animaes do Governo, pagamento de empregados, conservação do pasto, e eventualidades . . . . . . . . . . . . Rs. 2:020$000 = Rs. 6:060$000

Somma Rs. 2:500$000 = Rs. 7:500$000

Em 1º. de Abril existe em Caixa como consta das contas remettidas até ultimo de Março .. .. Rs. 5:754$061

faltão para completar a necessidade pedida.. .. .. .. .. .. .. .. .. Rs. 1:746$000

Rs. 7:500$061 Rs. 7:500$000

Conforme me foi ordenado, tinha eu suspendido no corrente mez alguns trabalhos e empregado menos gente, e cheguei à religiosa convicção, de precisar um pouco e moderadamente mais alargar-me nos trabalhos de necessidade urgente do que no corrente mez, para que estas necessidades sejão de algum modo satisfeitas, e tãobem no mesmo tempo de alguma maneira justa e necessaria ajudados os colonos para sustentarem as suas familias.

Exmº. Snr.! Essa Colonia além de muito nova é longiqua de todo recurso de comprar e de vender convenientemente, sem vizinhanças de fabricas e engenhos, e por isto muitas especies de alimentação e outros artigos custão o triplo do que em outras colonias ou mais antigas e terem ja grandes recursos em si, ou por terem visinhanças perto de recursos. Peço pois a Vª. Exª. de tomal-a em Sua tão justa e benefica consideração, pois quais todas as outras gozem alem da grande vantagem de recursos pertos, e por isto de barateza comparativamente muito consideravel, do beneficio de receberem jornaes de 1.280 rs. quando os desta Colonia não excedem à 900 rs.

Vou agora tãobem rogar e supplicar à Vª. Exª. de mandar consignar-me os meios pecuniarios para a edificação da Casa da Directoria desta Colonia, pois o alluguel concedido da casa do agrimensor Thieme será de pouca dura e é somente provisorío por ser bastante pequena.

Será quasi impossivel continuar por maior tempo de morar e funccionar neste Rancho de taboas de 20 palmos em quadro, sem vidraças, coberto de palha, aonde até o presente resido, e aonde a Directoria funcciona junto com os empregados.

Cuidei na minha chegada, em 4 de Agosto de 1860, à esta Colonia em primeiro lugar de agazalhar os Colonos, de deroubar, e a fazer picadas e caminhos de agresso neste lugar então em completo matto-virgem, tinha feito esta chupana actual morada somente para momentaneo abrigo, e sendo agora os Colonos estabelecidos, seus agressos abertos e em maior parte mudados em caminhos para cavalleiros, julgo não ser indiscreto de tornar a pedir os meios para poder edificar a Casa da Directoria para minorar o risco da segurança, de Saude e mesmo de decencia.

Vª. Exª. é tão justo, e mais minuciosamente podem informar a esse respeito o Snr. Dr. Manoel da Silva Mafra[1], o Snr. Director interino que foi João André Cogoy Juníor, o Snr. Consul Dinamarquez Fernando Hackradt e ultimamente tãobem como testemunho occular o Snr. Agente da Colonisação Alberto Richter, que espero e torno a pedir à Vª. Exª. um despacho favoravel.

Deos Guarde à Vª. Exª.

Exmº. e Rvmº. Snr. Conselheiro Vicente Pires da Motta

Dm°. Presidente da Provincia de S. Catharina

Colonia Brusque em 26 de Abril de 1862

Barão de Schneéburg
Director da Colonia

Casa de Brusque

  1. Possivelmente ocupante do cargo de delegado das Terras Pública.